quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

OS QUE SOBRARAM E OS QUE FAZEM FALTA (29)

UM RETORNANDO (VITO) E OUTRO NA DESPEDIDA (LIVRARIA CAMÕES)
A EXPULSÃO DO PADRE: Eu em 1980 tinha exatos 20 anos e acompanhei com muito interesse a ocorrência, em plena Ditadura Militar da expulsão do país do padre italiano Vito Miracapillo. O fato mobilizou o Brasil e o engajamento nos protestos foi intenso, mas de nada adiantaram. O padre voltou ao Brasil semana passada beneficiado por uma decisão inédita do Ministério da Justiça que lhe devolveu o visto de permanência. Ele era vigário na cidade de Ribeirão (Diocese de Palmares, PE) entre 1975 e 1980, e desenvolveu intensa atividade em defesa dos moradores, grande parte deles trabalhadores de cana-de-açúcar. Este foi o motivo de sua expulsão e o estopim para a expulsão foi sua recusa em celebrar duas missas em praça pública que a prefeitura local, com apoio dos militares e dos setores conservadores, queria impor ao sacerdote, uma delas pelo 7 de setembro, e outra pelo aniversário da emancipação do município de Ribeirão. A justificativa do padre foi salutar: “não celebraria aquelas missas por vários motivos, entre os quais a não efetiva independência do povo, reduzido à condição de pedinte e desamparado em seus direitos”. Ele celebrou missas naqueles dias, mas fora da programação política que a prefeitura e a oligarquia local queriam lhe impor. Foi apoiado pela CNBB nessa decisão mas, mesmo assim, foi denunciado ao ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel pelo então prefeito, Salomão Correia Brasil (PDS, o partido da ditadura), acusado de afronta à pátria. A expulsão foi confirmada pelo STF (Superior Tribunal Federal) por 11 votos a zero. A devolução de seu visto de permanência restaura uma grave violação cometida pela ditadura militar contra um sacerdote que se destacou na luta pela democracia e pelos direitos do povo e dos trabalhadores. Quando li algo sobre esse retorno, tudo aquilo vivido nos anos 80 me voltou à mente e não só esse, mas tantos outros fatos lamentáveis ainda permanecem insepultos na vida nacional. Da luta de Vito pouco sei, mas o que observo hoje é que a instituição Igreja deu um tremendo salto para trás, pois está mais conservadora que naqueles anos e padres com a atuação iguais a de um Vito são reprimidos, não pelo Estado, mas pela própria instituição da Igreja Católica, que praticamente exterminou a Teologia da Libertação e deu uma banana para os progressistas. Nos dias de hoje Vito não teria chance de ser expulso e quem barraria sua atuação seria a própria instituição comandada pelo conservadorismo.

FECHAMENTO DA LIVRARIA: Toda vez que venho ao Rio de Janeiro, como agora, me deparo com uma simpática e acolhedora livraria, a Camões, localizada quase na saída da estação metrô Carioca, numa travessa ligando à avenida Rio Branco. Num mundo invadido pela grandes corporações me admirava como ela conseguia sobreviver e resistir ao avanço dos mega-empreendimentos, inclusive os do ramo de livros. A triste notícia está saindo na imprensa nesse momento. A Livraria Camões do Rio de Janeiro, 40 anos de existência, que pertence a Imprensa Nacional -- Casa da Moeda Portuguesa, vai encerrar as portas no final desse mês, declarou hoje o responsável deste espaço no Brasil, José Estrela. "Os motivos (para o encerramento) que foram alegados são de que a livraria é pequena, que hoje a Internet e os meios de comunicação são mais ativos e podem com facilidade suprir o que a Livraria Camões fazia", referiu o responsável, um português da região de Aveiro que vive há 50 anos no Brasil. José Estrela, que é responsável pela livraria desde o seu início, afirmou que "a Livraria Camões é, de fato, uma representação pequena para um território tão grande, mas durante 40 anos foi a única base que abasteceu professores, alunos e universidades de livros para a divulgação da cultura portuguesa. Saramago lançou o seu primeiro livro no Brasil, aqui, na Livraria Camões", sublinhou. O responsável disse também que há algum tempo já não estava a receber livros de Portugal. José Estrela disse entender que a situação econômica de Portugal, neste momento, é bastante complicada e que é necessário cortar despesas por parte da Imprensa Nacional. Entretanto, referiu que a Livraria Camões é uma âncora da cultura portuguesa no Brasil e ficou "muito triste" com a notícia do encerramento desse espaço. "Em 40 anos, já vendemos mais de dois milhões de livros", indicou ainda o responsável, que também é poeta. Segundo José Estrela, a livraria foi aberta no âmbito da assinatura de um acordo cultural entre os dois países em 1972. Da mesma forma que fico imensamente alegre com a abertura de uma livraria no país, o inverso ocorre no fechamento, como nessa. Um pequeno oásis encravado no meio da balbúrdia de uma grandecidade, um canto de calmaria e relaxamento cultural. Um lugar a menos para uma parada obrigatória nas andanças pelo centro velho do Rio. Qualquer dia escrevo aqui sobre algumas saudosas livrarias na cidade de Bauru. Uma delas a Peruíbe, do Ozéias e Olga Granja.

3 comentários:

Anônimo disse...

O ESCÂNDALO DO HOSPITAL DE BASE.
O salário saiu, no entanto mãe perdeu dois gêmeos devido a péssimo atendimento na Maternidade Santa Isabel e cirurgias estão sendo adiadas.
Porem as investigações do desvio de mais de 16 milhões do Hospital de Base continuam a passos de tartarugas(estão esperando a prescrição?) e até agora nenhuma autoridade pediu e portanto a justiça não decretou a indisdponibilidade dos bens dos acusados.Isto é uma vergonha!
E tudo isto acontecendo com o silêncio cúmplice de vários setores da nossa sociedade.
Ai que saudades daquela imprensa investigativa de 97/98 em Bauru.

PEDRO VALENTIM

Anônimo disse...

12/01/2012
Má gestão coninua na AHB
Parece que ninguém quer colocar o dedo na ferida que ainda sangra, mesmo após o processo de intervenção judicial já ter ocorrido há 2 anos e, na prática, nada mudou para melhor com a nomeação dos atuais gestores indicados pela Justiça.

Na verdade, o principal problema continua sendo de gestão eficiente e comprometida socialmente, e não apenas a falta de recursos como tentam alardear alguns “lobos em peles de cordeiros” aos funcionários e aos usuários da AHB.

A imprensa e o próprio Ministério Público precisam fazer alguns questionamentos junto ao Conselho Interventor sobre fatos que estão ocorrendo diariamente e que são, no mínimo, estranhos para uma instituição que está em “crise financeira”. Uma delas foi a significativa redução de número de internações (até 60%) e, mesmo assim, um aumento do número de óbitos, algo incoerente.

Nos últimos 2 anos, desde que o Conselho Interventor assumiu a gestão da AHB com a anuência do MP, também nenhum equipamento foi trocado ou modernizado. Foram feitos apenas reparos meia-boca.

Para uma instituição em “crise financeira”, como é o caso da AHB, também é muito estranho os reajustes dos honorários médicos, pagando igual a Unimed. Há diretores recebendo de R$ 15 mil a R$ 20mil de salários e uma equipe de “qualidade hospitalar” ganhando de R$ 6mil a R$ 10mil.

Há ainda outras práticas que merecem ser devidamente apuradas pelos responsáveis, como por exemplo, a locação de um imóvel em frente ao HB para treinar pessoas da área administrativa; a locação do serviço de UTI móvel da Unimed para transferência de pacientes, quando o próprio HB possui uma UTI móvel cedida pelo Estado; a extinção do serviço de endoscopia há 1 ano e a terceirização do serviço de fisioterapia para a Clínica Terra. Apurar tudo isso e muito mais é uma questão de justiça com a sociedade que paga seus impostos e não pode, mais uma vez, ser ludibriada.

Também precisam ser questionadas as aquisições de materiais e equipamentos não prioritários para uma instituição que alega estar em crise, como TVs, aparelhos de ar-condicionados e cadeiras de luxo. Se houvesse uma gestão eficiente e transparente, a AHB não estaria agonizando. Há muitos fatos a serem explicados à sociedade pelos atuais gestores. A eles lembro que o compromisso deve ser com a população, e não com a corporação. Se agir com seriedade, sobra dinheiro. Cadê a imprensa, cadê o MP, cadê o dinheiro?

Hélio dos Santos – Bauru

HENRIQUE
Eu sei que você está viajando e aproveitando um pouco alguns momentos de descanso no Rio, mas como o Pedro publicou aqui algo sobre a AHB, que ninguém parece querer resolver, hoje saiu essa carta aí em cima, publicada no JC. Até quando isso vai prevalecer? Tá uma vergonha e quando voltar com o Guardião, cutuque eles de novo.

Minhas férias em Bauru terminam essa semana e pelo visto quando voltar eu já tedrei ido para os cafundós nas barrancas do Mato Grosso. Quando for lá para os lados de Prudente, me avise.
Paulo Lima

Anônimo disse...

HB, MATERNIDADE E TODA SAÚDE PUBLICA DE BAURU SENDO PREPARADA PARA SER PRIVATIZADA. TUDO QUE VEM OCORRENDO É UM AUTENTICO BALÃO DE ENSAIO.

GILBERTO TRUIJO