Mafuá do HPA

MEUS TEXTOS NO BOM DIA BAURU (156 e 157) e JAÚ (10, 11 e 12)

ANO NOVO BRASILEIRO PERANTE RESTO DO MUNDO – publicado no BOM DIA BAURU e no JAÚ em 31/12/2011
Esse Ano verdadeiramente Novo desfrutado no Brasil não é comemorado com a mesma intensidade no resto do mundo. Alguns sempre se posicionaram melhores que o Brasil. Ultrapassamos muitos deles, quebramos barreiras e somos hoje a 6º economia mundial. Nada caiu no nosso colo por acaso, sendo fruto de escolhas e de opções sabiamente seguidas. Olhando atentamente o país de dez anos atrás estávamos de pires na mão e completamente atrelados à política norte-americana. Imaginem o país hoje sob a orientação da ALCA? Seríamos um México. Desvencilhamo-nos da ingerência absoluta, quase subserviência aos EUA e isso sem perder um parceiro. Buscamos outros caminhos e ao lado dos países irmãos aqui do sul. Tratamos a todos como parceiros. Um a auxiliar o outro, sem superioridade. A corrupção alardeada de forma escandalosa por parte da mídia é a mesma de décadas atrás. Mudaram somente os personagens e a forma transparente de sua exposição. Um livro, “A Privataria Tucana”, batendo recordes de vendas país afora expõe como os tucanos faziam coisas mais escabrosas que os petistas, em algo muito pior do que o dito “mensalão”. O erro indesculpável dos petistas foi alardearem uma vida toda serem diferentes, quando provaram serem iguais em muitas coisas. O salafrarismo é inerente ao sistema capitalista, seja ele petista ou tucano, pois está no cerne de algo onde o deus é o dinheiro e tudo feito em seu nome. A diferença (sim, existem algumas), nítida na última década é o de um olhar diferenciado para as massas desvalidas. Esses foram introduzidos no mercado e até já incomodam. A economia brasileira dá banho de sapiência e Dilma obtém índices nunca vistos de aprovação. Nada disso é fruto de sorte e o reconhecimento é o mínimo que podemos fazer. Sensatez, sempre. Estaríamos num mato sem cachorro se nem isso tivesse sido feito, mas foi. O capitalismo continua vigendo cheio de erros crassos e como poucos estão a propor seu fim, fico feliz em saber que o país caminhou positivamente e isso é inquestionável.
obs.: Essa foto deste HPA junto de ANA BIA foi a primeira tirada de nós neste novo ano e a foi pelo amigo, o ferroviário e vereador Roque Ferreira, por volta das 2h da manhã, em sua casa. Registra nosso entusiasmo para os embates que virão em 2012. A mão levantada lembra o gesto do Sócrates e na escondida um facão bem afiado pronto para continuar sobrevivendo dentro desse nosso insano regime capitalista.

HISTÓRIAS DEZEMBRINAS – publicado no BOM DIA JAÚ, 24/12/2011 (não reproduzido no blog nesse momento, pois aqui já saiu publicado em 18/12/2010, mesmo dia no BD Bauru).

VIZINHOS NATALINOS – publicado BOM DIA Bauru em 17/12/2011 e no BOM DIA JAÚ em 18/12/2011
Moro nas proximidades de dois locais a juntar problemas sociais, o terminal rodoviário e os trilhos férreos. Por aqui sempre circularam, com um percentual maior do que em outros locais, um extrato social de nossos maiores problemas. A mendicância um deles e hoje, com a concentração de drogados junto aos trilhos, um point nesse quesito, todos circulando pelas ruas. Trombada pelas calçadas, rotineiras visitas em meu portão e até parada para cumprimentos, isso tudo algo diário. Conviver com tudo isso nunca é algo dentro daquilo a ser considerado como normalidade. Com os mendigos uma convivência mais pacífica, amistosa, enxergando neles as agruras e dificuldades inerentes de vidas endurecidas, falta de oportunidades, problemas familiares levados ao extremo e desajustes outros. Filosofo com alguns, papeio com outros e mantenho distância de uns poucos. Os drogados são mais acintosos e rebeldes, reações inesperadas a qualquer negativa. Duas formas bem distintas de ação, quando “limpos” conversam e até expõem seus problemas, quando “carregados”, espalham nossos lixos pelas calçadas, atiram pedras em nossas janelas e passam gritando contra tudo e todos. Aprendi a conviver com tudo isso e não reclamo. Também tenho os meus problemas e entendendo os deles, faço desse imenso palco que é a convivência entre os seres humanos uma bela experiência. Uma moça, perto de uns 20 anos chama a atenção nesse final de ano. Bonita, cabelo ainda esboçando tingimento, magra, corpo esbelto, circula pelos arredores e dorme nas calçadas, sempre só. Agressiva, revoltada com a vida. Cada vez mais suja, consegue fruta com um, pão com outro, água no seguinte e não abandona esse território. Sorri de forma estranha, pouca conversa, sempre de cabeça baixa, não encara o oponente, pede como se tivéssemos obrigação de lhe ajudar. De onde veio? O que pensa da vida? Como chegou até essa situação? Gostaria de conseguir conversar com ela, saber essas coisas, buscar uma forma de retirá-la das ruas, mas não consigo uma aproximação, arredia a extremo. As festas se aproximando e não vejo como ajudá-los sem bater um papo, conhecer a realidade que cada um traz dentro de si. Esses meus vizinhos e me penalizo por eles todos.

OBS.: Assisti um lindo vídeo na passagem do ano (indicação do site Tijolaço, do Brizola Neto) e bateu aquele forte sentimento latino-americano que deveria pulsar dentro de todos nós. Não resisti e já o revi entre ontem e hoje umas oito vezes. É do porto-riquenho CALLE 13, com uma participação da brasileira Maria Rita e chama-se LATINOAMERICA, todo legendado já para o português. Cliquem a seguir e comecem o ano, como eu, com os olhos cada vez mais voltados para nossos irmãos latinos: http://www.youtube.com/watch?v=vXPy7Lo-Z3I&feature=player_embedded