segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

MEMÓRIA ORAL (115)

TOUR DO LIVRO DE REGINÓPOLIS PELO RIO E ESBOÇOS DE ZIRALDO COM O MAPA PAULISTA
Semana passada passei cinco dias no Rio de Janeiro e dentre todas as atividades lá realizadas, permaneci um dia inteiro circulando entre os conhecidos do FAUSTO BERGOCCE, visitando os chargistas Mariano, Ziraldo e Nani, presenteando-os com nossa parceria litero/etílica/histórica, o livro “REGINÓPOLIS – SUA HISTÓRIA”. Depois tivemos outras visitas, mas comecemos por essas.

MARIANO o primeiro deles. É um dos idealizadores hoje do famoso site do CHARGEOLINE (http://www.chargeoline.com.br/) , a abrigar uma pá de chargistas nacionais e internacionais, reproduzindo suas diárias interpretações de como entendem esse desvairado mundo. Dele, tenho lembranças boas dos tempos d’O Pasquim, quando ilustrou a maioria das crônicas do Aldir Blanc e deu cara a todos os seus imortais personagens suburbanos. Tenho livros e livros aqui comigo a registrar isso. Ele hoje trabalha como ilustrador no Sindicato dos Bancários do RJ (av. presidente Vargas, ao lado da Uruguaiana) e sempre me é um grande prazer conhecer pessoalmente esses craques do traço, que até hoje reconheço só de bater os olhos em algo produzido por eles (coisas de pasquineiro desvairado). Presenciar esses dois velhos amigos trocando figurinhas e tendo esse livro como tema é algo inesquecível em minha vida. Não mais ficamos no descompromissado papo, pois Mariano estava no seu local de trabalho e charges o esperavam. A tal da labuta do dia-a-dia.

NANI recebeu nossa visita em sua casa em Laranjeiras, pertinho do Palácio do Governo Estadual e do campo do Fluminense. Final de tarde, acecipes na mesa e latinhas de cevadas distribuídas, algo me chama a atenção logo de cara, um porta-copos com desenho do Jaguar. Nani, como Fausto, outro provinciano, ele de Esmeraldas, interiorzão de Minas e já tendo escrito alguns livros a reverenciar sua cidade. Presenteia nós dois com o “Chico Clarião fugiu com Cauby e outras histórias de Esmeraldas” (imaginem um caipira se engraçando com Cauby Peixoto?) e um infantil, o “A moedinha que queria comprar a felicidade”. Conheci seu trabalho primeiro n’O Pasquim e depois não parou mais. Lembranças inesquecíveis dele ao lado de Fausto Wolff nos estertores do Jornal do Brasil, na tira “Vereda Tropical” nos jornais por aí e hoje no seu blog, onde livremente publica desenhos a dar com pau: http://www.nanihumor.com/).

Permaneci ali naquela sala de visitas vendo Fausto 'hablar' de Reginópolis e Nani de Esmeraldas, bebendo, comendo e dando meus pitacos. A esposa surge na sala num certo momento e mesmo com mais de 30 anos de Rio me espanta não ter perdido o sotaque mineiro. Digo a ela: “Diferente de caipira paulista. Um lá de Bauru (e todos os outros, inclusive eu), jogador de bola veio fazer um teste no Bangu e ficou no Rio por menos de trinta dias. Voltou falando carioquês quase fluente e a senhora não perde esse lindo falar mineiro”. Sou instigado a reunir historietas para um livro de causos de Reginópolis e, porque não, de Bauru.

Fomos também, como já relatado no texto publicado ontem nesse Mafuá na CONFEITARIA COLOMBO (http://www.confeitariacolombo.com.br/) e além do livro vendido para o já amigo MAURÍCIO SOUZA ASSIS, uma nova surpresa. Havíamos passado no dia anterior por lá e ele nos encomendou o livro, quando levamos levou um animador susto, desses a enrubescer escritor novato, como eu: “Confesso que achava que vocês haviam escrito um livrinho, mas o que vejo aqui é um negócio estrondoso. Isso é um livrão”. Ficou tão emocionado que pediu os contatos do Ziraldo e estamos alinhavando o lançamento do livro por lá, com um gancho de fazê-lo no Dia da Cidade ou do Município, levando outros ilustres quase cariocas para falarem de suas cidades natais. O gancho poderá ser algo assim: “Caipiras invadem a ex-Capital Federal, a Colombo, mas não tiram o barro do pé atolado no passado”.

Nem bem saímos de lá, horas depois, ele telefona e encomenda de cara seis livros, para distribuir aos parentes. Bateu saudade ao ver fatos vivenciados na infância ali ao lado, em Pirajuí. Ele conheceu pessoalmente a Lalai, do restaurante e nos diz saber que os herdeiros montaram um restaurante na cidade. "Disseram ser um dos melhores de lá. É verdade?", me diz. Levamos também livros para ilustres professores da UERJ e para Bibliotecas Públicas do Rio, além de um exemplar para o pirajuiense Tito Madi, que após ler o livro me liga só para dizer: “Me vi moleque nesse livro, nadando no Batalha e jogando bola contra o Reginópolis. Que pena que a minha Pirajuí não tenha um livro como esse”.

Por fim, como ontem contei aqui uma longa história com ZIRALDO, com direito a dois vídeos, faltou algo mais, o arremate. Envolvente como um danado de um mineiro, desses que a gente pensa estar passando a perna, mas na verdade é ele quem passa garbosamente nos ditos sabichões de cidades grandes. Ziraldo, no meio da conversa sobre o livro e ao bater os olhos na reprodução do mapa paulista, sai com essa: “Eu já desenhei muito esse mapa. Já fiz muita brincadeira com esse tema. Umas compreendidas, outras não. Mas se você bater os olhos no mapa vê de cara a tromba de um elefante ou a cara de um cão. Nunca viram isso?”, diz pegando numa pilot e desenhando o que queria dizer com palavras. O resultado eu publico, porém encontro-me chateado comigo mesmo por não ter pedido a ele os originais da brincadeira, que certamente, seriam guardados por esse mafuento escrevinhador. Já vi muitas interpretações do mapa, na última, uma pessoa muito próxima me desenhou os contornos como se fosse uma caçamba dessas de colocar lixo nas calçadas (uma que os tradicionais e conservadores não devem gostar, mas eu me divirto com tudo isso), mas essas duas ainda não. Servem como registro da visão do artista, o bate pronto que fazem de tudo onde botam os olhos.

E mais não fizemos por absoluta falta de pernas, pois nessa viagem estava também a trabalho, intuito de pagar contas pendentes e isso, quer queiramos ou não, toma um tempo desgraçado em nossas vidas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Henrique, você arrasou nestes dois blogs ( o de ontem e o de hoje )...pra lá de bom> Você conseguiu captar com muito bem " nossa saga carioca ". Valeu!!!

Abraços.

FAUSTO BERGOCCE

Anônimo disse...

Henrique e Fausto, mas que belos passeios e encontros!!
Vocês precisam rever esta questão de irem para aventuras no RJ sem a companhia de uma simpática jornalista...fiquei morrendo de inveja!!!
Ziraldo, ahhhhhhhh....na próxima vez, leve um cartãozinho meu prá falar de minha admiração pelo trabalho dele e o quanto seria bom recebê-lo em nossa tv bauruense.
Grande abraço amigos e, parabéns!
Nádia

José Carlos Brandão disse...

Parabéns, Henrique. Gostei de ver suas andanças pelo Rio, seus encontros com o Ziraldo, o Nani e outras figuras do traço de humor.
O seu livro merece mesmo, fiquei impressionado com a qualidade gráfica, o texto e os desenhos. Que alcance sucesso, que seja mais e mais valorizado como as coisas boas da arte devem ser.
Abraços.