segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

RETRATOS DE BAURU (117)

NORMA, REFERÊNCIA DA MOCIDADE DE VILA FALCÃO
Norma Romanholli é hoje o nome de maior destaque de uma família com ligação umbilical com o samba no bairro onde morou a maior parte de sua vida, a Falcão. O “Salão da Norma” fez fama na rua dos Andradas por décadas e lá a aguerrida batalhadora pelas cores da Mocidade Independente de Vila Facão, uma escola de samba com tradição de campeã. A família toda tinha a escola no sangue, desde a mãe Mariquinha, que saiu até quando a saúde permitiu na Ala das Baianas e os irmãos Zizo, Neno, Emílio (Milico), Carmen e Vera. Com o fenecimento da escola, uma tristeza abateu-se não só sobre eles todos, mas toda uma comunidade. Desmandos em cima de desmandos, anos convivendo com a decadência em função de uma péssima administração, culminando com os anos sem Carnaval de rua na cidade. Aliado a isso tudo, a mudança para o Camélias, onde o salão continua funcionando ali nas proximidades. Norma será sempre uma instituição da Vila Falcão.

OBS.: 1º noite do Carnaval de Rua de Bauru, 19/02/2012, a expectativa no Sambódromo era que a Mocidade não desceria pela segunda vez consecutiva. Ano passado a escola havia recebido a verba da Prefeitura e não desfilou, muito menos devolveu o dinheiro. O presidente Jaime, que pelo visto quer eternizar-se no cargo fez promessas mil e nesse ano teria que desfilar sem receber nada, para somente no próximo ano ver como tudo ficaria. Pressão por todos os lados, pouca ação, mas alguns corajosos e outros abnegados amantes do samba e do nome conquistado pela Mocidade saem num agrupamento diminuto, peito erguido e a demonstrar coragem. Norma uma dessas pessoas, tirando do armário uma velha fantasia e botando o bloco na rua. Não o fizeram por apoio ao Jaime e sim, pelo amor à Mocidade. Vê-la garbosa e soberana foi uma das coisas mais dignificantes da primeira noite do carnaval bauruense. Reverencio outra família, a FANECO, todos eles, sem tirar nem por (aqui uma foto do Paulo). Esses passaram noites em claro costurando e tentando dar uma cara de dignidade para algo a representar o bairro onde sempre viveram. Hoje, terça, 20/02, Norma e os Faneco saem no Pé de Varsa, o bloco da beira dos trilhos e da mesma vila, a Falcão.

5 comentários:

Helena Aquino disse...

Ótima matéria meu irmão ... a Mocidade é algo permanente em nossas vidas, e realmente é uma pena estar nessa decadência.
Que bom que ainda temos pessoas corajosas como esses aí citados, a Norma, os Fanecos e muitos outos, que têm o carnaval no sangue e a garra que falta à outros mais novos.
A perseverança é dignificante.

Helena Aquino

Anônimo disse...

Caro Henrique!

Que tristeza me da em pensar no que ja foi a Mocidade Independente da Vila Falaco, do que ja foi o carnaval de Bauru - hoje ainda orfao do Robertinho Godoy e do polemico Paulinho Keler...aiai, ando na maior nostalgia.
Obrigada por enviar !!!!
Bjs e feliz carnaval p todos!

Marcia Nuriah

Anônimo disse...

HENRIQUE

A Norma, sua família e todos os da família Faneco são realmente especiais e admiráveis. A Vila Falcão reverencia a todos eles. Põem a cara para bater constantemente, sem medo de serem felizes. Moram no coração de todos.

Alguns se aproveitam disso tudo. O Jaime um deles. Veja o caso dele. No passado tinha uma ligação com o samba, com a vila e com todas suas tradições. Acompanha a escola desde o começo. Foi importante para a escola. Galgou o posto maior num momento difícil, quando o carnaval definhava na cidade, tendo a derrocada final no gestão do Nilson Costa e bancada pelo Losnak, o cara que falava em seu nome e jogou a pá de cal na festa. Não vamos nos esquecer disso. Nunca vamos nos esquecer.

O Jaime chegou lá e não existe meio de tirá-lo de lá. Fez agora uma eleição que ninguém viu, ninguém soube como aconteceu, quem votou, quando foi, local, nada foi informado. Ele diz que foi eleito e apresenta documentos. Ele quer se perpetuar no poder e sua atitude está jogando a pá de cal na escola. Ninguém mais quer participar de nada tendo o Jaime junto, pois a escola perdeu a seriedade. Enquanto as outras escolas crescem, a Mocidade definha e vai acabar. A Vila Falcão chora por causa disso.

O Bloco do Pé de Varsa está crescendo com todo mundo que saia na Mocidade. Tudo é Vila Falcão, mas era para a grande maioria sair na Mocidade. Isso que voce relatou demonstra como tudo foi feito. A Mocidade virou uma colcha de retalhos, uma pobreza de dar gosto e de espírito nem se fala. Chorei ontem ao ver o que foi feito de tudo o que fizemos.

A Norma estava bonita sim, peito estufado como disse, corajosa também. Teve ter sido procurada com insistência e botou a fantasia pelo amor a nossa vila e a Mocidade. Os irmãos Faneco também. As baianas todas que vi lá. Vi uma escola que nem pau da bandeira de mestre sala tinha. Essa não é a Mocidade. O Tuba e a Léia na Auri-Verde estão falando por nós, pois até quando as pessoas vão continuar tapando o sol com a peneira. Isso tudo virou um caso de polícia e é dessa forma que deve ser tratado.

Faça um artigo corajoso sobre tudo o que aconteceu com a escola. Ouça as pessoas. Dê nome aos bois. Diante de toda a vergonha apresentada na avenida ou a cultura do Elson, a Prefeitura toma uma atitude e desclassifica de vez a Mocidade do jeito que está ou eles estarão validando o vale tudo, o tudo pode. Entreviste as pessoas e perceba como todos amam de paixão a Mocidade, mas ninguém quer fazer nada com o Jaime por lá. Ele se desviou no caminho. Conte a história toda. Fará um belo serviço pelo bairro onde seus avós, tia e primos moraram.

A Vila Falcão não merece isso. Só vamos conseguir dar uma basta nisso tudo, começando de novo e com o Jaime distante do processo.

Eu espero que me desculpe e entenda. Sou da Falcão, conheço tudo o que aconteceu e o que está acontecendo e não gostaria que as forças do mal se virassem contra mim e minha família e como aqui pude escrever o que bem penso, o fiz sem colocar meu nome. As pessoas são vingativas e eu não sei como tudo pode acabar. Eu vou continuar lendo o que escreve e aguardar mais sobre esse assunto.

Anônimo disse...

Caro Henrique - grato pela mensagem sobre a Norma e a família Romagnolli que conheci bastante todos eles que moravam ali na Rua Prudente de Moraes. O pai deles era motorista da NOB, da ambulância que conduzia os pacientes para o Hospital "Salles Gomes" no Altos da Bela Vista. Os irmãos mais velhos eram os apelidados de "Fogueira" e "Fogueirinha". Remember ? Saudações socialistas - Isaias

Anônimo disse...

Reproduzo carta do JC de meu primo sobre o assunto. Henrique

26/02/12 03:00 - Tribuna do Leitor
AI COMO ERA LINDO SAIR NA MOCIDADE, VOCÊ NÃO SABE ...



Decepção, raiva, revolta ou vergonha... Não sei qual destas palavras devo usar para relatar o que foi o desfile da Mocidade Independente de Vila Falcão no último domingo, no Sambódromo de Bauru. Nasci na Vila Falcão e tenho muito orgulho por isso. A cidade Falcão foi inicialmente povoada por ferroviários da extinta NOB. E graças à visão de uma pessoa com visão além do seu tempo, foram instaladas em seu território duas instituições de ensino superior, a Instituição Toledo de Ensino e a Fundação Educacional de Bauru (hoje Unesp), dois times de futebol que fizeram história na cidade e fora dela, o Bandeirantes Esporte Cube – Fortaleza Atlético Clube e o nosso amado Esporte Clube Noroeste, além do Bloco Pé de Varsa e a grande Mocidade Independente de Vila Falcão, ainda maior campeã do Carnaval de Bauru. O samba do amigo Leleco bem dizia: “A nossa vila tem faculdade de samba ...”

O desfile da Mocidade no último domingo foi algo que ultrapassou os limites da deploração, falta de sensibilidade e falta de tantas outras coisas, dentre elas, vergonha. Ser Mocidade é sentir vontade de chorar ao ver aquilo que se chamou de Escola de Samba. Desfilei pela primeira vez na escola em 1978. E até 1988, desfilei em alas, com fantasias de destaque, encerrando minha participação como membro da diretoria e um dos elaboradores do enredo “Morená, o Paraíso da Criação”. Mais uma vez, recorro ao Leleco, agora adaptado: “Ai como era lindo sair na Mocidade, você não sabe”... Tenho certeza que os remanescentes da “velha guarda” devem ter o mesmo sentimento que eu! Liderança não se impõe, se conquista. Uma escola de samba deve refletir o desejo da comunidade e o desejo da comunidade parece não estar em sintonia com os desejos dos atuais “mandatários”, pois pela contagem oficial, pouco mais de 50 pessoas participaram do desfile... Já no Pé de Varsa, cerca de 300 pessoas (dentre elas eu e minha família), a maioria delas remanescentes da “velha” Mocidade, empolgaram o Sambódromo na segunda, mostrando que o samba do Leleco tinha razão ...

Caros “dirigentes”, sejam Mocidade de verdade, usem de bom senso e não deixem morrer aquilo que pessoas como Dito Cabra, Laudino de Matos, sr. Ivan, sr. Alziro, Marião, Walter Costa, Zizo, Zé Maria, Celina, Paulo Keller e tantos outros que já não estão entre nós ajudaram a construir. Façam o desejo da comunidade da Vila Falcão e da cidade de Bauru, abram espaço para quem deseja e tem competência para fazer a nossa querida Mocidade Independente novamente campeã dos carnavais de Bauru. O samba do Leleco dizia “Quem não pode se sacode, couro de bode é surdão, mocidade independente, ops. Pé de Varsa é a glória da Falcão! Parabéns, Ditão, Breno, Carlão, Marrom, Carlos Baiano e tantos outros que mostraram que o samba na Falcão não morreu. Temos o Pé de Varsa para nos encher de orgulho.


Prof. Dr. Carlos Robero (Beto) Grandini