INTERVENÇÕES SUPER-HERÓI BAURUENSE (56)
Guardião esteve muito atento (como todos) aos últimos acontecimentos país afora, com muitas repercussões locais. Uma delas chamou a atenção do super-herói bauruense, mais que outras. É que o nosso colorido personagem costuma sobrevoar a cidade de Bauru com frequência e observa algo similar ao que motivou muitos protestos em outros recantos do país. Veja o que ele pensa sobre o fato desses protestos por causa do superfaturamento dos estádios de futebol da Copa: “Tudo muito certo, os valores foram absurdos, a revolta tem todo o sentido. Mas por que estão cobrando só dos gastos nos estádios, se em qualquer obra realizada no Brasil suspeita-se que ocorra o mesmo?”. Epa! Seria isso mesmo?
Existe uma espécie de consenso que as empreiteiras brasileiras cobram um valor acima do que se realmente gasta e parte disso some misteriosamente nas entranhas burocráticas das obras. “E não só nas obras”, continua Guardião. “Interceptei um diálogo outro dia de um empresário cultural dizendo que para revender shows para entidades públicas já chega ciente de que uma parte fica ali, está embutido no valor final. Isso dos pequenos aos grandes shows”. Impossível generalizar, mas se isso ocorre, o protesto em volta dos estádios teria que ser estendido para todas as obras ocorrendo em todos os municípios, até que consigam explicar para a população a destinação de cada centavo empregado em gastos. “Quem é pago por nós para fiscalizar isso são os vereadores, mas como nem sempre o fazem, pelo visto o povo está demonstrando que pode fiscalizar melhor que eles”, diz Guardião.
Instigado por algo local, Guardião se mostra relutante em apontar o dedo para irregularidades, mas pede para a população ficar atenta e exigir maior clareza na prestação de contas de algumas obras. Cita duas e na mesma rua. “Observem só o que verifiquei sobrevoando a região da rua Bernardino de Campos. Duas obras com placas de valores destinados para cada obra. Na primeira uma Unidade de Saúde da Família, Jardim Jussara/Celina, obra complexa, cheia de cômodos, 430 metros quadrados, com gastos de R$ 893.723,38 e prazo de execução de 180 dias. Na outra, junto ao Padilhão, obra de pouca complexidade, Cancha de Malha e Bocha, com área total de 954 metros quadrados, como valor da obra estipulado em R$ 707.518,47 e prazo de execução de 120 dias. Uma pela outra, a cancha esportiva está cara demais, pois mesmo com área maior, trata-se de um salão sem grandes acabamentos (até porque consta lá ser uma reforma) e a da Unidade de Saúde, infinitamente mais detalhista. Isso aqui não é desconfiança em quem recebeu a grana e vai gerir a execução da obra, mas o valor de uma e de outra não poderia ser tão próximo”.
Sem entrar em detalhes e sem ouvir explicações, que certamente existem e podem ser compreensíveis, o que Guardião alerta para o fato levantado é que as obras todas ocorrendo no país devam merecer uma reavaliação, tanto por parte de quem libera a verba, como de quem executa e mais ainda de quem a recebe. “Ou o Brasil é passado a limpo num todo, ou os que protestam só com os gastos nos estádios, sem se atentar para tudo o mais à sua volta, estão promovendo um caça às bruxas só com um dos lados da questão, sem resolve-la num todo. Hipocrisia nessa hora é o que menos necessitamos e levanto a lebre, para que cada cidadão fique atento a todas essas placas, em todas as cidades onde elas existirem e passem a exigir explicações convincentes sobre a destinação ode cada centavo nelas empregados”, conclui.
OBS FINAL: Esse mafuento escriba e Leandro Gonçalez, idealizador do heroico personagem comungam da mesma ideia e opinião.Existe uma espécie de consenso que as empreiteiras brasileiras cobram um valor acima do que se realmente gasta e parte disso some misteriosamente nas entranhas burocráticas das obras. “E não só nas obras”, continua Guardião. “Interceptei um diálogo outro dia de um empresário cultural dizendo que para revender shows para entidades públicas já chega ciente de que uma parte fica ali, está embutido no valor final. Isso dos pequenos aos grandes shows”. Impossível generalizar, mas se isso ocorre, o protesto em volta dos estádios teria que ser estendido para todas as obras ocorrendo em todos os municípios, até que consigam explicar para a população a destinação de cada centavo empregado em gastos. “Quem é pago por nós para fiscalizar isso são os vereadores, mas como nem sempre o fazem, pelo visto o povo está demonstrando que pode fiscalizar melhor que eles”, diz Guardião.
Instigado por algo local, Guardião se mostra relutante em apontar o dedo para irregularidades, mas pede para a população ficar atenta e exigir maior clareza na prestação de contas de algumas obras. Cita duas e na mesma rua. “Observem só o que verifiquei sobrevoando a região da rua Bernardino de Campos. Duas obras com placas de valores destinados para cada obra. Na primeira uma Unidade de Saúde da Família, Jardim Jussara/Celina, obra complexa, cheia de cômodos, 430 metros quadrados, com gastos de R$ 893.723,38 e prazo de execução de 180 dias. Na outra, junto ao Padilhão, obra de pouca complexidade, Cancha de Malha e Bocha, com área total de 954 metros quadrados, como valor da obra estipulado em R$ 707.518,47 e prazo de execução de 120 dias. Uma pela outra, a cancha esportiva está cara demais, pois mesmo com área maior, trata-se de um salão sem grandes acabamentos (até porque consta lá ser uma reforma) e a da Unidade de Saúde, infinitamente mais detalhista. Isso aqui não é desconfiança em quem recebeu a grana e vai gerir a execução da obra, mas o valor de uma e de outra não poderia ser tão próximo”.
Sem entrar em detalhes e sem ouvir explicações, que certamente existem e podem ser compreensíveis, o que Guardião alerta para o fato levantado é que as obras todas ocorrendo no país devam merecer uma reavaliação, tanto por parte de quem libera a verba, como de quem executa e mais ainda de quem a recebe. “Ou o Brasil é passado a limpo num todo, ou os que protestam só com os gastos nos estádios, sem se atentar para tudo o mais à sua volta, estão promovendo um caça às bruxas só com um dos lados da questão, sem resolve-la num todo. Hipocrisia nessa hora é o que menos necessitamos e levanto a lebre, para que cada cidadão fique atento a todas essas placas, em todas as cidades onde elas existirem e passem a exigir explicações convincentes sobre a destinação ode cada centavo nelas empregados”, conclui.
4 comentários:
Henrique
Você tocou num assunto delicado, mas o focou de forma sutil, sem ferir ninguém e sem apontar o dedo para ninguém. O problema existe, é nacional, mais do que ciente. Quem sabe que isso acontece por todos os lugares? Virou algo até natural, infelizmente.
Como resolver isso?
Voce sabe, Henrique? Creio que não.
O povo nas ruas pede o fim disso e mais seriedade com o dinheiro público, para que não ocorra algo como o que seu texto evidencia; uma generalizada desconfiança.
Momento oportuno para discutir esse tema. Aqui onde trabalho vejo placas e mais placas iguais a essas e na maioria das vezes me espanto muito com o valor alto das liberações de dinheiro e a pequenez da obra. Outro dia, pertinho aqui de Prudente, conversando com um pedreiro amigo meu, um construtor, ele me disse que faria uma obra igual a que tinha um valor alto numa placa por quase um terço daquele valor. E acho que faria mesmo.
Paulo Lima
Henrique
Boa!
O valor da escola sendo levantada inteira custa quase o preço de uma reforma de um campo de bocha. Reforma, está lá na placa.
Seria de bom alvitre explicar isso.
Como assim?
Alvarenga
A grande manchete nacional de hoje: Aprovação nacional a Dilma despenca de 57% a 30% em três semanas reforça mais uma vez a tradição antidemocrática e golpista da mídia brasileira. Ela aproveitou habilmente de um dos raros momentos de rebelião popular contra os aumentos da passagem de ônibus - um movimento inicialmente difuso, localizado e até desordenado - para inverter a pauta e investir contra um governo que tem contrariado levemente alguns interesses que muitos veículos representam.
Até agora, parece-me que a mídia e os grupos conservadores (com tradição autoritária e vocação neoliberal) conseguiram construir uma agenda eleitoral para tentar derrotar a presidente Dilma e a esquerda nas eleições de 2014. E conseguiram tal proeza apenas amplificando e nacionalizando uma rebelião intempestiva de muita gente trabalhadora, que veio inicialmente brandir nas ruas de São Paulo os sofrimentos diários acumulados - em um estado governado pelo neoliberalismo tucano há quase um quarto de século.
Não foi por acaso que Gramsci apontou a imprensa como ferramenta de construção de hegemonia e que Chomski demonstrou que meios privados de comunicação servem para a “fabricação do consenso” pró-EUA e de todo o mundo capitalista, uma “missão” que sempre foi muito bem feita pelos conglomerados midiáticos.
Dino Magnoni
Henrique
Eles fingirão que isso não existe.
Esse seu texto passará desapercebido, mas a voz das ruas continuarão clamando contra os excessos dos estádios, só o dos estádios.
Poucos são os que querem resolver os reais problemas do país.
Valéria
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