EU PESCANDO, UM CARRINHO NA BAHIA E O MUNDO VISTO PELA JANELA
Ando um bocado nervoso nos últimos tempos, pavio curto diriam alguns. Ando respondão. Quem me deu uma boa dica para enfrentar esses novos tempos foi o ex-vereador e ex-agente penitenciário, hoje aposentado, José Eduardo Àvila: “Henrique voce esta precisando de uma pescaria, nem que for na ponte do Cedro...kkkkkkkkkkkkkkkkkkk”. Confesso ter gostado da ideia. Cheguei a ir muito ao Cedro, isso nos meus tempos de moleque, bodoque nas mãos, íamos a pé, embornal no ombro. Nunca consegui acertar uma ave (ainda bem), pois sempre fui ruim de pontaria. Devo ainda ser, tal a revoada de respostas desairosas que recebo diariamente em minha caixa de e-mail. Ao amanhecer, ela está borbulhando de novos desafetos. Como tenho criado inimizades nos últimos tempos. Essas últimas semanas estão sendo boas na descoberta do que vai pela cabeça de todos ao nosso lado, o que realmente pensam e como encaram esse mundão à nossa frente. Vi alguns, que até achava progressistas, bons de diálogo e fecharam a questão em alguns temas, não discutem mais. A verdade é a deles e pronto acabado, espalham inverdades com uma naturalidade inacreditável. Só mesmo uma pescaria para resolver isso, mas não poderá mais ser no Cedro, pois lá, um amigo, o mercaneiro Luizão, morador da vila Dutra, meses atrás arrendou o restaurante e o motel, mas entregou tudo por esses dias, faliu, pois impedido de vender bebida alcóolica na beira de estrada, viu sua clientela fugir e fechou tudo, indo à busca de algo mais agradável para fazer na vida.
Eu ando em busca desse lugar agradável. Viajar é a solução. Junto meus caraminguás e sempre que posso parto pela aí. Semana que vem estarei de volta ao Rio, com maiúscula, o de Janeiro. Vou à trabalho, passo uns quatro dias e rearejo tudo, recarrego os patuás, levo comigo o filho, esse de férias escolares antecipadas por uma greve estudantil durante o período de recesso escolar (esses meninos inventam cada uma). Pai e filho num conversê danado de bom. Queria leva-lo na Vila Mimosa, mas ele declinou do convite. Prefere ir aos sebos lá pelo centro da cidade. Lá o fervo do povo nas ruas está bem mais intensificado do que aqui e conciliando o trabalho durante a exposição do sol e onde poderemos marcar presença, depois sem o exposição do calor inclemente solar, traremos novidades. Talvez algumas novas escoriações. No mínimo um frasco de gás lacrimogêneo ou um projetil de bala encontrado nas sarjetas. Farão parte do meu acervo guardado a sete chaves dentro do lúdico espaço do mafuá.
Ando um bocado nervoso nos últimos tempos, pavio curto diriam alguns. Ando respondão. Quem me deu uma boa dica para enfrentar esses novos tempos foi o ex-vereador e ex-agente penitenciário, hoje aposentado, José Eduardo Àvila: “Henrique voce esta precisando de uma pescaria, nem que for na ponte do Cedro...kkkkkkkkkkkkkkkkkkk”. Confesso ter gostado da ideia. Cheguei a ir muito ao Cedro, isso nos meus tempos de moleque, bodoque nas mãos, íamos a pé, embornal no ombro. Nunca consegui acertar uma ave (ainda bem), pois sempre fui ruim de pontaria. Devo ainda ser, tal a revoada de respostas desairosas que recebo diariamente em minha caixa de e-mail. Ao amanhecer, ela está borbulhando de novos desafetos. Como tenho criado inimizades nos últimos tempos. Essas últimas semanas estão sendo boas na descoberta do que vai pela cabeça de todos ao nosso lado, o que realmente pensam e como encaram esse mundão à nossa frente. Vi alguns, que até achava progressistas, bons de diálogo e fecharam a questão em alguns temas, não discutem mais. A verdade é a deles e pronto acabado, espalham inverdades com uma naturalidade inacreditável. Só mesmo uma pescaria para resolver isso, mas não poderá mais ser no Cedro, pois lá, um amigo, o mercaneiro Luizão, morador da vila Dutra, meses atrás arrendou o restaurante e o motel, mas entregou tudo por esses dias, faliu, pois impedido de vender bebida alcóolica na beira de estrada, viu sua clientela fugir e fechou tudo, indo à busca de algo mais agradável para fazer na vida.
Eu ando em busca desse lugar agradável. Viajar é a solução. Junto meus caraminguás e sempre que posso parto pela aí. Semana que vem estarei de volta ao Rio, com maiúscula, o de Janeiro. Vou à trabalho, passo uns quatro dias e rearejo tudo, recarrego os patuás, levo comigo o filho, esse de férias escolares antecipadas por uma greve estudantil durante o período de recesso escolar (esses meninos inventam cada uma). Pai e filho num conversê danado de bom. Queria leva-lo na Vila Mimosa, mas ele declinou do convite. Prefere ir aos sebos lá pelo centro da cidade. Lá o fervo do povo nas ruas está bem mais intensificado do que aqui e conciliando o trabalho durante a exposição do sol e onde poderemos marcar presença, depois sem o exposição do calor inclemente solar, traremos novidades. Talvez algumas novas escoriações. No mínimo um frasco de gás lacrimogêneo ou um projetil de bala encontrado nas sarjetas. Farão parte do meu acervo guardado a sete chaves dentro do lúdico espaço do mafuá.
O que sempre sonhei e nunca consegui fazer foi o que presenciei mês passado em Salvador BA. Um carro todo pintado, que não consegui identificar marca, nem modelo, todo preparado para rodar por estradas nunca dante imaginadas e levar seu dono mundo afora. Estava estacionado defronte uma pousada lá no Pelourinho e tive que parar a caminhada pelas íngremes vielas e fiquei ali contemplando esse meu sonho de consumo por quase uma hora. Acho que alguns até acharam que estava querendo é roubar o carro. Era lindo, as fotos aqui publicadas, todas dele, não me deixam mentir. O cara faz sua rodie movie com uma peça mais do que rara, algo sonhado por mim, transformar tudo o que faço num sonho estradeiro, sem parada, sem leme, sem lenço e muito menos documento. Já que o mundão está de pernas para o ar, queria muito ir observando essas transformações, um bocadinho de tempo em cada lugar.
Fiz muito algo parecido no passado (hoje menos, cansado, alquebrado pelos anos). Ia vender minhas chancelas onde algo de bom estava a acontecer. De dia suava a camisa e vendia umas peças, depois ia curtir o lugar, shows, eventos, ver gente, conhecer lugares, trombar e bater de frente sempre com um mundo novo e cheio de possibilidades à nossa frente. Conciliei isso por quase duas décadas, paguei a maioria de minhas contas e outras fui deixando de lado, tornando-me um inadimplente eterno de algumas delas. Mas conheci parte desse país e vi gente pelas quais nunca mais me esquecerei. A viagem mais encantadora foi a feita à Cuba em 2008, quando com meu amigo Marcão percorremos a ilha de cabo a rabo em 28 inesquecíveis dias, mochila às costas. Hoje, quando alguém vem apregoar besteiras sobre Cuba, vou na garganta do sujeito, pois desconhecem o que é levar a vida com simplicidade e felizes da vida. Eu e Ana, minha parceira já andamos muito por aí, Brasil afora, Argentina, Uruguai, Espanha, mas confesso, Cuba é Cuba.
Esse cara (que não conheci) desse lindo carrinho verde deve fazer isso. Fiquei ali encostado num poste e revendo isso tudo. Passou pela minha mente um amontoado de lugares, um amontoado de pessoas que, com certeza, nunca mais verei. Eu sou daqueles que, podem certeza, tenho uma pá de histórias para contar, mas quero ter muitas mais. As vezes me revolto, pois vivendo nesse surreal país, padeci muito no passado, vivenciando a saída desse gigante adormecido de uma regime militar truculento e sanguinário, para outro, onde sua elite sempre nos comandou. Jango tentou algo e foi trucidado. Lula fez algo pelos menos favorecidos, mas pisou na bola, decepcionou demais. Ele percebeu que para governar o país era necessário, dentro do sistema vigente, fazer alianças e fez todas as possíveis e as não possíveis. Mudou o país para melhor, mas merece ser cobrado, não crucificado, pois se hoje os famélicos conseguem ter algo, se a classe C foi inserida ao país, isso devemos a ele. No mais, fez tudo igualzinho aos que tanto criticávamos e continuamos a criticar. Eis o motivo da decepção. Detesto os caolhos, que veem nele todos nossos males, esses são perversos demais, tendenciosos e estão longe de querer o fim da corrupção. Querem exterminar a possibilidade da continuidade disso para outro patamar, talvez o segmento que adoraria ver sendo colocado em prática, o socialismo. As viúvas da ditadura estão ganhando espaço e perigosos, vivo espezinhando a todos, ridículos em seus argumentos. Eu quero é ver a luz no fim do túnel, retroceder jamais. Dilma é ruim de cintura, mal assessorada, mas vislumbro algo pior com sua intempestiva saída. Golpistas, de onde vierem e aqui de minha trincheira não os perdoarei.
Adentrando os 53, com alguma lenha ainda para queimar, continuarei não me segurando nas calças. Sempre fui assim e assim continuarei. As lutas todas para transformar esse país em algo mais palatável estão todas aí para serem realizadas. Nelas estarei engajado, de corpo e alma. Seria bom se pudesse e tivesse condições de ter um carrinho como esse das fotos e ir de canto em canto pregando contra os maledicentes e seus baús de maldades, explícitas e não explícitas. Se não o faço de quatro rodas, o faço a pé mesmo, gritando aqui do meu mafuento espaço. Hoje mesmo saio da toca. Instigado pelo filho vou junto dele assistir a nova versão d'O Grande Gatsby, do Scorcese e Ana quer que voltemos ao SESC, para conhecer o trabalho de uma das novas revelaçoes da MPB, Ana Cañas. Prometo também pescar mais e ser menos ranzinza, mas não me peçam para concordar com o que o que os cruéis desse país tentam transformá-lo (hoje vejo alguns reverenciando os golpistas no Egito, vislumbrando algo assim por aqui). Detesto fascistas, direitosos, acomodados, exploradores da fé, mente e desejo alheio. Esse sou eu, o HPA. Vou ali e já volto.
6 comentários:
Ele largou tudo para andar pelo Brasil fazendo e vendendo chapéus, e é muito feliz
Posted by Ana Bussacos in Saindo da inércia
708
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O que me chamou a atenção na história toda, além da coragem do se arriscar a fazer aquilo que acredita e que traz alegria, foi a maneira como tudo isso começou. Se o que você busca, seja um chapéu ou o que for, não existe, que tal você fazer existir? Pode ser que seja não só o que te falta, mas o que falta para outras pessoas também e tem algo mais inspirador do que isso?
leia mais no http://razoesparaacreditar.com/ele-largou-tudo-para-fazer-andar-pelo-brasil-vendendo-chapeus-e-e-muito-feliz/
olha o face do cara:
https://www.facebook.com/du.eholic?fref=ts
É a mesma pessoa que voce conheceu, Henrique. Veja que lindo.
Lorena
COINCIDÊNCIAS DESSA VIDA:
Descubro lendo esse comentário acima e pelo facebook, escritos do amigo Silvio Silvio Selva, quem venha a ser o dono dessa carro.
Estou apaixonado pela história do gajo. Vou sair pela aí vendendo buttons e desestressando a vida. Que acham?
Leiam o que o Silvio postou ainda agorinha pouco:
Silvio Selva via Central de Editais etc e tal
Ele largou tudo para andar pelo Brasil fazendo e vendendo chapéus, e é muito feliz
razoesparaacreditar.com
Ele largou tudo para andar pelo Brasil fazendo e vendendo chapéus, e é muito felizPosted by Ana Bussacosin Saindo da inércia689 FlaresTwitter14TweetFacebook674Google+1Pin It Share0Email--Email to a friend689 Flares×O que me chamou a atenção
HENRIQUE - DIRETO DO MAFUÁ
Ele é paulista de MAIRIPORÃ.
Chapeleiro, viajando com panos coloridos e uma máquina de costura e vendendo sua obra por onde passe.
Espalhando arte, simpatia e a necessidade de congraçamento humano. Possui uma ótima cabeça, pelo que li.
O mundo precisa de gente assim.
o seu texto, com suas viagens sobre o momento atual e o que li hoje dele me fizeram muito bem para essa sexta.
Fico feliz em conhecer gente assim.
Aurora
Histórias reais emocionam.... quem puder leia... muito massa essa história de Henrique... que me chegou pelo que sonho... chapéus....
Du
O personagem dono deste carro é o DU-EHOLIC https://www.facebook.com/du.eholic?fref=ts. Pessoa boníssima. Aliás, atavés dele cheguei aqui no seu blog.
Errei no através, mas tudo bem. rs
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