terça-feira, 29 de outubro de 2013

COMENTÁRIO QUALQUER (117)


A FRAGILIDADE E A MILITÂNCIA DE CADA UM – ADEUS AO LEONAM LOUREIRO
Estou longe de Bauru e cheio de problemas profissionais e pessoais, algo tomando meu dia, meu tempo e me consumindo de uma forma como só quem está longe de casa pode me entender. Tudo parece se avolumar quando longe dos seus, do seu “quadrado”, como dizem alguns. Meio sem chão recebo a notícia de mais uma morte, a de uma pessoa conhecida, o LEONAM LOUREIRO, militante da minha geração, pois não deve estar com muito mais do que a minha idade. Eu, aqui cheio de problemas também de saúde, vejo que muitos outros com a mesma idade que eu estamos quase todos tomados por irremediáveis, alguns incontornáveis. Eu sempre cuidei muito mal de minha saúde, sempre fui um contumaz descuidado e hoje ao sentir os primeiros sintomas no corpo desse descuido, sinto algo estranho por dentro, algo me travando e sem poder quase nada para reverter, como queria e achava até então fácil. Vejo que a partir desse momento nada será fácil, o corpo já não é o mesmo e expõe os reflexos de como o tratei até aqui.

Escrevo isso e me volto para Leonam. Nunca fui próximo dele, estivemos juntos em várias trincheiras de luta, poucas dentro das mesmas agremiações políticas (sim, no Brasil os partidos são agremiações). Em alguns momentos, mesmo dentro de algo onde o pensamento tinha como objetivo um mesmo ponto lá no horizonte, os caminhos diversos, o agir diferente nos tornava um tanto distantes. Isso acontece muito hoje em dia, teses já foram defendidas sobre esse distanciamento das esquerdas, uma pratica que não tem uma real aproximação. Vejo muito nítido isso hoje, principalmente no que concerne à atuação dos Black blokers, quando não vejo ação revolucionária no que fazem, pois está nítido que rejeitarão às esquerdas logo ali na frente, o mesmo que foi feito com muitos dos jovens que foram às ruas numa movimentação nunca antes vista nos país. Estava claro não serem nada revolucionários e sim, conservadores, mas alguns segmentos achavam que tinham que se posicionar ao lado deles. Assim o fizeram e assim o fazem, mesmo sabendo que a traulitada ocorrerá logo mais.

Leonam, como todos de esquerda, já militou dentro do PT e depois alçou outros vôos, sempre à esquerda. Tentava reorganizar o PSOL na cidade e nos encontrávamos pelas ruas. Não sabia do seu problema de saúde e a última vez que o vi ele estava nas escadarias da Câmara Municipal, acho que na penúltima manifestação da movimentação nas ruas, quando de longe não o reconheci e em alguns momentos me perguntei quem seria aquele senhor perto do alto falante. Era o Leonam. Papeamos e nos atualizamos. Hoje ele se vai e fica mais uma lacuna, mais um buraco do lado de cá. Eu me preocupo sobre isso e tudo o mais, pois não estou mais lá grande coisa. Como somos frágeis e não sabemos...

4 comentários:

Anônimo disse...

Estava com hepatite há algum tempo, grande figura...
SILVIO SELVA

Anônimo disse...

O conheci na Apeoesp ....grande figura mesmo
André Zambello

Anônimo disse...

Meu caro Henrique

Entendo sua angústia.
Tente levar tudo por algo que tínhamos em mente quando das antigas lutas: Ninguém está sozinho e o povo unido jamais será vencido.
Continue travando as lutas coletivamente e não estará nunca sozinho.
Um baita abracito do
Daniel Carbone

Anônimo disse...

Um forte abraço Henrique.
Beatriz Alves Torres - Águas de Lindóia