domingo, 20 de outubro de 2013

MEMÓRIA ORAL (150)


REENCONTRO COM JORGINHO, EX-PONTEIRO DIREITO DO NOROESTE E DO GUARANI
Hoje é domingo, a chuva foi embora, o calor voltou com força total, começou o horário de verão e para aliviar os relatos de denúncias, desmandos, conchavos, aliciamentos, protecionismos, ditos e não ditos, prefiro uma escrevinhação cheia de amenidades. Em cada lugar que ando vou recolhendo histórias, ouvindo o que as pessoas tem para contar, tirando minhas fotos e anotando tudo em pedaços disponíveis de papéis. Semana passada, quando de passagem lá pelas bandas do Geisel, reduto de bons sambistas (o Sambódromo está lá), bairro típico da periferia bauruense, ao lado de outro do mesmo quilate, o Redentor. Grande concentração de trabalhadores, hoje com uma vida mais do que própria, tendo de tudo um pouco. Na avenida principal, arborizada muito acima da média da cidade, reencontro uma pessoa que já fez e aconteceu pela Bauru de décadas atrás e hoje, curte cheio do bom saudosismo suas histórias.

Na quadra onde mora a família do seu Avelino, o presidente da LESEC - a Liga das Escolas de Samba de Bauru e também mantendo o mesmo cargo na Escola de Samba Águia de Ouro, junto de suas irmãos, num conglomerado que lembra bem o título de um famoso livro, “A Casa das Sete Mulheres”, pois esse vive rodeado de todas elas, que cuidam dele como se fosse uma peça de porcelana, ali ao lado, na casa vizinha, vive um outro personagem, também membro da mesma família, ele de nome JORGE ARANTES DE SOUZA, 67 anos e famoso não pelo samba. Esse nome jogado assim ao léu pode não dizer muito, mas para os amantes do futebol diz muito. JORGINHO, seu nome de guerra no futebol o imortalizou aqui e em terras distantes. Quando começou jogar bola, pela região recebeu o apelido de REBITE, lá pelas bandas da Usina Miranda, onde o endiabrado ponta direita começou a fazer sucesso. Não parou mais com esse negócio de jogar bola, trecho longo e cheio de boas recordações.

Lá pelos idos da metade dos anos 60 foi titular da posição de ponteiro direito no Esporte Clube Noroeste, tendo tido algumas outras passagens pelos lados do Alfredo de Castilho. Permaneceu de 1965 a 1966, depois voltou de 1975 a 1979. Habilidoso, não ficou muito tempo por aqui, tendo tido passagens pelo Rio Branco de Ibitinga, Garça e principalmente pelo Guarani de Campinas. Em Garça teve o privilégio de jogar ao lado do goleiro Valdir Perez e em Campinas lembra fácil de citar alguns dos seus antigos companheiros, como Tobias, Ferrari, Milton, Elio Gigliotti, Ladeira e Caravetti. Quando pega as fotos e começa a apontar o nome desses, a saudade é grande e nem o jogo pela TV o faz desviar os olhos das fotografias.

Jorginho foi um atleta diferenciado, pois enquanto jogou bola, nunca deixou de cumprir suas funções dentro da Polícia Militar do Estado de SP. Teve sorte, pois um comandante da época gostava muito de futebol e para todos os lugares onde foi, conseguiu a remoção e conseguia conciliar uma coisa e outra sem que uma atrapalhasse a outra. Jogou e muito em seleções formadas de policiais que gostavam de bola, numa época em que esse escrete viajava pelo estado todo, apresentações pelas mais diferentes cidades do estado. Essa seleção chegou a jogar contra seleções de outros países e as fotos não desmentem o que ele faz questão de mostrar cheio de orgulho. Quando parou com a bola profissionalmente, continuo peladeando até quando deu e a aposentadoria, ou a reserva como dizem os militares, chegou em 1995, na função de 1º Sargento.

O tempo passa, mas Jorge, aquele ativo ponteiro de antanho não consegue permanecer muito tempo sem fazer nada dentro de casa a amolar a esposa Isaura. Na quadra da frente de sua casa um botequim, frequentado pelos boleiros do pedaço, reduto de cerveja e de muitas histórias, renovadas a cada dia. Num domingo logo após o almoço, quando estive com ele, acabara de chegar, não do bar, mas de um trampo. Presta serviço de segurança junto do filho, também policial militar em empresas particulares. Coisa que não abandona é assistir um jogo pela TV, mesmo reclamando desse campeonato atual, um dos mais fracos dos últimos tempos. Ali, sentado e revendo fotos e histórias, fala de tudo, do atual momento do Noroeste, do futebol amador da cidade, do que fizeram dos times do interior e de lugares onde jogou bola e mantém amigos até hoje. Um dos exemplos é Reginópolis e ao lhe dar o livro escrito por mim e ilustrado por Fausto Bergocce, vendo a fotos dos jogadores de lá, conhece a maioria e mais e mais histórias são contadas. Jorginho é o exemplo vivo de uma geração que enchia os campos de bola, época em que o futebol era a própria efervescência. Ele viveu aquilo tudo e do lado de dentro dos campos.

Um comentário:

Anônimo disse...


JORGINHO AMIGO E CLIENTE DE TODA. SEXTA FEIRA NA FEIRA DO SAMBÓDROMO CONVERSAMOS MUITO SOBRE FUTEBOL E JÁ ME MOSTROU FOTOS HISTÓRICAS, ABRAÇOS HENRIQUE E JORGINHO !!!
MOISÉS BASTOS