quarta-feira, 12 de março de 2014

CARTAS (118)


O TRIBUNAL QUE TEMOS REFLETE O QUE SOMOS - publicado edição de hoje do Jornal da Cidade Bauru SP, página 2, coluna Opinião:
O Jornal da Cidade prima pela diversidade de opiniões. Esse um dos pontos cruciais de sua credibilidade junto a uma legião de fiéis leitores. Percebe-se isso nos mínimos detalhes. Um dos assuntos onde vejo isso ocorrer nitidamente é no que tange ao momento atual vivido pela Corte Suprema do país, o STF – Supremo Tribunal Federal. Ali, como em todos os demais segmentos da Nação um cadinho de tudo o que vivenciamos aqui nos degraus de baixo. Temos ministros para todos os gostos, sabores e paladares. Impossível hoje querer aprisiona-lo a uma só corrente de pensamento e ação. Ótimo isso, reflete bem o quanto somos uma sociedade pluralista, ainda em formação e cheias de influências, inclusive no momento de nossas mais sérias decisões. E não poderia ser diferente quando no foco das atenções os votos dos ministros do STF.

O tribunal também está em mutação. Uma decisão antes tomada pode muito bem ser revista. Nada melhor do que isso ocorrer no curso de um processo e ser efetivado sem tacanhez, imprecisão e inflexibilidade. A isso dou o nome de oxigenação, algo tão necessário em todos os poderes de uma verdadeira República. Primeiro vimos uma ação intempestiva desse tribunal julgando como num verdadeiro massacre, seguindo orientação advinda de setores dos mais conservadores do país, encarcerando políticos no que foi denominado de “mensalão”, sem o ser de fato. Uma abominação denominativa e logo usada por todos, sem uma reflexão aprofundada do seu real significado. O tribunal foi inquisidor com uns e “maneiro” demais com outros. Repetiu o mesmo discurso de uma parcela da população interessada na destruição somente de uma sigla política, a do PT. Isso está mais do que claro. Evidente não estarmos diante do maior ato de corrupção da nação, nem seus autores os piores.

Hoje, com a revisão de alguns votos, uma decisão mais sensata, baseada no que o princípio jurídico possui de mais altaneiro, somente a Justiça, nada mais que isso. Perseguições de classe sempre existirão nesse país, a classe dominante sempre o fará em cima de alguns mais ousados que se aventurarem contra seus interesses. Crimes existiram, ocorrendo também um evidente e desmedido aumento de sua proporção, amplitude perigosa, tanto de penas, como no fato que abrirem brechas para atos insanos, de pura perseguição. Restabelecida a normalidade com as penas sendo sabiamente revistas, uma real possibilidade de entendimento de que nem tudo está devidamente perdido. Só isso, nada mais. Excessos não são bons em nenhum momento e eles eram evidentes.

E onde nosso JC entra na história. Justamente na publicação da defesa de um lado e do outro. Existindo uma só opinião, um só lado, o prenúncio de que algo anda fora dos trilhos. Quando leio textos como o de Zarcilo Barbosa, publicado em 02/03 e no mesmo dia um de Luís Nassif demonstrando exatamente o contrário, primeiro louvo a atitude do jornal. Na edição de 11/03, o mesmo se repete, Ivan Garcia Goffi retrata no Opinião uma coisa e Nassif na parte interna outra. Sempre, em todos os momentos, para melhor entendimento de tudo se faz necessário uma comparação, algo feito de forma desarmada, desabrida de interesses, para se chegar ao melhor caminho. Se o JC nos propicia isso, salutar a continuidade desse debate. É o que proponho. Ninguém nesse conflitante momento possui (ou deve possuir) opinião a encerrar definitivamente o assunto. Goffi pensa de um jeito, eu exatamente o contrário. Da leitura de ambas as opiniões, talvez um melhor entendimento e esclarecimento sobre os julgamentos do STF. Vejo que é isso o que o JC instiga e “vou na valsa”.
Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e professor de História. O texto citado do Ivan Garcia Goffi é esse:  http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=233216. Ele, na verdade foi uma réplica do jornal ao texto de Marisa Bianconcini Teixeira Mendes, esse aqui: http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=233168.

OBS FINAL OUTRA COISA - Ontem, lá no Brazuca Bar, no coração da Duque, a realização do 7º SLAM, o Festival de Poesia em 1 Minuto, idealizado aqui em Bauru pelo poeta Brandão. Casa quase lotada, chuva lá fora e gente poetando com gosto. Muitos jovens expondo seus trabalhos e a abnegação de Regina Ramos, Sônia Brandão, Madê Correa e Eric Colina, dando o seu quinhão para que tudo sempre possa sair a contento. Uma pá de amigos reunidos, todos querendo fazer uso do microfone. Saio desses lugares revidorado e publico além das fotos de lá, dois verdadeiros achados, lidos ao final, quando de um espaço livre ao microfone, no primeiro Lázaro Carneiro com "Cafezinho?" e por fim, o grande motivo de risos e reacomodações nas cadeiras, quando Brandão com toda sua contridão dirigi-se ao microfone e diz que assim como Drummond fez anos atrás uma elegia para a "BUNDA". Dentre os participantes, os dois primeiros, jovens na acepção da palavra, sendo o primeiro o Limersom com "Ouriço". Essa diversidade possível é que me satisfaz, me conduz e me instiga a continuar sendo o que sempre fui, uma tentativa de autenticidade à todo custo. Por favor, me deixem continuar tentando, mesmo que isso possa incomodar alguns. Como no texto escrito por mim, está mais do que comprovado que "A UNANIMIDADE É MESMO BURRA" (Nelson Rodrigues), pois até o STF está tendo a dignidade de reconhecer que havia se excedido, julgado e condenado de forma arbitraria e reviu penas. Isso tudo é ótimo para o país. Excessos, como afirmei no texto, são péssimos para tudo e todos. Abaixemos a bola.

3 comentários:

Anônimo disse...

Henrique,
você perde tempo dando crédito a palavras escritas por pessoas como esse tal Ivan. Gosta de escrever palavras difíceis para autoafirmar-se um sábio, inteligente, erutido (será mesmo?). Não, meu amigo Henrique, não perca tempo! O Brasil está cheio de gente assim, que não é nada, mas fica arrotando ser alguma coisa com essa lambição de botas alheias, para, quem sabe, ser realmente. São dessa estirpe: Os Bolsonaros, os Felicianos, os Malafaias, os Malufs, as Sheherazades. Até os mortos como Erasmo Dias, Henning Albert Boilesen, delegado do DOPS Sérgio Fernando Paranhos Fleury... A lista é enorme. Isso me dá nojo!
Duílio Duka

Anônimo disse...

O SLAM foi uma chuva de gotas poéticas que não dá para se fixar em uma só gota. Minha esposa e eu saímos felizes. É o que manda neste mundo materialista: sermos felizes. Namastê.
Joaquim Simões

Anônimo disse...

Henrique, desculpe meu amigo, mas é preciso dar essa chacoalhada em ti, seguindo um pouco o que o camarada Duka falou. Veja o quanto está perdendo o tempo com coisas rasas, o Ivan é a direita caricata, não queira ser o mesmo do outro lado, já deu esse circo de STF, era o que queriam, serviu a políticos, serviu para sensacionalismo de imprensa, por isso o JC se abre para tal "debate", coisa que ele não faz quando algo que estremece as bases, você sabe disso, eu também.

Volte a pensar grande, a ampliar horizontes, grandes tempos, grandes leituras, grandes embates com gente grande, seja de esquerda ou direita, mas com a mente sólida, essa de ficar defendendo um lado da mesma moeda podre já deu, não dá pra aguentar mais, essa semana encontrei com um conhecido tb fanático petista que fica com essa briga com tucanos onde ambos são bandidos, mas falei pra ele que o dia que um petista ao tentar justificar o injustificável de suas corrupções e não se comparar com os tucanos dizendo que estes tb faziam, olha, eu saio pelado desfilando no próximo carnaval. O PT se parece com os tucanos mais do que os petistas possam imaginar, os dois seguiram o mesmo caminho e são capachos do grande partido PMDB que está há cinco governos roubando, fazendo de gato e sapato todos e ninguém fala nada, basta, a literatura comunista o espera meu amigo, saia da rede virtual e vamos namorar com as traças dos livros.

Camarada Insurgente Marcos