CRUELDADE
DOS QUE SE JULGAM PRÍNCIPES – publicado edição de 22.02.2014
Poucos ainda
fazem menção a Maquiavel quando analisam as crueldades cometidas contra a
população nos dias de hoje. E elas estão muito mais presentes no dia a dia do
que possa imaginar nossa vã filosofia. “Ao príncipe é desejável fazer-se amado
e temido”, proclama o pensador na sua mais famosa obra, O Príncipe. O temor
sempre esteve presente nas relações políticas. Sabe-se que o ideal ao príncipe
é promover uma ação sempre com artimanha e sem violência. Alguns conseguem, poucos,
diria, a maioria não. O príncipe deve ser clemente, religioso, piedoso,
íntegro, atencioso, humano, prestativo, fiel, sempre presente, na alegria e na
tristeza, mas eis aí algo meio que impossível, pois não há como negar, o ser
humano é em realidade perverso, mau e cruel. Palavras de Maquiavel, a mais pura
realidade. E assim sendo, querendo sempre se passar por bom, o príncipe estaria
decretando sua ruína. Essa a lógica. Bondade excessiva é um problema. Alguns
seguem os preceitos acima citados mesmo sem conheceram a maquiavélica teoria
(sic). Mas como é que se consegue exercer a maldade sem que outros o percebam?
Seguindo a concepção pessimista da natureza humana, cabe ao príncipe impor sua
força mais pelo temor do que pelo amor. Ele é bom, mas sabe usar o tacão. É
doce, mas pode ser muito amargo. Daí, quem teria coragem para enfrenta-lo? Vivendo
nesse período conturbado de nossa história, onde grupos políticos se fortalecem
na maciota, aos poucos, ocupando espaços vagos, sabendo se utilizar de artimanhas,
fortalecendo-se na imposição do temor a todo custo, imperceptível para a
maioria, mais preocupada com a ralação diária e algumas benesses concedidas, do
que enfrentar algo que julga intransponível. Daí, querendo conservar seu poder,
sempre pela força, o príncipe conserva seu poder. Esqueçam algo sobre o ser
justo ou injusto, piedoso ou cruel, louvável ou vergonhoso. A questão em jogo é
continuar sendo o príncipe, custe o que custar. Vale tudo nessa hora. E muitos
deles atuam soberbamente entre nós.ESCULHAMBOU GERAL NO CARNAVAL – publicado edição de 01.03.2014
Um comentário:
Henrique
Que Justiça é essa que estava a provocar alta injustiça? Rever foi uma mostra de que nem tudo está devidamente perdido. Sua insinuação foi por mim captada amado guru.
Antonio Dias, seu amigo lá dos tempos bradesquianos
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