domingo, 16 de março de 2014

CENA BAURUENSE (118)


MARTINELLI É FERROVIÁRIO, REVOLUCIONÁRIO E TAMBÉM GUERRILHEIRO

Sexta, 14/03, o eterno ferroviário RAPHAEL MARTINELLI, quase 90 anos, recebeu em Bauru o título de CIDADÃO BAURUENSE, na Câmara Municipal de Bauru, indicação de Roque Ferreira P
T, um dos seus discípulos. Para saber quem foi esse grande homem não poderia acrescentar muita coisa a tudo o que já foi dito e escrito dele. No google muita coisa e bastando uma leve consulta para uma infinidade de possibilidades. O que faço é reproduzir aqui fotos e mais fotos tiradas quando da sessão solene. Quis reproduzir no embolado dos clicks não só fotos dele, o homenageado, como a de pessoas que por lá passaram e dessa forma, o consideram muito. São algumas delas.

Enquanto todos estávamos devidamente acomodados no interior da Câmara, fiquei rascunhando um texto sobre tão singular pessoa. Como não me foi possível ler em nenhum momento, nem na Câmara, nem depois quando de uma coletiva pizza na Pizzaria Vila Rica, a mais popular de Bauru, local ideal para tão diferenciado encontro. O mais emocionante lá na Câmara foi a abertura de um brecha no cerimonial, quando o deputado Adriano Diogo PT, fez uso do microfone e emocionou a todos com lembranças dos tempos em que ambos estiveram presos juntos por causa de suas ações políticas. O que me lembro: “Martinelli era aquela pessoa que nunca esmorecia, não deixava ninguém desanimar, estava sempre pronto a levantar a moral de todos, mesmo o daqueles mais desanimados. Quando percebia alguém num canto, o fazia se levantar, ler, fazer exercícios, etc. Isso fez e faz a vida toda. Continua fazendo até hoje, eis o motivo de estar em pleno vigor aos 90 anos”.

Eis meu texto:

“O velho Martinelli é bom mesmo. Quase nada dele hoje nos jornais, rádio e TV. Uma curta notinha na Entrelinhas e nada mais. Quando tudo acontece dessa forma, sem nenhum alarde é por um único motivo, o sujeito deve mesmo incomodar. Do contrário estaria em todas as manchetes, paparicado por tudo e por todos. Nesse caso a divulgação tem que ser feita no boca a boca, serviço meio que como antigamente, um por um. E dessa forma todos os aqui presentes ficamos sabendo que hoje é dia de ver e conhecer Raphael Martinelli.

Martinelli é um velho marujo, melhor dizendo, um velho ferroviário, moldado com a velha e inquebrantável forja dos que não se calam diante das injustiças, dos que não tem medo de cara feia, muito menos de ameaças. Enfrentou um baita de um touro à unha, vários deles, diria. Lutou bravamente contra os coturnos que nos dominaram e continua na mesma inquebrantável luta contra a bestialidade de uma provável Marcha da Família com Deus e pela Liberdade, que de liberta não tem nada, pois assim como no passado, que nos ver atrelados ao capital predatório. Esse velho é do time que resiste. É contra esses que Martinelli investiu toda sua militância. Não poupou os melhores anos de sua vida. E de nada se arrepende. Com toda a certeza, faria tudo de novo. Mais que isso, continua fazendo e para os que reclamam de uma pá de coisas para não mais colocarem o bloco nas ruas, ele está às portas de completar 90 anos.

Hoje, infelizmente, desvirtuaram o verdadeiro significado das palavras revolucionário e, principalmente, a de guerrilheiro. Esse último, na maioria das vezes em que é citado pelos órgão de imprensa é feito como algo nocivo, criminoso, insano e criminoso. Pode ser tudo isso para aqueles que vivem enfronhados nesse cruel sistema onde o capital é mais importante do que a pessoa humana e o deus dinheiro está sempre acima de tudo e de todos. Pessoas que não compreendem como um médico cubano pode aceitar viver com um terço do que o Governo brasileiro lhe paga, sendo o resto enviado ao seu país, para que dê continuidade a programas educacionais, de saúde, transporte, cultura, tudo gratuito para seu povo. Os daqui possibilitando isso para os que lá ficaram e muitos ainda em formação. Martinelli, se querem saber, continua sendo tanto revolucionário como guerrilheiro, no que isso possui de mais nobre.

Quero ressaltar como esse “jovem” militante continua antenado e em plena atuação. Tudo o que faz e isso prolonga sua vida é feito para tentar libertar o povo de grilhões que prendem seus pés desde sempre. Reparem na picardia dessa sua arguta observação. Ontem uma onça foi capturada no parque Vitória Régia, quase no mesmo tempo em que do outro lado da cidade, militantes do MST adentravam a cidade comemorando a conquista de uma terra em Iaras. Ninguém sabia de onde a onça surgiu. Veio dele a definitiva resposta: ‘Essa onça só pode ser coisa do MST. Bichinho de estimação lá deles’.

Restam por aí poucas pessoas como esse Martinelli”.

4 comentários:

Anônimo disse...


Uma justa homenagem para o companheiro Raphael Martinelli, homem que dedicou sua vida para a classe trabalhadora....... Para que nunca mais aconteça.......

Jeronimo Miranda Netto

Anônimo disse...


"O verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de generosidade; é impossível imaginar um revolucionário autêntico sem esta qualidade".
Ernesto Che Guevara

Arnaldo Antonio Fernandez

Anônimo disse...

Assisti e pensei como seria bom o Isaias Daibem estar presente.'.que saudade...
Cecília Baraldi Rovaris

Anônimo disse...

Obrigado Henrique pelas palavras sobre meu pai.
Seus olhos e sensibilidade captaram muito o ser humano que ele é.
Parabéns!
Rosa Maria Mertinelli