sábado, 31 de maio de 2014

FRASES DE UM LIVRO LIDO (79)


AS CARTAS RECHEADAS DE INVERDADES E OS LIVROS CONTANDO ALGO DA VERDADE QUE POUCOS AINDA SE PRESTAM A VALORIZAR
Toda vez que me deparo com alguém desmerecendo tudo o que de ruim acarretou ao país os anos de ditadura militar, além da imensa tristeza, bate algo mais intenso. O desmerecimento de um longo período de lutas é algo feito com o intuito de encobrir, talvez recontar a história com uma nova versão, a de que o período não tenha sido tão nefasto assim. Com que intuito fazem isso? Movido por quais intenções? Hoje muitos agem dessa forma e a forma mais comum de vê-los é pelas páginas dos jornais, pelos comentários dos facebooks ou até mesmo acompanhando discussões em mesas ao lado das suas em restaurantes pela aí. Os donos dos jornais parecem incentivar a reprodução da deslavada mentira, não se sentem nem na obrigação de colocar uma ‘nota de esclarecimento’, dizendo ser a mera opinião de um missivista e que, mesmo contrariando a verdade dos fatos está sendo publicada. Tudo sai com o claro intuito de continuar promovendo uma confusão danada na cabeça dos desavisados de plantão.

Li mais uma estocada nesse sentido e nem me atrevo mais a responder, pois muitos outros serão publicados na seqüência. Os jornais devem ter em estoque bestialidades desse tipo, iguais a lida no JC, Tribuna do Leitor, “Ditadura? Quando, onde e como?”, de um tal de José Mauro Paganini Lourenço (http://www.jcnet.com.br/editorias_noticias.php?codigo=2343460). Leio isso assim meio que consternado e dou aquela olhada de soslaio pelas estantes aqui no mafuá. Livros e mais livros comprovando as atrocidades de uma cruel e insana ditadura. Folheio cada um deles, vejo as frases grifadas, fotos da violência da repressão, as liberdades suprimidas e me vem alguém pelo qual nunca vi na vida dizer que tudo foi brando, “meia dúzia de pessoas que se diziam comunistas insistiam em subverter a ordem a qualquer custo”. O cara afirma assim galantemente “nunca fui importunado por ninguém, foi uma época de paz, ordem e respeito, exceto aos que preferiam a anarquia”. Tudo o que consta nesses livros diante de meus olhos, tudo o que aprendi até aqui nos bancos escolares, nada vale mais diante de argumento como esses. Eles sabem de tudo, nós, os outros, de nada.

Escolho um livro aleatoriamente na estante e o que me cai às mãos é o “68 A PAIXÃO DE UMA UTOPIA”, Daniel Aarão reis Filho e Pedro Moraes (editora Espaço & Tempo, 1988). Na página de agradecimento lá está: "Aos que não esqueceram nem se arrependeram”. Depois um diálogo de Eli Wiesel:

“- Você se arrepende?
- De modo algum- E se fosse preciso recomeçar?
- Eu recomeçaria.
- No entanto, você já sabe: os homens não mudam e detestam lembrar.
- É um problema deles. Mas eu não esquecerei”.


De que me vale eu não me esquecer de nada, se a maioria tripudia sobre os fatos? “lembra o tempo que você sentia e sentir era a forma mais sábia de saber e você nem sabia?”, leio na página 11 uma frase de Alice Ruiz. Depois uma de Vladimir Palmeira, na famosa Passeata dos 50 mil, que muitos nunca ouviram falar: “A gente é contra essa estrutura, e na rua a ditadura tem medo da gente, porque sabe que da voz do povo e da voz dos estudantes, sai a condenação dos grandes donos, dos grandes exploradores desse país”. Depois uma frase de José Celso Martinez Correa, sobre a peça Roda Viva: “O objetivo é abrir uma série de Vietnãs no campo da cultura, uma guerra contra a cultura oficial, de consumo fácil”. Continuo folheando o livro e nas fotos uma resistência nas ruas e com muita luta. Na página 73 a reprodução de um diálogo entre um policial e um estudante em julho de 1968:

“- Eu vi um rapaz morrer ao meu lado, quero uma ambulância!
- Você é estudante?
- Sou estudante, som é preciso arranjar uma ambulância!
- Se é estudante, vai preso!”.


Na página 162 outro diálogo, esse entre um servente do restaurante Calabouço e o padre Vicente Adamo, do Colégio Zaccarias, em 28 de março de 1968:

“ – Padre, morreu um estudante aqui no Calabouço.
- Chame a polícia.
- Impossível. Foi ela quem o matou”.


Eu não quero ler mais nada. Fico com as minhas certezas e questiono aos que escrevem e aos que reproduzem escritos cheios de inverdades, como se verdades fossem. Fecho o livro, guardo-o novamente na empoeirada estante e vou dar uma volta na rua, pelo menos enquanto ainda posso fazer isso sem ser perseguido pelo que penso. Do jeito que as coisas andam, aproveito cada minuto como se fosse um tempão. Temo pelo que virá pela frente. Boa tarde a todos.

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (47)


ESTOU ME VIRANDO COMO POSSO PARA ESTAR EM ALGUNS LOCAIS DA “VIRADA”

Tenho que confessar. Sou um velho e cansado lobo, “carente de cerveja e velhos amigos” (como na música). Não dou conta de 30% de tudo o que gostaria de fazer na vida. Quando as opções acumulam-se então, salve-se quem puder, fico perdidinho da silva, como hoje. Nem bem a Virada Cultural Bauruense começou e já estou tentando me desdobrar para poder tentar botar o ar da graça em alguns lugares.
Neto Amaral canta e curte o Rubom

Para mim tudo começou bem cedo e acho que ainda nem era a tal Virada, mas o que presenciei durante meu almoço se não faz parte da programação, acho que alguma coisa está mais do errado nisso tudo. Fui com a família almoçar no Rubom – Comida di Buteco, lá na Castelo e vejo numa mesa o Neto Amaral todo pimpão, queixo caído para um grupo de quatro músicos tocando chorinho e música brasileira da melhor qualidade. Almoço de “frente para o crime”, ou seja, de frente para a magnitude ali presente. No intervalo vou até eles e faço a reverência de quem estava mais do que agradecido, pois diante do que de melhor ocorria em Bauru naquele momento. Falo do BORRACHA no violão sete cordas, no RENAN BRAGATTO no bandolim, no ANDERSON DE PAULA no pandeiro e no EDUARDO (Du Ellington, me disseram) no trombone, num ajuntado ainda sem nome, que de improviso acabei os chamando de EM TRANSIÇÃO. Parabenizo o Rubom (ampliando a casa, começando a abrir a noite e prometendo manter a música ao vivo de qualidade) por tudo o que está presenciando, primeiro na forma da boa comida e depois no som que tem trazido para dentro do seu estabelecimento. Não podia ser melhor, aliás, não existe melhor. Minha virada começou ali e aqui um bocadinho do que vi por lá.

Agora sim, faço um apanhado de onde acho que terei condições de ir entre hoje 18h e amanhã final da noite.

POSSIBILIDADE 1 - Eduardo Gudin & Notícias Dum Brasil convidam Dona Inah - Eduardo Gudin é compositor, cantor, arranjador, violonista e letrista paulistano, com mais de 40 anos de carreira. Parceiro de nomes como Paulinho da Viola, Paulo César Pinheiro, Toquinho e Elton Medeiros, tem obras gravadas por intérpretes e grupos de grande expressão no cenário musical. Atualmente, Gudin divulga músicas de seu primeiro DVD: Eduardo Gudin & Notícias Dum Brasil – 3 Tempos, lançado pelo Selo Sesc. No show, Gudin será acompanhado pelo grupo Notícias Dum Brasil, com participação especial da cantora Dona Inah. Duração: 80 min. Dia 31, sábado, 20h. Praça de Convivência do SESC.

POSSIBILIDADE 2 - Em um reencontro com os fãs, a banda IRA! volta aos palcos, depois de quase sete anos separada, para uma apresentação que marca o início de uma nova turnê. Alguns dos hinos do rock brasileiro como “Vejo flores em você”, “Envelheço na cidade”, entre tantos outros, serão ouvidos em alto e bom som. Edgard Scandurra e Nasi retomam a banda, um dos ícones do rock paulistano, e fazem a estreia da turnê “Núcleo Base” no palco da Virada. Para a volta, escolheram a dedo seus parceiros: Evaristo Pádua, que assume as baquetas; Daniel Scandurra é o baixista, e Johnny Boy Chaves lidera os teclados. Show histórico à vista! – Dia 31, sábado 0h no Parque Vitória Régia.

POSSIBILIDADE 3 - 40 Anos Sem Pixinguinha - Vânia Bastos (nossa vizinha de Ourinhos), Selma Reis (um vozeirão de endoidecer gente sã) e Marcos Paiva: Para homenagear o flautista, saxofonista, compositor e arranjador Pixinguinha, os músicos Vânia Bastos (voz), Selma Reis (voz) e Marcos Paiva (Baixo Acústico), se reuniram para criar um show de choro que revive seus grandes clássicos como Carinhoso, Lamento e Rosa em arranjos poéticos e inusitados. No show, os músicos serão acompanhados do grupo Marcos Paiva Trio. Duração: 80 min. Dia 01/06, domingo, 11h30. Área de Convivência do SESC.

POSSIBILIDADE 4 - Artista que formou a banda DonaZica no início dos anos 2000, Iara Rennó é a primeira atração musical a se apresentar no domingo (1/6), às 15h30 NO Parque Vitória Régia. A cantora apresentará ao público sucessos do seu último disco, batizado com seu nome, I A R A, com canções de sua autoria, representando a música popular brasileira.

POSSIBILIDADE 5 - Ainda no domingo, a mistura entre a MPB de vanguarda de Lucas Santtana e o som já consagrado de Jorge Mautner leva a Bauru o show “Encontro de Gerações”, que promete surpreender o público. No palco, Lucas Santtana (guitarra, cavaquinho e monome) e Jorge Mautner (violino e voz) são acompanhados pelo duo formado por Bruno Buarque (MPC, samples e efeitos) e Caetano Malta (guitarra e baixo) com repertório que passeia pelos discos de Lucas Santtana e por clássicos da trajetória de Mautner como “Maracatu Atômico”, “Homem Bomba”, entre tantos outros. Domingo, 01/06, 17h, no Parque Vitória Regia.

POSSIBILIDADE 6 - Para encerrar a Virada de Bauru, o violeiro Almir Sater exibe a sonoridade tipicamente caipira da viola de 10 cordas em uma apresentação que não deverá deixar ninguém parado. Um dos ícones da música brasileira, ele reúne influências das culturas fronteiriças do seu estado, o Mato Grosso do Sul, como a música paraguaia e andina. O resultado é único e encanta públicos de diversas idades, regiões e estilos. O repertório contra com suas antigas canções, tais como: “Cavaleiro da Lua”, “Trem do Pantanal” e as clássicas "Cabecinha no Ombro" e "Tocando em Frente". O show mescla, com o CD “7 Sinais” e sem deixar de lado a técnica impar e o magistral toque de viola indispensável nas suas apresentações. Domingo, 01/06, 18h30 Parque Vitória Régia.

Daí eu descanso um pouco e dia 05/06, quinta, 20h, Circuito SESC de Música apresenta SAUDADES DOMINGUINHOS, com YAMANDU COSTA e TONINHO FERRAGUTI NO Teatro Municipal.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

RETRATOS DE BAURU (157)


TONINHO AROEIRA COLETA LAVAGEM EM TODO CENTRO DA CIDADE
Gratificante foi o gesto de reconhecimento que recebi dias desses de um cidadão no centro da cidade. Escrevo meus textos sobre pessoas e não passo depois junto daqueles homenageados em busca de que fiquem me elogiando, mas quando isso ocorre naturalmente fico todo pimpão. Foi o que ocorreu dia desses. Fui parado na rua e recebi um abraço assim do nada. Ganhei o dia e um papo prolongado, desses onde acredito não ter feito nada além do que gosto. Faço por puro prazer. Trata-se do texto de Memória Oral nº 153, de 04/01/2014.

TONINHO AROEIRA é o ANTONIO FRANCISCO DE MELLO, proprietário da Chácara Aroeira, uma pequena propriedade onde mora junto dos seus lá pelos lados das Águas Virtuosas, cria porcos, além de manter um pequeno negócio com a reciclagem de papelão, principalmente caixas coletadas no centro. A sua popularidade advém dos tantos anos nas imediações do Calçadão da Batista, onde coleta lavagem em alguns restaurantes, tudo para alimentar sua criação de porcos. Seu pequeno caminhãozinho é famoso por onde passe, ele idem, mas não só por causa disso. Toninho foi professor de judô na Luso por décadas e com a aposentadoria pegou gosto por cuidar pessoalmente de uma pequena criação de animais e do contato diário com a natureza. Vinte anos de coleta de material no centro da cidade, sem medo de ser feliz e do que possam achar de sua atitude ali juntando lavagem e papelões. Quem o vê não imagina já ter 64 anos, tal a disposição muscular, corpo esbelto, resultado ainda dos tempos do esporte, mantidos com abnegação e a constância do trabalho, uma labuta que diz não querer abandonar tão cedo. Todo dia ali no centro da cidade, disposição sempre renovada.

ALFINETADA (122)


CRÔNICAS PUBLICADAS N'o ALFINETE, PIRAJUÍ SP, OUTUBRO/NOVEMBRO 2001
Mês após mês venho reproduzindo cinco textos antigos meus da época do bom Alfinete, semanário de Pirajuí SP. Eis mais cinco textos:
Crônica edição nº 136 - "Relação cliente/mecânico" - 06/0utubro/2001
Crônica edição nº 137 - "Trens e Ferrovias" - 13/Outubro/2001
Crônica edição nº 139 - "Minhas relações com o Demo" - 27/Outubro/2001
Crônica edição nº 140 - "Exemplo de Arrogância", 03/Novembro/2001
Crônica edição nº 141 - "Como vencer fácil na Vida" - 10/Novembro/2001
 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

UMA MÚSICA (107)


MAUTNER CHEGANDO , “A BANDEIRA DO MEU PARTIDO” E O FASCISMO BOTANDO AS ASINHAS DE FORA


No final da próxima semana Bauru recebe a tal da edição local da Virada Cultural e dentre tudo o que teremos por aqui algo me chama mais a atenção, JORGE MAUTNER. Já o assisti várias vezes durante minha existência e espero que essa não seja a última. Adorava ver ele todo pimpão ao lado do seu Nelson Jacobina, algo não mais possível. Talvez o encontremos um pouco mais entristecido, mas sempre oportuno, audaz e mordaz. É ele que irei rever na Virada Bauruense e é ele que merecerá todos meus aplausos, primeiro por tudo o que representa, depois por ser único no que faz. Poderia escolher muitas belas canções dele e o faço na mais fácil, talvez a mais conhecida, a BANDEIRA DO MEU PARTIDO, um clássico na sua interpretação. Como estou um tanto melancólico hoje, acredito que ouvir Mautner entoando seu hino me fará bem e vê-lo pessoalmente aqui por Bauru nos próximos dias mais ainda. Vejam se não tenho razão:https://www.youtube.com/watch?v=0FKVDMprSJQ

Eis a letra: "A bandeira do meu partido/ é vermelha de um sonho antigo/ cor da hora que se levanta/ levanta agora, levanta aurora!/ Leva a esperança, minha bandeira/ tú és criança a vida inteira/ toda vermelha, sem uma listra/ minha bandeira que é socialista!/ Estandarte puro, da nova era/ que todo mundo espera, espera/ coração lindo, no céu flutuando/ te amo sorrindo, te amo cantando!/ Mas a bandeira do meu Partido/ vem entrelaçada com outra bandeira/ a mais bela, a primeira/ verde-amarela, a bandeira brasileira".

Morro de vontade de desfraldar a bandeira do meu partido pelas ruas, mas se o fizer hoje, do jeito como andam as coisas, fascismo ganhando terreno, chegando devagarzinho e ocupando espaço, acredito possa até levar uns catiripapos. Ontem brinquei no post desse mafuá no final do meu texto dizendo que aceitaria discussões mil, mas pedia assim: "mas num alto nível, por favor". Bastou isso para o amigo Roque Ferreira soltar essa pelo facebook: "Se a condição for "alto nivel", não alimente ilusão". E não alimento mesmo, mas bem que tento.


Observando os posts e comentários dentro de um Grupo de Discussão no facebook, o "Bauru na Política" onde estão pipocando absurdos de um tal de Gabriel Moutinho Machado Loureiro vindas de um lugar incerto e não sabido, o "Direita Já", resolvi bater de frente e publiquei hoje por lá isso: "NÃO SE DEIXE ENGANAR - LOBOS EM PELE DE CORDEIROS... - Esse Grupo, percebam, está dominado por tucanos. Independente de ser tucanos ou petistas, aqueles que defendem somente um dos lados como o saudável e o outro como o execrável, não devem ser nada confiáveis. Tentam se passar por carneiros, mas são lobos. Fujamos disso. Esse Grupo pegou um vírus pior do que o se pega nos computadores, precisamos desinfectar isso daqui, pois a tendência é piorar com pensamento fascista predominando. Impossível endeusar tucanos e mostrar os petistas como piores, afinal todos são neoliberais e de direita, basta a que já temos. Estejamos todos atentos com as mentiras e falácias expelidas por membros desse grupo. Perigo à vista!!!! Democracia não é fascismo. HPA".

A bandeira do meu partido é uma beleza diante disso tudo. Viva Mautner! Viva o vermelho e tudo o que representa! Que as bandeiras todas ainda possam continuar sendo desfraldadas, sempre!

quarta-feira, 28 de maio de 2014

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (57)


CORRUPÇÃO É CORRUPÇÃO E FUTEBOL É FUTEBOL – 15 DIAS DA COPA

Que o Brasil de hoje, dia 28/05 está um tanto estranho, isso até as pedras do reino mineral sabem. Mas quais os motivos? Seria uma revolução em curso? Longe disso, o motivo é outro e tem como pano de fundo a eleição presidencial. Os verdadeiros donos do poder desse país, a mídia nativa, comandada por quatro grupos familiares decidiu que o PT não deve mais ser governo e quer impor ao seu modo e jeito a remoção de um e a substituição por outro, mais adequado aos seus métodos. Todos são capitalistas, neoliberais, mas uns são, ao ver desses mais que os atuais no poder. E diante de uma real possibilidade de dona Dilma emplacar sua reeleição (e no primeiro turno) vê-se no país um esboço do mesmo sendo virado ao avesso, pernas para o ar. Dia após dia o crescimento de um ovinho da serpente fascistóide.

Li isso agorinha mesmo. “Uma sensação de profundo desconforto transcende a maciça campanha anti-PT e, portanto contra Dilma e Lula, movida pelo verdadeiro partido de oposição brasileiro, ou seja, a mídia nativa, a agremiação dos privilegiados. (...) O que chama a atenção, no entanto, é o clima estranho, de insatisfação difusa e, tão forte e prepotente ao ponto de provocar a balbúrdia institucional. (...) insunua-se, porém, no cenário algo mais, ainda impreciso, indefinido, embora ameaçador, à revelia de todos os envolvidos, quem sabe, como acontece quando a situação foge do controle. Espero que ainda tenhamos chance de mudar o rumo desse enredo”, Mino Carta, no editorial “Balbúrdia Institucional”, revista Carta Capital, edição de 28/05/2014.

A oposição, como é sabido, agarra-se até em fio desencapado para conseguir seus objetivos. A bola da vez para que isso tenha continuidade é insuflar um “não vai ter Copa”. Escrevi isso tudo até aqui e o farei até o final desse texto por um único motivo: VOU TORCER PELA REALIZAÇÃO DA COPA. Nunca me verão em plena dita democracia insuflar e apoiar uma onda de rancor, quando não de fascismo puro. Não vou misturar as coisas. O Brasil e seus políticos são uma coisa e a Copa do Mundo é outra. Discuto o país aqui, por todos os lugares aonde vou e a todo instante e a Copa é só um torneio esportivo. A sacanagem feita para realização dessa Copa não findará dificultando ou impedindo sua realização. Ela é muito mais abrangente do que o ocorrido de roubalheira nas ditas construções dos estádios. A corrupção está disseminada entre nós, vírus normal dentro do sistema vigente, o do capital e das leis do mercado acima do ser humano. Corrupção existe aqui, no governo estadual, no federal, no Corinthians e também no Barcelona e principalmente na FIFA, na Asltom e na empreiteira de A até Z.

Não sou contra uma Copa do Mundo. Continuarei gostando de futebol, buscando bons jogos e assistindo a eles todos, desfraldando bandeiras quando achar necessário. Não misturo alhos com bugalhos. Todo o político que já considero um sacana continuará o sendo com ou sem Copa. Não vai ser pelo motivo do país ganhar a Copa que a eleição de Dilma estará garantida. O jogo sujo está sendo feito nesse momento mais com o país do que seus governantes. No Brasil de hoje o podre quer dar uma de impoluto e diz combater a podridão. Ele aponta o dedo para a podridão alheia, mas esconde a sua para debaixo do tapete e com apoio irrestrito dessa mídia desavergonhada. Vou continuar criticando os mandatários da FIFA, governantes que desviam muita grana de obras, etc e etc e vou continuar vendo meu futebol. Se não agir assim, terei que deixar de fazer quase tudo daqui por diante, pois vejo tudo um tanto dominado, sem salvação.

Quero sim que o país mude, sempre para melhor. A minha luta é pela troca do sistema político. Assim sendo, continuarei na minha trincheira lutando contra as mazelas todas, onde estiverem, mas me deixem torcer pelo Brasil e também por uns outros escretes. O clima que vejo sendo abastecido não é o que quero para o país. Nunca torci pelo quanto pior melhor, ainda mais porque, sei que o que temos de pior é o incentivador da ainda oculta insubordinação, que de revolucionário não tem nada. Posso até concordar estarmos diante de uma crise de representatividade política. Ela está crescendo e atingindo outros setores, inclusive o sindical. Não farei o jogo de quem se diz contra os contrários aos desmandos do governo federal, mas não propõem nada novo e sim, a volta do arcaico conservadorismo. Serei sempre contra esses e farei o que for possível para não deixar o caldo entornar.

Eis meu posicionamento sobre o momento atual, exatos quinze dias antes do início da Copa do Mundo. Aceito muita conversação, até a exaustão se preciso for, mas num alto nível, por favor.

terça-feira, 27 de maio de 2014

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (59)


PEQUENOS GESTOS – UM DE ALGUÉM DO JACK MUSIC PUB NA DUQUE
A cidade em si é uma coisa muito fria, não só no sentido gélido dos dias de hoje quando a temperatura dá uma despencada, mas também naquilo de você andar por tudo quanto é lado e encontrar poucas propostas de calor humano. Um ser dormindo numa calçada já não desperta tanto interesse, poucos são os que param e propõem ajudar. Uma simples mão estendida é algo difícil de ser alcançada hoje. Quantos nos param nos sinais em busca de algumas migalhas, uns trocos e nem abaixamos os vidros dos carros ou simplesmente erguemos na aproximação desses. Hoje aqui em Bauru vejo pelos jornais que a Polícia Militar começa a fiscalizar a ação mais abusiva dos que nos oferecem nos sinais uma limpeza de pára-brisa. Para uns, uma pessoa ali com uma pano à sua frente já é uma ameaça, para outros uma oportunidade de um diálogo. Cada um reage diferente em cada situação. Como é bom ver um braço estendido num canto qualquer de tua. Vi algo assim ainda agorinha.

Rodava hoje pela avenida Duque de Caxias e parado numa fila de carros aguardando o sinal abrir. Ali bem defronte o Jack Pub, uma conhecida boate de rock e ao fixar melhor os olhos vejo uma espécie de presépio armado bem na árvore defronte a casa noturna. Roupas penduradas num varal e com uma placa tendo o nome Jack ao alto. Forço a vista e não consigo ler. O sinal abre e ao olhar mais de perto os dizeres: “Ei morador de rua está muito frio aí fora – Pegue um destes”. Eis o motivo do varal, roupas e um par de sapatos sendo oferecidos para os que por ali passam. Tomara que a renovação possa ser diária e mais e mais moradores de rua possam usufruir desse pequeno gesto. Sublime gesto, significativo ao ponto de parar o carro e ir até lá tirar fotos. Não perguntei nada para ninguém, não abordei seus donos, não quis saber de nada disso. O meu interesse foi o de registrar e passar a idéia adiante.

Gostei demais da conta, tanto que posto esse curto texto e com isso quero demonstrar como com pequenos gestos podemos tornar a vida do semelhante um bocadinho melhor. Nada disso resolverá o problema desse mundo, não vai alterar a pressa com que muitos passam por ali, mas pode significar uma noite mais quente para alguém que por ali circule a pé sem um agasalho, acabe vestindo uma das peças e sairá dali sorrindo. O grande problema social no qual estamos atolados e todo país capitalista o está não terá solução sem uma drástica transformação no sistema vigente, onde muita coisa terá que sofrer uma reviravolta dantesca para que a situação dos moradores de rua (essa somente uma delas) não mais exista. Como não vejo isso possível à custo prazo e sem uma revolução social, que àrvores de natal iguais a essa frutifiquem pelos mais diferentes pontos da cidade. Era isso o que tinha para hoje.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (70)


SERÁ POSSÍVEL QUE A SONEGAÇÃO DOS DITO MAIORAIS É GENERALIZADA?
“MISTÉRIO REVELADO - Hoje na Audiência Pública que discutiu a LDO- Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2015, foi confirmado pelo Secretário de Finanças Marcos Garcia que o Alameda está localizado no município de Bauru, e não no de Agudos. Fiz a pergunta para saber qual imposto o empreendimento paga: se IPTU ou ITR. RESPOSTA DO SECRETÁRIO: Não paga IPTU. Em tempo; o empreendimento é do Constantino que controla a três empresas de ônibus urbano que operam em Bauru. Agora notificarei o executivo para que efetue a cobrança. Qualquer empreendimento que esteja localizado no perímetro rural, mas cujas atividades econômicas sejam estritamente urbanas devem pagar o IPTU”, esse texto publicado pelo vereador Roque Ferreira – PT no facebook valeu comentários de todo tipo, porém nenhuma repercussão na imprensa escrita, falada e televisada. Por que? . Vejam os comentários ao post do vereador: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=782408935111207&set=a.101141503237957.2236.100000263230735&type=1

Guardião, o intrépido super-herói bauruense fica abismado com o que lê e quase não acreditando acaba repassando algo de sua linha de pensamento: “O título da denúncia do vereador amplia a denúncia para parâmetros outros. Senão vejamos. Ainda outro dia um grande empreendimento imobiliário localizado nas margens da rodovia Bauru/Ipaussu tentou fazer o mesmo, ou seja, funcionar mesmo estando em área bauruense e se dizendo agudense. Por que Agudos novamente na fita? Seria mera coincidência? Qual o atrativo que faz com que cultos e esclarecidos empresários tentem fincar raízes em áreas daquele município e não no de Bauru? Isso posto, a denúncia do vereador pode ser levada para outro fato lá na Câmara dos Vereadores e também somente endossado por ele. Meses atrás, a Prefeitura entrega para a Câmara uma lista com os maiores devedores de água do município e por causa de um tal de segredo de Justiça ninguém sabe o nome dos maiores devedores de água da cidade. Dizem que são gente das tais ‘forças vivas da cidade’ e daí queria juntar isso tudo numa conclusão de minha lavra”.

Bauru faz uso do slogan de Cidade Sem Limites, mas depois dessas sucessivas empreitadas onde os mais abastados estão a demonstrar como fazem um contorcionismo circense para empurrar com a barriga suas devidas contas, Guardião dá uma tacada direta no olho desse furacão e redescobre algo mais sobre o dito slogan: “Todos esses empresários, capitaneados pela sua entidade de classe, a FIESP fazem questão de apregoar pagarem abusivos impostos, criando um IMPÔSTROMETRO para medir o que dizem ser um excesso, mas o que deveríamos todos fazer nesse momento é montar um imenso SONEGÔMETRO em plena praça pública bauruense e ficar registrando tudo o que esses deixam de pagar. Imagine quantas edificações mais do Minha Casa Minha Vida poderiam ser construídas com o pagamento do que é sonegado? Quantas mais Bolsas Famílias serem distribuídas? Quanto de Reforma Agrária poderia ser posto em prática? E para a Prefeitura de Bauru deixo um simples recado: Vocês sabiam ou não de que o Alameda nunca pagou IPTU? Se sabiam foram coniventes e se não sabiam se mostram lerdos demais da conta. Exijam que paguem tudo e coloquem gente competente para fiscalizar isso, pois em porteira aberta onde passa um boi, com certezapode passar bem uma boiada”.

Suas conclusões são tão precisas, não necessitando de nenhum comentário complementar. Faltam só as tais providências serem tomadas e por quem de direito.
(Guardião é criação do desenhista e artista do traço Leandro Gonçález, com pitacos escrevinhativos desse HPA).

domingo, 25 de maio de 2014

MEMÓRIA ORAL (161)


ESSE ‘HPA’ NÃO É POUCA BOSTA – UMA ENTREVISTA NA FEIRA DO ROLO

O contato foi feito dessa forma e jeito, pelo Bate Papo do facebook: “Henrique, boa tarde. Tudo bem? Sou estudante de Jornalismo da Universidade Sagrado Coração e meu grupo está produzindo um radiodocumentario sobre a Feira do Rolo para a disciplina de Laboratório de Radiojornalismo. Assisti a uma matéria da TV Unesp da qual você foi fonte e gostaria de saber se pode colaborar também com o nosso trabalho... Responder algumas perguntas, falar um pouco sobre a sua relação - como profissional de história e também como freqüentador - com o local. De antemão, já agradeço. Um abraço!”, escreveu Samanta Ravazzi.

Se tem coisa que envaidece esse velho macanudo são os convites de estudantes para dar depoimento sobre algo que defendo e uma dessa é a Feira do Rolo. Aceitei de bate pronto e fomos parlando mais e mais: “Posso sim, só que esse final de semana não estarei em Bauru, viajo hoje e só volto Bauru na terça. Marcando algo para próxima semana ou mesmo na feira do rolo, só semana que vem em diante. Veja aí e vamos nos falando por aqui. Essa Feira é contagiante...Henrique”, foi minha resposta semanas atrás. O pessoal foi me passando mais detalhes: “Ah, que bom que topou! Acredito que na sexta que vem seja o ideal pra nós, mas vamos nos falando pra ver se você pode. O problema de ser na Feira é o barulho... O material tem que ser gravado em áudio, pois é um trabalho para rádio... Se você puder na sexta, de preferência durante o dia, perfeito. Caso contrário, combinamos o melhor pra você. Obrigada!”.

Falar dessa feira é tudo de bom, mas ocorreram percalços pelo caminho e fui adiando a tal entrevista e eles pressionando: “Como moro em Ibitinga e não conseguimos nos falar, vou pra Bauru amanhã apenas na hora do almoço. Tenho uma entrevista com o tenente responsável pela fiscalização da feira, amanhã a tarde, na USC... Caso você consiga um tempo, entre em contato. Das 15h30às 16h30 tenho um tempo lá. Gostaríamos mesmo de poder contar com seus depoimentos. Obrigada!”. Como negar a um convite assim? Impossível né! Não contava com essa viagem amalucada que tive que fazer semana passada e me ausentei não só de Bauru, mas de estar plugado em telefone e internet por seis dias. “Desculpe, tive que viajar para adiantar um projeto pessoal e estou semana toda isolado e sem conecção com internet e meu celular não pega. Domingo em Bauru nos falamos semana que vem. Ainda dá tempo?”, respondi.

Olha a resposta que recebi da Samanta: “Oi Henrique. Nesse domingo você estará na feira? Estaremos por lá. Sua palavra seria de extrema importância!”. Diante disso não podia mesmo negar fogo. “Estamos realmente em cima do prazo. Mas domingo lá pelas 9h30 estaremos na feira”, foi o próximo recado. “Vou pra feira então 9h30, me esperem na banca de livros do CARIOCA, bem defronte a associação dos aposentados...”, respondi. Sai de casa no horário combinado, mas minhas idas para a feira é o grande motivo de me sentir alguém nesse lugar. Parei em três ocasiões, pessoas conhecidas e em busca de um curto papo. Não houve jeito e só cheguei até o grupo de estudantes por volta das 10h. Eles (quatro meninas e um menino) já haviam me ligado e achavam que não iria mais. Cheguei e fui tão bem recebido que me senti o sujeito mais importante do mundo.

Daí deitei falação sobre a feira, da sua importância, os seus personagens, o que imagino sendo feito ali naquela região, a reforma da Estação da Cia Paulista, o tal do Mercado Popular que a maioria das pessoas sensatas imaginam ali na frente, bati de frente com os que querem marginalizar o espaço e seus freqüentadores e mais e mais. Nisso as pessoas iam passando, o Carioca já havia falado, o Manoel Rubira idem na semana passada e passando ao meu lado o radialista Chico Cardoso, da Auri-Verde, que leva um susto ao introduzi-lo na entrevista. Ele segue na mesma linha que a minha na defesa do rico espaço, o “mais democrático de Bauru”, segundo afirmo, pois toda a concentração ali existente não necessita de prévio contato, tudo flui naturalmente e a cada domingo as maravilhas se renovam.

Vendo Chico com uma sacola o deixei numa saia justa e o perguntei: “Comprou na feira e ele vai mostrar para gente o que é...”. Chico abre o saco e lá um filme pirata. Eu e ele não temos vergonha nenhuma em afirmar comprarmos CDs piratas ali na feira. O preço imposto pelo mercado fonográfico é impeditivo para que o consumidor possa comprar filmes e dessa forma a pirataria cumpre maravilhosamente seu papel. Chico respondendo a uma pergunta curta e grossa define a feira em uma só palavra: “must”. Rimos pela sua rapidez e certeza. Continuo falando e nisso quem passa por ali é seu Mário da Paz Pereira, presidente da Associação dos Aposentados ali do lado e ele leva um susto, pois não nos bicamos muito (posicionamentos de vida), mas o introduzo sem problemas na conversa e ele fala tanto da importância da movimentação do lugar, como da associação que preside. Deu a única bola fora acredito que de todo o trabalho feito pelos estudantes quando disse mais ou menos isso: “Acho que feira vai ter um fim em breve, pois a modernidade chegará até aqui e nada disso aqui será mais útil” (sic). Calado fiquei, respeitando sua opinião.

Gravei mais um pouco e tiramos todos fotos juntos. Perguntei pelo nome de todos e Samanta me diz que passará pelo facebook. E o faz mesmo, pois ao chegar em casa por volta da meio dia lá estava seu registro: “Henrique, muito obrigada por hoje! Foi extremamente produtivo pra nós... Já estou te adicionando! E os outros componentes no grupo são Marco Nascimento, Cynthia Kaline, Letícia Toledo e Amanda Malavazi. Abraço!”. Envaidecido fiquei com a atenção de todos e ao carinho demonstrado não só a mim, mas a todos na feira. Gravaram tudo e ainda me prometeram entregar uma fita com o resultado final, que deverá sair no início do próximo mês.
 
Eu continuei um tempo mais na feira e ainda bati um papão com o farmacêutico Quico, com o Rubira e o dono da banca de livros do pedaço me interpela com algo revelador de como se dá as relações de amizade por ali. “Reservei um livro para ti, desde a semana passada quando não estava em Bauru”, diz. E me entrega o ‘Batismo de Sangue’, do frei Beto, que já tive e perdi ao longo dos anos. Fico com o livro por meros R$ 7 reais e quando me preparava para as despedidas, eis que num grupo surgem duas antagônicas pessoas, o professor Almir Ribeiro, sua esposa, o ex-vereador Carlos Roberto Ladeira e seu filho. Ladeira, com o qual já cervejei e papeei muito no passado, porém hoje estamos afastados por causa de imbróglio ideológico. Tiramos fotos juntos e tento sair às pressas para o almoço dominical com meu pai.

Deixo aqui a minha reflexão sobre os alunos da USC: Não foram por demais simpáticos para comigo? Ganhei o domingo com eles...

sábado, 24 de maio de 2014

MEUS CAROS E CARAS

Fiquei seis longos dias longe do blog e a última vez que tinha permanecido tanto tempo longe das quase diárias publicações foi em 2008. Naquele ano viajei para Cuba e por 29 dias dei um breque nas publicações enquanto estava fora do país. Nessa semana tive que me ausentar para um trabalho pessoal, cinco dias num local isolado, onde nem celular pegava e sem internet, nos cafundós da Ilha Comprida, pertinho de Iguape, numa praia deserta, 75 km de lindas praias. Nem a falta de telefone, internet e o isolamento são para mim problemáticos. Foram ótimos dias e já estou de volta. Aos poucos restabeleço algo por aqui. Um baita abracito a tudo e todos. HPA

domingo, 18 de maio de 2014

CARTAS (123)


CARTAS QUE GOSTARIA DE TER ESCRITO
 
O que mais gostei hoje no Jornal da Cidade foi ler a carta do amigo Arthur Monteiro Junior, contra os ataques caricatos do missivista Ivan Goffi. Seu texto foi tão salutar que merece ser espalhado para tentar diminuir a homofobia, raiva reinante em bestiais textos hoje sendo espalhados como praga via internet. Eu já travo uma desigual luta contra o que escreve Goffi há muito tempo e acredito que desmascará-lo é mais do que necessário. Abaixo a carta:

QUEM É IVAN GOFFI? - carta publicada hoje na Tribuna do leitor, Jornal da Cidade Bauru SP
Pessoalmente, não o conheço, mas, pela leitura das inúmeras cartas que envia para esta tribuna, é possível extrair seu perfil: homofóbico, racista, reacionário e hidrófobo. Com sangue nos olhos e ira nas ventas, destila veneno pelo canto da boca e nutre um ódio mortal aos comunistas em particular e aos militantes de esquerda em geral. Algum trauma de infância ? Será que quando criança algum comunista o obrigou a dividir suas bolinhas de gude com os amiguinhos? Ou quando adolescente sua namorada o deixou em razão de uma paixão avassaladora por um marxista revolucionário? Talvez a leitura compulsiva da revista Seleções ou quem sabe a atenção dispensada aos comentaristas do Manhattan Connection tenham afetado seus neurônios.

Causa pena sua doentia obsessão. Certamente deve passar por infindáveis insônias, pensando ter um comunista embaixo de sua cama. Na época do Natal desespera-se ao deparar com a figura de Papai Noel, imaginando ter pela frente o velho Karl Marx, disfarçado de bom velhinho. Alucinado, ainda acredita que o PT é um partido de esquerda e que um levante comunista está prestes a eclodir.

Ao contrário do que afirma o nobre visionário das ideias retrógradas, não se esperou 30 anos para começar a “campanha massiva de desmonte histórico” mas sim foi se construindo, durante todos estes anos, a luta para o resgate histórico do que de fato ocorreu durante a tenebrosa ditadura civil militar que perdurou por 21 anos e, se tantos fatos não vieram a tona antes, é porque a transição da ditadura para a democracia foi feita pelas elites, sem punição aos criminosos do regime ditatorial e sem a participação popular, com acordos entre vários ex-membros do antigo regime que, diante do seu naufrágio, bandearam-se para o outro lado, tais como Sarney e Antonio Carlos Magalhães.

Numa sociedade democrática temos que conviver com todas as diferenças, mas o que dizer de um sujeito que defende o covarde ataque ianque a Hiroshima e Nagasaki, quando a guerra já estava definida, apenas para mostrar seu poderio bélico e quem era o senhor do mundo ? Ou que defende claramente a tortura ao afirmar que “infelizmente poucos tomaram pau”? Dr. Goffi, tortura é crime e sua apologia também o é. Negar a história é pior do que omiti-la. As aberrações contidas no texto do fiel pupilo do autor de “Mein Kampf” nem mesmo nos tristes tempos das aulas de EPB e OSPB tinham os professores coragem de ministrar. Acredita ele na velha máxima do ministro nazista Joseph Goebbels: “Uma mentira mil vezes repetidas se transforma numa verdade”.

Mas certamente, sr. Ivan Goffi, prefiro a bela figura de Dom Quixote à do rei Arthur. Sempre desprezei os poderosos, seus palácios e suas benesses e, sem dúvida, chamar-me de quixotesco não é uma ofensa, muito ao contrário. Porque todos que sonham e lutam por um mundo melhor, justo e igualitário, acreditando tornar possível o impossível e carregam consigo a nobre qualidade da solidariedade, tem algo de quixotesco. Assim são os verdadeiros socialistas e lutadores das causas populares.

Enquanto o porta-voz do atraso vocifera seus impropérios, preso nos seus preconceitos, na sua violência e no seu senso de destruição, a história da humanidade segue seu curso. Afinal, como diz a canção de Chico Buarque e Pablo Milanes: “A história é um carro alegre, cheio de gente contente, que atropela indiferente, todo aquele que a negue”.

Arthur Monteiro Junior - advogado

CENA BAURUENSE (120)


DUAS DICAS DE BOAS COMIDINHAS E AMBAS VALORIZANDO A MÚSICA AO VIVO
1 - SAÍDA NOTURNA DE SEXTA
foi para, eu e Ana, conhecermos o Restaurante Mió, na Cussy Junior, quase esquina com Rio Branco, obra do Ozéias, que um dia já esteve à frente (por décadas) do restaurante no terminal rodoviário e hoje, após comprar a antiga residência do professor Vicente Ayello (pai da Alexandra Ayello), promoveram ali uma profunda reforma, mantendo o principal (tem uma jabuticabeira no fundo de arrasar quarteirão), o pé alto da casa e um forro todo trabalhado, além do piso impecável. A varanda para a rua é um arraso. O visual é lindo, o atendimento idem e os preços honestos. Gostamos do cardápio. Eles atendem durante a semana (segunda a domingo) para almoço e nas sextas e sábado abrem a noite com o divinal Grupo Gota D'Água (Neusa Maria e Ademir Tavares de Sousa). Chegamos tarde (Ana deu aula até 22h30) e fomos agraciados com a casa com pouca gente e uma atenção mais do que especial, primeiro do Ozeias, que nos explicou tudo do lugar e depois com a apreciação do repertório sempre impecável da dupla de eternos amantes (na música e na cama), que tocou belos clássicos da MPB, com o estilo inconfundível da voz da Neusa (ontem a comparei com a Rosa Passos, até no visual se parecem um bocado).
Cantou algo só para nós e por fim, ao saber que Ana era carioca, tocam só para ela a linda "Samba do Estácio", do Jair Amorim e César Costa Filho. Fechamos a casa e trouxemos um CD (comprem quem ainda não tem, R$ 25 pratas). Havíamos comprado um quando do lançamento em 2011, na hoje extinta Livraria Nobel e o presentamos ao marido de minha sogra, o paulistano Moacyr. Acertamos na mosca nessa sexta, na centena e no milhar, em ter caído meio que por sorte e calhar de conhecer o "MIÓ". A lindeza da proposta do Mió começa com a escolha do lugar e de sua localização, encravado quase no centro velho de Bauru, atuando já em torno da revitalização do lugar. Foi mesmo "mió de bom" ter desfrutado disso tudo. A casa é ótima, recebe muito bem e os dois músicos da melhor estirpe, animais quase em extinção. Acordamos ainda em estado de graça.

2 - UMA DICA DE ALMOÇO PARA HOJE, AMANHÃ E SEMPRE
Eu gosto demais da conta de frequentar oxigenantes lugares. Todo sábado e domingo levo meu pai para almoçar fora. Buscamos lugares diferentes e essa é a segunda vez que aportamos, eu, ele e Ana Bia no Rubom – Comida di Buteco Fast Food. Rubom é um sarado maitrê, todo paramentado com vestimenta toda estilosa e braços que mais lembram um halterofilista (tatuou a profissão no braço), mas sabe do ramo, formado pelas artes culinárias da USC. Montou seu negócio num inusitado lugar, lá nos altos da avenida Castelo Branco, numa esquina, nº 19-67, umas quatro quadras acima do Confiança Castelo. Impossível errar, pois a casa cheira gostoso pelo menos um quarteirão antes. Tudo está devidamente arrumadinho e além da comida toda bem disposta e a família dele toda circulando e servindo, num canto um improvisado palco onde no almoço de ontem quem encantava (cantavam também) era nada menos que Neto e Denise Amaral (seriam namorados? Senti um clima...), ele além de bancário um dos reis do teclado nativo e ela, pelo menos para mim e Ana a melhor voz de toda grande Bauru.
Comemos do bom e do melhor e após degustar de tudo um pouco como manda meu sapiente pai (“só uma provadica”, diz), tivemos que pescar mais uns quitutes, pois não queríamos mais ir embora, tal o som emanado lá pelos dois cantantes. A casa só abre para almoço e segundo o Rubom, em breve novidades alvissareiras também em horários outros. A comida é feita com esmero, atende a todos os gostos, por quilo e no a vontade, fogão de lenha sempre aceso, cervejinhas artesanais à disposição, as famosas sempre bem geladas e um astral desses que encantam os mais exigentes gostos e paladares. Recomendamos, tanto que já estamos agendando novos retornos. Fiquem com as fotos, pois segundo dizem, elas também emanam cheiro bom por onde vão sendo publicadas. Sintam isso no ar...

3 – AOS AMANTES DA TELA GIGANTE - Alguém percebeu que a programação dos filmes lá no Alameda Quality Center está de arrasar esse mês? Tudo por causa de uma acertada parceria com o SESC Bauru, no que denominam de 40º FESTIVAL SESC MELHORES FILMES. Uma seleção dos melhores filmes nacionais e estrangeiros que ganharam voto da crítica e do público em 2013. Em Bauru, o Festival Sesc Melhores Filmes acontece em parceria com o Cine-n Fun – Alameda Quality Center, entre os dias 20 e 29 de Maio. Os ingressos podem ser adquiridos no local de exibição. Para trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado e dependentes, o ingresso é gratuito. Para usuário inscrito, estudante com comprovante, professores da rede pública, maiores de 60 anos, aposentados e deficientes, R$3,00. Para demais interessados, R$6,00. Confira a programação completa no site http://melhoresfilmes.sescsp.org.br. Quem não vai ao cinema faz tempo, eis um bom momento para voltar às salas de Bauru.