segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (57)
A VIDA NOS BAIRROS É MAIS ALEGRE QUE “NA CIDADE”?
Ontem à noite, presenciei algo pelo qual quero não só escrever, mas ouvir os à minha volta. Tive que ir lá para os lados do Parque das Nações ente 23 e 23h30 e fiquei pasmado com o que vi. Sai da casa do meu pai pouco antes desse horário e ali nas imediações do centro da cidade, beirada dos trilhos urbanos, domingo à noite, nenhum viva alma nas ruas e as que por ali perambulavam, correndo muito perigo. Segui subindo a Antonio Alves e desci a Joaquim da Silva Martha e por ali também nada, tudo fechado, ninguém nas calçadas, um deserto. O único barulho que se ouvia vinha das residências, com as TVs ligadas, mas todos muito bem guardadinhos dentro de suas casas. Ferrolhos mais do que reforçados nos portões. Seria esse um sinal de que essa região se recolhe mais cedo?
Não, pois na medida em que adentrei a vila Falcão, subi a Campos Salles já vi alguma movimentação nas ruas, depois quando passei pela CPFL, subindo em direção ao Hospital Manoel de Abreu, vi que na avenida ainda muita gente por ali. Minha surpresa foi aumentando quanto mais me enfurnava bairro adentro. Quando cheguei no largo principal do Parque das Nações levei o maior susto. Para um domingo à noite, passado das 23h aquilo ali era um agito só. Bares no caminho ainda cheios de gente, sorveterias com muitas mesas cheias e pasmem, algo impensável na dita Zona Sul da cidade, muita gente sentada em cadeiras nas calçadas, cianças brincando nas ruas. Achei aquilo tudo um encanto.
Demorei uns vinte minutos na casa de uns amigos e no retorno a situação ainda não havia se alterado. Já na cidade, subi pela Duque e a movimentação existente era de carros na avenida, nada mais. Subi a Gerson França e dali até lá no Altos da Cidade, nenhuma viva alma para fora de casa. Portões e calçadas vazias. Pouco antes, algo em torno de 22h, havia levado um amigo em sua residência, morando entre o Mary Dota e o Chapadão e outra constatação. As padarias do bairro ficam abertas à noite e aos domingos, sendo que as dos bairros considerados chiques nem abrem mais nesse dia. E muitos carros parados no seu entorno. Grande movimentação e a mesma coisa, gente andando para lá e para cá. Mas o que poderia significar aquilo tudo?
Daí hoje cedo, fui questionar isso com uma senhora moradora de um desses bairros e sua resposta é talvez o que de melhor poderia querer escutar esse indagador como solucionática para o imbróglio: “Mas o senhor queria o que, nunca ouviu dizer que o bairros são mais alegres do que a cidade? Não sabia disso? Nós, temos algo que os da cidade perderam faz tempo, nós vivemos socialmente”. Primeiro, isso dela denominar de “cidade” os moradores das regiões mais nobres já merece um tratado, depois constato mesmo que, a sabedoria desses continua aguçada, atenta e iluminada. Diante do pasmo pela bela resposta, encerro perguntando para os aqui presente: É isso mesmo, então a vida pulsa mais alegre e cheia de gás na periferia do que nos lugares mais abastados, ditos chiques? Queria ouvir os do lado de lá...
Nota destoante: Ouço hoje pela rádio, uma sorveteria de bairro foi assaltada ontem à noite exatamente por volta desse horário e mesmo com movimentação no local, os bandidos levaram o que puderam na maior cara dura.
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2 comentários:
É profunda essa frase da senhora, mas a realidade são duas coisas que acontecem, uma da região central a degradação que ocorreu ali por descaso do poder público e os interesses em levar o "point" da cidade para outra área, conversava sobre isso outro dia com o Mestre Cyborg e os bons tempos ali vividos no centrão.
Outra coisa que aí dá pra entender muitos bairros periféricos, é o fenômeno da expansão das grandes corporações, bairros como o que moro e outros que no passado tinham vida noturna, muitos bares, armazéns, mercadinhos, quitandas, foram invadidos pelas grandes redes, quebrando assim os negócios pequenos que era de famílias, que tocavam até tarde da noite, sempre com muita gente frequentando, hoje pouquíssimos sobraram e temem pelo futuro. As grandes redes, pelos gastos reduzidos que querem e o lucro enorme, fecham mais cedo e isso serve para empobrecer o bairro com sua antes vida pulsante nas noites.
Os bairros periféricos, tem tudo isso citado, como se fosse uma volta ao passado nos nossos bairros, porém, quando estes atingem um patamar de mini cidade, onde as grandes redes percebem uma capacidade de investimento, instalam-se ali, fazendo com que muitos comerciantes acabem quebrando e a vida noturna perde muito com isso. Esses negócios menores, familiares, sempre foram o que deram as cores aos bairros, é algo facilmente observável.
Camarada Insurgente Marcos
Parque das Nações - hoje uma comunidade harmoniosa e feliz! Curtimos sua fraternidade tb! No Natal percorrermos o bairro com o Papai Noel. Lá temos uma Escola Comunitária com CEJA e tudo!
Rubens Colacino
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