sábado, 31 de janeiro de 2015
CENA BAURUENSE (129)
MINHAS DIVISÕES E SUBDIVISÕES CARNAVALESCAS
Com essa proximidade com o Carnaval eu fico um tanto perdido. Sabe um cara sem bússola, sou eu. Bauru vive um bom momento com algo dessa festa se manifestando nos mais diferentes lugares. Até aqui do mafuá, muito próximo do rio Bauru e Nuno de Assis eu ouço o batuque se manifestando lá pros altos do Bela Vista. Daí um bichinho me corrói por dentro e é mesmo impossível permanecer dentro de casa. Os problemas começam aí. Tempos atrás as opções eram poucas, hoje não mais e amigos estão tocando pelos mais diferentes cantos. E não só eles, mas agremiações pelas quais nutro simpatia (simpatia é quase amor, dizia um poeta). E eu querendo estar ao mesmo tempo em variados lugares, deixo muitos a desejar, muitos lugares para serem visitados, ensaios onde devo comparecer e com meus adiamentos e a aproximação da festa, uma dor por constatar que, isso de querer bater os olhos em todos é mesmo um sofrimento sem fim.
Fiz minhas escolhas esse ano. Sair mesmo saio no BAURU SEM TOMATE É MIXTO o bloco carnavalesco, burlesco e farsesco, criação coletiva de um grupo de abnegados atores sociais dessa varonil cidade. Esse ano com o NEGOCIÃO NO BAURUZÃO, sábado, meio dia, fervendo o Calçadão da Batista. Esse são favas contadas. Depois mais três. O bloco carnavalesco PÉ DE VARSA, reduto do bom samba na vila Falcão, onde também saio pela terceira vez consecutiva, junto de Cleusa Madruga e Alemão, companheiros do Kananga e amigos de longa data. Esse ano faço a estréia em mais um bloco, o LAGOA DO SAPO, também da vila Falcão, mas esse na beiradinha dos trilhos, parede meia com a favela São Manuel. Fiquei encantado quando vi a batida proporcionada pelos integrantes, todos moradores das comunidades e adjacências. E por fim, pelo segundo ano vou desfilar pela única escola de samba, a COROA IMPERIAL, do Geisel. Ana Bia, a companheira de cama e mesa, estará junto da ala universitária, depois do Cláudio Goya ter se descoberto carnavalesco e vou saracotear junto deles. Nem sei se aguento isso, mas prometo dar o melhor de mim.
Conto mais, agora das minhas andanças. Já fui em alguns ensaios, poucos, mas prometo intensificar na próxima semana. Os do PÉ DE VARSA e LAGOA DO SAPO, únicos que marquei presença. Recebi convite de quase todos e não posso deixar de comparecer nos da MOCIDADE, levando o Esso Maciel, que quer muito ir lá, mas me disse, “só depois das 22h30, esse meu horário”. No AZULÃO, da querida Cidinha, hoje feliz por já ter conseguido eleger a Rainha da Diversidade e com enredo do Roque Ferreira, imperdível. Ontem recebi uma bronca do amigo Mirim, conclamando minha ida para ver o que rola nos ensaios da TRADIÇÃO lá no Mary Dota. Vou e com louvor, gosto muito do Chiquinho e de todos por lá. O Chermont e o Ulissses Frazão me instigando para ver a aprontação deles com a ÁGUIA DE OURO, também lá no Geisel, mas lá mais no alto. O Pasqual Storniollo idem para espiar o CARTOLA. O Zotino também na sua escola no Bela Vista. E como vou fazer se não for nenhum dia bater os olhos lá no bloco de Tibiriçá, reduto de velhos e valorosos sambistas.
Não sei mesmo como conseguimos passar tantos anos sem essa manifestação nas ruas. Algo inexplicável o que motivou o seu fim e dos motivos daqueles outros que incentivavam para que nunca mais voltasse. Ouvia algo como: “O tempo do Carnaval já passou, não existe mais clima para ele”. Pura balela. A cidade é outra nessa época. Sai agorinha mesmo da casa do Oscar, onde fui comer uma língua feita pelo anfitrião e lá vi seu filho nos preparativos para bater tamborim pela COROA. Liguei a TV e foi lindo ver como CASA DE BAMBA, o programa da Lea e do Tuba estão afinados com a festa. Todos os carnavalescos estão passando por ali e cada história de arrepiar. Ouvi até não mais poder. Fui ao mercado aqui perto, a Casa do Arroz e dois balconistas num diálogo ferrado sobre suas escolas (cada um sairia numa diferente). Vou comprar o jornal e o jornaleiro me disse que tem gente colecionando os escritos de cada escola publicados diariamente pelo JC. Quando fui comprar a marmitex do almoço de hoje, lá nos altos do Bela Vista, fiquei surpreso. Na fila, duas senhoras, ambas com mais de 50 anos e o assunto era o renascimento do carnaval. Uma delas dizia a outra: “Sabe o que me tirou da frente da novela? O ensaio da minha escola”. Olhei para ela, como me intrometendo na conversa e abri um baita sorriso oferecido para ambas.
O clima é esse e é com esse que eu vou. No meu caso não existe divisão nenhuma, o importante é botar o bloco na rua e festar. Tem para todos os gostos. Semana que vem começam os bailes de salão. Estou na fase de passar sebo nas canelas. Me aguardem...
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