terça-feira, 10 de março de 2015

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (59)


FUDITRUQUI NÃO É NOVIDADE EM BAURU - O VELHO E BOM TRAILER OCUPA O ESPAÇO URBANO NA CIDADE HÁ MUITAS DÉCADAS

A onda gastronômica agora são essas caminhõezinhos com suas carrocerias transformadas em cozinha e balcão para comidinhas variadas. Está virando febre. Como tudo nessa varonil terra, o nome que pegou é o nome americanizado, “food trucks”. Prefiro o nome abrasileirado, muito mais dentro da nossa realidade. Por falar em realidade, esse negócio não é nenhuma novidade aqui em Bauru e quiçá no Brasil todo. Se hoje até uma novela global tem um personagem circulando e fazendo comidas num desses modernosos, lembro cheio de saudade dos áureos tempos do Lelo’s Batidas, primeiro na avenida Nuno de Assis, bem debaixo do viaduto, point dos anos 70. Quando o Corinthians foi campeão paulista em 1977, depois de 22 anos de fila, a comemoração foi na avenida e o Lelo bombava com seu trailer. Sim, o fuditruqi de hoje nada mais é do que uma edição melhorada do antigo trailer.

A melhorada tem seus prós e contras. O antigo trailer adaptado sobrevive até hoje e viceja na periferia, instalado de tudo quanto é forma e jeito. Uma maravilha, facilitador da sobrevivência dos que não conseguem mais emprego fixo, mas se safam como podem. Quem circula pela periferia da cidade e mesmo algumas praças centrais, como a da Paz, ali nos altos da Nações, vê dezenas deles ali estacionados. Todos fuditrucando que é uma beleza. O problema dos bonitões de hoje são vários. Primeiro que esse acabamento com cara americanizada tem um preço. Saem mais caros que os habituais, pois a pompa nesse país custa sempre caro. Paga quem quer. E todos esses novos parecem que vicejam acoplados com franquias e preços meio que altos, acima da média. Se um hambúrguer normal sai de R$ 10 a R$ 15 num trailer, num com o nome americanizado, não sai por menos de R$ 30 e daí para mais. A belezura parece inflacionar o mercado.

Pior é o que surge agora querer impor o seu trabalho como o saudável e o antigo emporcalhado, paradigma do dogueiro sujinho. Isso não cola e se colar, pau neles. A carinha pode não ser bonita, o trailer pode estar ali fixo, com as rodinhas enferrujadas, mas o conteúdo não segue obrigatoriamente esse perfil. Tem uns aí país afora sugerindo para a fiscalização que o rodante é mais higiênico que o estático. Balela. Não caíamos nessa. O sol nasceu para todos. Aqui em Bauru vejo um único com os moldes novos, o da franquia do Aki Rango, circulando muito pelos eventos esportivos. Está sempre na frente da Panela de Pressão nos dias de jogos do basquete (com preços convidativos) e junto de outros com a roupagem dos velho e bom trailer, como os do Uau-Uau e do batateiro Duval Batatas. Esses dois são o exemplo vivo de tudo o que quero enaltecer. Uau-Uau e Duval rodam a cidade e não é de hoje, levam seus trailers, puxados pelos seus carros cidade afora e até pela região. E fazem tudo nos conformes. Daí, onde está a novidade desse tal de food truck? O moderno para mim é mais velho do que andar para frente.

Eu, particularmente, mesmo que alguns amigos insistam em não me acompanhar, em comer e bebericar descompromissadamente ao ar livre, eu vou e muito. Não posso ver um carrinho desses e com aquele cheirinho, fumacinha saindo pelas beiradas, que já quero parar e encher a pança. A comida da rua renovou o país, acho que democratizou a coisa e barateou ainda mais a comilança. Nas feiras espalhadas pelas ruas outro reduto de muitos desses trailers ou caminhões transformados, mas todos feitos por aqui mesmo, nada importado. Agora mesmo venho de uma rodada lá pelos lados dos altos da rua Salvador Filardi, bem lá pra cima do Hospital Manoel de Abreu e tirei fotos de vários fuditruquis espalhados pelas ruas desse bairro. As fotos dos muitos lá encontrados ilustram esse meu texto. Uso esses como exemplo, mas poderia fazê-lo (e quero registrar outros tantos e até contar a história de alguns deles) em qualquer outro bairro da cidade. Em nenhum deles você vai encontrar hot-dog custando R$ 20 ou R$ 30 pilas.

Eu sou da turma que não gosta de pagar caro e achar a coisa mais bonita desse mundo. Eu reclamo é muito quando vejo em algum lugar aquele excesso de descartáveis. Exagero faz mal em qualquer lugar e excesso de salamaleques não tem nada a ver. Fiz uma relação dos que encontrei pela frente hoje. Vamos a eles e na sequência aqui publicada. O Mamutty Lanches fica na Bernardino entre as quadras 28 e 29, no começo da rua Edilson Alves de Carvalho. A Lanchonete do Índio é um velho trailer já com puxadinhos como área de lazer e fica lá na rua Itacuruçá. Ali perto na praça Romário Dias Motta está se formatando algo idêntico a do Redentor, a da Paz e da Hípica, já com grande concentração de alguns, todos novinhos. O trailer da Vani Lanches, antiga ali na avenida Salvador Filardi, algumas quadras depois do Hospital bomba na vida noturna da região. E por fim, fecho o ciclo com uma foto do trailer do Duval batateiro, abril de 2014, quando do último jogo do ano passado no Alfredo de Castilho, dia em que o Noroeste caiu para a Bezinha do Paulista. Duval vendeu batata naquele dia para os poucos presentes, mas marcou e continua marcando presença cidade afora. Diante disso tudo, vejo os trucks com bons olhos, mas nunca desmerecendo os bons, velhos e sempre úteis e mais populares trailers adaptados, que há décadas estão entre nós. O futuro está na rua.
Lelo trabalhando num dos pioneiros trailers da cidade de Bauru.

3 comentários:

Anônimo disse...

Só um detalhe, trailer tb é americanizado e foi uma ótima ideia para nossos rangos como vc bem lembrou do Lelo. Assim como o hamburguer e hot-dog citados tb são americanizados, onde inicialmente foram adaptados dos alemães, identidades são assim, absorvidas e construídas pelas sociedades ao longo da história.

E é sempre bom um sanduba de trailer mesmo, e para homenagear com um bom humor segue um link que vc vai adorar https://www.youtube.com/watch?v=YBeRWEHxf8Q

Camarada Insurgente Marcos

Anônimo disse...

era meu point aos sábados, mas já na Nações embaixo do viaduto da Duque de Caxias.....

Sergio Piga, bauruense hoje em Tres Lagoas

Mafuá do HPA disse...

http://www.cartacapital.com.br/revista/840/food-trucks-em-carcere-privado-7994.html
Vejam isso. Muito legal.

Henrique - direto do mafuá