segunda-feira, 8 de junho de 2015
PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (100)
MENOS GENTE... O caso não é de blasfemia, nem de desrespeito, nem de deboche, nada disso. A menina ali representada na crucificação queria expor algo pelos quais sofrem demais da conta as minorias, uma expécie de velada crucificação em praça pública. Daí pede no seu ato pelo fim disso. Nada mais. Enxergam coisas inexistentes, provocações absurdas e desvairadas. Outros tantos já usaram o tal símbolo e não sofreram apedrejamento como vejo sendo feito agora. Ou seja, se a garota pedia para darem um breque na crucificação dos que pensam e agem diferente, eis que vejo a tal da crucificação sendo intensificada e de uma forma cruel, isana, predatória e vil. Estão a fazer cavalo de batalha com isso tudo e gastando tempo com algo pelo qual deveríamos ser muito mais tolerantes. Protestar é preciso, botar a boca no mundo idem, remar contra a maré também e não ficar colocando pelo em ovo. Viremos essa página o mais rápido possível, não entrem nesse jogo, muito parecido com os que incendeiam seus perfumes em praça pública...
HPA - Bauru SP, segunda, 08/junho/2015.
REPUBLICANDO APÓS MISTERIOSO SUMIÇO DO MESMO DO FACEBOOK -
OBSERVAÇÃO DE TERÇA EM TEXTO PUBLICADO ORIGINALMENTE NA SEGUNDA: Desliguei meu computador ontem por volta das 21h e esse post ainda mantinha acalorada discussão. Achei que muito mais encontraria hoje pela manhã. Sim, encontrei, ou melhor, nada encontrei. O mesmo sumiu misteriosamente. Talvez denunciado por alguém como ofensivo, invasivo ou pernicioso. O fato é que sumiu. Faço a postagem novamente e clamo para que se alguém por um desses acasos salvou o papo, que me avise e me envie via e-mail (ainda confiável), pois queria salvar as conversações no blog Mafuá do HPA. Meu posicionamento e o de muitos ali expostos já é do conhecimento de tudo, todas e todos. Toquemos o barco ciente de que, algo de muito estranho acontece com mentes e posicionamentos nesse momento atual desse país, o mesmo que um dia foi considerado do futuro e hoje, vivencia momentos de puro retrocesso. Eu continuo cá na minha trincheira, remando contra essa maré. Faço a minha parte, talve porcamente, mas sem omissões.
Bom dia do HPA
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3 comentários:
Não precisamos que se apiedem de nós! Se nos respeitassemos apenas, já estava de bom tamanho.Em nome do Jesus, vocês têm cometidos inúmeras barbáries e pessoas inocentes são mortas diariamente no mundo! Que o sangue destas vítimas e de muitas outras que virão, recaiam sobre vocês. Sou GAY! Sou HUMANO! Respeite- me! O discurso do Jesus de vocês, foi o do amor, não do sangue! Raça de víboras! Todos que quiserem , podem me excluir! Não precisa explicar NADA!
Fernando Lima
Tenho lido tanta besteira sobre esse lance da moça que se fez de crucificada. Não sei o por que de tanta celeuma.
1) A cruz originalmente nem era o grande símbolo dos cristãos. Quem conhece a história da Igreja sabe que até o século IV os seguidores de Jesus usavam os peixes como símbolo de identificação com a fé dos apóstolos e também as letras X e P, que em grego correspondiam às iniciais do nome do Salvador. Foi a partir de Constantino que a cruz se disseminou como símbolo máximo dos cristãos, sobretudo devido ao mito (não estou usando a palavra no sentido de mentira, mas sim da ideologia que se criou em torno dessa história) da aparição que o imperador teria visto no céu, de uma cruz acima do sol, acompanhada das iniciais gregas do nome de Jesus. O fato teria ocorrido às vésperas da Batalha da Ponte de Mílvia, e Constatino teria mandado gravar a cruz e as letras, acompanhada da frase "In hoc signo vinces" - "Por este sinal conquistarás". Poucos cristãos, exceto alguns evangélicos, ainda fazem referência aos peixes, como forma de se identificarem como cristãos. E praticamente nenhum usa as letras X e P com essa finalidade, diferentemente dos primeiros cristãos. Então, cabe a pergunta: que símbolo é o certo? O antigo, usado por gente que viveu na época dos apóstolos, ou o atual, disseminado por um imperador que, apesar de se declarar cristão, prestava anualmente culto a Zeus?
2) Essa imagem de Jesus crucificado nem sempre foi a mais adotada pelos cristãos para retratar o filho de Deus. Sobretudo nos primeiros séculos, quando ainda se discutia se Jesus tinha ou não uma natureza humana, predominava a imagem de Jesus Glorioso, que ressaltava seu caráter divino. Nas igrejas orientais, é esse caráter que é ressaltado até hoje nos ícones de Cristo, e não o sofrimento dele na cruz. Essa ênfase no sofrimento de Jesus ganhou ímpeto sobretudo a partir da Contra-reforma e do movimento barroco, inclusive como uma estratégia de comunicação para o catolicismo reagir ao protestantismo.
3) Durante a Reforma Protestante - e há inúmeros relatos documentados disso - a iconoclastia era uma prática comum entre os adeptos das novas religiões, para demonstrar sua rebelião contra o catolicismo. Eles quebravam não apenas imagens de santos, mas qualquer imagem, mesmo de Jesus cruficicado. O problema não era quem a imagem retratava, mas sim o fato de existir imagem. Estranho ver evangélicos hoje sofrendo por causa de uma imagem, logo eles que sempre ressaltaram que o que importa é Aquele que está no Céu.
4) Ninguém tem como garantir que Jesus foi crucificado do modo como a moça simulou na parada gay. Os romanos adotavam inúmeros modelos de crucificação, que podiam ir desde uma estaca, em que a pessoa era posta com os dois braços estendidos para o alto, até uma cruz em X, como a que teria sido usada para punir Santo André. Considerando-se que a Palestina é uma região desértica, com poucas árvores, é de se duvidar que tivessem tanta madeira para fazer cruzes em forma de T (lembrando que os romanos executavam inúmeras pessoas de uma vez).
Símbolos são apenas símbolos, que vão ganhando novos significados de acordo com os contextos históricos. Sozinhos, eles não significam nada. São as pessoas que lhe dão significado, já explicava Saussure. Então, não vale a pena sofrer por símbolos, mas sim por pessoas que são agredidas na vida real, muitas vezes por criminosos que se escondem atrás de símbolos.
Rodrigo Ferrari
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-negocio-milionario-da-homofobia/
Postado por Cláudio Lago
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