UM LUGAR POR AÍ (73)

A VIOLÊNCIA NO RIO DE JANEIRO É TUDO ISSO MESMO? CARIOCA RUI ZILNET SE MOSTRA UM TANTO RETICENTE

Estou lendo a semana toda algo sobre a situação no Rio de Janeiro, onde a Zona Norte e a Zona Sul estariam em pé de guerra. Vejo as fotos dos ônibus vindos da periferia sendo impedidos de adentrar a região das praias. Declarações das autoridades como que conformadas com a situação e apoiando as restrições. Seria isso mesmo? Hoje pela manhã bato um longo papo com um velho amigo carioca, o fotógrafo RUI ZILNET, morador de Santa teresa, mas com incursões profissionais diárias por toda Zona Norte, um que já morou aqui por Bauru e da conversa um algo mais, exatamente o que ainda não havia conseguido vislumbrar com toda exatidão. Juntei partes de nossa conversa e coloquei tudo entre aspas e reproduzo aqui, só para terem uma ideia de como alguém vivencia e está se processando a questão na prática:

“Olha, como sempre, a mídia vem apresentando coisas que nós, que aqui vivemos, não estamos conseguindo presenciar. Não digo que esteja uma maravilha, mas não é bem do jeito que a TV mostra não. Como você bem sabe, circulo por todos os cantos do Rio e da Baixada, voltando muitas vezes na madrugada. Como sempre, eles ampliando a coisa. Há lugares, que, realmente, precisamos ter um pouco mais de parcimônia, mas não é como eles alardeiam não. É uma mídia porca, fazem de coisas pontuais, uma sensação sem tamanho e danosa.

Dia desses divulgaram um arrastão no Leme, que não aconteceu. Sabe lá de quando foram aquelas imagens. Tenho vários amigos que passaram o dia na praia e me disseram que não houve nada. Filtrar a todo instante o que divulgam, interesses vis sempre acima de tudo. Nesta noite passada, voltei na madrugada de uma atividade cultural na Gamboa, passando pela área de Central do Brasil com a maior tranquilidade. O Brasil inteiro fica com uma visão distorcida da nossa cidade por causa deste comportamento desta mídia cretina, a mesma que tenta a qualquer custo derrubar o governo. Fico pasmo com comentários de amigos, que não saem de seus reduzidos espaços, que só circulam pelos shoppings da cidade, sobre os comentários de violência e do transporte coletivo. Nunca antes vi um transporte coletivo com tão boa qualidade como agora no Rio, BRT funcionando que é uma maravilha, facilitando a vida de milhares de trabalhadores todo dia. Os trens funcionando no horário, limpos, com ótimo ar condicionado, oferecendo conforto aos pobres. Isso é horrível para os ricos. Você já visitou alguma UPA no Rio de Janeiro? Se não o fez, faça uma visita quanto estiver aqui. Logicamente muita coisa precisa melhorar, mas para que a gestão pública melhore, o povo também tem que melhorar a sua maneira de enxergar as coisas. Não tenho mais paciência para escutar reclamações de quem nada faz para melhorar e só visualiza a desgraça. Pessoas que nada querem de melhor para o país. Só querem o melhor para as suas próprias vidas. Não vejo nada de bom nas intenções de quem diz que é contra a corrupção, a não ser em defesa deles próprios. Tudo que venha a favorecer o pobre "estará" revestido de corrupção. Tenho cada vez mais nojo de quem lambe os pés e saco de quem detém o poder, principalmente o econômico.”

Achei seu desabafo tão espontâneo, tão sincero, tão carregado de emoção que, resolvi juntá-lo todo num só texto e publicá-lo para que todos os que ouvem muitas coisas sobre o Rio de Janeiro, a violência toda que dizem só crescer, leiam e reflitam com esse algo de alguém que vive no meio do tal furacão e não se diz tão assustado assim. Percebam que, ele não desmerece a violência, em nenhum momento diz que ela não está presente no dia a dia do carioca, mas ressalta algo mais. Deu para sentir que carregam na tinta e com as piores intenções possíveis. Não seria essa a mesmíssima intenção dessa turba que se diz querendo consertar o país, acabando com um grupo dito corrupto e isentando outros? Olhos bem abertos quando diante desse tal de "disse ouvir que a coisa lá tá feia". Será isso mesmo?

ESCAPULIDA PARA IR FESTA CLUBE DO BOLINHA: 52 ANOS DO CARIOCA

Foi ontem, chovia a cântaros na cidade, mas isso não foi motivo para alguns do time da "cueca suja", ou seja, só "Machos Man", comparecessem à festa dos 52 de um dos mais famosos integrantes da feira do Rolo, o da Banca de Livros, o CARIOCA, também alcunhado como Francisco Carlos Jaloto (mas por esse nome nem sua namorada o chama). Por expressa determinação do dono da festa, ano após ano a festança ocorre sem a presença de ninguém de saia (acho que é para não fazer frente a concorrência). Nos anos anteriores o furdunço se deu na casa do próprio Carioca, entre livros e CDs, sua organizada bagunça, mas nesse ano cedeu e fez na casa de dileto amigo, lá pelos altos do Jardim América. Dei uma rápida escapulida dos estudos de mestrado e cai de boca (opa, que negócio é esse?) na festa. Dos convidados só a nata dos que batem cartão na sua banca, a boa e necessária ralé das ruas, mesas e também algum trampo, muitos seus eternos colaboradores, a dita retaguarda que lhe dá sustentação não só financeira como operacional para que tudo ocorra a contento domingo após adomingo. Dentre esses, alguns clientes e amigos, dentre os quais me incluo. Lá é tudo assim, o construtor entendido em massa corrida cuida do churrasco, o engenheiro se mete a fazer o pão com linguiça (que negócio gostoso esse meu!), o autônomo fica sentado na porta do banheiro controlando o acesso e impedido a interdição definitiva do lugar, o vendedor é o mestre de som, o balconista vira mandioquista juramentado e gente como eu, da minha laia, que vou só para dar despesa, ou seja, comer e beber. Pela foto da mesa dá para perceber a organização do evento, tudo a cargo do Buffet Amigos do Carioca, um que não deixa a peteca cair. Fiquei pouco tempo, mas impossível não comparecer e atender ao pedido do amigo livreiro das ruas, o que torna as minhas manhãs de domingo as melhores desse mundo. Fui lá dar o abraço e jogar a tão necessária conversa fora, antes de voltar a mergulhar em leituras mais sérias. Carioca, ficou decidido ontem por unanimidade na Assembléia lá realizada, vai ser merecedor de um estátua no largo ali na rua Julio Prestes, onde ocorre a Feira do Rolo. O cara vai ser eternizado em Bronze, ou mesmo, para baratear os custos, em papel machê ou ferro fundido, mas estaremos no prazo de um ano lhe rendendo a necessária homenagem. O Carioca é um dos caras mais aglutinadores de bom astral dessa cidade, daí o sucesso de tudo o mete a mão. É o nosso Midas da felicidade. Pelo que fiquei sabendo, Carioca foi devidamente acondicionado debaixo da mesa e por ali vai permanecer até estar devidamente recuperado do desgaste festivo. Tomara que se recupere a tempo de montar a banca amanhã, domingo, lá num dos mais democráticos lugares da feira bauruense. E tenho dito.

PARA QUEM APRECIA GOLPES E PAPARICA A DESTITUIÇÃO A QUALQUER PREÇO, VEJAM ISSO:

Em curso algo bem próximo do que se deu com Lugo no Paraguai. E depois, não querem ser passados para a História como golpistas. Qualquer analista com uma pouquinho de isenção enxerga isso sem necessidade nem de levantar da cadeira. Ou, assim como muitos demonstram não entender o que venha a ser FASCISMO, também não sabem o que venha a ser GOLPE? Seu Governo está forrado de imperfeições e inadequações, mas foi constitucionalmente eleito pelo voto popular. Mino Carta já dizia anos atrás: "Quando elegeram Lula pela primeira vez, fizeram de tudo pela sua não reeleição, mas ele foi reeleito. Depois fizeram de tudo e mais um pouco para que ele não elegesse sua sucessora, mas ela foi eleita. Quando da reeleição dessa, fizeram ainda pior, o aprontamento beirou o imponderável, mas mesmo assim ela foi eleita. E se isso ocorrer, como ocorreu, eles, os Donos do Poder já estarão pegando em fio desencapado, passarão por todos os limites para conseguir o seu intento.". É o que está em curso. E não julgo dos malefícios de um Governo acuado e sem forças, até inoperante, mas julgo a forma, a maneira como tudo está se processando, o modus operandi. Esse inquestionável, GOLPE. Alguma dúvida? Algum historiador em sã consciência poderia discordar disso?

Para esses, o belo texto de hoje do diário argentino Página 12 não deixa dúvidas:
http://www.pagina12.com.ar/…/elmun…/4-283500-2015-10-10.html

Tenham todos um bom sábado.