segunda-feira, 31 de outubro de 2016

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (116)


ESTARDALHAÇO ANTES DA ELEIÇÃO E SEM SOLUÇÃO DE CONTINUIDADE DEPOIS DELA - POR QUE???

Vamos por partes, como fazia Jack, o Estripador.

Na véspera da eleição do segundo turno em Bauru o Jornal da Cidade denunciou pelas redes sociais e depois na primeira página de sua edição de domingo algo considerado crime: uma falsa pesquisa de opinião foi divulgada usando o nome do jornal e nela, algo sobre uma virada, ou seja, Raul havia alcançado Gazzetta. No texto, algo contundente, mesmo sem citar os fatos, mas afirmando que os meios jurídicos estariam sendo acionados para descobrir autorias. Veio a eleição e na edição de hoje nada de nada. Como vai ficar a questão? Vão deixar tudo por isso mesmo? O crime eleitoral não vai ser investigado? Ocorrendo a divulgação, tanto que o jornal emitiu uma nota, não deve ser esquecida no pós eleição. O que está acontecendo nos bastidores para nada mais ser comentado. Acredito que, o fato deveria merecer, primeiro do jornal o esclarecimento, o que não ocorreu na edição de hoje e depois, no mínimo nenhum matéria deve ficar sem resposta, ainda mais com o provável envolvimento de um dos candidatos e alguém de sua campanha, no caso Raul. Não é normal a colocação de panos quentes em fatos como esse, pois se de fato, algo irregular ocorreu, precisamos tomar conhecimento, até porque envolve alguém que postulava ser prefeito de Bauru. Como vai ficar isso tudo???

No caso seguinte, uma foto foi tirada num dos bairros da cidade e nela o mesmo candidato, Raul envergando sua camiseta verde de campanha e ao lado do ex-prefeito Izzo Filho. A mesma gerou uma baita celeuma nas redes sociais e acredito, algo necessita ser devidamente esclarecido, para o bem da verdade factual dos fatos, pois gerou comentários de tudo quanto é tipo cidade afora. Primeiro, quem foi atrás de quem? Não acredito em encontro casual. Raul foi buscar auxílio em prováveis eleitores ainda fiéis à Izzo? O ex-prefeito Izzo, como é sabido, foi o único prefeito bauruense preso, cumpriu sua pena, trouxe a República da Barra Bonita para governar ao seu lado e no desfecho final de seu mandato até bombas foram espocadas pela cidade. Seria de bom alvitre o próprio Raul vir a público esclarecer os fatos, pois do contrário, ficando o dito pelo não dito, prevalece o que a foto demonstra, um intenso relacionamento. Quando fatos pequenos como esse são escamoteados, ocultos de uma clara divulgação e a própria mídia local, tendo conhecimento dos fatos, também o omite, credito que algo não anda bem em todas nossas instâncias. Se foi buscar auxílio, assuma e pronto, falta isso para fechar a conta das trapalhadas finais de Raul ao final do pleito.

Por fim, encontro um amigo e conceituado jornalista no sábado e ele me confidencia algo em off, que divulgo, sem citar seu nome. Comentando sobre os fatos, encerra a questão sobre ambos os casos envolvendo o então candidato Raul: “Ele vai sair do imbróglio eleitoral menor do que entrou”. Não esclarecendo ambas as questões, não tenho a menor dúvida, não adianta vir agora da tribuna da Câmara de Vereadores e se dizer à disposição do Governo eleito, que está pronto para dar sua contribuição em prol de Bauru e deixar essas pendengas sem resposta. Pega muito mais do que mal.

domingo, 30 de outubro de 2016

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (82)


UMA FOTO E ALGO DE REENCONTROS NA FEIRA EM DIA DE ELEIÇÃO
Duílio Duka, Kyn Junior, Luiz Manaia, Hermann e HPA

Reencontrar pessoas conhecidas na feira é algo a se repetir a cada domingo. Hoje, dia de eleição no 2º Turno paulista, algo mais. Ainda em casa recebo um recado via Bate Papo do Facebook: “Henrique, onde você está, estamos na Feira do Rolo?”. Era um pedido para não me atrasar ainda mais, feito por Duílio Duka e Rosa Zanni. Ele, hoje morando pelas plagas botucatuenses, junto dela, legitimamente nascida naquelas frias terras. Rever Duka é sempre algo de bom agouro. Ele por aqui, festa em torno de um dos seus netos e foi antes rever amigos na feira. Nos encontramos sem marcar hora, lugar ali na Banca do Carioca. Conta as novidades todas, trocou seu Ka vermelho, para comprar material de construção e me mostra as mãos de professor, antes mais finas e hoje, aposentado, mas grossas, trabalhando com marchetaria e agora, como ajudante no levante para construção de uma nova morada. Feliz da vida, ele ri quando pechincho com Carioca e faço fiado para pagar semana que vem, pois vim quase duro, dinheiro mal dando para um suco de laranja (hoje cerveja nem pensar, ressaca brava).

Quem me chama defronte a banca é Fátima Schroeder e se aproxima para um abraço dominical. Pergunto pelo barbudo marido, o Hermann e ele está logo adiante, sorridente e puxando um carrinho de compras. Lembranças de quando estivemos todos juntos no processo que os Octaviani’s moviam contra mim (perderam feio). A conversa que mais flui é sobre a desesperança em tudo, inclusive na Justiça, cada vez mais injusta nos dias atuais: “A menina secundarista paranaense toma a dianteira, fala e faz o que muitos marmanjos deixaram de fazer e esses a criticam”, digo. “Nada de anormal, caro Henrique, a vanguarda que deixou de ser vanguarda há muito tempo não aceita ninguém fazendo o que ela deveria estar fazendo, mas já faz tempo que deixou de fazer. Entendeu?”, me diz. Sim, eu entendi e a contenda continua. Avistamos vindo lá de longe Carlos Ladeira, um que um dia foi considerado um dos melhores vereadores que essa cidade já teve e hoje, encostado num cargo na CDHU tem um dos discursos mais conservadores do momento. “É desses que, mesmo não batendo as ideias íamos bebericar algo pelos bares, hoje nem mais isso é possível, pois ficou bitolado, chato, endireitou até a mente e corta volta da gente, finge que não conhece, deve nos ver como inimigos”, digo. E ele vem, se aproxima da banca de livros, folheia, ele e sua companheira, não conversam com mais ninguém, deve ser chato a convivência com os de pensamento iguais ao dele, apostando fichas hoje nesse cruel neoliberalismo e jé tendo vivenciado outra coisa bem diferente quando militava com outra cabeça.

Ladeira sobe a feira e todos se acomodam na esquina mais famosa da feira, a do Bar da Feira, onde reina o sanfoneiro chopeiro. Kyn Junior se aproxima e percebe a gente comentando sobre Izzo Filho, o ex-prefeito, o único daqui que já foi preso, ter visitado eleitores com o candidato Raul. “Izzo é reconhecido até hoje na periferia, precisa ver ele chegando na Ferradura Mirim, não tem pra mais ninguém, uma admiração que passa de pai para filho”, diz em sua defesa. O encostamos na parede pelas tais “bombas” do passado e ele diz: “Não existiram bombas, aquilo foi no máximo uns morteiros, uns rojões, ampliaram muito e você acha que se fossem bombas sobraria algo?”, pergunta. Rindo lhe digo: “Pudera, colocaram a inexperiência em pessoa para manusear pólvora e saíram traques”. Ele fica vermelho, exalta Izzo e o lembramos do bem que fez à cidade trazendo para cá membros da República da Barra Bonita. Mais risos.

Só mudamos de assunto com a chegada de Ralinho Mania, o baterista cuja mãe mora ali na esquina da frente, ela possuidora das chaves da feira (autoriza a entrada e saída do local). Está com disco novo quase chegando à praça e com show marcado para 14/11 no SESC. Fico sabendo que a foto da capa do CD é de minha autoria e isso muito me orgulha. Foi tirada numa noite lá no teatro divinal da Monsenhor, o Trotótipo. Ralinho é morador ali do pedaço e não sei nem porque começamos a falar dos velhinhos que vivem a vida garbosamente até seus últimos dias. A lembrança que nos veio à mente de um que se foi recentemente é o pai da Paula e da Ma Velozo, um senhor boa pinta, viúvo e até o último momento com umas três senhoras na sua cola, ele garantindo algo a elas com financiamentos variados e levando a vida garbosamente com louvor. Se foi e as deixou, com uma dívida construída para os seus, toda em cima desse jeito malemolente de viver no melhor estilo dos verdadeiros boêmios. Ralinho lembrou até seu nome. E todos querendo intensamente viver do mesmo jeito até mais dos oitenta.


Foi quando se junta ao grupo o jornalista Benedito Requena (escapou da foto). Contamos a história para ele e relembramos também a boníssima história do médico prefeito bauruense que morreu na zona do meretrício, o Luiz Zuiani. “Quer coisa mais alegre e contagiante do que morrer numa festa na zona do meretrício?”, indago a todos. Pergunto sorrateiramente para Requena, um que já vivenciou histórias mil de prefeitos de antanho: “Você conhece algum que aprontou dentro das quatro linhas, ou seja, dentro do gabinete algo parecido com o que o Bill Clinton o fez com a estagiária Mônica Lewinski?”. Vivido e não querendo problemas para seu lado, me diz que sabe de algumas histórias, mas nenhuma assim explícita. E daí, cada um ao seu modo e jeito relembra algo das sacanagens já feitas em nome da saúde pública municipal. Por fim, saco de uma revista comprada fiado ali na Banca do livreiro da feira e lá uma frase resumindo toda essa nossa providencial e jocosa conversa. “É do Gylberto Freire (1900/1987), A maior delícia do brasileiro é conversar safadeza”. Nisso quem passa por ali é Fernando Medeiros, do Sindicato do Bancários e comunica a tudo e todos que algo alvissareiro, pouco provável e surreal, mas bem dentro das possibilidades desses tempos nebulosos acaba de ocorrer pelos lados do Sindicato: "Os que eram contra nós, capitularam e se compuseram novamente conosco, possibilitando termos novamente a maioria e voltando a poder praticar o verdadeiro sindicalismo, o voltado para o trabalhador". E sua mãe, um senhora das mais simpáticas diz que me lê e gosta, quase me derreto ali no quente asfalto.

Ainda falamos das safadezas ocorrendo nesse exato momento, quando o Jornal da Cidade denuncia que uma pesquisa eleitoral foi divulgada como realizada pelo jornal e para favorecer um dos candidatos (Raul), mas não explicita isso na edição de hoje, nem quem a fez, nem como foi utilizada, nada, só diz que está tomando as providências jurídicas. O calor ferve o cororutcho de todos e como já estava perto das 13h, alguns ameaçam uma dispersão, a verdura do carrinho do Hermann já começa a se desmilinguir, Kyn já está ruborizado em tanto defender Izzo, Requena quer espiar o que sobrou de livros lá na banca do amigo livreiro, Ralinho é chamado ao celular numa clara alusão que seu alvará chegou ao fim, Duílio e Rosana são chamados pela carona que chega para os levar para um regabofe, foi quando antes que a dispersão ocorra, deixo uma pergunta no ar para o Kyn e com ela, todos batem em retirada, cada um para um lado, quase sem olhar para trás: “Kym, para encerrar esse convescote nesta grata manhã, me diga com a máxima sinceridade, você acha que os soltadores de morteiro de antanho, os da tais bombas que não eram bombas, já estariam mais preparados e prontos para atuar com conhecimento de causa nos dias de hoje ou continuam todos tão amadores como antes?”.

Sigo meu caminho até o mafuá, coloco na vitrolinha um CD do Lindomar Castilho (Você é doida demais) e depois um de Dóris Monteiro, ambos comprados (fiado) na Feira do Rolo, ligo para a mulher amada, ela me diz onde iremos comer algo e depois votar. Em quem mesmo, hem?

sábado, 29 de outubro de 2016

ALFINETADA (150)


O ALFINETE, TEXTOS DE NOVEMBRO E DEZEMBRO DE 2004
Edição 296 – nº 222 – Vou dar aulas de embromação – 06.11.2004
Edição 297 – nº 223 – A feira dominical – 13.11.2004
Edição 298 – nº 224 – Zumbi e o Dia da Raça Negra – 20.11.2004
Edição 299 – nº 225 – Bauru e seus vizinhos – 27.11.2004
Edição 300 – nº 226 – Gente do Lado de Cá 6: Michelle, a quase mulher – 04.12.2004
Edição 301 – nº 227 – Sindicalismo sem Praticidade – 11.12.2004
Edição 302 – nº 228 – Indignações que fui anotando – 18.12.2004
Edição 303 – nº 229 – Prezados Senhores – 24.12.2004

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

DICAS (153)


CONVOCAÇÕES VARIADAS E MÚLTIPLAS

1.) AMIGOS E AMIGAS CONSCIENTES DA FUNBICAÇÃO ONDE OS GOLPISTAS NOS ENFIARAM


Amanhã, sábado, 29/10, 10h, Esquina da Resistência (Calçadão com Treze de Maio), uma manifestação dessas imperdíveis, onde poderemos demonstrar o quanto estamos insatisfeitos com os desumanos atos dos golpistas no poder. A PEC 242 e a proposta Reforma do Ensino Médio é um retrocesso sem parâmetros conhecidos, um retorno sem escalas, direto para a Idade Média. E como sabemos que vem muito mais pela aí, nada melhor do que nos encontrarmos e planejarmos de forma conjunta os próximos passos.
https://www.facebook.com/events/185825635201209/

Vamos? Só mudaremos esse triste estado onde prevalece a perversidade com muita união, povo nas ruas e decididos no que queremos.

É o momento para tudo, todas e todos marcarem presença, com cartazes, faixas e tudo o mais.

2.) A MENINA QUE FALA (E FAZ) POR NÓS...
https://www.facebook.com/CartaCapital/videos/1261228783898533/

Ana Julia fala na Assembléia Legislativa do Paraná e faz o que muitos brasileiros deixaram de fazer. Ela, muito jovem, coloca a cara para bater, chora emocionada, enfrenta os dragões da maldade e o faz de subindo num púlpito onde, sabemos, muitos dos lá atuando a rejeitam. Mas ela vai e fala, sem ler nada, de improviso, algo sentido, cheio de emoção e vida. Enquanto a maioria da nação se cala, se omite, finge que tudo o que acontece ao país não é com ele, ela corajosamente faz o que toda essa petrificada nação perdeu a coragem, a ousadia e o dever de fazer. Eu a enalteço com todo o louvor que ainda possuo, pois ela representa muito mais do que a luta dos secundaristas, de onde é digna representante. Existe hoje maioria "babona", também a renegar isso que os jovens fazem, pois se dizem os condutores, o baluarte, o carregador do estandarte da luta, mas perderam o bonde da História. Muitos ficam (me incluo dentre esses medrosos) acuados e esgrimando só pelas redes sociais. Parte dessa meninada hoje, esses que corajosamente ocupam escolas públicas sabem lutar, não tem medo e acabam fazendo o que toda uma nação deveria de fato fazer, resistir ao seu modo e jeito. Aos 16 anos, ela nos encoraja a desembaiar armas (as que temos, vozes e ação política). CARTA CAPITAL a coloca na capa da edição que chega às bancas aqui em Bauru no próximo domingo e enaltece sua coragem. Com isso quer encorajar a todos os ainda com disposição para resistir, mas ainda um tanto acomodados, como se nada mais existisse a ser feito. Ela prova o contrário e quando aparece na capa da melhor revista semanal brasileira, faz não só jus a lá estar, como serve de referência para um levante, um reabrir de olhos, um reacordar geral. Servindo para isso, ela terá cumprido e bem o que a levou naquele momento para aquela tribuna. Ana Julia merece não só a capa, mas ela é a cara dos secundaristas, que hoje estão nas ruas em Bauru, São Paulo, Paraná e no resto do Brasil, ela é um alento para todos os que estão na lida e deve encher de vergonha os que desistiram de reagir. A revista fez muito bem colocá-la na capa e dar essa chacoalhada geral em todos nós.

3.) DESTRUINDO LULA E CRISTINA ESTÃO A DESTRUIR O BRASIL E ARGENTINA - E VAMOS DEIXAR ISSO ACONTECER?


Diário Página 12, edição de hoje: http://www.pagina12.com.ar/diario/contratapa/13-312843-2016-10-28.html

Ontem a Odebrecht abriu outra parte de sua caixa preta e apresenta mais provas de Caixa Dois em campanhas de JOSÉ SERRA. E o que acontece com isso, provas contundentes de corrupção? Nada. Daí, leio de babões aqui no facebook que falta só o grande peixe ser preso. São mesmo uns cretinos, pois sabem e fingem desconhecer que, tudo já foi feito para descobrir um tiquinho que seja de Lula, mas nada existe, daí continuam a vasculhar tudo (e mais um pouco) o que encontram pela frente. E nada, mas tudo de outros, inclusive a maioria atuando dentro do atual (des)Governo Golpista de Temer & Cia (ele próprio). Mas continuam vasculhando cada centímetro da vida privada, pública, passadas e futuras de Lula, pois o alvo é ele, sempre ele, o único que ganha de todos os demais candidatos que forem lançados numa justa e honesta campanha presidencial. Lula, até as pedras do reino mineral sabem, só não está preso até agora, pois não existe nada contra ele. Refutem isso, não existe como. Isso não é uma defesa de Lula, entendam isso, mas contra a HIPOCRISIA a que esse país está sendo conduzido. Quem aceita isso tudo calado cai no ditado: Quem cala consente. Eu quero ver essa Lava Jato, vesga por natureza, fazer o que tem que ser feito, incriminar e prender os denunciados de todos os dias, os dessa lista atual e antiga das muitas Odebrechts da vida. Já destruir Lula, Cristina, Evo, Correa, Bachelet é o que querem, pois querem ver o caminho desobstruído para implantar a política nais suja desse continente, a que vende cada milímetro de nossas almas (e as vende para o pior inimigo). Como permanecer indiferente a isso??? Não consigo.

4.) FAZ FALTA HOJE NO BRASIL UM DESTRAVAMENTO DAS LÍNGUAS, UMA REBELIÃO DELAS PARA COM O RESTO DO CORPO - Miguel Rep, em sua tira diário para o Página 12 argentino, edição de hoje, demonstra desse maravilhamento e possibilidades. Mais ou menos como no filme com o Jim Carrey, "O Mentiroso", onde mesmo querendo o sujeito não consegue mais mentir e só passa a dizer a verdade, passando por situações pelas quais todos nós deveríamos mesmo passar se continuarmos afagando nossos algozes.:

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

CARTAS (165)


NÓS FOMOS ENGANADOS, SEU ADILSON*

* Carta de minha lavra e responsabilidade publicada hoje na Tribuna do Leitor, Jornal da Cidade Bauru SP:

Seu Adilson mora aqui perto de casa. É um senhor aposentado, não lê mais jornais nem revistas e acaba se informando só pelo rádio e a TV, assim como a maioria da nação. Paro sempre para uma conversinha nas trombadas da vida, esquinas aqui pelas redondezas. Sempre simpático, pegou ódio pelo PT, Lula e até por Dilma, uma que ele entendia estar atuando sob forte pressão de gente não lá muito confiável. A TV e o rádio lhe dizendo a todo instante dos males que o PT produziu e ele cegamente acreditando em tudo, sem nem pensar em contestar, quanto menos pestanejar. Reproduzia isso em cada reencontro.

Tentava argumentar, concordando ter muito de erros dos petistas nisso tudo que a TV mostrava, mas nem tanto. Pedia para ele olhar nas periferias os muitos prédios do Minha Casa Minha vida, a atuação do Mais Médicos, a gratuidade dos idosos nos coletivos, os seus remédios com custo zero nas farmácias, a ajuda que o Bolsa Família trazia para os famélicos e até mesmo os estudantes mais pobres hoje nas universidades. O via com a cabeça meio que em parafuso. Até me contou de um sobrinho, morando lá no Rasi e só conseguindo estudar por causa de um incentivo do Governo Federal. No dia seguinte, após ouvir novamente o rádio e a TV voltava à carga com a mesma intensidade anterior. Essa conversa durou anos, repetida dia após dia.

Não me cansei do seu Adilson. Ele gosta de conversar e o faz sempre, eu também. Eu é que, cada vez tenho menos tempo. Mês passado ele estava eufórico, pois Dilma havia caído e Lula podia ser preso. “Agora a limpeza vai ser geral”, me disse. Só pedi para ele observar mais atentamente os que estavam assumindo o novo (sic) Governo. Ouvi dele algo assim, sem tirar nem por: “Mas a TV diz que agora está tudo entrando nos eixos, que logo mais estará tudo bem”. Sim, a TV mudou de postura, lhe disse: “Para ela o ruim foi extirpado, mas perceba se tudo terminou ou vai continuar. Compare o que está vindo por aí com o que tínhamos e vamos conversar daqui um tempo”. Ele saiu, mais uma vez, desconfiado de minha conversa. Cheguei a me convencer dele me achar um que não gostava mais do Brasil. Eu botava minhocas em sua cabeça e ele voltava sempre querendo me convencer, pois os argumentos da TV, eram, como vou dizer, irretocáveis, incontornáveis e impossíveis de serem contestados.

O tempo passou (e nem tanto tempo assim) e volto a me encontrar com seu Adilson. Ele estava voltando de um dos seus encontros matinais, os de aposentados ali na Praça Rui Barbosa. Estava desolado. “Tem amigo meu me dizendo que vai ter que começar a pagar pelos remédios no Posto e outro diz que não conseguiu mais viajar de ônibus para outro Estado, falaram que a coisa acabou”, me disse. Perguntei a ele se havia ouvido isso pela TV e ele me confirmou: “Minha TV não diz nada disso”. “Pois é, seu Adilson, eles não nos dizem muita coisa e mentem muito. E agora, se o senhor ainda não sabe, vem mais por aí. Sua aposentadoria se não diminuir vai ser congelada por 20 anos. Prepare-se, pois os que iriam consertar tudo estão só começando a estragar tudo”, disse. Sabem o que ele me respondeu?

Fiquei abismado, mas já estou conversando com ele num outro patamar: “Seu Henrique, no tempo da Dilma isso não seria permitido, né? Ela era contra isso que estão afazendo com a gente, não?”. Minha resposta foi lacônica “Nós fomos enganados, seu Adilson. Sim, a coisa piorou e vai piorar mais. Tentei lhe alertar, mas o senhor sempre acreditou mais no que dizia a sua TV e o cara lá do rádio, agora é tarde”.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

FRASES (148)


A CIA DO TIJOLO, FACE EM PLENA EFERVECÊNCIA NA CIDADE E O DISTANCIAMENTO DOS PREFEITÁVEIS EM RELAÇÃO À CULTURA


Aqui em Bauru, eleição para segundo turno e na disputa o ROTO e o ESFARRAPADO. Daí me pedem e a todos que se mostram não querendo votar em nenhum dos dois, para escolher o menos ruim. Não escolho. Numa eleição praticamente já decidida, não irão precisar do meu voto para nada, mesmo assim, a insistência perdura. Explico a seguir um dos motivos de manter distante de tudo o que vejo nas propaganda eleitoral e nas ruas da cidade.

Ontem fui assistir a mais um espetáculo dentro do 5º FACE (Festival de Artes Cênicas de Bauru 2016 – www.facebauru.art.br), algo grandioso e a movimentar parte significativa do que está agitando os movimentos alternativos nacionais. Um rica produção, atividades todas gratuitas, mostra não competitiva, contemplando o moderno, o novo, o inusitado, o ousado, o irreverente , por que não dizer, revolucionário e rico, também nem tão conhecido assim, dentro de uma pluralidade de expressões, desde dança, teatro, performance e circo. O evento invadiu a cidade e está mexendo com o metabolismo de todos e todas que se interessam por algo criativo e de qualidade. Sabe quais dos dois prefeitáveis estiveram por lá em um único espetáculo que fosse? A resposta é sabida por tudo, todas e todos: NENHUM. Não me perguntem como vai se dar a Cultura pelas hostes deles, pois decididamente não sei, como também ouvi somente o trivial dentro da propaganda eleitoral. E o FACE continua rolando solto, macio e ocupando espaços.

Ontem mesmo, estive no Teatro Municipal presenciando o espetáculo CANTATA PARA UM BASTIDOR DE UTOPIAS, de um grupo teatral paulistano mais do que especial, o CIA DO TIJOLO. Olha só como eles chegaram aqui, numa correalização do TUSP – Teatro da USP, aqui capitaneado pelo Chico, sempre antenadíssimo com essa vanguarda apostando numa proposta inovadora, política e co posicionamentos firmes, contundentes: http://prceu.usp.br/noticia/cia-do-tijolo-se-apresenta-nos-campi-do-interior-pelo-circuito-tusp-de-teatro/ . Eis só um bocadinho do que rolou no placo: “Mariana Pineda foi enforcada aos 26 anos por desafiar o poder do rei Fernando VII ao bordar uma bandeira para a causa liberal espanhola, no início do séc. XIX. Ela e sua história deram origem à peça de Federico García Lorca que é a base para o premiado musical da Cia do Tijolo. A criação se mescla a fatos da ditadura militar brasileira e teve auxilio de intelectuais, como Frei Betto. Lorca exaltou em poemas e canções a jovem heroína que desafiou o autoritarismo monárquico. Quase noventa anos depois, na adaptação da Cia do Tijolo, Mariana Pineda continua a bordar sua bandeira, símbolo da Utopia. Nos intervalos da cantata, nos bastidores, os atores da montagem conversam, fazem cenas e cantam músicas de resistência, ampliando a discussão referente aos temas do amor, da liberdade e da revolução. Contemplado pelo PROAC – Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo, o espetáculo destacou-se com premiações no 26º Prêmio Shell (Cenário e Música), indicado ainda na categoria Direção; prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro 2013 na categoria Projeto Sonoro, com outras três indicações – Melhor Elenco, Trabalho em Espaço não Convencional e Projeto Visual; e indicação ao Prêmio Governador do Estado para a Cultura 2013.”.

Querem mais? Teve muito mais. Na apresentação de segunda duas pessoas foram convidadas para dar depoimentos num dos intervalos da peça, MILTON DOTA, DARCY RODRIGUES e PAULO NEVES. Na apresentação de terça, ARTHUR MONTEIRO e ROQUE FERREIRA. Arthur não falor de si, mas de um rico personagem que Bauru teve o privilégio de viver entre nós, o militante ALBERTO PEREIRA, que dentre tudo o que fez na vida, foi um dos participantes da Coluna Prestes. Roque também não falou de si, mas de um agrupamento dos ais significativos na cidade, o dos FERROVIÁRIOS e contou histórias, relembrou fatos marcantes da resistência dessa categoria profissional. Foi um momento mágico, envolvendo Bauru com todos os demais lembrados pela peça, desde Frei Tito a Iara Iavelberg, companheira de Carlos Lamarca. Aqui um pouco mais da peça: http://teatrojornal.com.br/2013/08/obra-de-lorca-sustenta-musical-da-cia-do-tijolo/. E para os curiosos, onde certamente não deverão estar nenhum dos prefeitáveis bauruenses, recomendo adentrarem o facebook da troupe: https://www.facebook.com/ciadotijolo/.

Poderia discorrer mais e mais sobre os maravilhamentos proporcionados por uma peça, onde o público interage com os atores, todos no palco, lado a lado e depois conversam, dialogam, ajudam a decifrar o enigma de Lorca, tudo feito em conjunto. A intenção aqui foi a publicar as fotos tiradas ontem, mostrar o que se perdeu não indo até o teatro e espiando pessoalmente, in loco quando algo assim aporta por Bauru. Volto aos prefeitáveis e vejo faltando quatro dias para o pleito. Deixo novamente no ar, a falta de interesse dos políticos (ou de boa parte deles, ou mais, parte significativa) em espiar, ou melhor, entender a Cultura. Essa sempre está relegado a um plano inferior dentro das campanhas e, consequentemente, dentro dos Governos.

Encerro esse escrito com um trecho de fala de uma pessoa do ramo, o diretor regional do SESC em São Paulo, DANILO MIRANDA, sobre essas coisas de Cultura e Política não se bicarem, em entrevista publicada na revista Brasileiros, edição nas bancas bauruenses, outubro 2016 “Não existe esse convencimento efetivo por parte da nossa elite dirigente de que a educação e a cultura são fundamentais para que o País melhore, cresça e se desenvolva no sentido pleno e não puramente no desenvolvimento econômico. Porque o desenvolvimento econômico sozinho não é efetivamente adequado, como também pode gerar ais problemas ao só quere melhorar a infraestrutura, só o material, o econômico. A gente precisa melhorar a condição da felicidade das pessoas, e aí que eu falo do bem estar social. Essa cultura é a tradução do que interessa para as pessoas”.

Mas vai colocar isso na cabeça deles, os nossos candidatos. Missão impossível.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

OS QUE FAZEM FALTA e OS QUE SOBRARAM (92)


AOS QUE LEVANTAM ÂNCORAS, NAVEGANDO PELO MAR DE SUAS ESPERANÇAS*
*Recebo esse texto abaixo de um amigo carioca, Pasqual Macariello, velho macanudo, aposentado da Petrobras, morador da Tijuca e torcedor do América. Ele ficou encantado com uma poesia e um texto sobre o mesmo que lhe chegou às mãos via e-mail. Fui conferir e ao ver tratar-se de algo sobre RODRIGUES DE ABREU, alguém que viveu seus piores e melhores momentos por essas plagas bauruenses e hoje, infelizmente, quase ninguém mais se lembra de quem tenha sido, leio e me emociono. Ele também dá nome para a Biblioteca Central ali junto do Teatro Municipal. Registro abaixo a missiva em louvor do texto, da poesia e do até então poeta desconhecido, que para orgulho dos que conhecem sua poesia, é grandioso, até pela forma como resistiu bravamente ao conservadorismo da época de sua existência. Fui refletir sobre tudo isso à minha volta e os olhos logo se encheram de lágrimas (pudera, Cris Jardim nos deixou hoje), pois poetar hoje em dia é mais necessário do que imagina nossa vã filosofia.

"Caros todos,
Minha voz de hoje será d’outrem. Durante três anos na década de 50, Rubem Braga manteve, na revista Manchete, a seção A poesia é necessária. O Sabiá da Crônica, o Fazendeiro dos Ares, o Urso de Cachoeiro, desenterrou poetas pouco divulgados, ou mesmo esquecidos, e reviveu grandes momentos dos gênios da rima e artesãos da palavra. Desta experiência, e também da colaboração para a Revista Nacional, nasceu uma bela antologia, editada 25 anos depois da morte de Rubem.

Lendo a seleção poética, esbarrei com um, para mim, ilustre desconhecido. Rodrigues de Abreu, nascido no interior de São Paulo no final do século XIX, viveu apenas trinta anos. A poesia escolhida por Rubem, Mar desconhecido, me pegou no contrapé. Ora, meus amigos, vamos e venhamos, não é todo dia que se tem essa fina sintonia (perdão pela rima involuntária e sofrível). Abreu fala do desafio de fugir da rotina, de navegar por rotas jamais desenhadas, da excitação e do desconforto da mudança. Por mais que se planeje, uma transição nunca é trivial, e a metáfora do mar revolto e misterioso é muito apropriada. Isso me faz lembrar de um filme do final dos anos 80, Tucker. Baseado em fatos reais, conta a história de Preston Tucker, projetista inquieto, que desenhou, nos anos 40, o modelo de um carro revolucionário, de preço competitivo e com equipamentos inéditos de segurança. Sabotado pelas grandes montadoras e seu lobby no Congresso americano, foi forçado a abandonar o projeto. No final do filme, com a pequena equipe em frangalhos, Tucker não parece ter sido atingido pelo fracasso e parte novamente rumo ao desconhecido. Quantos Tuckers existirão por aí ? Quantos marujos preferem ficar no cais, com medo de enjoo, e perdem crepúsculos deslumbrantes ? Quantos poetas, com qualidade igual ou superior à de Bob Dylan, mudam silenciosamente o mundo, a cada minuto, a cada esquina, fora do radar do prêmio Nobel ?

Agora, chega de blá-blá-blá. Respeitável público, com vocês Rodrigues de Abreu.
Abraço
Jacques".

Mar Desconhecido
Se eu tivesse tido saúde, rapazes,
não estaria aqui fazendo versos.
Já teria percorrido todo o mundo.
A estas horas, talvez os meus pés estivessem quebrando
o último bloco de gelo
da última ilha conhecida de um dos polos.
Descobriria um mundo desconhecido,
para onde fossem os japoneses
que teimam em vir para o Brasil...
Porque em minha alma se concentrou
toda a ânsia aventureira
que semeou nos cinco oceanos deste mundo
buques de Espanha e naus de Portugal!
Rapazes, eu sou um marinheiro!

Por isso em dia vindouro, nevoento,
porque há de ser sempre de névoa esse dia supremo,
eu partirei numa galera frágil
pelo Mar Desconhecido.
Como em redor dos meus antepassados
que partiram de Sagres e de Palos,
o choro estalará em derredor de mim.

Será agudo e longo como um uivo,
o choro de minha tia e minha irmã.
Meu irmão chorará, castigando, entre as mãos, o pobre
rosto apavorado.
E até meu pai, esse homem triste e estranho,
que eu jamais compreendi, estará soluçando,
numa angústia quase igual à que lhe veio,
quando mamãe se foi numa tarde comprida...

Mas nos meus olhos brilhará uma chama inquieta.
Não pensem que será a febre.
Será o Sant Elmo que brilhou nos mastros altos
das naves tontas que se foram à Aventura.

Saltarei na galera apodrecida,
que me espera no meu porto de Sagres,
no mais áspero cais da vida.
Saltarei um pouco feliz, um pouco contente,
porque não ouvirei o choro de minha mãe.
O choro das mães é lento e cansado.
E é o único choro capaz de chumbar à terra firme
o mais ousado mareante.

Com um golpe rijo cortarei as amarras.
Entrarei, um sorriso nos lábios pálidos,
pelo imenso Mar Desconhecido.
Mas, rapazes, não gritarei JAMAIS!
não gritarei NUNCA! não gritarei ATÉ A OUTRA VIDA!
Porque eu posso muito bem voltar do Mar Desconhecido,
para contar a vocês as maravilhas de um país estranho.
Quero que vocês, à moda antiga, me bradem BOA VIAGEM!,
e tenham a certeza de que serei mais feliz.
Eu gritarei ATÉ BREVE!, e me sumirei na névoa espessa,
fazendo um gesto carinhoso de despedida.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

BAURU POR AÍ (131)


A APROVAÇÃO APERTADA DE MOÇÃO CONTRA A PEC 241, ME FAZ LEMBRAR DE DOIS MOMENTOS ANTERIORES DA CÂMARA DE VEREADORES DE BAURU
Sessão de hoje, galeria lotada.

Coisa de um ano atrás foi lançado com certa pompa o nome de MARINHO LUTZ para dar nome ao eterno viaduto inacabado sob os trilhos bauruenses. Foi no dia em que o então presidente da Câmara, o Faria Neto proferiu a famosa frase “Hoje está acontecendo de tudo por aqui”. Aquele sessão foi histórica, pois após a fala de Roque Ferreira, apresentando o verdadeiro currículo do ex-diretor da NOB, alguns vereadores voltaram atrás, contrariaram forças ocultas dessa cidade e o povo venceu. Relembrem a história clicando aqui, pois eu contei tudo no mafuá: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=marinho+lutz.

Hoje tivemos mais uma sessão histórica, talvez a última nessa legislatura onde o povo ainda conseguiu uma vitória sobre as tais forças ocultas, as que comandarão a Câmara no início do novo ano. O mesmo Roque Ferreira, apresentou pedido de Moção de Repúdio contra a PEC 241, essa que infelicita o país e o coloca numa condição de aprisionamento da classe trabalhadora às masmorras dos patrões e de seus sabujos. Roque, na despedida de seu mandato, apresenta a moção e conclama militantes para lá comparecerem. Muitos atenderam seu pedido lotando as galerias hoje a tarde.

Antes de contar o final dessa história, conto outra, essa ocorrida semana passada e a refletir como as coisas estão mudando lá dentro de nossa Casa de Leis. Alguém apresentou um pedido de Título de Cidadão para um deputado, o VAZ LIMA. Arildo presidia a sessão e pede como manda o praxe, que se houvesse alguém contra que se pronunciasse naquele momento. Roque pediu a palavra e desancou com o deputado, pelo motivo mais óbvio desse mundo: ele sempre votou nos parlamentos onde esteve presente contra os interesses dos trabalhadores. Encerrada a fala do Roque, dura, precisa e necessária, Arildo segue o regimento e pergunta se mais alguém tem algo a dizer. Todos se calaram e ele então inicia a votação. Só Roque votou contra. Arildo seguiu a sessão sem mais uma palavra sobre o assunto. Para mim aquilo foi um marco, os vereadores estavam todos, depois de tudo o que acontecendo com esse país, com seus olhos, narizes, boca, pernas e culhões voltados para os interesses não dos trabalhadores, mas do atual (des)Governo.

Pronto, dito isso, volto para a votação de hoje, ocorrida ainda a pouco em plenário. Falar a favor da famigerada, cruel, insana PEC 241 me é impossível e o seria para qualquer pessoa sensata. Pois bem, Roque entrou com Moção de Repúdio e diante dessa desavergonhada “endireitada” que o país está passando, até achava que votaria quase sozinho, mas nosso nobre edil conseguiu a retumbante vitória de 8x7 e a sua moção acabou vitoriosa, mas bateu na trave. Eis os nomes dos que votaram contra a moção e são, portanto, favoráveis ao baú de maldades promovidas por essa triste medida golpista e contra os interesses da classe trabalhadora: Purini, Telma, Segalla, Milton Sardin, Artemio , Carlão e Paulo Eduardo. Marquemos esses nomes para todo o sempre como vendilhões do templo, desses que gostam de apunhalar leis trabalhistas e se posicionarem sempre ao lado dos algozes do povo. De Roque, nada a acrescentar a mais do que todos sabemos: nosso melhor vereador, vai fazer uma falta danada e está se despedindo com chave de ouro. Escrevam o que digo: Essa talvez a última votação desses novos tempos onde o povo ainda conseguiu sair vitorioso dentro da Câmara de Bauru. Eis os votos a favor da moção de repúdio: Roque, Raul, Natalino,Carlinho do PS, Markinho da Diversidade, Fábio Manfrinato, Moisés Rossi e Sandro Bussola.

Juntei Marinho Lutz, Vaz Lima e a PEC 241 no mesmo balaio para que todos sintam como anda o clima político em nossa cidade, estado e país. Oremos...

domingo, 23 de outubro de 2016

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (135)


TODO DOMINGO TEM DISSO

HISTÓRIA Nº 1:

COISAS DESSA VIDA QUE NÃO TEM PREÇO
Sair no sábado a noite para ouvir boa música no bar DONA PINGUETA, para ouvir dois belos músicos da terrinha, a cantora e tecladista Lu Bertoli e o baterista Paulo Saca, chegar lá ao lado de Ana Bia e se deparar, sentadinho na poltrona de entrada do lugar, como uma rara peça em exposição, um dos baluartes dessa cultura musical bauruense, o seu ZÉ DA VIOLA, é dessas coisas que dão alento à vida. Puxo o danado para nossa mesa e, além de ficarmos absortos com a musicalidade do lugar, tem o papo com esse lindo senhorzinho, algo que, deveríamos preservar em formol, para durar mais que uma vida inteira. São dessas pessoas a tornar uma cidade mais palatável, habitável e deglutível. Todos ao seu redor ganhamos com o bocadinho de proximidade ali conquistado. Seu Zé da Viola, para quem não sabe foi o primeiro a ser retratado, o nº 1, dos meus perfis aqui publicados, o "Personagens sem Carimbo - O Lado B de Bauru". Uma figura mais que lado B, ímpar por natureza.




HISTÓRIA Nº 2:
E NINGUÉM ESTAVA APTO PARA SOLUCIONAR O PROBLEMA DO MARCÍLIO
MARCÍLIO é ator. Além de tudo o que faz para sobreviver, ele tenta ganhar a vida atuando e sua mais famosa interpretação é quando se traveste de Carlitos. Incorpora com a roupa preta chapliniana, sendo quase impossível hoje saber quando é Maurílio e quando é o personagem principal de sua vida. Na única saída do mafuá permitida diante de uma correria da qual estou investido, eis que me deparo com ele a me pedir algo na feira dominical: "Você vai me resolver uma coisa, tenho certeza". Daí abre sua bolsa e dela tira uma gravata. "Desatei o nó e não acerto o danado". Criou um grande problema, pois nunca fui bom nisso. Leve o problema para uns tantos na mesa lá na Feira do Rolo, mais de dez e para espanto geral, ninguém sabia. Foi uma risada só e muitos presenciaram a cena. De um dos cantos, sem conhecer ninguém do grupo onde estávamos, eis que aparece alguém assim do nada e se propõe a solucionar a charada. E resolve. Maurílio todo contente o abraça e a cena, tão simples, singela é a demonstração de que, por muitas vezes alguns tão pequenos problemas nos atravancam a vida e tornam tudo mais complicado, difícil, quase intransponível. Ele fica todo feliz e ganhamos o dia com sua alegria, pois o que faltava para se transformar em Carlitos estava resolvido. E ganhamos o domingo com sua alegria.

sábado, 22 de outubro de 2016

MEMÓRIA ORAL (203)


AZARIAS LEITE Nº 1-82 E MAIS UM BARRACÃO FÉRREO ESTÁ VINDO ABAIXO
Essa edificação hoje sendo posta abaixo fez parte da história dessa aldeia bauruense e está localizada ali na quadra dois da rua Azarias Leite, bem defronte o prédio do INSS. Um imenso barracão, que nos últimos tempos estava sendo utilizado com estacionamento de veículos. O danado tem muita história vivida ali no seu interior e arredores. Do seu lado direito, uma outra edificação de importância histórica, uma casa construída pelo pessoal da Rede, ou seja, pelos ferroviários da Noroeste do Brasil, uma que foi pujante por essas plagas.

Saber ao certo o que ali esteve instalado eu não sei. Ouço por repetidas vezes muitos dizendo que ali funcionou a Cooperativa de Abastecimento dos Funcionários da Rede, ou seja, ela onde esses buscavam mês após mês os mantimentos para preencherem suas dispensas. Si, tenho recordação de ali ter funcionado um supermercado, ou seja, deve ter sido mesmo a tal cooperativa. Enfim, são tantas edificações remontando a história da ferrovia nessa cidade que, muitas delas passam batido.

Tenho lembrança de ver ali circulando um personagem significativo daquela região da cidade, o seu Meca. Era um senhor bem alto, magro, andava com aqueles carrões gastadores de combustível, tipos mais imponentes que o Opala e o via sempre por ali. Não sei estabelecer a relação dele com o imóvel, talvez tenha sido um dos últimos herdeiros ou coisa parecida. O que sei é que esse senhor Meca, teve por muito tempo sob sua responsabilidade a banca de revistas do terminal rodoviário de Bauru, antes da Vera Tamião e do seu marido, Valdir ali se estabelecerem. Ia comprar o carioca Jornal do Brasil com ele, conversávamos muito e acredito que tenha até desabafado algo as tais perdas propiciadas pela vida e dos motivos de ter ido parar ali numa banca de revistas, mas como não me recordo direito dessas conversas, prefiro deixa-las de lado. Sei ter o Meca algo a ver com esse imóvel hoje já destelhado e em mais alguns dias, colocado definitivamente no chão.

Quem executa o sérvio de demolição é o nosso mais famoso demolidor, o Chiquinho Demolidor, da RB Demolições, localizada lá nas barrancas dos trilhos e de um córrego na Nova Esperança. Chiquinho não tem culpa nenhuma e acredito que essa edificação, dentro da atual conjuntura e com vários imóveis férreos já tombados, não devesse mesmo ser mantida ad eternum. A demolição faz parte da vida do Chico e também de velhos centros comerciais país afora. Deteriorado e desgastado pelo tempo, o imóvel estava subutilizado e num local um tanto esquisito no centro antigo da cidade, já não devia atender nem as expectativas como estacionamento. Não me perguntem sobre o destino que será dado ao terreno, pois Chico como bom executor do seu ofício, colocará tudo abaixo em alguns dias.

Havia visto o telhado sendo posto abaixo dias atrás e ontem reencontrei seu Chico. Liberou meu acesso até lá e estive acompanhando o trabalho do seu pessoal nas atividades de marretar as estruturas do prédio. Cheguei a tempo de ver a bela armação de madeira do telhado intacta, já sem as telhas, mas imponente e tendo no centro, uma cúpula, algo bem comum nas construções de épocas passadas. Era, além de outras finalidades, feita para circular o vento dentro da construção. Tentei buscar na construção algo bem comum na época, a data ali gravada, ou numa placa ou mesmo em reboque, mas nada encontrei. A fachada ainda este em pé e um pequeno tapume colocado na calçada divide o que resta com a rua ali defronte.

Escrevo isso tudo não para protestar com nada do que vi ocorrendo. Demolir e reconstruir, reutilizar locais é algo natural na vida das cidades. Meu registro é mais no sentido de com as fotos perpetuar, deixar registrado um algo mais, tentar resgatar um pouco da história desses locais. Daí, diante de todo esse longo texto, proponho aos que souberem algo sobre esse prédio que me ajudem a reconstituir um pouco de sua história. Só isso. Que me auxilia nessa empreitada?

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

RETRATOS DE BAURU (193)


CHICO DEMOLIDOR COLOCOU ABAIXO BOA PARTE DESSA CIDADE
Conheci ontem, ou melhor revi, após longo tempo sem botar os olhos nele, um atarracado senhor, que me reconheceu e logo ao meu ver foi se lembrar de algo passado, acredito que lá no distante 2006 ou 2007, quando foi demolido o Hospital Salles Gomes (também conhecido por aqui como Banuth). Estive lá, com uma turma do CODEPAC, o Conselho Defesa do Patrimônio, que presidia e ele, com uma memória de elefante, reavivou minha memória. Ele estava lá a demolir aquela edificação e eu, buscando resgatar algo, mas tudo já estava irremediavelmente perdido. Conto a história desse senhor, algo tão envolvente, que certamente daria um livro. Por hoje fico nessas poucas palavras.

FRANCISCO BELISÁRIO CORDEIRO, 61 anos é o famoso CHICO DEMOLIDOR. A segunda denominação foi juntada ao seu primeiro apelido, pois após mais de 34 anos só botando abaixo edificações dos mais diferentes tipos, foi normalmente incorporada e aceita. Sua história em Bauru remonta o anos de 1977, quando aqui aportou vindo Ceará, sua terra natal. Por algum tempo foi vigia no IBC – Instituto Brasileiro do Café, tomando conta de tudo por lá com seus olhos de lince e por mais de duas décadas atuou como vigia na Receita Federal. Em 1982, não se esquece mais, convidado por Dolírio Silva fez para ele a demolição de uma casa, pegou gosto e seguiu em frente, pegando experiência e fama. Não mais parou e passado esse tempo todo, hoje muito brincam ao vê-lo: “Eis quem bota essa cidade abaixo”. Homem de poucas palavras, muito observador, contido, comanda uma equipe de pessoas próximas dele, nesse serviço bruto, onde pega a empreitada de botar tudo abaixo, depois vende o que coletou, para remunerar os seus. Continua do mesmo jeito que começou, pagando as contas, mas sem sobrar muita coisa disso tudo. Hoje mora num terreno numa beirada de vila, na Nova Esperança, passando o viaduto dos trilhos férreos e virando à direita, em um local todo remontado com madeira advinda das demolições. Anda com suas roupas todas amassadas, mas mantendo algo que o guia a vida inteira, a integridade. Parando para conversar, ele vai desfiando o rosário e as peripécias de tantas demolições: Casa Rasi, Pernambucanas, Bradesco, casas nobres e menos nobres, redutos chiques e menos chiques, tudo posto abaixo com a força de sua marreta.

Vivências feitas de “sangue, suor e lágrimas” são revividas aqui no www.mafuadohpa.blogspot.com

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

FRASES DE UM LIVRO LIDO (107)


PORQUE ME UFANO DO EVENTO “BLOGANDO”: PENSANDO CONTRA OS FATOS...

O tal do evento “Blogando Bauru – Conectando Possibilidades” está na sua 5ª edição e acontece na cidade nos dias 21 e 22 de outubro, lá no SESI Horto. Em anos anteriores pensei em dar uma espiada, uma vez que mantenho um blog em plena atividade desde o ano de 2007. Nesse período todo tenho tentando manter a regularidade de um post diário e com temas os mais controversos possíveis, muitos dos quais não vejo debate algum na mídia tradicional. Escrevo de tudo, muito do que vai pela minha cabeça, o meu modo de pensar e encarar esse mundo e, principalmente, algo a me corroer por dentro (e por fora) e, agora percebo, tudo muito bem fundamentado num livro que acabo de ler para o mestrado, o “Pensando contra os fatos – Jornalismo e Cotidiano: do senso comum ao senso crítico”, da professora de Comunicação Sylvia Moretzshn.

Não fui das outras vezes e não irei dessa, mesmo sendo blogueiro, pois vejo que as abordagens feitas no evento não pertencem a minha praia, nem a postulada pela prática exposta no livro. Se bem entendi o que li, “mudar o mundo, exige você pensar contra os fatos”, daí olhei para a lista dos palestrantes de algo concebido com um dito bem avançado, o de contribuir para a “produção de conteúdo para as mídias sociais, marketing digital, empreendedorismo social, ativismo LGBT, Branded Content, SAC 3.0 e Branding”, mas fora do meu foco, ou seja, fala de uma coisa, mas não na minha linguagem.
Como ando na contramão de estar inserido no atual sistema, ou seja, não quero adentrar, usufruir de todas suas benesses (algumas impossíveis de não serem utilizadas, enfim, preciso sobreviver), daí prefiro não me inteirar de como posso ter facilidades para melhor obter rendimentos com a coisa. Não penso em ter meu modesto e singelo blog, o “Mafuá do HPA” atrelado aos “interesses empresariais dos conglomerados de mídia, a uma indistinção cada vez maior entre entretenimento e jornalismo”, pois nesse tempo todo nunca pensei em postular ter uns relés anúncios para patrocinar o que ali escrevo e publico. Nem sei se isso tiraria minha liberdade e independência, mas prefiro me manter como esse “lobo solitário”, escrevendo o que me vai na veneta, sem eira nem beira, só com as atrelações e impedimentos pelo que penso e como penso (e olha que isso já é muito).

Sylvia Moretzshn tem uma frase das mais marcantes no livro e a uso para declinar (mesmo sem ter sido convidado, apesar do convite ser público) de participar do evento Blogando. Eis o danado: “Quero pesquisar o povo, a cultura e suas relações políticas – e não ficar amarrado nessa engenhoca de reprodução do capital”. Simples assim. Se for lá vou aprender como ganhar dinheiro com isso e é exatamente o que não quero do meu blog. Deixa tudo continuar sendo tocado do jeito que está e tudo estará bem, ou seja, aos trancos e barrancos, mas seguindo em frente. Eu sei que não vou alterar o estado das coisas participando de algo assim, pois não posso acreditar ser o “mercado” e suas cruéis leis a solução para tudo, sendo que minha querência é para seguir por uma estradinha vicinal, olhando isso tudo de soslaio, sem me juntar a eles. Não que eu tenha a pretensão de ser melhor que eles, longe disso. O que não quero é aprender como ganhar dinheiro com isso que faço por prazer. Sei que vai virar e dar merda se o fizer.

Estou cada vez mais farto das tais “obrigações escolares”, as que te fazem agir dentro de uma rotina pré-estabelecida, agindo como manada, tipo: se seguir tudo o que te ensinamos, tudo o que está na cartilha vai ser bem sucedido e vai prosperar no mundo dos negócios. Cansei de me conformar com a mediocridade da vida e livros como esse que uso para não me juntar ao Blogando, são o baluarte, a minha tábua de salvação, onde me seguro, escoro e com eles navego nesses turbulentos mares dos tempos atuais, onde tudo conspira e favorece para você capitular, aderir, fazer parte. A mestra do livro ensina um algo mais, que acho que já pratico: “o fruto do nosso esforço resulta de um ato de amor”. E ela lembra magistralmente de Carl Sagan para os motivos de sua dedicação à ciência e às questões sociais: “eu fiz tudo isso para ser digno do respeito de minha mulher”. Daí, ela conclui com algo que me petrificou e quero dele fazer uso para tudo o mais que ainda possa produzir nessa vida: “Procurar ser digno do respeito dos nossos amigos, daqueles a quem tanto admiramos, é certamente uma boa justificativa para prosseguir”.
Sylvia, autora do livro.

Desculpe se fui inconveniente com o pessoal do Blogando, todos muito opinativos, certos de seus motivos, com suas razões, mas acho necessário também alguém ser do contra e declarar isso. O livro da mestra pode ser encontrado nesses sites tipo Mercado Livre e por módicos preços e recomendo a tudo, todas e todos, pois abre mentes, reconduz e refaz caminhos, desde que não estejamos já totalmente contaminados e dominados por esse tal de “caminho único”. Eu, acreditando que um outro mundo é possível, aposto na inconformidade proposta, pois quero ao meu modo e jeito tentar modificar isso tudo e não será aderindo que o farei. Daí, como quero buscar algo para alterar uma realidade que nos oprime, estou à busca de outras saídas (entradas também) e como sei que os fatos nem sempre são o que lhe parece, sinto em informar, mas o “Blogando” não me interessa. Eu sou mesmo um Zé Mané e o Mafuá idem...

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (113)


LINCHAR CUNHA NOS AEROPORTOS OU ESTELA AQUI EM BAURU É A BÁRBARIE – EIS O QUE PENSO DE UMA COISA E DOUTRA
Dia quente, corrido, atribulado e com pouco espaço para escrevinhações. Tento produzir uma em pouquíssimas letrinhas. Lá vai. O ex-deputado, já cassado Eduardo Cunha hoje foi detido pela Polícia Federal e levado às masmorras do Lava Jato. Bom isso? Talvez. Se o motivo for plausível, sim, se for para amaciar a população visando prender o ex-presidente Lula, acredito que dará com os burros n’água. Isso uma coisa. Outra foram duas agressões sofridas pelo ex-deputado, ambas ocorridas no Aeroporto Santos Dumont, uma na ida para Brasília e outra quando retornava. Os vídeos virilizaram pelas redes sociais. Para assistir o primeiro clique a seguir: http://www.midiamax.com.br/…/video-cunha-agredido-aeroporto…. Para ler sobre os xingamentos dados para esposa de Cunha no banheiro de um shopping clique a seguir: http://www.jb.com.br/…/mulher-de-eduardo-cunha-e-hostiliza…/. Tem um outro vídeo, mas não encontrei o link.

Extraio do blog Pragmatismo Político um texto muito bom para discussão séria sobre agressões, linchamentos e afins. Vamos a ele:

“Por que não devemos comemorar a agressão a Eduardo Cunha - Vídeo que viralizou nas redes sociais mostra Eduardo Cunha levando 'uns tapas' de uma senhora no aeroporto. A revolta é compreensível. Vê-lo humilhado pode dar satisfação a muita gente. Mas não é cabível cruzar essa linha civilizatória. E se aquilo se transforma num linchamento? Ou linchamentos são aceitáveis desde que “do lado certo”? Não há nada a ser comemorado no fato de alguém ter agredido fisicamente Eduardo Cunha. Nada. O vídeo viralizou. O deputado cassado está empurrando seu carrinho de bagagem no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, quando uma senhora sai correndo atrás dele. Ela se aproxima e começa a desferir golpes com o que parece ser sua bolsa. Ouvem-se alguns passantes hostilizando-o. “Roubou o Brasil!”, fala um sujeito. Outro manda ver o clássico “Fora, Cunha!”. O cara que filma a confusão vibra. “Pega o Cunha, senhora!”, diz ele, rindo. Ela desiste num determinado momento. Cunha continua caminhando em direção ao portão de embarque. É compreensível a revolta com Eduardo Cunha. Vê-lo humilhado pode dar satisfação a muita gente. Mas não é cabível cruzar essa linha civilizatória. Qual o limite? E se aquilo se transforma num linchamento? Ou linchamentos são aceitáveis desde que “do lado certo”? O resultado disso? Cunha sai como vítima. Acusa agora a agressora de “estar com um grupo do PT”. Afirma que vai processá-la. Passará a andar com seguranças. O Brasil já está sobrecarregado de ódio e revolta. Chega. O canalha que chuta o mendigo não pode ser imitado. “Responder com violência à violência multiplica a violência, colocando uma escuridão ainda mais profunda à noite já desprovida de estrelas. A escuridão não pode eliminar a escuridão: só a luz pode fazer isso”, disse Martin Luther King. Ou isso ou a barbárie. E na barbárie não há vitória.”, texto escrito por Kiko Nogueira do Diário do Centro do Mundo.

Dito, lido, pensando e repensado sobre tudo isso, transporto tudo para a aldeia bauruense. Sempre tem um caso meio que similar ocorrendo nas hostes bauruenses. Ocorreu com a ainda prefeita da cidade, Estela Almagro PT. Dias atrás teve sua residência invadida durante a noite e foi notícia. Aqui o registro feito pelo Jornal da Cidade em 09/06:http://www.jcnet.com.br/…/viceprefeita-de-bauru-tem-casa-in…. Faço um preâmbulo sobre essa personagem da vida pública bauruense, pela qual não nutro nenhuma simpatia. Tenho comigo que, todos os problemas de fisiologismo que o Partido dos Trabalhadores passa hoje decorre de atitudes de pessoas agindo ao longo dos últimos anos exatamente como ela. Destruíram o PT, fizeram acordos, coligações, conchavos e tudo o mais jogando esse até então transformador partido, numa vala comum, caminho quase sem volta. Sem entrar em detalhes, para não me alongar mais do que o devido, concluo afirmando ter todos os motivos para ser oposição a tudo o que possa ainda representar Estela Almagro no campo político. Porém, minhas críticas e contrariedade não me levam a passar o sinal, nem com ela, nem com Eduardo Cunha, nem com ninguém.

O que li sobre as agressões ao ex-deputado se equiparam as feitas à Estela Almagro, que se não foi agredida fisicamente, o foi de muitas outras formas e jeitos. Não compartilho com nada feito desse modo e maneira. Para não me estender, vejo que o que leram aí no alto, escritos pelo Kiko Nogueira referente ao Cunha, valem em igual teor para agressões sofridas por Estela. Vou continuar sendo referro opositor a ambos, com nenhuma possibilidade de concordância com métodos, maneiras e meios de ambos exercerem a política, mas quando cai nessa vala hoje muito comum, a do linchamento bestial pelas redes sociais e presenciais, deixo claro: TÔ FORA. Que nossa Justiça, lenta e parcial favorece isso, não tenho a menor dúvida. Luto também pelo restabelecimento do Judiciário hoje atuando partidarizado e de tudo o mais, sem bestiais agressões, até porque não as vejo como nenhuma conotação revolucionária e transformadora (e seriam essas as do lado certo?). Linchamentos só embosteiam mais e mais o cenário já conturbado onde estamos metidos até o pescoço. Daí a frase do Kiko é para ser entendida na sua mais profunda exatidão: "O canalha que chuta o mendigo não pode ser imitado".

terça-feira, 18 de outubro de 2016

FRASES (148)


AS HISTÓRIAS SE ENTRELAÇAM QUE É UMA BELEZA – A CARTA DE MORO PARA A FOLHA E A LIGAÇÃO TELEFÔNICA PARA O CHEFE DE REDAÇÃO EM BAURU

Primeiro foi o cientista político e físico Rogério Cézar de Cerqueira Leite, que num artigo na Folha de SP, 11/10, chegou a comparar acertadamente o juiz Sergio Moro, o da Lava Jato com os inquisidores da Idade Média, denominando-o de “justiceiro messiânico”. Foi em “Desvendando Moro”. O juiz respondeu, veladamente conclamando para que a Folha praticasse “censura” em certos casos, ou seja, quando o citassem com críticas, fossem as mesmas engavetadas. A resposta dele saiu publicada dois dias depois. Entenda melhor o caso lendo ambas as cartas clicando a seguir:http://www.pragmatismopolitico.com.br/…/sergio-moro-se-irri…. O físico, antigo articulista da Folha respondeu dessa forma:http://www.ocafezinho.com/…/a-treplica-de-cerqueira-leite-…/. Claro, o cientista está com a razão e o juiz, quis fazer valer sua força e tentar demonstrar como a Folha deve agir quando num regime de exceção.

Isso posto, me volto para Bauru, essa varonil terra onde tudo se repete, algumas vezes como farsa, adicionadas com pitadas contendo um pouco mais da surrealidade do interior do oeste paulista. Aqui temos muitos personagens apostando serem mais realistas que o rei, daí acontecimentos inverossímeis. Nas redes sociais repercutiu de forma grandiosa a solidariedade ao vereador Roque Ferreira PSOL, que após não conseguir se reeleger, teve o tema questionado num programa de rádio, “Como ficaria nossa Câmara sem Roque Ferreira?”, indagação feita por Paulo Sérgio Simonetti. Na bancada do programa, Reinaldo Cafeo, economista favorável às leis do mercado como única saída para tudo, lépido e sagaz respondeu: “Melhor”. Foi o que bastou para vicejar nas redes, respostas e apoio vindos de todos os lados para Roque, hoje, sem sombras de dúvidas, o mais atuante vereador da Câmara de Vereadores de Bauru. Tudo gerou até uma campanha: “Cala a boca, Cafeo” (talvez já sendo transformado em refrão para marchinha no Carnaval 2017, do bloco farsesco, burlesco e algumas vezes carnavalesco, o Bauru Sem Tomate é MiXto).
VOLTA, MARIA DALVA...


Encontro Roque na feira dominical e lhe questiono sobre o assunto. Ele se limita a me responder ter tomado conhecimento que o economista ficou bravo, pelo fato de ter presenciado tanto apoio ao vereador e nenhum ao economista. Ficamos nisso, mas depois tomo conhecimento de algo mais. Dentre esses apoios, alguns de jornalistas, muitos lotados em empresas jornalísticas da cidade, privadas e públicas. Em pelo menos um deles, ligaram para o chefe de um (a) jornalista em algo muito parecido com o que Moro fez com a Folha: “Pelo alto conceito da empresa sob sua responsabilidade, não pega bem, um jornalista daí prestar explícito apoio a algo dessa natureza”. Mais não digo, mas confesso, o diálogo deve ter sido nos mesmos moldes da cartinha do Moro. Imaginem algo como a solicitação de uma coletiva reunião nessa empresa jornalística e ali estabelecido a propositura de um cala boca generalizado diante de posicionamentos pessoais de jornalistas para com POSTURAS de figurões da cidade "Sendo a favor, PODE, contra NÃO PODE".

Diante do exposto, como o tema foi muito discutido na feira dominical, nas muitas rodas existentes no local, estará rolando nos próximos dias um abaixo assinado para ser entregue ao proprietário da FM onde o programa de rádio se sucede e esse tem por título: “Volta Maria Dalva”.