quarta-feira, 19 de outubro de 2016

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (113)


LINCHAR CUNHA NOS AEROPORTOS OU ESTELA AQUI EM BAURU É A BÁRBARIE – EIS O QUE PENSO DE UMA COISA E DOUTRA
Dia quente, corrido, atribulado e com pouco espaço para escrevinhações. Tento produzir uma em pouquíssimas letrinhas. Lá vai. O ex-deputado, já cassado Eduardo Cunha hoje foi detido pela Polícia Federal e levado às masmorras do Lava Jato. Bom isso? Talvez. Se o motivo for plausível, sim, se for para amaciar a população visando prender o ex-presidente Lula, acredito que dará com os burros n’água. Isso uma coisa. Outra foram duas agressões sofridas pelo ex-deputado, ambas ocorridas no Aeroporto Santos Dumont, uma na ida para Brasília e outra quando retornava. Os vídeos virilizaram pelas redes sociais. Para assistir o primeiro clique a seguir: http://www.midiamax.com.br/…/video-cunha-agredido-aeroporto…. Para ler sobre os xingamentos dados para esposa de Cunha no banheiro de um shopping clique a seguir: http://www.jb.com.br/…/mulher-de-eduardo-cunha-e-hostiliza…/. Tem um outro vídeo, mas não encontrei o link.

Extraio do blog Pragmatismo Político um texto muito bom para discussão séria sobre agressões, linchamentos e afins. Vamos a ele:

“Por que não devemos comemorar a agressão a Eduardo Cunha - Vídeo que viralizou nas redes sociais mostra Eduardo Cunha levando 'uns tapas' de uma senhora no aeroporto. A revolta é compreensível. Vê-lo humilhado pode dar satisfação a muita gente. Mas não é cabível cruzar essa linha civilizatória. E se aquilo se transforma num linchamento? Ou linchamentos são aceitáveis desde que “do lado certo”? Não há nada a ser comemorado no fato de alguém ter agredido fisicamente Eduardo Cunha. Nada. O vídeo viralizou. O deputado cassado está empurrando seu carrinho de bagagem no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, quando uma senhora sai correndo atrás dele. Ela se aproxima e começa a desferir golpes com o que parece ser sua bolsa. Ouvem-se alguns passantes hostilizando-o. “Roubou o Brasil!”, fala um sujeito. Outro manda ver o clássico “Fora, Cunha!”. O cara que filma a confusão vibra. “Pega o Cunha, senhora!”, diz ele, rindo. Ela desiste num determinado momento. Cunha continua caminhando em direção ao portão de embarque. É compreensível a revolta com Eduardo Cunha. Vê-lo humilhado pode dar satisfação a muita gente. Mas não é cabível cruzar essa linha civilizatória. Qual o limite? E se aquilo se transforma num linchamento? Ou linchamentos são aceitáveis desde que “do lado certo”? O resultado disso? Cunha sai como vítima. Acusa agora a agressora de “estar com um grupo do PT”. Afirma que vai processá-la. Passará a andar com seguranças. O Brasil já está sobrecarregado de ódio e revolta. Chega. O canalha que chuta o mendigo não pode ser imitado. “Responder com violência à violência multiplica a violência, colocando uma escuridão ainda mais profunda à noite já desprovida de estrelas. A escuridão não pode eliminar a escuridão: só a luz pode fazer isso”, disse Martin Luther King. Ou isso ou a barbárie. E na barbárie não há vitória.”, texto escrito por Kiko Nogueira do Diário do Centro do Mundo.

Dito, lido, pensando e repensado sobre tudo isso, transporto tudo para a aldeia bauruense. Sempre tem um caso meio que similar ocorrendo nas hostes bauruenses. Ocorreu com a ainda prefeita da cidade, Estela Almagro PT. Dias atrás teve sua residência invadida durante a noite e foi notícia. Aqui o registro feito pelo Jornal da Cidade em 09/06:http://www.jcnet.com.br/…/viceprefeita-de-bauru-tem-casa-in…. Faço um preâmbulo sobre essa personagem da vida pública bauruense, pela qual não nutro nenhuma simpatia. Tenho comigo que, todos os problemas de fisiologismo que o Partido dos Trabalhadores passa hoje decorre de atitudes de pessoas agindo ao longo dos últimos anos exatamente como ela. Destruíram o PT, fizeram acordos, coligações, conchavos e tudo o mais jogando esse até então transformador partido, numa vala comum, caminho quase sem volta. Sem entrar em detalhes, para não me alongar mais do que o devido, concluo afirmando ter todos os motivos para ser oposição a tudo o que possa ainda representar Estela Almagro no campo político. Porém, minhas críticas e contrariedade não me levam a passar o sinal, nem com ela, nem com Eduardo Cunha, nem com ninguém.

O que li sobre as agressões ao ex-deputado se equiparam as feitas à Estela Almagro, que se não foi agredida fisicamente, o foi de muitas outras formas e jeitos. Não compartilho com nada feito desse modo e maneira. Para não me estender, vejo que o que leram aí no alto, escritos pelo Kiko Nogueira referente ao Cunha, valem em igual teor para agressões sofridas por Estela. Vou continuar sendo referro opositor a ambos, com nenhuma possibilidade de concordância com métodos, maneiras e meios de ambos exercerem a política, mas quando cai nessa vala hoje muito comum, a do linchamento bestial pelas redes sociais e presenciais, deixo claro: TÔ FORA. Que nossa Justiça, lenta e parcial favorece isso, não tenho a menor dúvida. Luto também pelo restabelecimento do Judiciário hoje atuando partidarizado e de tudo o mais, sem bestiais agressões, até porque não as vejo como nenhuma conotação revolucionária e transformadora (e seriam essas as do lado certo?). Linchamentos só embosteiam mais e mais o cenário já conturbado onde estamos metidos até o pescoço. Daí a frase do Kiko é para ser entendida na sua mais profunda exatidão: "O canalha que chuta o mendigo não pode ser imitado".

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