quinta-feira, 20 de outubro de 2016

FRASES DE UM LIVRO LIDO (107)


PORQUE ME UFANO DO EVENTO “BLOGANDO”: PENSANDO CONTRA OS FATOS...

O tal do evento “Blogando Bauru – Conectando Possibilidades” está na sua 5ª edição e acontece na cidade nos dias 21 e 22 de outubro, lá no SESI Horto. Em anos anteriores pensei em dar uma espiada, uma vez que mantenho um blog em plena atividade desde o ano de 2007. Nesse período todo tenho tentando manter a regularidade de um post diário e com temas os mais controversos possíveis, muitos dos quais não vejo debate algum na mídia tradicional. Escrevo de tudo, muito do que vai pela minha cabeça, o meu modo de pensar e encarar esse mundo e, principalmente, algo a me corroer por dentro (e por fora) e, agora percebo, tudo muito bem fundamentado num livro que acabo de ler para o mestrado, o “Pensando contra os fatos – Jornalismo e Cotidiano: do senso comum ao senso crítico”, da professora de Comunicação Sylvia Moretzshn.

Não fui das outras vezes e não irei dessa, mesmo sendo blogueiro, pois vejo que as abordagens feitas no evento não pertencem a minha praia, nem a postulada pela prática exposta no livro. Se bem entendi o que li, “mudar o mundo, exige você pensar contra os fatos”, daí olhei para a lista dos palestrantes de algo concebido com um dito bem avançado, o de contribuir para a “produção de conteúdo para as mídias sociais, marketing digital, empreendedorismo social, ativismo LGBT, Branded Content, SAC 3.0 e Branding”, mas fora do meu foco, ou seja, fala de uma coisa, mas não na minha linguagem.
Como ando na contramão de estar inserido no atual sistema, ou seja, não quero adentrar, usufruir de todas suas benesses (algumas impossíveis de não serem utilizadas, enfim, preciso sobreviver), daí prefiro não me inteirar de como posso ter facilidades para melhor obter rendimentos com a coisa. Não penso em ter meu modesto e singelo blog, o “Mafuá do HPA” atrelado aos “interesses empresariais dos conglomerados de mídia, a uma indistinção cada vez maior entre entretenimento e jornalismo”, pois nesse tempo todo nunca pensei em postular ter uns relés anúncios para patrocinar o que ali escrevo e publico. Nem sei se isso tiraria minha liberdade e independência, mas prefiro me manter como esse “lobo solitário”, escrevendo o que me vai na veneta, sem eira nem beira, só com as atrelações e impedimentos pelo que penso e como penso (e olha que isso já é muito).

Sylvia Moretzshn tem uma frase das mais marcantes no livro e a uso para declinar (mesmo sem ter sido convidado, apesar do convite ser público) de participar do evento Blogando. Eis o danado: “Quero pesquisar o povo, a cultura e suas relações políticas – e não ficar amarrado nessa engenhoca de reprodução do capital”. Simples assim. Se for lá vou aprender como ganhar dinheiro com isso e é exatamente o que não quero do meu blog. Deixa tudo continuar sendo tocado do jeito que está e tudo estará bem, ou seja, aos trancos e barrancos, mas seguindo em frente. Eu sei que não vou alterar o estado das coisas participando de algo assim, pois não posso acreditar ser o “mercado” e suas cruéis leis a solução para tudo, sendo que minha querência é para seguir por uma estradinha vicinal, olhando isso tudo de soslaio, sem me juntar a eles. Não que eu tenha a pretensão de ser melhor que eles, longe disso. O que não quero é aprender como ganhar dinheiro com isso que faço por prazer. Sei que vai virar e dar merda se o fizer.

Estou cada vez mais farto das tais “obrigações escolares”, as que te fazem agir dentro de uma rotina pré-estabelecida, agindo como manada, tipo: se seguir tudo o que te ensinamos, tudo o que está na cartilha vai ser bem sucedido e vai prosperar no mundo dos negócios. Cansei de me conformar com a mediocridade da vida e livros como esse que uso para não me juntar ao Blogando, são o baluarte, a minha tábua de salvação, onde me seguro, escoro e com eles navego nesses turbulentos mares dos tempos atuais, onde tudo conspira e favorece para você capitular, aderir, fazer parte. A mestra do livro ensina um algo mais, que acho que já pratico: “o fruto do nosso esforço resulta de um ato de amor”. E ela lembra magistralmente de Carl Sagan para os motivos de sua dedicação à ciência e às questões sociais: “eu fiz tudo isso para ser digno do respeito de minha mulher”. Daí, ela conclui com algo que me petrificou e quero dele fazer uso para tudo o mais que ainda possa produzir nessa vida: “Procurar ser digno do respeito dos nossos amigos, daqueles a quem tanto admiramos, é certamente uma boa justificativa para prosseguir”.
Sylvia, autora do livro.

Desculpe se fui inconveniente com o pessoal do Blogando, todos muito opinativos, certos de seus motivos, com suas razões, mas acho necessário também alguém ser do contra e declarar isso. O livro da mestra pode ser encontrado nesses sites tipo Mercado Livre e por módicos preços e recomendo a tudo, todas e todos, pois abre mentes, reconduz e refaz caminhos, desde que não estejamos já totalmente contaminados e dominados por esse tal de “caminho único”. Eu, acreditando que um outro mundo é possível, aposto na inconformidade proposta, pois quero ao meu modo e jeito tentar modificar isso tudo e não será aderindo que o farei. Daí, como quero buscar algo para alterar uma realidade que nos oprime, estou à busca de outras saídas (entradas também) e como sei que os fatos nem sempre são o que lhe parece, sinto em informar, mas o “Blogando” não me interessa. Eu sou mesmo um Zé Mané e o Mafuá idem...

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