domingo, 9 de outubro de 2016

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (91)


PARA SEMPRE, TRAJANO*

* Reproduzo texto recebido do amigo Marcos Paulo Resende, o Comunista em Ação, sobre algo a envolver um dos maiores jornalistas do país:

"Pessoal, algo que eu já esperava aconteceu semana passada, a ESPN Brasil demitiu o seu idealizador José Trajano. Desde que teve problemas de saúde e se afastou da direção da emissora, mudanças para o mal vem ocorrendo na ESPN que perdeu toda a sua cara social e de liberdade implementada pelo Trajano.
Ele sempre foi uma das minhas maiores inspirações, um cara de bem, fala o que pensa doa a quem doer, se tivéssemos mais pessoas assim, com certeza o Brasil seria um lugar melhor.
Todos na ESPN devem seus empregos ao Trajano que jamais demitiu alguém por divergências de opiniões, agora o expulsam de sua casa, imagino a tristeza sentida por ele.
Deixo abaixo uma matéria e entrevista do Diário Centro Mundo com o Trajano feita esta semana falando do ocorrido.

Trajano vive, para sempre!!!

Camarada Insurgente Marcos".


“O macartismo está no ar”: José Trajano fala ao DCM. Por Kiko Nogueira
O jornalista José Trajano foi demitido da ESPN depois de 21 anos de casa na semana passada. Um dos comentaristas esportivos mais conhecidos do país, âncora do “Linha de Passe”, ele tem como marca registrada adjacente a militância política.
Brizolista, Trajano se manifestou em diversas ocasiões contra a escalada da direita, especialmente depois do golpe.

Gravou vídeos chamando para manifestações, falando o que precisava ser dito, e chegou a discursar num caminhão no Largo da Batata, em São Paulo.

Sua dispensa aconteceu após uma participação num ato de apoio a Fernando Haddad na Casa de Portugal. A direção do canal alega que foi por contenção de custos, mas você precisa ser um inocente para não juntar os pontinhos.
“O macartismo está no ar”, disse ele ao DCM do Rio de Janeiro, onde está descansando (ele é um orgulhoso filho da Tijuca). Seu depoimento:

"Eles dizem que não foi retaliação política, mas não é possível que não tenha sido isso também. Falaram em contenção de despesas.
Quando deixei a direção da ESPN, cinco anos atrás, eu ganhava pela CLT e um plus como comentarista. Fizeram um novo contrato, que incluía a função de “consultor”. Passei a receber por participação nas atrações. Toda semana, dois programas. Se fosse para fazer economia, podia fazer só o da segunda. No início, ganhava 3 500 reais por participação, mais 4 500 reais no Linha de Passe [onde era titular]. Nos últimos anos, me chamaram umas três vezes por causa de coisas como vídeos que gravei conclamando as pessoas a ir a manifestações. O diretor, German Von Hartenstein, me falava que “isso é chato para nós etc”.

Antes da Olimpíada, me deram um papel para assinar, segundo o qual que os “talents” da ESPN não devem se envolver em questões políticas etc. Diretrizes da matriz nos EUA.
Eles me diziam, nesses encontros, que eu era a cara da ESPN etc. Bom, então mandaram embora a cara da ESPN. Não assinei o documento. Nem sei mais onde está.
Acabou a Olimpíada e eu fui pra Portugal. Eu podia tirar férias, de acordo com o contrato. Voltei numa segunda feira e já fui fazer o programa. Estava de jet lag.
Me chamaram na quinta. Esse período é complicado na empresa. O ano fiscal é o americano, que vai até 31 de setembro. Por isso tem muita demissão nessa época.
O German começou de maneira amistosa. “Viu a lanchonete nova?”, perguntou. Depois de um tempo, soltou: “Tenho uma notícia ruim pra você. Estamos em contenção de despesas e temos de dispensar você. Nossa advogada já está ali e nós vamos pagar a multa”.
Basicamente, foi assim.
Me impressionou muito a solidariedade. No Facebook, pelo WhatsApp, na imprensa… Não sei o que vou fazer, mas agora não tem mais ninguém pra me encher o saco.
Depois de 21 anos no mesmo lugar, eu fui pego de surpresa. A relação com a ESPN era diferente da que eu tinha em outros lugares porque que sou criador do canal. É forte.
Fica claro que eles não gostavam do que eu fazia. Incomodava, inclusive, a direção nos Estados Unidos. Soube disso internamente. Mandaram um vídeo meu para lá.
A briga com o Gentili também foi decisiva [Trajano criticou a presença do ex-comediante no “Bate-Bola Debate’’, referindo-se a ele como “um personagem engraçadinho que se posta como se fosse um sujeito que faz apologia do estupro, em nome do humor”].
A direção tomou como uma coisa desagradável. Minha saída foi a soma disso tudo. Eu era monitorado. Numa dessas reuniões com o German, ele comentou o discurso que fiz no caminhão durante um protesto no Largo da Batata.
“Você falou da união das esquerdas”, ele me disse. Foi mais um pontinho na minha ficha. Dois dias antes da minha demissão, fui à Casa de Portugal num ato em solidariedade a Haddad. Tinha foto minha do lado do Lula. Na manhã seguinte marcaram a conversa com o German.
O episódio do Sidney Rezende não tem a ver com o meu, mas são perseguições diferentes [Sidney foi dispensado da GloboNews em novembro de 2015 após chamar a atenção para a “demonização” do governo Dilma].
Cada caso é um caso, mas todos têm ligação entre si. Eu não me arrependo. Lembro do Niemeyer num Roda Viva, quando ele fez 80 anos. Numa certa altura, ele falou: “No Brasil, só o paredón pode resolver”. Quando cobraram dele essa declaração, ele devolveu que já tinha 80 e podia falar o que quisessem porque iam chamá-lo de gagá.
Eu faço 70 esse mês. A ESPN me deu esse presente. O Juca citou o Darcy Ribeiro, meu mestre, num artigo. O Darcy se orgulhava de suas derrotas.
O macartismo está no ar, em situações diferentes.

OBS.: As três fotos aqui publicadas foram gileteadas de posts do amigo carioca/tijucano Eduardo Goldenberg, do dia da votação do Primeiro Turno das eleições na cidade do Rio de Janeiro e mostram Trajano exercendo o seu direito à liberdade, nas ruas e nas lutas.

Um comentário:

Henrique disse...

COMENTÁRIOS VIA FACEBOOK:

Mah Fernandes Adoro o Trajano!! ESPN perdeu muito!!!

Sirlei Gomes · 5 amigos em comum
Gosto muito do Trajano mas por aqui só se dá valor pra carinha jovem.

Cezao Grandini Não vai fazer a menor falta.


Henrique Perazzi de Aquino Era o que de melhor existia naquela emissorinha, que agora, feneceu de vez.

Cezao Grandini Era só um comentarista ruim como a maioria ali, alçado à condição de gênio por suas posições ideológicas.

Henrique Perazzi de Aquino Cezao Grandini, muito mais que isso, foi o fundador da ESPN Brasil, quem a trouxe, a alicerçou e um dos jornalistas opinativos de maior confiabilidade por aqui. Um dos poucos corajosos ainda em ação. Respeitabilidade máxima para gente como ele.

Cezao Grandini Respeito sua opinião, mas mantenho a minha. Desde a Copa ele não para de passar vergonha.

Henrique Perazzi de Aquino Viva Trajano. Me desculpe, mas vergonha passa quem levou o 7x1, essa federações todas danando com nosso futebol, a TV aberta com esse horário absurdo para futebol 22h, o que fazem com o rico futebol do interior (veja o Noroeste restrito a um mero campe...Ver mais

Cezao Grandini Como se ele não fizesse parte disso tudo...

Henrique Perazzi de Aquino Cezao Grandini, ele é evidentemente contra isso tudo. Não confunda alhos com bugalhos.

Marcelo Caldeira · 8 amigos em comum
Além de não fazer falta, os acionistas donos da franquia americana, os assinantes e patrocinadores, podem pedir sua substituição com legitimidade. Independemente de méritos profissionais, somente por suas constantes e indevidas manifestações políticas num canal dedica ao esporte e entretenimento.

Henrique Perazzi de Aquino Mas que é ótimo ouvir ainda gente como ele, isso é. Até porque com os golpistas no poder, estamos perdendo espaços e, dessa forma, todos os ainda conseguindo expor suas ideias, algo de incomensurável valor. Trajano é DEZ.

Marcelo Caldeira · 8 amigos em comum
ESPN é mais um canal que pago, mas não assisto. Meu ouvido não é penico, como se dizia antigamente. E mais, se o figura já tem 70, 21 de moleza na rede americana, já deve se aposentar.
Vá cuidar da vida...

Henrique Perazzi de Aquino Nada contra os velhos, pois vejo muitos dos velhos produzindo coisa muito melhor que os novos. Idade não é régua para quase nada. Hoje em dia nem para pinto duro. Daí, para gente como Trajano, espaço é o que não falta, pois existe um público ávido pelo que fala, com contundência, firmeza e sapiência, sabe o que diz. Tô com ele e não abro.
...

Valdir Ferreira de Souza
Valdir Ferreira de Souza Uma pena, grande jornalista.

Verônica Lima Trajano 💖

Ventura Picasso Na nossa mídia, esse tipo de jornalista, não tem espaço em nenhuma coluna. ABAIXO A DITADURA - FORA TEMER!