DIANTE DE TANTOS PERIGOS NAS RUAS, EIS UM LUGAR VERDADEIRAMENTE SEGURO PARA SE REFUGIAR
“Em caso de saque, proteja-se: procure uma livraria”, professor Almir Ribeiro.
Quando li esta frase publicada pela aí, consegui me tranquilizar. Diante da atual greve dos policiais militares. Primeiro lá pelos lados capixabas, já chegando no Rio de Janeiro e no prolongamento, vindo dar com seus costados aqui por São Paulo, com prenúncio de saques variados e múltiplos, não desses que a gente faz normalmente nos caixas eletrônicos, mas com invasão de lojas e gente carregando tudo nos costados, estava deveras preocupado: onde me esconder diante de tanto assombro?
Ufa! Já não terei mais essa preocupação. Já que o sacrossanto recinto de qualquer lar já não é lugar mais seguro e para aqueles com pretensão de tentar se esconder atrás do púlpito de alguma igreja, informo também já serem lugares visados, pois como algumas arrecadam demais da conta, prevejo problemas para seus cofres nesses conturbados dias. Para os que não possuem condições de fugir para o campo, muito menos deixar o país via algum aeroporto ainda não totalmente tomado pelas hordas descontroladas, a melhor solução é mesmo a dada pelo ilustre professor.
Não se tem notícia de nenhuma invasão nesses lugares reservados aos diletos livros. Em caso de eminente perigo, procure refúgio em alguma biblioteca ou mesmo nas poucas sobreviventes livrarias bauruenses. Lá com certeza encontrará paz e poderá, enquanto perdurar a bagunça do lado de fora do mundo, fazer uma reflexão de sua vida, posições tomadas, com quem tem andado, quem tem apoiado, a quem tem dado aval e se um bocadinho de tudo o que ocorre pela aí não está ocorrendo com uma pequena participação de algo a envolver a sua pessoa.
Conto aqui a única historinha, a única que me lembro e envolvendo o excomungado padre bauruense, o Beto, hoje com templo ali na Henrique Savi. Dos seus tempos de programa de rádio, ouvi isso de sua boca. Alguém o alertando dos perigos de se deixar livros expostos junto ao vidro traseiro do carro: “Mas o senhor não tem medo, podem quebrar o vidro para levar os livros?”. Sua resposta, pelo que me lembro foi mais ou menos assim: “Ficaria contente se isso acontecesse, seria um luxo isso no Brasil, arrombar um carro para levar livros”. Sim, concordo, desconheço algum arrombamento de veículo para o exercício dessa profícua licenciosidade, seja em casa, carro, etc.
Portanto, não existe lugar mais seguro do que em caso de qualquer tipo de violência urbana, procurar imediatamente refúgio em alguma livraria. Quem mesmo vai querer um livro no Brasil de hoje? Só mesmo algum louco. Mas nós não estamos todos mais que loucos com esses já nove meses enfurnados num regime de exceção e caos golpista?
Preste a devida atenção, em nenhum saque, não só desses ocorrendo em lojas de departamento, mas também nos desvios de verbas públicas, ninguém o faz para comprar livros. Podem até sacanear nos preços dos livros, não os entregar ou superfaturar seus preços, mas nenhum para se beneficar deles. Indico e recomendo o contrário: VÁ SE REFUGIAR NOS LIVROS.
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