CENAS EXPLÍCITAS DE RACISMO NUMA CIDADE, ESTADO E PAÍS QUE NÃO SE DIZEM RACISTAS
A cena é bem bauruense. Ocorreu lá no salão de cabeleireiro num conhecido supermercado. Manhã de segunda passada, muitos por ali, eis que adentra o local uma distinta senhora, provavelmente residente nas redondezas e assim do nada, para todos ouvirem, fala em alto e bom:
- “Esse mundo é dos pretos e dos viados. Eu que sou branca e estudada não tenho mais espaço”.
Por azar (da dita senhora), quem estava por lá tingindo o cabelo era uma negra. Tira a tolha do rosto, olha para os funcionários à sua volta, dá outro olhar para o dono do salão, que fica com uma cara de não saber o que fazer.
Essa faz. Não diz uma palavra em desagravo, simplesmente pega seu celular na bolsa e disca para o número da Polícia Militar.
Explica em voz baixa o ocorrido e mesmo com o burburinho que a cena causa, pede para prosseguir seu atendimento.
A normalidade não é mais possível, pois a expectativa do que poderá acontecer na sequência deixa todos apreensivos.
A PM chega, a negra se levanta e faz um breve relato do ocorrido, aponta quem proferiu a tal frase e pede providências.
Elas ocorrem. A dita senhora se exalta, esperneia e profere a frase: "Não estou nem aí por ser presa". Por fim, é levada para a delegacia onde prestará depoimento.
O desenrolar dos fatos não é do conhecimento deste escriba e, provavelmente nem da negra em questão, mas a solução dada para resolver a pendenga merece todo aplauso.
Racismo ainda é considerado crime nesse país, não se sabe até quando, mas enquanto perdurar essa lei, ninguém precisa levar um tapa desses na cara e ficar quieto. Essa reagiu e devolveu tudo ao seu devido lugar na manhã de uma segunda feira, num salão nos Altos da Cidade.
A negra em questão, por coincidência é muito minha amiga, ANA BIA ANDRADE.
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