O QUE ME TOCA SÃO OS SENSÍVEIS DO TRAÇO - UM TRABALHO ACADÊMICO ENVOLVENDO REP E HENFIL NA ARGENTINA
Miguel Rep, um desses com suas tiras diárias para o melhor jornal diário da América Latina, o Página 12 (também com problemas financeiros, pois quando são assumidas posições ao lado do povo e dentro de um governo neoliberal como o de Macri, os anunciantes somem e o jornal tenta sobreviver da ação dos seus leitores).
Eu coleciono as tiras do Rep. Montei uma pasta só para ir colecionando e ainda não contei pra quase ninguém e o faço publicamente agora, pela primeira vez. Viajo pra Argentina dia 29/7 (fico em Buenos Aires com Ana Bia Andrade até 5/8) e estarei apresentando um trabalho acadêmico no Congresso de Design exatamente sobre a obra de Miguel Rep e Henfil, um argentino e um brasileiro, ambos com a mesma pegada, essa sensibilidade pelos das "calles", pelos que tentei denominar de "invisíveis" no meu mestrado, mas fui chamado a atenção por gente que admiro, como o professor Juarez Xavier, me dizendo que "são mais do que visíveis, são é IGNORADOS", o que concorda minha orientadora Maria Cristina Gobbi.
Lá em Palermo, numa universidade privada, tive aprovado um trabalho junto com a professora carioca Ana Rebello (tem trabalhos lindos sobre a ação dos cartunistas ao longo do tempo e no momento devora um livro sobre o assunto, escrito por Maringoni Gilberto e emprestado a ela por mim). Vamos juntar esses dois sensíveis do mundo do traço e descrever num Congresso bem abrangente, envolvendo gente do desenho e do design de toda América Latina, mostrando como isso é possível, o que os move e desse toque para tratar desses temas tão envolventes.
Tive o prazer de tempos atrás conhecer pessoalmente Rep em seu estúdio em Buenos Aires e do encontro publiquei um texto sobre ele, apresentando-o para os leitores de Carta Capital. Não consigo mais ficar sem toda manhã abrir o site do Página 12 e salvar a tira dele em uma pasta específica, como fazia com as charges do Henfil no Jornal dos Sports, nas revistinhas que publicava e hoje, por tudo o que encontro nas redes sociais. Já fiz isso também com o Maringoni, dos áureos tempos quando do lançamento do Caderno 2 do Estadão (hoje uma merda), tempos do Emediato no comando da coisa e um privilégio de ver uma pá de gente do traço ali valorizada. Guardei e tenho até hoje as tirinhas do amigo bauruense Maringoni aqui guardadas, como tenho de todos os que possuem essa sensibilidade por enxergar os tais ignorados.
Escrever deles é a forma que encontro de denunciar essa vergonha presenciada nas "calles" de todas nossas cidades. Espero rever logo mais o Rep lá na Argentina e conseguir transmitir algo das minhas intenções na ousadia de escrever sobre esse tema tão instigante. Rep, Henfil, Maringoni e tantos outros sabem muito bem ser impossível ser feliz num mundo onde exista tamanha diferença social. A cada tira dele sobre esse tema eu vou solidificando essa minha escolha por escrever, mais e mais, sobre esses das ruas e, dessa forma, tentar dar meu quinhão de contribuição para ir dando toques aqui e ali, mudando a forma como muitos ainda deixam de querer enxergar o que está ali diante dos olhos de todos.
Obs.: Escrito num momento em que uma vereadora de Bauru apresenta um projeto para transportar animais em ônibus públicos, mas nunca se importou com o preço das passagens, como o passe aos idosos está sendo dificultado, como esse serviço é deficitário nos lugares mais distantes da cidade, etc. Adoro os animais, tenho um inseparável cão ao meu lado, mas abomino os que adoram somente eles e pulam por cima dos mendigos nas ruas.
HPA - escrevendo e escrevendo
HPA - escrevendo e escrevendo
SEXTA É DIA DE DIVULGAR A CAPA DA NOVA EDIÇÃO DE "CARTA CAPITAL" - UM SALVE TAMBÉM PARA BRASILEIROS E CAROS AMIGOS
Ela sai nas bancas paulistanas hoje, mas chega à bancas bauruenses só no domingo pela manhã. Ouço a historia contada pelo jornaleiro, meu amigo Gustavo Mangili de que ela já está nas cidades no sábado à tarde, por volta das 15h, mas nesse horário a distribuidora se encontra fechada e não atende mais as bancas, daí sua distribuição pode ser feita a partir das 3h da manhã de domingo, quando chega o funcionário para começar distribuição de jornais e revistas no domingo. Um dia é muito para uma revista semanal, mas tudo bem, domingo pela manhã em todas as bancas da cidade. Na capa desta semana algo mais sobre os altos custos para o país em continuar mantendo um desGoverno como o de Temer, comprando tudo e todos à sua volta para poder continuar respirando. E da intempestiva ação do juiz Sergio Moro, acertadamente comparado aos inquisidores da Idade Média. Ler é o melhor remédio para não se permitir ser enganado. A melhor revista semanal deste nosso mundo segue sua sina e tenta sobreviver, com a ajuda dos seus leitores.
O diário argentino, o melhor jornal diário da América Latina, o Página 12 segue na mesma sina, com dificuldades financeiras, pois a cada dia despontam aqui e ali os sinais da implacável perseguição aos que defendem minimamente os questões sociais e a causa da maioria da população, a do povo. desaparecem os anunciantes e pipocam as dificuldades. A saída são essas campanhas de valorização da boa leitura, imprescindíveis, principalmente nesses tempos onde a verdade dos fatos é distorcida ao bel prazer por uma imprensa cada vez mais dominada pelos interesses das minorias, que as sustentam. Carta Capital um alento, diante de um mar de mediocridade. Caros Amigos padece do mesmo mal e só resiste graças à ação dos Nabucos (Araí e seus irmãos) e a revista Brasileiros, tão linda e límpida, obra inicialmente pensada por Ricardo Kotscho e hoje sob o comando do brilhante jornalista e fotógrafo, Hélio Campos Mello entra no terceiro mês sem conseguir chegar às bancas e nem sei se vai mais conseguir (resistem pela forma virtual). Carta Capital resiste como pode e (toc toc toc), segue sendo a luz no final do túnel da imprensa brasileira.
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