DESENCONTROS DE ECONOMISTAS E AS LEIS DO MERCADO – DE COMO FALI POR SEGUIR CONSELHOS DIÁRIOS DE UM DESSES*
* Esse texto sai também publicado como 10º na edição virtual d'O Alfinete, da vizinha Pirajuí
O país sob comando dos golpistas não consegue encontrar saídas palatáveis para nada, mas economistas aliados ao que lhes impõe as tais Leis do Mercado, continuam insuflando as massas para outro lado. Dizem, apregoam descaradamente que, algo está sendo feito e que o país volta a querer caminhar, sair do atoleiro e uma luz sendo observada no final do túnel. Será? Claro que não? No meu caso, venho publicamente confessar algo e mais do que preocupante. Fui confiar num economista, um que escreve no jornal e fala num programa de rádio. Foi a pior besteira de minha vida.
O cara diz e escreve regularmente que, o país está se safando, está voltando a respirar e eu acreditei. Apostei minhas fichas e cheguei a investir tudo o que tinha como reservas no que ia ouvindo. Hoje, passados poucos meses não tenho mais nada, perdi tudo e o cara continua dizendo que tudo vai bem, que falta pouco, que esse dia de luz chegará, mas só agora, quando perdi todas minhas economias percebi o embuste. Essa tal de lei de Mercado não é para mim, o povo, aqueles que juntam com grande esforço alguma economia e sim, para uns poucos, aqueles que abandonaram investir dinheiro em produção e trabalho e hoje, o fazem só em aplicações. Esse me parecem ganham dinheiro e nós, o restante do povo, nos danamos.
Mas o que ouvia e lia era para todos nós, como se pudéssemos acompanhar a loucura dos que pararam de investir no país e hoje só investem em ações disso e daquilo, pouco se lixando para a grande massa de desvalidos. Me danei e faço aqui minha mea culpa. É o que dá crer piamente no que diz um economista, um que está a serviço desse tal de mercado e não do grosso das massas. Como fui cair nessa? Mas a fala dele era tão bonitinha, fala tudo tão certinho, escreve com todas as vírgulas no lugar correto, achei que estava realmente me orientando a sair da crise.
Hoje enxergo, o desemprego foi obra das teorias e práticas do ajuste que desajusta. A maioria dos economistas, todos muito alinhados defendendo isso que chamam de leis de mercado e não entendia muito bem, estão todos à mercê da lâmina afiada que vem cortando, sem dó e piedade, os postos de trabalho e as esperanças. Desdenham do sofrimento da população de uma maneira vil. Hoje, os vejo como espertalhões e não estão nem aí com o o sofrimento dos cidadãos de carne e osso, lançados no torvelinho da insegurança e do desespero. Estão a serviço da minoria que oprime a maioria, quando falam só o fazem para enaltecer aquilo tudo a beneficiar quem os mantém com bufunfudos vencimentos.
Para esses,os empregos brotam do chão. São formadores de opinião da pior espécie, míopes e impulsionadores da desgraça coletiva. Propagandistas das reformas trabalhistas e previdenciária, apresentadas como salvação da lavoura, antes de uma séria discussão, sendo portanto, os responsáveis pela destruição da base industrial da economia brasileira. O tal Mercado parece ser mais importante que tudo o mais. Nós não valemos nada para eles e nos enganam a cada instante, a cada nova fala. Muito da indústria do passado já não existe mais, vai sendo moída, enquanto esses corvos afirmam o contrário. Os empregos desapareceram e não voltarão como antes, enquanto persistir esse incentivo ao arcado como solução para tudo. Criamos sim, empregos em outros países e desestruturando os daqui, tudo incentivado por esses bocas moles.
E por que mentem descaradamente na nossa fuça? Eu já perdi o que tinha por acreditar nesses bestiais. No discurso bonitinho que possuem engambelam os incautos, como eu, e depois, descaradamente, dizem nada ter a ver com isso. Mas hoje sei, perdi tudo por não enxergar o que estava diante dos meus olhos e não queria crer, os espertalhões estão nadando de braçada diante de todos nós, os bocós. Portanto, quanto cruzar com um desses, engomadinhos, fala fácil, puxando saco de poderosos, atravesse a calçada e apresse o passo. Eles são bons de conversa e te enganam que é uma beleza.
MAIS SEIS ARTIGOS PUBLICADOS NO MESMO O ALFINETE, ANO DE 2005:
Edição 344 – nº 268 – Racista, eu? De jeito nenhum... – 15.10.2005
Edição 345 – nº 269 – Caímos na arapuca muito facilmente – 22.10.2005 Edição 346 – nº 270 – Gente do Lado de Cá 10: Fernando, do Templo – 29.10.2005 Edição 347 – nº 271 – Mentira, foi tanta mentira que você contou... – 05.11.2005
Edição 348 – nº 272 – De que lado você está? – 12.11.2005
Edição 349 – nº 273 – Embates, revezes, confirmações e até sugestões – 19.11.2005
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