terça-feira, 18 de julho de 2017
DICAS (162)
O DIÁLOGO NA RUA ENTRE DOIS AMBULANTES E UM CADASTRAMENTO PELA FRENTE Mesmo com frio saio às ruas e nelas, enquanto esperava para adentrar um banco, presenciei uma conversa mais ou menos assim:
- Você viu que a Prefeitura está querendo saber mais da gente, a ficha completa de todos os barraqueiros aqui nas ruas?
- Vi sim. Tô com receio de dar a ficha completa minha pra eles. Será que não estamos correndo mais riscos?
- Também estou. Com o prefeito anterior, ele era mais bonachão, parece que entendia mais a gente, falava a mesma linguagem, já esse mais fechadão. Dizem que estão fazendo esse recadastramento para tentar nos ajudar, mas eu ligo a TV e só vejo querendo os caras por no rabo do povo, que já nem sei se depois de tudo pronto, saberem tudo, onde estamos, quanto somos, o que fazemos, o que vendemos, eles dão aquele jeito de proibir a nossa atividade.
- É nisso que penso. Tudo o que é mapeamento acaba se tornando um perigo. Pode ser usado para o bem ou para oi mal. O Temer mesmo não tirou a outra para acabar com a corrupção e ela hoje está pior que antes. Não disse que estaria ajudando o pobre e o trabalhador e votaram para acabar com a legislação que nos protegia. E aí, a gente confia ou não?
- Se ao menos eu tivesse um vereador para ir lá na Câmara e perguntar e ele nos representar e proteger. Tem algum lá que você bota fé que possa te defender e garantir que nada será usado contra a gente?
- Tenho não, até o vereador lá da Pousada vota contra os interesses do povo. Li no jornal que eles fazem tudo para dar melhores condições pra gente. Mas que condições são essas? Os vereadores podiam explicar isso pra gente. Eu não sei em quem buscar uma informação baseada na verdade.
- Sim, eles falam que somos 110, mas isso é conversa pra boi dormir, pois ou são ruins de conta ou estão perdidos. Esse prefeito me parece mesmo meio perdido, mas não sei se isso é estar perdido ou sendo pressionado para fazer uma maldade contra a gente. Que acha?
- Já te disse, tô igual a ti. E se ao menos a gente tivesse uma associação, alguém que pudesse nos representar e por a cara para bater. O Mário morreu, o Roque não foi eleito e estipularam um prazo, mas como perceberam que estamos com um pé atrás e a adesão foi baixa, deram uma prorrogação. E assim mesmo, acho que a adesão vai ser baixa, todos os que falei não estão sentindo firmeza.
- Eu me sinto assim: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Sabe o ditado? Se não nos cadastrarmos vão dizer que é porque vendemos coisa irregular e se nos cadastramos corremos o risco de apertar o cerco da fiscalização. Eles sabem quem somos, sabe de nossas dificuldades, sabe que fazemos isso para sobreviver e que não temos outra fonte de renda, sabem tudo e sabe até quanto somos, mas faltam os dados de todo o pessoal.
- Seria melhor se marcassem uma reunião dessas como vejo acontecer na Câmara e a gente podia ir ver , sem ser reconhecido, sondar as intenções. Que acha?
Nisso tenho que entrar no banco e perco o final da conversa, mas deu para sacar como anda o clima entre os maiores interessados no assunto. Com a palavra o secretário interino da Seplan – Secretaria do Planejamento, o advogado Maurício Porto, que muito bem poderia marcar algo coletivo para dirimir todas as dúvidas. Leiam também a matéria do JC sobre o assunto, clicando a seguir: http://www.jcnet.com.br/…/seplan-mapeia-comercio-informal.h…
OBS.: As fotos são meramente ilustrativas, mas a conversa foi de fato presenciada e os diálogos, mesmo construídos por mim, se deram quase com esse exato teor.
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