quarta-feira, 20 de setembro de 2017

ALGO DA INTERNET (132)


1.) A AURI-VERDE AGORA É JOVEM PAN – E O CASO ARGENTINO DA DEMISSÃO DE NAVARRO

A notícia fervilhando pelas ruas, becos, vielas e rodas de bate papo na cidade é sobre o que estaria acontecendo nas hostes da rádio Auri-Verde, mais de 60 anos no ar, frequência AM e até hoje nas mãos de gente aqui da terrinha "sem limites". Circulam boatos da demissão em massa, gente com mais de quarenta anos de rádio e hoje no olho da rua. Verdade ou não a programação já é outra. Durante a manhã toda a rádio só tocou música e das 11 às 13h, quando Rafael Antonio entraria com o noticiário, eis que adentra falando Leonardo de Souza, um novato por lá. Rafael ainda apresentou o programa esportivo de ontem a noite e de hoje em diante, veremos o que virá. Acertos devem estar sendo feitos e maioria da programação foi suprimida, exterminada, cancelada ou como queiram, deletada. Explicações ainda não existem e uma delas, talvez a única até agora veio pela voz do Leonardo ainda agorinha pouco: "Trata-se de uma reestruturação para chegada da FM". Na maioria do dia só música pelas ondas do rádio.

Faltam com a verdade. O que de fato ocorreu foi um leilão e nele, pasmem, não quiseram nem saber da abertura dos demais envelopes (dizem que a 96 tinha boa aferta) e foi sacramentada a venda para o conglomerado da Jovem Pan. Para quem não sabe a Jovem Pan hoje representa o que de mais conservador ocorre no modal rádio no Brasil, com uma programação toda na defesa intransigente do neoliberalismo.
Não que a Auri-Verde não faça o mesmo, mas de agora em diante, tudo deve ser institucionalizado com regras muito bem estabelecidas. Simples assim, se a rádio já estava deixando a desejar e pipocava, trazia aos seus microfones somente comentaristas na defesa do neoliberalismo e das leis de mercado, de agora em diante, deve piorar.

Rafael Antonio era um dos únicos ainda procurando fazer um programa com a participação popular, dando voz aos ouvintes e possibilitando o contraditório, algo salutar quando se fala em jornalismo livre e independente. O que virá pela frente é incognito, totalmente imprevisível. Muitos no olho da rua, desempregados e com algum apuro, saberemos em breve, daqui e dali, algo mais de como está sendo feita a transição. Bauru teve no passado muitas rádios, todas nas mãos de poderosos locais, ligados aos grupos de poder da cidade a última experiência um pouco mais liberta se deu com a 710, porém faliu e se sumiu do dial. Não espero nada de novo, não conto com nenhuma renovação na forma de fazer rádio, muito pelo contrário, creio estarmos diante de algo chegando para fazer o que a maioria das rádios brasileiras fazem muito bem hoje em dia: defender o status quo, o poder estabelecido e o modus operandi ditado pelas leis de mercado.

Fato semelhante ocorre no mesmo instante na Argentina, numa orquestração a tomar conta do continente latino-americano. Na emissora de TV, a C5N um jornalista a contestar os desmandos do governo neoliberal criminoso de Maurício Macri, voz quase única e dando picos de audiência por conseguir espaço para o contraponto. Seu nome Roberto Navarro, corajoso e a maior audiência na TV. Ele não só contestava como levava ao ar provas irrefutáveis da participação de gente do governo de Macri em falcatruas seguidas no poder. E isso dia após dia. Macri e os seus não mais toleraram a verdade dos fatos sendo exposta e o povo tomando consciência dos fatos como de fato ocorre. Depois de forte pressão, os proprietários da emissora tiraram ontem Navarro do ar. O mesmo já está em curso com o Grupo Octubre para que Victor Hugo Morales e seu programa pelas ondas da 750AM, o La Mañana também saia do ar. Estive lá em agosto e disse textualmente para Victor Hugo: “Não existe nada igual ao seu programa no Brasil, vocês são únicos no que fazem”. Navarro fazia o mesmo na TV e hoje, resta Victor Hugo e uns poucos em outras rádios, mas todos duramente perseguidos, teleguiados e prestes a perder o espaço. Assim age o neoliberalismo, cruel, insano, violento e criminoso, falseando a verdade por onde passe. Eles querem no ar somente a verdade segundo a versão lá deles, a mais mentirosa possível. Em Bauru, a Auri-Verde está distante de ser um primor no jornalismo dentro da verdade factual dos fatos, pois sempre praticou o de mão única, mas agora, eliminou de vez o que ainda restava de credibilidade em suas hostes.

Jornalismo sem mentiras no Brasil só mesmo pelos meios alternativos. Não espere encontrar nada de aproveitável pelas ondas do jornalismo massivo. Tutti buena bosta!

2.) ME CRITICAM PELO TEXTO DAS PLACAS E UM AMIGO NO DESESPERO E DESESPERANÇA
Hoje amanheço num dos meus piores dias. Ontem promovi uma discussão pelo facebook com duas pessoas, um casal de distintos cidadãos enxergando tudo de ruim na exposição feita por mim sobre as profissões degradantes, como a dos seguradores de placas. Minha ação de enfocar o tema deve ser mesmo detestável e bom mesmo é tudo hoje desembocar nessas profissões que não levam a nada. São paliativas, degradantes, servem somente para o trabalhador levar algum para preencher sua dispensa no final do dia, nada mais. É o que nos resta. E por tocar nisso como degradante, pau no HPA, que expõe as pessoas. Logo cedo encontro um amigo em prantos, num desespero desses que você se vê obrigado a parar tudo e lhe dar a devida atenção. É o tal do fundo do poço, uma doença que não é uma doença onde a pessoa precisa ser internada e tratada pela medicina habitual. O caso desse meu amigo é o da imensa maioria da massa trabalhadora brasileira, que não encontra mais emprego e não sabe mais o que fazer de suas vidas. Choram copiosamente pelos cantos e como outro amigo me diz, se reunem no parque Vitória Régia com seus curriculos nas mãos e sem saber o que fazer deste papel, a quem mais entregar.

O que falar e fazer em situações assim? Eu tento, mas vejo infrutífera a situação. Dialoguei a exaustão, incentivei para que não fizesse nada de loucura, mas não consegui lhe dar esperança de que a sua situação fosse melhorar. Nem a dele, nem a da imensa massa de desempregados hoje só a crescer no país. Na boca dos políticos hoje no poder, como a do ilegítimo e golpista presidente Michel Temer ontem na ONU, a mentira na ponta da língua, um país se recuperando e em franca evolução.
Descaradamente vendem o país na bacia das almas e dizem estarem salvando esse país do pior. Que raio de recuperação é essa que atende os interesses de uma ínfima minoria e nada faz pela imensa maioria dos desvalidos desta nação? País hipocrita que aceita isso calado e muitos coniventes.

Dialogar com pessoas que enxergam algo de altaneiro em empregos degradantes e não aceitam discutir política, como se ela estivesse dissociada de tudo o que nos ocorre, tudo isso uma grande perda de tempo. Isso desgasta, pois essa insensível parcela da população não está mais nem aí para a situação dos desvalidos. São na maioria instruídos, bem estabelecidos, com belas oportunidades durante suas vidas, mas insensíveis, distantes de buscar uma saída para a maioria, preferindo agir no varejo e não no atacado. Eu quando escrevi um texto sobre os que seguram placas para ganhar algum, evidente que não o fiz para denegrir e expor eles, mas para ressaltar uma situação do trabalhador, todos num beco sem saída. Os que ainda conseguem segurar placas comem e pagam algumas contas, já os como esse meu amigo, nem isso mais conseguem (ele mais de 50 anos), estão num desespero e gente assim fazem loucuras. Estamos na iminência de um bando de loucos, o bando dos sem esperanças sair por aí barbarizando tudo. Eu não estou aqui para conter nada, mas para tentar entender algo do que ocorre nas entranhas desse insano país. E não entendo mais nada. Vamos aceitar isso tudo como a coisa mais normal deste mundo, enfim, essa é a belezura do mundo capitalista...

3.) COMO PODE?
Eu não consigo entender como uma TV como a Globo, tão “fdp” como ela, mentirosa, falsa, enganadora, produzindo um jornalismo tão distante da realidade dos fatos, fazendo de tudo para defender os piores deste país, como ela consegue ser tudo isso e ao mesmo tempo produzir uma série como essa, cujo último capítulo assisti ontem, o “SOB PRESSÃO”? Como? Fico a me perguntar e as respostas podem ser muitas, mas ela sempre agiu assim, de um lado, algo de grande qualidade e do outro, o que de pior temos no país. Como pode?

Numa só das cenas de ontem, o médico que faz o papel principal, atende um jovem com problemas no corredor de um supermercado e é depois procurado por esse e seu pai, o dono de um dos maiores centros hospitalares particulares do Rio de Janeiro. Oferecem emprego e ele por ter salvo a vida do garoto. Ele atendendo há 14 anos num precário hospital de subúrbio, onde falta tudo, acaba aceitando. Na primeira cirurgia por lá é elogiado por toda equipe e ele não as aceita, diz: "Nessas condições, o que fiz aqui é fichinha”. Nisso vai fazer aquelas visitas para uma paciente no apartamento deste hospital para abastados e ela o recebe com aquela empáfia, grossa e bem condizente com parte de uma parcela da elite brasileira, a que paga e se mostra superior em tudo que faz, joga na cara isso a cada instante. Nisso ele atende o celular e são seus antigos colegas lá do hospital de subúrbio atendendo uma emergência, acidente num trem e muitos acidentados chegando. Sabe o que ele faz? Diante da cena ali no quarto com a dondoca, joga o jaleco longe e volta para o precário hospital público, onde vai salvar vidas e sem isso de ganhar muito, ter condições e tudo o mais, mas fazendo o que gosta, como gosta, ser útil e não mais um rico e fútil. Essa e tantas outras cenas me tocaram.

A série Sob Pressão não é mais uma simples série de televisão brasileira. Coproduzida pela Conspiração Filmes e Rede Globo, com direção de Andrucha Waddington e Mini Kerti, e direção artística de Andrucha Waddington e com atores de ponta, mostra algo de um Brasil que resiste e insiste. No google é possível assistir cada capítulo e ir acompanhando, o desenrolar de uma série que INCOMODA. Sei que, a classe médica brasileira não se sente representada pelo que ali vê, mas a situação brasileira está escancarada na tela e nas muitas cenas, cada uma demonstrando como essa classe, pelo menos o seu lado mercantil, está totalmente dissociado de onde deveria realmente estar. Sei também que praticamente na série não são retratados as equipes de Enfermagem, tão ou mais importantes que a dos médicos. Essa uma indesculpável falha, mas não desmerece o resultado final. Esse último capítulo da série me tocou, dormi mal por causa dela e agora despejo essas poucas linhas sobre o que vi na telinha e o triste papel representado por essa cruel e insana rede de TV.
https://www.youtube.com/watch?v=PFpn1g_rHG0

Como pode?, fico a repetir.

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