segunda-feira, 25 de setembro de 2017

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (93)


O 'DELÍCIAS DA VOVÓ" NA MARÍLIA/BAURU E O CRESCIMENTO DA FEIRA DO ROLO
Foto do Gerson Christianini

Sempre que vou pra Marília de carro, na volta paro ali na entrada de Fernão, não na principal, numa antes, entradinha de terra e ali uma barraca improvisada na beira da estrada. É dessas montadas e desmontadas todo dia, mesa feita de cavaletes e uma lona cobrindo tudo. Ela fica do lado de cá da pista, de quem vem de Marília no sentido de Bauru. Tenho uma história que gosto de repetir e pelo jeito que foi contada, faço questão de parar e sempre trazer algo.


Trata-se dA "Delícias da Vovó”. Não decorei o nome do sujeito boa praça que fica ali, faça sol ou chuva. Ele não é de Fernão, é de outra cidadezinha, pouco adiante, Ubirajara. Por lá não encontra emprego e daí surgiu a ideia de levar pra beira da pista os quitutes de sua avó. Doces variados, bem embalados, feitos com carinho de gente de cidade pequena, esmero na apresentação. Essa história foi lindamente contada aqui em detalhes no site Somos Todos Vendedores, do Gerson Christianini: http://somostodosvendedores.com.br/a-historia-do-delicias-…/

Certo dia lhe pergunto: “E sua avó, vejo sempre você aqui e nunca ela. Fale dela?”. Ele falou. Disse isso: “Minha avó já se foi faz tempo, sinto muito falta dela, boa pessoa, cozinheira como não se faz mais hoje”. Falou muito dela, contou histórias, relembrou até dos seus tempos de moleque e por fim chegou no ponto nevrálgico da coisa: “Então, ela se foi, mas deixou comigo as receitas e daí eu sigo em frente, aprendi, eu e a esposa a cozinhar como ela e continuamos aqui na beira da estrada a oferecer os doces do jeitinho que ela fazia”.

Rimos, eu e ele, pois é o que nos resta neste país onde a gente se vê obrigado a inventar um emprego. Na criatividade de cada um, um algo novo, encantador, lindo de ouvir, ver e no caso dele, de provar. Eu como sem susto, sendo receita mesmo de sua avó ou não, os doces são gostosos. Como pouco, a diabetes não me permite arroubos quituteiros. Fico mais no cheiro e nas histórias, essas, em cada parada uma nova, encanto para ouvidos cansados cono o meu.
A Feira do Rolo ganha novas quadras. Expansão...

Lembro-me dessa história por causa da crise pela qual o país está enrolado até o pescoço e se complicou ainda mais pelos descaminhos praticados pelos golpistas e larápios no comando deste antes “quase” soberano país. Hoje, tudo pela hora da morte, empregos cada vez mais temporários, terceirizados e onde o trabalhador não terá mais legislação para lhe defender (novembro começa isso pra valer). O sujeito tem que se virar e se vira como pode. Vai pra beira da pista e monta sua lona, estende uma faixa e passa seu recado. O danado lá de Ubirajara foi criativo e até sua avó entrou no meio. Vai longe, tomara. Ontem domingo, vi que a Feira do Rolo começa a querer crescer novamente e ganhar mais quarteirões. Doutra feita tentaram impedir seu crescimento e conter tudo ali no largo diante da Cia Paulista. Que desta vez não ocorra o mesmo, pois se mais rolistas surgem, sejamos ao menos sensíveis. Se o sujeito vai pra rua vender algo é para tentar se safar dessa desventurada crise judiando de tudo e todos. Por onde ando tem feiras tipo da do Rolo daqui, longas, várias quadras. Pois que esse pessoal possa estender seus panos no chão e ali tentar melhorar a renda de suas vidas. 

Deixem a coisa fluir.

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