sexta-feira, 8 de junho de 2018

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (56)


TETOS DE PARIS / TETOS DE BAURU
Tetos de Paris, lindos do alto...
Semana passada escrevi aqui de minha visita numa loja de papeis de parede e lá, a vendedora diz que tem saído muito entre seus clientes dos condomínios, os chiques, um novo modelo e nele os TETOS DE PARIS. Olhar qualquer cidade do alto é sempre bonito, ainda mais Paris, Cidade Luz, todos se encantam sem conhecer de fato o que ocorre debaixo daqueles seculares telhados. Vi a imagem no mostruário da vendedora e ri sózinho, pois o local fotografado é também o da maior concentração de cortiços, imensos conglomerados humanos, lugar de moradia da forma mais empacotada possível, pardieros que ultrapassam séculos, famosos pela desumanidade. Muitos moram em Paris da forma mais degradante possível, em verdadeiros cubículos e isso não é algo que a elite bauruense quer discutir ou tomar conhecimento quando decide colocar uma linda foto aérea, em preto e branco, ampliada e tomando toda a parede de sua sala de visitas. Visto lá do alto, a cidade num todo é, como poderia dizer, Paris.
De um dos lados do viaduto essa é a visão...
 


Venho para a aldeia bauruense onde hoje pela manhã ao passar pelo viaduto João Simonetti, o ligando a rua Treze de Meio, centro da cidade com a praça da Bíblia, início do Jardim Bela Vista, estaciono o carro, volto a pé, tudo para fotografar ali daquela privilegiada situação alguns tetos ali ambaixo. São os das residências das antigas casas da Colônia da Paulista, hoje todas ocupadas com moradores que ali permaneceram após a privatização das ferrovias e derrocada das linhas e empresas férreas, coisa de algumas décadas. Alguns reformaram suas casas, outros não o fizeram e remendaram tudo, com puxadinhos e quetais, prevalecendo os tetos com telhas "eternit", possibilitando para os que circulam em cima do viaduto ter uma visão privilegiada de alguns tetos bauruenses. Esses em especial sempre me chamaram muito a atenção, pois são todos residências em situação mais que especial. A vila é constituída de residências de ex-funcionários da ferrovia, esquecida pelo tempo, porém tendo algo que nenhum dos seus moradores quer perder, a proximidade com o centro da cidade.

Publico as duas fotos, uma do lado direito e outra do esquerdo de quem passa pelo viaduto e junto uma com os tetos de Paris. O que vejo nos tetos ali representados são residências simples, moradas de pessoas labutando com a vida, fazendo das tripas coração para manter a dignidade e algum conforto. Com o mesmo colorido dos tetos parisienses, enxergar e entender como o povo vive (e sobrevive), faz parte de algo maior, o de como isso pode ser revertido, com a intromissão do poder público, que neste caso já deveria ter feito algum tipo de intervenção, não para retirá-los do lugar, mas propondo algo rejuvenecedor, transformador para o local, dando a todos a certeza de terem aqueles imóveis em definitivo e daí, propiciando a cada morador um incentivo para não só melhorar o visual, mas um ambiente onde a convivência nessas antigas moradas possa ter uma integração salutar com a própria cidade.

Se esses tetos incomodam a alguns, algo poderia ser feito, mas para isso seria preciso algo advindo do poder público municipal, através do prefeito e vereadores, verificando a situação da legalidade das residências e fazendo algo para beneficiar os antigos moradores. Quando isso for feito, com certeza, poderemos tirar fotos com um visual mais chamativo e daí, poderia também fazer parte de um portfólio com Tetos de Bauru e se fazer presente nas salas de muita gente. Por enquanto serve para conversações variadas, o que amplio neste momento com esse texto.
Já do outro lado a visão dos tetos é essa...
SETE DIAS DA COPA DO MUNDO - UM TEXTO POR DIA SOBRE FUTEBOL (01)

O MUNDIAL DE A a Z - Uma maneira irreverente, sicera e "caliente" de adentrar o espírito dessa insólita Copa. É o que temos, assim iremos...
https://www.pagina12.com.ar/119230-el-mundial-de-la-a-a-la-z 
Artigo do melhor jornal da Pátria Grande (América do Sul), o argentino Página 12, edição de hoje.

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