quinta-feira, 4 de março de 2021

PERGUNTAR NÃO OFENDE (171)


COISAS DE BAURU
1.) SEVERINO DO CALDO DE CANA PERDEU PARA COVID MAS SEU CARRINHO FICOU. SEVERINO TEVE SUA VIDA ROUBADA
"Severino é uma das 10 pessoas mortas por covid 19 nos 3 primeiros dias de março em Bauru. Ao todo a cidade registra até quarta-feira, dia 3, 427 pessoas mortas. No governo Suéllen Rosim (Patriota), 54 perderam a luta para a covid em janeiro. Em fevereiro, foram mais 64 pessoas vítimas da covid 19. A prefeita Suéllen Rosim não fala em decretar lockdown, apesar das 128 vidas perdidas e famílias destroçadas em 62 dias do seu governo em Bauru. (...) A existência de Severino era percebida pelo olhar atencioso da militância do movimento negro de Bauru. O vendedor de garapa (caldo de cana) era percebido como uma pessoa interagindo socialmente. Não era tratado como um número a mais para figurar nas estatísticas de cadáveres: "O senhorzinho foi contaminado pela covid e faleceu. Ficou entubado por 20 dias e ontem partiu (terça-feira, dia 2). Mais uma vitima da covid. Ele sempre prestava atenção nos nossos atos. Tinha vez que concordava. Outras não. Vai fazer falta"", jornalista e militante social nas 24 do dia e da noite Ricardo Santana - hoje a voz, texto e foto é só dele.

2.) "MEU SR, QUANDO OLHAREM PRA GENTE DE FORMA DIFERENTE, A GENTE CONVERSA, TÁ BOM?"
Fui ao mercado ontem e no caixa tentava falar pra moça do caixa sobre as prevenções tão necessárias para que a gente tente não pegar o coronavírus. Ela, com sua calma, 20 e poucos anos, moradora de uma bairro distante do centro, levanta os olhos e me diz: "Meu senhor, tenha paciência, o que o senhor me diz não faz sentido. Eu acordo todo dia muito cedo, pego dois ônibus para chegar até aqui, alguns bem lotados, pessoas sem máscara, se espremendo na gente. Chego aqui e permaneço neste caixa recebendo gente de tudo quanto é espécie, o dia todo, máscaras abaixadas, quando falo do gel alguns fingem não serem com elas e até destratam a gente. Não falo mais nada, mesmo me recomendando para falar e não reagir, mas cansa insistir e pouco ser ouvida. Saio daqui no final do expediente e volto a pegar mais dois ônibus, mais cheios do que os de manhã. Em casa, cada um vem de um lado, cada um com algo muito parecido com o que passei e daí, depois de passar por tudo isso e poucos se importarem com o transporte coletivo, com a precaução de fato aqui no mercado, o sr ainda vem me dizer que não posso ir ali na esquina me encontrar com minhas amigas e nem sentar no bar na praça junto delas? Menos, nós só não morremos ainda ou não pegamos a coisa por deus. E depois de tudo o que passo durante o dia, se chegasse em casa e me trancasse acho que enlouqueceria. Quando olharem pra gente de forma diferente a gente conversa. Tá bom?". Disse que sim.

3.) INFORMAÇÃO DE COCHEIRA
O velho fica em casa, pouco lê e o que mais faz para passar o tempo é ver TV. desde que ficou viúvo e não quer morar com mais ninguém, fazia o que queria de sua vida, mas agora chegou a pandemia e ele que gostava de bater uma perninha, sair, espairecer, ver gente, ir na padaria, mercado, circular pelo shopping, Calçadão da Batista, alguns poucos bares e restaurantes. O filho, médico da Unimed Bauru o visita regularmente, menos agora com a pandemia, alegando estar mais ocupado e atuando na linha de frente, sem poder comprometer a saúde do velho pai. Se falam muito por telefone e na fala de ontem algo constrangedor quando soube que, mesmo com tudo o que tem dito ao pai sobre a gravidade da coisa, o pai tem dado algumas escapadas. o que disse a ele foi para chocar e se não impactou, creio não exista mais o que fazer: "Pai, veja bem, eu estou aqui na boca do furacão e lhe digo com a maior sinceridade, não saia, peça tudo para lhe entregarem. Eu te quero vivo e se ficasse doente num dia como hoje, quarta, 03 de março, eu não conseguiria te internar nem no serviço público e nem no particular. O hospital está híper lotado, gente esperando vaga e nem o senhor, meu pai, eu conseguiria vaga, daí é bom levar a sério, viu!".

4.) TURMA DE PREFEITOS FORA DA CASINHA
Estaríamos diante de turma de prefeitos fora da casinha? Alguns fatos. O de Jaú, Ivan Cassaro - PSD, católico fervoroso, diz trabalhar nas 24h do dia e da noite – não sei como faz para dormir – e nesta sexta, 5/3, 15h, realizará um ato simbólico, Cinco Minutos de Oração em prol da reversão dos problemas jauenses. Ainda bem não ocorrerá em nenhum igreja e com qualquer tipo de aglomeração. Será cada um em sua casa ou local de trabalho. Ufa! Bem diferente do que prega e faz a novíssima (sic) prefeita bauruense, Suéllen Rosim – Patriotas, que não só abre novos templos, canta e dança neles, menosprezando o pior momento da proliferação do vírus na cidade e região. Ela diz rezar e isso lhe basta. A gente bem sabe que não será só com reza que diminuiremos a coisa, enfim, que trabalhem e muito, que Cassaro isole mesmo Jaú, autoriza um lockdawn a altura das reais necessidades e consiga seu intento.

Isso uma coisa, mas a preocupação vem de outro procedimento. Deixemos eles rezarem, mas é a outra “pregação”, mais preocupante. Diz abertamente para quem quiser ouvir que, está atrás de comprar e espalhar pra população jauense da tal IVERMECTINA, comprovadamente inútil para o Covid. Diz mais, que o faz seguindo algo de sucesso na também vizinha Lençóis Paulista, administrada por Anderson Prado de Lima – DEM. Como podem, neste momento, quando toda a Ciência já comprovou da ineficiência deste medicamento especificamente para tratar de Covid, se deixem levar pelo canto da sereia. Por que prega essa inutilidade? Com que finalidade?

A ainda população sensata de Jaú, Lençóis Paulista e também Bauru precisam conter esses ímpetos “fora da casinha” de alguns administradores, pois gastarão dinheirama público em algo inútil, pura perda de tempo, quando poderiam investir em vacinas e na precaução mais eficiente. Será estarmos diante de leva nova de prefeitos “fora da casinha” e com desajustes de idêntico teor ao do Senhor Inominável? Seriam da mesma safra e escola de vida? Geram preocupação generalizada.

5.) ENFIM, BAURU QUER OU NÃO O HOSPITAL DAS CLÍNICAS?
Num intrincado jogo de xadrez, hoje algo mais das jogadas feitas sob medida no quesito Hospital das Clínicas de Bauru. Este hospital é aquele elefante branco ali ao lado do parque Vitória Régia, dentro das instalações da USP, ao lado do Centrinho. Durante o período pandêmico permaneceu entre o abre e fecha, intercalado por manifestações estudantis e alguma provável utilização pela recém aprovada Faculdade de Medicina de Bauru. Já foi motivo até de greve de fome (sic) por vereadores, quando estava para ser aberto como hospital de campanha, por sinal, muito mal utilizado.

Ele sempre volta à baila e em cada capítulo, se faz necessário entender de quem jogou, como jogou, dos prós e contras, pois ninguém nesse emaranhado de peças faz nada desinteressadamente ou joga por jogar. Hoje a nossa novíssima prefeita, num outro lance se diz cansada de pedir vagas hospitalares pro desGoverno Estadual de João Dória, seu desafeto - dela e de seu mentor -, pedindo as tais vagas agora para o também desGoverno Federal. Se assim age, das duas uma, possui cartas na manga ou é inocente demais da conta. De Brasília e de Bolsonaro nada veio até agora para quase ninguém e se vier para Bauru, a comprovação de que, aqui é mesmo o QG - Quartel General do fundamentalismo bolsonarista.

Junto esse ousado lance da cantante e nada encantante prefeita para tentar decifrar a charada do que se passa com o tal Hospital das Clínicas e dos motivos de até hoje não ter sido de fato implantado e já estar funcionando. Ontem, uma "mosca azul" me contou no pé do ouvido que, isso até o presente momento não se deu por desinteresse da cidade de Bauru. Sua explicação é a de que, com Bauru tendo como vice um médico e ele sendo - ou tendo sido - do staff diretivo da Unimed e ela hoje dominando o quesito classe média (o rico quando precisa vai direto pra Sampa se internar num chiquetoso), com o hospital funcionando, a cooperativa perderia centenas de clientes, pois estes deixariam de pagar suas mensalidades e só se utilizariam do novo hospital. Diante disso, Bauru finge querer o hospital, não o requer de fato com solicitação definitiva junto ao Governo Estadual.

Sendo verdade, isso seria um escândalo. Tem mais e esses questionamentos sou eu quem faço. Pelo que sei o interesse nessa solicitação não é de hoje e daí, por que não foi solicitado pelos dois últimos governantes municipais, Rodrigo Agostinho e Clodoaldo Gazzetta? Se não o fizeram de fato isso se deve a pressão da Unimed para permaneceram aquietados e se fingindo de mortos? E outra pergunta, se esse pedido de fato não ocorreu, por que o governador João Dória não veio a público até agora e escancara tudo? Pelo sim pelo não, vejo que, se foi ou não pedido oficialmente o hospital, chegamos em 2021 e Suéllen, daí a última pergunta: ela e seu vice, o médico da Unimed, querem de fato o hospital funcionando ou só o fazem da boca pra fora? Trata-se de pouco caso municipal ou estadual? A conferir. Seria bom ter o pronunciamento de Rodrigo e de Gazzetta.

Esclarecidos esses pontos, podemos continuar discutindo o que virá ou não daqui por diante. Enquanto ansiosamente aguardamos, ouço assustado o noticiário da não mais existência de vagas hospitalares hoje nem na rede público, assim como na privada. Ou seja, o tal do Hospital das Clínicas seria muito bem vindo. Mas virá?

3 comentários:

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS HOSPITAL DAS CLÍNICAS 1:
Luciana De Arruda Covolan: Na gestão do Gazetta foi feito um acordo:
USP- faculdade de Medicina
Estado - HC
Prefeitura- hospital de base
Obviamente o gazetta desistiu logo em seguida por causa dos custos, consequentemente o Estado também porque nunca quis assumir os custos de mais um hospital

Clodoaldo Gazzetta II - Prezado Henrique Perazzi de Aquino a conjectura que vc fez não procede. O HC está aberto e permanecerá aberto mesmo após a pandemia. Depois de quase 25 anos o Hospital das Clínicas iniciou seu processo de abertura pelo Governo do Estado. Neste momento com leitos destinados ao tratamento do Covid, e após, como Hospital de referência regional. Entendo a mobilização das pessoas, estudantes e entidades, mas nada mudou nas estratégias do Estado para consolidação da abertura. Tem tratativas que ainda estão sendo feitas na própria ALESP e na Secretaria de Saúde do Estado para efetivação da abertura. Vale lembrar também que o Hospital Manoel de Abreu também está em obras e deverá abrir mais 76 novos leitos clínicos até o final deste ano. Recursos também do Governo do Estado que conseguimos em 2019. Ainda temos em processo de construção na cidade de mais dois Hospitais privados, um na região do final da Getúlio Vargas e outro na região próxima ao Parque das Camélias. Portanto, a tese de reserva de mercado para uma operadora de saúde não se sustenta, uma vez que a cidade já se tornou um pólo educacional na área da saúde com duas faculdades de medicina e será num futuro próximo uma grade referência nacional no setor. Segue abaixo a nota do Governo do Estado quando da abertura do HC
*Governo de SP inaugura HC de Bauru para atendimentos de COVID-19*
_Serão abertos 40 leitos de enfermaria no 4º e 5º andar do novo prédio do Centrinho_
O Governador João Doria anunciou nesta quinta-feira (21) a abertura do Hospital das Clínicas da USP de Bauru para atendimentos de pacientes com COVID-19. A unidade começa a funcionar na próxima terça-feira (26).
Serão abertos 40 novos leitos de enfermaria, em parceria com a organização social de saúde Famesp (Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar), para atendimentos de pacientes da região.
O serviço será implantado no 4º e 5º andar do novo prédio do Centrinho. O espaço tem 11 andares e 21 mil metros quadros de área construída.
Serão investidos R$ 3 milhões para a implantação dos leitos, com um custeio mensal de R$ 1,2 milhão. Irão atuar na unidade 120 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, etc.
“O serviço é um reforço importante para a assistência aos pacientes suspeitos e confirmados de coronavírus da região. É uma grande conquista que se junta aos demais hospitais estaduais de referência da região no enfrentamento da pandemia”, afirma o Secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann.
Após a pandemia, o prédio abrigará um serviço de referência hospitalar e ambulatorial para a população dos 68 municípios da região de Bauru e servirá de hospital escola para a curso de Medicina da USP de Bauru, como acontece no HC da Capital e de Ribeirão Preto. O imóvel está localizado na Rua Henrique Savi,1-50, em Bauru

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS HOSPITAL DAS CLÍNICAS 2:
Luciana De Arruda Covolan - Gazzetta, Me desculpe, respeito seu trabalho e sua história. Mas o que está funcionando é uma extensão do HEB. O HC não está funcionando. Para que isso aconteça é preciso que o acordo de cooperação entre o Estado e a USP seja assinado. E infelizmente ainda não foi.
Por enquanto o HC é uma promessa.

Clodoaldo Gazzetta II - Luciana De Arruda Covolan esse acordo de cooperação só poderá acontecer após aprovação na ALESP do Projeto de lei n° 571/2020, de autoria do Deputado Ricardo Madalena, que
Transforma o hospital das clínicas de Bauru em autarquia. Após esse procedimento o Estado poderá vincular recursos orçamentários para abertura definitiva que só vai acontecer após à pandemia.

Carlos Alexandre De Carvalho - Gazzetta, sem entrar no campo de autarquia, o que é discutível, as questões do Henrique Perazzi de Aquino me deixaram em dúvida: Bauru chegou solitar a abertura do HC? Quer no seu governo ou em outros? E sabendo que vc é próximo do governo Paulista, lhe faço outra pergunta: o que a atual administração local fez para implementação do HC? Pq não me lembro de nenhuma manifestação - vai que minha memória está pregando uma brincadeira.

Clodoaldo Gazzetta II - Carlos Alexandre De Carvalho a abertura do HC como Hospital de Campanha só aconteceu por uma ação conjunta de todos os Prefeitos da região, quando efetivamos o Pacto Regional. Fizemos também na minha época um movimento destinado ao acordo judicial para que os valores devidos no passado pela Prefeitura na ação do MP fossem revertidos na compra de equipamentos ou no pagamento de leitos de UTI também no HC. Por conta desse acordo é que os recursos não foram bloqueados na conta da Prefeitura.

Rose Flag - Gazzetta, sabe informar por que os respiradores recebidos pela Prefeitura não podem seu utilizados no HC, que conta com enfermarias prontas, ao menos é o que eu entendi?

Clodoaldo Gazzetta II - Rose Flag não sei as especificações dos respiradores recebidos recentemente. Na minha época eu recebi 10 respiradores do Governo Federal que só poderiam ser utilizados em unidades de resgate e não em UTIs. Se não for por conta disso, talvez seja a questão relacionada a contratação de RH.

Rose Flag - obrigada

Mafuá do HPA disse...

COMENTÁRIOS HOSPITAL DAS CLÍNICAS 3:
Henrique Perazzi de Aquino - Clodoaldo Gazzetta II, pelo montante do valor investido, hoje você fora do Governo Municipal, mas ainda no PSDB, como avalia o interesse do Governo Estadual em de fato promover e manter esse investimento mensal. A gente sabe da dificuldade disso tudo ter solução de continuidade, até porque mudando governos, entram outros com outros propósitos e intenções, mas você crê existir no Governo Dória a intenção de levar isso adiante a contento ou empurrar com a barriga e assim injetar dinheiro em conta gotas?

Clodoaldo Gazzetta II - Henrique Perazzi de Aquino eu tenho convicção que o HC já é realidade. Foi uma luta muito grande abrir as portas do hospital, mesmo sendo de campanha neste momento, ele não fechará mais. São significativos os recursos necessários para sua abertura definitiva, algo próximo a 100 milhões de reais ano, mesmo assim, tenho certeza que será um hospital de referência regional pois é um processo sem volta para o Governo do Estado.

Henrique Perazzi de Aquino - E por fim, para finalizar de minha parte, algo a ver com o texto publicado por mim: você enxerga nessa atual administração a mesma disposição em tocar adiante a questão desse hospital? Eles podem estar desinteressados ou mesmo mal preparados para levar adiante o projeto ou até mesmo com outras intenções, talvez a de não vê-lo vingar?

Clodoaldo Gazzetta II - Henrique Perazzi de Aquino eu vejo a administração atual ainda sem rumo e sem um plano de cidade para condução de suas ações. Isso é fruto de uma campanha despolitizada, sem aprofundamento dos temas e sem debates claros sobre os projetos e pensamentos ideológico para condução da cidade. Espero que eles possam aprender rapidamente com o dia a dia. Estamos num momento de observação ainda, mas torcendo para pelo menos dar certo.

Henrique Perazzi de Aquino - toc toc toc. Obrigada.