sábado, 20 de março de 2021

RETRATOS DE BAURU (250)


A ORIGEM DO NEGATIVISMO BAURUENSE*
* 5º artigo deste mafuento HPA para semanário DEBATE, de Santa Cruz do Rio Pardo, publicado edição nas bancas a partir de hoje, sábado, 20/03/2021:

A pandemia assume seu momento mais trágico. Nunca tivemos uma situação como a vivenciada nesta semana. Os casos triplicaram, tudo fora de controle, nos hospitais as vagas são praticamente disputadas a tapa, pois não mais existem e em caso de necessidade, além de contar com a sorte, que no caso é alguém internado falecer para ela ocorrer, já existem casos de nem com pistolão ou pagando muito ela não é disponibilizada. Ou seja, Bauru beira ao caos.

Nem isso tudo parece sensibilizar parte da população da cidade dita e vista como “Sem Limites”. Das últimas notícias, fiscais da Prefeitura Municipal são hostilizados e impedidos de realizar seu trabalho no Jardim Redentor, um bairro popular com intenso comércio de pequeno porte. A maioria dos comerciantes, insuflados pela sua entidade de classe, no caso o SinComércio, hoje comandada por Walace Sampaio, considerado na cidade mais que um “coronel”, disse meses atrás que “o comércio de Bauru não fecha” e assim segue firme da decisão de manter na ponta do laço a decisão, sustentada também com apoio de parte da mídia massiva e garantida pelos decretos municipais, todos da lavra pessoal da novíssima (sic) prefeita Suéllen Rosim, reconhecidamente fundamentalista, fiel seguidora do ex-capitão.

O jogo é bruto, diria também, pesado. Cabeças são feitas pelo massacre diário de informações, tendo como as principais as apregoando “o comércio não aguenta mais” ou “fechando a gente vai falir”. Sim, tudo é verdade, diria meia verdade. Todos estamos a padecer, porém seu Walace e a prefeita não cobram nada do Governo Federal em algo para atender essas justas reivindicações – a de todos, comerciantes, comerciários e trabalhadores em geral. Estes jogam toda a culpa no governador, desde a falta de vagas hospitalares e se deixar até das de vacinas. Nunca o presidente. A propaganda é massiva, impositiva e não deixa o povo respirar, quanto mais pensar. E este, diante de todas as dificuldades do momento, acabam acreditando que, fechar é o próprio caos.

Ledo engano. O caos já acontece e só se ampliará se nada for feito para aplacar a ira de uma pandemia descontrolada. Os motivos do descontrole vão desde o desdém de Bolsonaro, culminando com a deficitária compra de vacinas, também pela negligência deste. Edinho Silva PT, prefeito de Araraquara disse dias atrás, após concluir lockdown dos mais rígidos: "Se você não tem vacinação em massa, só o isolamento social pode resolver algo neste momento. E nós não temos vacinação em massa. Diante disso só existe uma forma de controle, o paciente positivado não entrar em contato com a pessoa saudável. A partir do momento em que ele entra novo ciclo se inicia". O novo ciclo viceja em Bauru, pois por aqui o isolamento social é mais do que meia boca e a vacinação é o que todos sabemos, ocorre em conta gotas, pois as vacinas só foram adquiridas há pouco tempo e chegam ao país também em conta gostas.

A população quando desesperada, age sem controle, por impulso e sugestões nem sempre certas. Como agora, compram continuar de portas abertas como a solução, quando na verdade, deve acelerar sua destruição. Para a atual administração de Bauru a flexibilização proposta pela prefeita e seu “Zeca Diabo” – igualzinho na Sucupira de Dias Gomes, Walace Sampaio resulta numa situação sui generis, já gerando preocupação não só estadual, mas nacional. Bauru já não é somente a terra onde Pelé começou a jogar bola, a do famoso sanduíche, do astronauta e da mais famosa cafetina brasileira, como agora, segue a passos largos para ser também reduto onde existe já mais do que preocupação, campo fértil para o surgimento de nova cepa do vírus, talvez algum que nenhuma vacina consiga curar. Depois não gostam quando a comparam, dizendo ser a Springfield brasileira, terra fértil de muitos Simpsons.

PATRIOTISMO DE ARAQUE
Toda vez que saio na minha janela, vejo tremulando bandeira do Brasil numa do prédio vizinho, daí me bate tremor nas entranhas. Seu mentor a hasteia todo dia pela manhã e a recolhe ao final da tarde. Desconheço a pessoa, portanto não escrevo dela em si, mas desse uso desmedido, descontrolado e fora de propósito do momento das cores pátrias. Nada contra este uso, mas sim pelos que fazem hoje, quando distorcem o sentido. Quando as vejo sendo utilizadas nas manifestações dos ditos “coxinhas”, aí um exemplo clássico de canalhice para utilização de algo que, decididamente não pertence a estes, mas fazem uso e da forma mais preconceituosa possível. Diante de tudo, confesso, teria vergonha de envergar as cores da bandeira brasileira hoje, pois temo ser comparado com estes todos fazendo uso de forma despropositada. Estava matutando exatamente sobre isso, quando me deparo com um e-mail do amigo exilado em Natal RN, o mestre Garoeiro, versando exatamente sobre a questão. Compartilho para deleito de quem me lê:

"O patriotismo é o último refúgio do canalha." Wikipédia: Patriotism is the last refuge of a scoundrel é uma conhecida frase do literato inglês Samuel Johnson. Significado: Em seu registro inicial, Boswell comentou que Johnson não se referia ao "amor real e generoso" pela pátria, mas ao "pretenso patriotismo que tantos, em todas as épocas e países, têm usado como um manto para os próprios interesses". Como já se colocou, portanto, a frase de Johnson referia-se aos canalhas, e não ao patriotismo em particular. Em um nível mais superficial, ela observa que o patriotismo é um conceito que pode ser facilmente manipulado, e por todo tipo de indivíduo; ao apresentarem-se como patriotas, até mesmo canalhas podem prosperar. E, em um nível mais profundo, ela refere-se à tendência acentuada de que, quando confrontados, canalhas demonstrem um devotamento patriótico falso a fim de explorar esse sentimento alheio e, por meio dele, avançar seus interesses e proteger-se aos olhos do público”.

Trocamos missivas quase diárias e nesta encerra com um questionamento sobre o tema: “Só por aí, caríssimo Agapeá, já há o suficiente para a gente conseguir entendimento histórico, verdadeiro, para o que domina o negacionismo geral das manifestações odiosas que se apropriam do verde-amarelo brasileiro, graças à Wikipédia. Mas, há mais. "Patriotada": Dicionário Michaelis: 1 Alarde de patriotismo. 2 Grande número de patriotas. 3 REG (RS) O conjunto dos patriotas (soldados). Donde há de se concluir que o canalha realmente assumido, autêntico, agora na onda negacionista, além de se manter acoitado naquele "último refúgio" recorre à "patriotada" - alarde de patriotismo - para disfarçar ainda mais a falsidade de sua vilania, "a fim de explorar esse sentimento alheio e, por meio dele, avançar seus interesses e proteger-se aos olhos do público".

Essa conceituação teórica era exatamente o que buscava para explicar isso hoje nos rodeando, como sendo eles os únicos detentores das cores verde-amarela e mais que isso, os defensores do país, quando na verdade deixaram de ser quando passaram a defender o bolsonarismo, pois este não defende o Brasil, aliás vende o país, dispõe de tudo que temos, malditos vendilhões do templo. Nem estes, nem mídia massiva, parte do Judiciário e do mundo político, nem mesmo os militares, que antes dizia-se serem ao menos nacionalistas, hoje não mais o são, pois são favoráveis a essa dilapidação em curso. Enfim, estes hoje envergando nossas cores pelas ruas são os menos patriotas possíveis. E tenho dito.

FELIZARDOS NO PAÍS ONDE TUDO É POSSÍVEL
TALITA NEVES propicia na data de hoje mais um capítulo da alegria interior que todos devem sentir quando se depara com seus pais sendo devidamente vacinados, protegidos diante de todas as agruras do momento e daí posta foto de seu pai, o teatrólogo Paulo Neves com a carteirinha comprovando ter tomado a primeira dose. Fotos como essa, dos tantos que já conseguiram chegar lá é um alento para todos os demais, ainda na fila de espera e aguardando, neste processo escolhido pelo Brasil, o de comprar vacinar só na prorrogação, quando a maioria dos países já tinham feito suas reservas e daí, o tempo de espera se torna a esperança, de que um dia chegue e nos salve. Viva Paulo Neves, e com essa homenagem a ele, extensiva a todos os que já conseguiram chegar lá, algo como ter atingido o pico do Everest. Abaixo a foto do Paulo Neves e de outros felizardos bauruenses, todos vacinados - com a primeira dose, viu!


Um comentário:

Anônimo disse...

Então o seu apartamento é na Vila Universitária? Realmente você é da esquerda caviar. Um típico socialista de iphone. kkkkkkkkkkkkkkkkkk