domingo, 14 de março de 2021

REGISTROS LADO B (36)



O 36º BATE PAPO DO LADO B É HOJE, 10H, REVIVENDO A TRAJETÓRIA DE UM CIDADÃO DO MUNDO, DARCY RODRIGUES
Contar a história das pessoas é algo engrandecedor, ainda mais as das menosprezadas pela História Oficial, a escrita pela visão do vencedor, no caso também opressor. Nela, nunca o povo será retratado sem distorções. Sempre será visto como massa de manobra, nunca como personagens transformadores e promotores das mudanças. Este “LADO B – A Importância dos Desimportantes” resgata isso. Não sou o único, muito tem sido feito e continuará, pois continuamos com imenso déficit de verdade no que ainda se lê sobre a História de Bauru. Se faz mesmo necessário essa reunião constante de personagens que foram testemunhas oculares da História e eles contando a sua própria versão, a visão apaixonada dos acontecimentos, a de quem a vivenciou do lado do povo trabalhador, fazendo tudo e mais um pouco para tentar transformar o mundo onde vivemos. O espaço deste Lado B tem lado, defende um lado e mostra estes, os que corajosamente botaram a cara a tapa, enfrentaram e continuam enfrentando o touro à unha.

Na história aqui contada hoje, alguém que não poderia mesmo ficar de fora deste LADO B, o hoje militar reformado do Exército Brasileiro, 79 anos e uma vida das mais instigantes. Falo de DARCY RODRIGUES, um cidadão que um dia saiu lá de Avaí, nas barrancas do rio Tietê, cidadezinha com seus cinco mil habitantes e ao ganhar o mundo, fez suas escolhas e com elas, apanhou muito, sofreu, penou e mais que tudo, nunca se vergou. Não existe momento mais envolvido em orgulho e contentamento do que este, quando a pessoa se volta para seu passado e o conta, revê com orgulho, sem se envergonhar das lutas nas quais esteve envolvido. Desde que saiu de sua Avaí, este senhor de estatura mediana, passo firma, não baixou mais a cabeça. Enfrentou o diabo pelas suas escolhas, mas também obteve muitas vitórias. Neste domingo o resgate de algumas dessas histórias e para tanto, uma hora é pouco, muito pouco, mas sempre um começo.

Imaginem como deve ter sido a opção de vida de alguém em sair de sua pequena aldeia e entrar para o Exército. Logo a seguir a desilusão para com os rumos do país e a descoberta de uma luz no final do túnel e nela apostar suas fichas. Foi o que fez Darcy, quando servindo na capital paulista, anos de chumbo, se deixa envolver pela ação de um coletivo comandado por nada menos que Carlos Lamarca. Darcy desertou do Exército, caiu na clandestinidade e vivem intensamente a luta armada, caiu, foi torturado no Vale do Ribeira, preso e trocado por um sequestrado, foi viver primeiro na Europa e depois Cuba. Foram mais de dez anos de Cuba, ali laços indissolúveis e relembrados sempre com muito carinho. Com a anistia, ele e tantos outros voltam e ele retorna para Bauru, onde seus laços estavam mais que fincados. E a partir daí, novas lembranças e desde o primeiro momento, a luta para ter seus direitos reestabelecidos.

Tudo na vida deste senhor não foi fácil. Ele literalmente lutou. Foram tantas passagens e isso já foi retratado por muitos. O memorialista Antonio Pedroso Junior dele já escreveu um livro, antológicas histórias reunidas e espalhadas ao mundo. O cineasta Silvio Tendler o chamou para gravar quando de um dos seus famosos documentários e Darcy se apresenta imenso revivendo sua participação no que lhe coube de participação nos embates deste país. Outros o entrevistaram, dele muito foi escrito, alguma polêmica, mas o que se sobressai é esse seu envolvimento de corpo e alma com uma causa. Vê-lo falar disso, mesmo passado tanto tempo, sem nenhum arrependimento é mais que um incentivo para se renovar o ímpeto pelas lutas todas que temos pela frente. Quando ouvimos relatos como o de Darcy, algo tem nos tocar internamente, pois muito que se faz na vida, ocorre em função das paixões pelas quais estamos entrelaçados. Alguns se deixam levar ao longo de suas vidas e optam por outros caminhos, diria mesmo, descaminhos, mas o que não abandonam a causa, são merecedores de algo que ninguém nunca poderá lhes tirar, a fibra, garra, coragem e disposição para não desistir.

Eu tenho já algumas boas histórias vividas ao lado de Darcy ao longo de minha vida. Fui com ela na entrevista em Sorocaba com Silvio Tendler e certa feita fomos os dois de carro para Três Lagoas MT, quando reencontrou antigas professoras e pessoas nas quais havia convivido décadas atrás, começo de sua carreira militar. No blog Mafuá do HPA (www.mafuadohpa.blogspot.com), num clicar de consulta do que já escrevi dele, surgem muitos textos ao longo destes anos todos e hoje mais uma participação conjunta. A luta também se dá com conversa, prosa e revivendo muito do que já foi feito, a gente molda a luta para continuar tentando transformar este mundo onde estamos inseridos. Darcy é apaixonado no que fala e escrevi muito disso no pouco que produzi deste imenso cidadão.

Eis o link para rever algo destes escritos: https://mafuadohpa.blogspot.com/search?q=darcy+rodrigues.

Eu sempre estarei pronto para fazer o que tiver que ser feito, o pouquinho que posso fazer, cavando espaço para que histórias como desde rico personagem de nossa História relate sua versão dos fatos. Neste domingo só mais uma trincheira aberta. Conto com todos.

Ao término do Bate Papo postei este comentário por lá: "Pensei no começo que poderia domar o velho Darcy e enquadrá-lo, com ele contando sua história em uma hora e pouco. Quando percebi não ser possível, daí a conversa fluiu e foi ótima, um verdadeiro bate papo, com ele dando sua opinião sobre tudo o que lhe era perguntado e até sobre o que lhe vinha à cabeça. A partir daí, creio eu, este Lado B ganhou um outro sabor. Foi uma ótima conversa".

Da conversa toda, extraio que a vida de Darcy além de ter sido intensa, ele a conta em minucias, detalhista que é. Para conversar com Darcy se faz necessário muito tempo. Uma hora é pouco. Ele, quase ao final da conversa disso isso: "Minha única arma hoje é a LÍNGUA. Quero e preciso falar. Estou à disposição, me procurem". Duas frases ditas por eles merecem destaque:
- "Não falo sem ler e estudar" e
- "Tem gente quer faz faculdade e não sabe ler" 
Eu adoro conversar com Darcy Rodrigues e ao final de cada novo bate papo, uma constatação, sempre falta algo, daí melhor muitos encontros, pois ele tem muito pra nos dizer. E quer falar.


E PRA NÃO DIZER QUE NADA ESCREVI HOJE DE BAURU
"RESTAURANTES, BARES E BUFFETS DE BAURU: APÓS MARÇO NÃO SUPORTAREMOS MAIS..." – MAS ESTES TODOS ESTARIAM DE FATO EM BUSCA DE DEFINITIVA SOLUÇÃO?
A manchete e matéria principal de hoje, domingo, 14/03 do Jornal da Cidade reflete bem o triste momento pelo qual passa o país neste momento e de suas soluções nem um pouco dentro da normalidade. Leio atentamente os depoimentos de todos os envolvidos e da reunião ocorrida, na qual o jornal esteve presente, a presença de alguns comerciantes da cidade e o veredicto: “Aguentamos até março com tudo fechado, não mais”. Olho para a minha volta, pelos mais diferentes lugares do país e nada tão diferente do que acontece aqui na cidade “sem limites”. As dificuldades são de todos, indistintamente. Em outros jornais vejo algo mais acontecendo, como no Piauí, onde o Governo estadual está pronto para colocar em prática um auxílio emergencial para os comerciários, algo em torno de R$ 1 mil reais. O mesmo acontece no Maranhão, do governador Flávio Dino. Ações assim pipocam país afora e nelas, a demonstração da sensibilidade e do esforço local, quando alguns governantes, cientes do problema, fazem o que podem para zelar pelo bem estar do povo sob seu comando.

Da governante de Bauru nem um pio. Nada de nada pensando na situação dos comerciários e demais trabalhadores, só pensando na situação dos comerciantes e da classe empresarial. Pela manchete do JC, dá para entender a mesma linha de ação. Cá comigo, com meus botões, aqui no recesso do meu lar, folheio o jornal e me fixo na manchete e no que transpira, passa para quem a lê. Sabe o que pega para mim e isso mais do que evidente? Nem o jornal local, representante da mídia hegemônica, nem a prefeita e o dos comerciantes – todos com amplo espaço dentro da publicação – citam em nenhum momento nenhum tipo de pressão para quem poderia já ter resolvido isso desde muito tempo, no caso o magnânimo Senhor Inominável, digo, o que está hoje encastela na presidência da República. O que faz este senhor em relação a isso? Pouco, quase nada. Diante da pressão popular, reativa uma pífia Ajuda Emergencial, R$ 250 reais por quatro meses e para quantidade muito menor de beneficiados que na vez passada. Diante do que ocorre neste momento nos EUA, quando para reativar o mercado nacional, uma ajuda substancial para tudo, todas e todos, em valores que no caso brasileiro, seriam um verdadeiro maná. Não dá para comparar o que ocorre hoje nos EUA, mesmo em relação às vacinas, como a este auxílio, mas numa simples amostragem do que um faz e do que o outro deixa de fazer, Bolsonaro é um horror, péssimo, criminoso.

Enfim, por que estes todos com a corda no pescoço não cobram a quem de direito? Imagino como seria neste momento se todos estes se juntassem aos que cobram de Bolsonaro sua real responsabilidade. Não só conseguiríamos, como talvez até sua remoção, por absoluta incompetência. Mas estes hoje reunidos numa sala para discutir os destinos do comércio de Bauru não estão interessados nisso. Como nada farão para buscar reparação a quem de direito, prevejo dias horrorosos para todos. A pandemia não cessará, pois estes estarão se movimentando para manter medidas de flexibilidade e nada mais. Quando a solução é buscada sem querer se tocar no mal maior, ela nunca acontecerá. Tudo o mais é paliativo. Se querem assim, assim continuará.

Tenho comigo que, tivéssemos um Governo decente em Brasília, o país neste momento atravessaria outro momento. Insistir em continuar com quem nos destrói é clamar para sofrer, padecer e fenecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso,sabe que o pequeno comerciante,os trabalhadores do comércio e os autônomos sofrem com as medidas de lockdown imperiosas para combater a pandemia. A responsabilidade pelo fato da situação ter chegado a esse ponto,é desse imbecil do presidente que além de subestimar a gravidade da doença, acabou com o auxílio emergencial e,não fez nada para comprar vacinas a exemplo de outros chefes de Estado. Agora,esse rebanho de bolsominions descerebrados atacam governadores e prefeitos,ao invés de cobrar a conta dessa caricatura de presidente. Só lembrando que muitos governadores e prefeitos são aliados do inominável e tão deletérios ao povo, quanto essa merda de presidente!
Woltaire Matosinho