quarta-feira, 31 de julho de 2024

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (176)


NUMA SEMANA, ONDE O QUE MAIS SE OUVIU FOI "GOLPE", EIS ALGO PODENDO TERMINAR NUMA DELEGACIA DE POLÍCIA
O palco de todos estes acontecimentos foi o salão principal da Câmara de Vereadores de Bauru. Sim, mesmo que tudo não tenha ocorrido por ali, o desenlace em sua maioria ali ocorre. Falo das convenções partidárias, pois estamos na semana onde a maioria delas ocorre é exatamente no recinto da Câmara. Foi uma semana intensa, onde a palavra mais repetida por aqui foi GOLPE. Guardião, nosso intrépido capa e espada, o original super-herói bauruense explica ao seu modo e jeito o ocorrido.

"Este período pré-eleitoral de Bauru não está para amadores. Em primeiro lugar, para alguns partidos, a instituição da Federação, como mediador de união entre partidos, os ditos como do campo democrático, está se mostrando traumática. Muita confusão, principalmente a de interesses em conflito. Tem um ditado que apregoa, 'quando um não quer, dois não podem. Isso vale no amor, ou na traição.' Sim, teve muitos partidos penando para emplacar seus próprios candidatos, sem algum tipo de intercorrência e interferência. Pelo menos em três deles, algo com essa denominação, fluiu e ganhou espaço nos comentários cidade afora: com o PT, o PDT e por último, o PSB. Cada qual ao seu modo e jeito, tiveram problema intestinais, internos e que, após disputa interna, extrapolaram e chegaram ao conhecimento público. Ou seja, as instâncias internas não conseguirão conter o ocorrido. O caso do PT é o mais conflitante, pois ainda em curso e a demonstrar que a sua militância, sempre tão aguerrida, não foi sequer ouvida, assim como a direção local, com a legenda sendo entregue de bandeja para que um representante do PV fosse escolhido para ser seu pré-candidato a prefeito. Pela rejeição, uma só certeza, a campanha será pífia e resultará num grande desastre e para tanto, não se faz necessário nenhuma bola de cristal", começa Guardião.

E por fim, juntando tudo, ele explicita algo mais a ocorrer lá neste palco dos acontecimentos políticos da cidade de Bauru, a Câmara de Vereadores. "A CEI dos ataques hackers, como ficou conhecida na Câmara de Bauru, é presidida pelo vereador José Roberto Segalla (União Brasil) e tem Markinho Souza (MDB) como relator. Também são membros Pastor Edson Miguel (Republicanos), Marcelo Afonso (PSD) e Eduardo Borgo (Novo). Pois bem, o tal do hacker de Araçatuba, um profissional do engodo e do negócio escuso, teve seus serviços contratados para algo naquela cidade, ganhou projeção e conquistou outros trabalhos através de pagamentos efetuados por diversas ramificações do bolsonarismo e culminou com sua contratação pelo cunhado da alcaide da cidade, Suéllen Rosim, este residindo na mesma casa que ela e desta forma, perseguem jornalistas, vereadores e, por fim, até o atual presidente do PT na cidade. O tal do hacker diz querer denunciar tudo para a polícia e o Judiciário brasileiro, tendo documentos a comprovar algo contundente contra Suéllen e não o deixam falar. Isso tudo movimenta os bastidores da cidade. Enfim, já que ele dfiz ter algo revelador, por que não ouví-lo?", questiona Guardião.

E conclui: "Hoje, último dia do mês de julho, a manchete do Jornal da Cidade é que a prefeita processa o hacker. Na verdade, isso ainda não é um processo, talvez um pedido, uma solicitação, que pode gerar ou desembocar num processo, uma reação dela e depois, o que se aguarda é se o hacker, diante deste fato novo, apresentaria o que diz possuir de denúncias e provas contra o cunhado e a própria prefeita ou ficaríamos por aqui. Na CEI, hoje com mais uma rodada de conversação, nada de novo, pois ficam fazendo contato com o hacker, hoje exilado na Sérvia, portanto, longe das garras de ser preso pelos delitos já cometidos. A cidade acompanha essa novela com a devida atenção. Pelo rumo das conversas sentidas por diferentes lugares, percebo muito interesse em saber mais, se existe mesmo este algo novo, esses documentos a comprovar a ação da alcaide na contratação do hacker, como ele afirma, ou tudo ficou mesmo na ação do cunhado. O que virá pela frente não só esquentará o período eleitoral, pois poderá influir no rumo da campanha de reeleição da alcaide, como tudo se transformando em questiúncula policial, até onde poderá chegar essas investigações e revelações. Ou seja, muita água deve passar por debaixo dessa ponte e os próximos capítulos, um mais apimentado que outro. Ou seja, Bauru ferve por todos os lados e poros".

OBS.: Guardião é obra do inconfundível traço de Lendro Gonçález, com pitacos escrevinhativos do mafuento HPA.

CENA BAURUENSE (254)


DIANTE DE TUDO PELA AÍ, NADA COMO IR REVENDO BAURU, OLHOS ATENTOS, MENTE ABERTA E PERSPICÁCIA NAS OBSERVAÇÕES
01. Publiquei em 27.06.2024: Um tubarão voador, ao estilo da velha canção de Arrigo Barnabé alçou vôo numa das esquinas mais movimentadas do campus da Unesp Bauru, obra da estudante de Artes Visuais, Fernanda Catelani, orientada pelo professor José Laranjeira, dentro do projeto Escultura Sonora.

02. Publiquei em 28.06.2024: Não tem como passar desapercebida a ação dos devotos do Seicho No-Iê, espalhando seus impressos pelos bancos da cidade, buscando assim atrair incautos e gente sem o que fazer, desses que, quando diante de um papel qualquer, seja mera bula de remédio, já o quer ler. Esse cenário presenciei hoje na hall de entrada do Confiança Flex, altos das Nações, perto da Rondon e reproduz algo que, também gosto muito de exercitar, o de deixar livros pela aí. Lindo quando encontra alguém que o leve, daí o acasalamento a proporcional o orgasmo total.

03. Publiquei em 01.07.2024: Viaduto "tortinho" na avenida Cruzeiro do Sul, passando por cima da rodovia Marechal Rondon, em foto de Alberto Pereira.

04. Publiquei em 03.07.2024: A porta de entrada de um edifício residencial na avenida Rodrigues Alves, lacrado há quase uma década é uma dessas chagas a céu aberto, bem no centro velho da cidade de Bauru. Um belo local pra se viver, juntinho ao centro comercial e seus proprietários ou nenhum empreendedor se digna a olhar para a edificação, apodrecendo a céu aberto e devolvê-la para a nobre utilização a que foi idealizada, a de moradia.

05. Publiquei em 04.07.2024: Bem na esquina da rua dos Abacateiros com o portão do Centro de Treinamento de Veículos, ponta final do que um dia foi o Sambódromo, no bairro Geisel, duas senhoras, sentadinhas aguardam prováveis clientes para consumirem seus pães caseiros.

06. Publiquei em 06.07.2024: Arcos dos fundos da Catedral católica, parte localizada pelos lados da avenida Rodrigues Alves e as janelas ao alto, escritórios da Diocese de Bauru.

07. Publiquei em 11.07.2024: Pequeno edifício no alto das Nações e numa das janelas alguém parado e a observar o mundo. Que pensamos quando diante deste mundão sendo a nós mostrado, tudo ali diante de nossos olhos?

08. Publiquei em 12.07.2024: Situação atual da Estação de Triagem Paulista, ao lado bairro Guadalajara, a acentuar a degradação do acervo restante do trem em Bauru, em foto do site História de Bauru, que circulou pelo local.

09. Publiquei em 22.07.2024: Dias atrás a dúvida, se essa casa na rua Marcondes Salgado, marca da região, ainda encontrava-se em pé. Uns afirmando ter sido demolida, outros ela por lá resistindo. Na verdade, ela veio abaixo e o terreno, antes em desnível, agora nivelado e do casarão, saudades.

10. Publiquei em 24.07.2024: Visão atual do hoje abandonado Sambódromo e ao fundo parte baixa do bairro Geisel, sob o olhar de onde hoje ocorre os desfiles, do outro lado do vale, avenida Jorge Zaiden, beirada do Camélias.

11. Publiquei em 27.07.2024: Descendo a avenida ainda pouco ou quase nada explorada, Nações Norte, sentido adentrar Bauru, eis que ao parar o carro, uma visão da cidade. Aqui um olhar da avenida para o lado dos altos do Jardim Bela Vista, que desmembrado, deve receber outra denominação na região envolvida. De um lado uma cerca, do outro, a ocupação desenfreada de um naco de sua área urbana e de como, pouco a pouco, vão desaparecendo os ainda espaços vazios, dito como, vazios urbanos.

12. Publiquei em 28.07.2024: O simples circular despretensiosamente pela feira dominical da Gustavo é ir descobrindo e desvendando algumas das possibilidades dos populares, as formas como encontram para ir se safando das dificuldades e a da criação de meios alternativos para tocar o barco. Miriam, junto com seu pai, o idealizador e construtor da reforma de uma pickup em loja ambulante, a Raeli Tênis e assim, ela circula cidade afora, parando sua loja nos mais diferentes lugares, ampla vitrine de acrílico, onde de fora pra dentro se vê tudo e exposto numa banca o produto que a trouxe para as ruas neste domingo, as inconfundíveis havaianas. A criatividade permeia quem sobrevive das e nas ruas desta e de todas as demais cidades deste insólito mundão, véio e sem porteira.

13. Publiquei em 29.07.2024: Numa das esquinas de região, dita e vista como point da Zona Sul desta aldeia, a Getúlio Vargas, uma cena bem comum pelos cantos, a de morador em situação de rua, pedindo nos sinais e junto deles, uma legião de cães. Neste caso são quatro - um deles escondido e virando a esquina -, numa cena que, pessoalmente, acho linda, pois os cães seguem seu donos, sem coleira, amarras, o fazendo por amor ao dono, que os trata bem, muitas vezes comendo melhor que eles. Impossível não perceber a relação de querência mútua entre estes cães e seus donos, explicitada nas esquinas cidade afora.

terça-feira, 30 de julho de 2024

DICAS (247)


EU NA CONVENÇÃO DO PSB - QUE NADA, PREFIRO FICAR EM CASA LENDO
Claudio Lago, o presidente do PT Bauru me convida para dar uma saidinha neste começo de noite, fria e ventando muito. Ao sabe onde queria me levar, declino do convite. Era para comparecer junto dele na convenção eleitoral do PSB - Partido Socialista Brasileiro, que hoje, até as pedras do reino mineral sabem, não possui mais nada de "socialista", muito menos de esquerda. Ele, o Lago na qualidade de ainda presidente do PT, deve mesmo comparecer e se inteirar mais de perto de como se deu a tramóia para oficializar (sic) os nomes de Gazzetta como pré-candidato a prefeito pela Federação PT PV e PCdoB e Rosana Polatto, essa do PSB, como vice. Dizem que, o nome de Gazzetta não foi muito bem digerido pelo Rodrigo Agostinho, prócer deste partido e que, algo mais poderia até ocorrer. Não tenho como explicar para alguns como foi possível o golpe dentro do partido onde milito e aindaacredito possuir traços de representar a esquerda brasileira, daí, como poderia querer emitir opinião sobre um partido, que pelo que sei, deixou de ser socialista faz tempo. Fico em casa, até para não aparecer em nenhuma foto indiscreta, ao lado de alguém pelo qual me arrependa e tenha que dar explicações mil. O que poderia ser dito e visto numa convenção de cartas marcadas como quase todas as que estãoacontecendo neste momento na cidade? Nada. Prefiro ficar lendo, que ganho muito mais.

NÃO ME VENHAM COM ESSA CANTILENA DE TER OCORRIDO FRAUDE NA ELEIÇÃO DA VENEZUELA
Observo cá do meu canto como os agentes da direitona mais brava deste país, agora se mostram os mais entendidos em Venezuela e dão pitacos, os mais horrorosos possíveis, como se tivessem conhecimento das entranhas do sistema eleitoral daquele país, tudo para externar o posicionamento contrário à Maduro e deixando claro que, se for para detonar com qualquer avanço da esaquerda, passam por ciam de qualquer regra ou conduta dita e vista como democrática. Vale mesmo tudo, inclusive mentir, falsear com a verdade e se expor ao ridículo. O fato é um só, Maduro ganhou o pleito, tudo ocorreu dentro da mais absoluta normalidade e eleição é assim mesmo, um perde e o outro ganha. Lembram-se de como Aécio, péssimo perdedor, se portou quandoi perdeu pra Dilma. Pessoas como ele representam o lado nefasto da política, o que só dá valor quando o seu candidato e o lado que representa ganha. Do contrário, conspiração à vista. Essa direitona venezuelana, representada por uma mulher que, foi defenestrada de participar do pleito, pelo fato de pregar claramente um golpe de estado e pedir ajuda para o marines norte-americanos intervirem no país. Impedida, botou lá um assecla seu e este, apesar de todo jogo sujo, perde a eleição e agora, querem dizer ter ocorrido fraude. Vão à merda. Quem vai nessa é tão pérfido quanto estes opositores venezuelanos, todos piores que os bolsonaristas brasileiros. O PT acerta em cheio ao vir à publico e dizer da lisura do pleito, assim como o presidente Lula também o faz, pedindo só para que sejam apresentados os dados de forma mais clara, o que deve ocorrer dentro do previsto lá pelas utoridades eleitorais venezuelanas e não essa imposição de golpistas. Bonita a fala hoje do ainda presidente mexicano, o Obrador, quando numa coletiva de imprensa, reeprende uma jornalista querendo afirmar ter ocorrido golpe. Ele, incisivo, diz que a OEA sempre referendeou os golpes norte-americanos, não representa o sentimento latino e devolve a pergunta pra jornalista: "Onde estaria este golpe que diz ocorrer? Descreva e prove".

Não existe como fazer isso, nem como provar nada, pois a eleição foi limpa, Maduro ganhou e quem perdeu quer transformar aquele país num barril de pólvora, tudo para entregá-lo aos interesses norte-americanos e exterminar com o pouco que o povo conquistou de soberania ao longo do período bolivariano. Viva a Venezuela, Maduro Presidente!

MADURO SEMPRE SERÁ CULPADO DE TUDO, ESSA A VERSÃO DOS DESMEMORIADOS

As coisas são assim. Maduro é ditador, ainda que tenha eleições livres no país e o governo tenha conseguido superar - com sucesso - uma guerra econômica movida pelos Estados Unidos contra o povo. Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, genocida confesso, é aplaudido de pé no Congresso dos EUA. Os dois pesos e duas medidas do império. E as mentes colonizadas indo tudo atrás, aplaudindo o monstro genocida e querendo derrubar o Maduro. Agora essa da turma paz e amor querendo que o vencedor seja o fantoche da Maria Corina, a mulher que pediu para os EUA invadir a Venezuela para salvar o petróleo (para a classe dominante) ... A história se repete e a turma não aprende... Aceitem o resultado das urnas, povo.. assim como aceitaram a Merkel por longuíssimos anos na Alemanha... É muita hipocrisia para meu coraçãozinho... me dá uma preguiça.... As contradições internas da Venezuela resolverão os venezuelanos...

leituras
EU LEIO EM QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA

Muitos outros fizeram isso ao longo da História e nos mais diferentes lugares e situações.
Aqui, Che Guevara lê Goethe em 1959, durante um tempinho livre, quando em Sierra Maestra, intervalo de alguma contenda, pré-revolução cubana.

enSEBANDO
Na visita rotineira que faço aos sebos da cidade, hoje estive no do Bau, ali na Treze de Maio, propriedade do Roberto e por lá, dois andares, lotados dos pés à cabeça. Na escada que leva ao primeiro andar, frases escritas tempos atrás, hoje quase encobertos por livros, mas deixando transparecer odeal reinante num sacrosanto lugar como este. Além de tudo, vale muito a pena a conversa com Roberto, sobre sua saga, após a perda da esposa, a pandemia e a resolução por continuar de portas abertas, amando muito o que faz e não pensando em fazer outra coisa na vida.

O RESCALDO DE QUALQUER IDA EM SEBOS...

Sou um garimpeiro de sebos. Visito todos aqui de Bauru e com certa regularidade. Hoje estive no do Bau, do amigo Roberto. Uma delícia você conseguir se desligar de tudo o mais, desligar até seu celular e mergulhar de cabeça em estantes empoeiradas, permanecendo algumas horinhas ali, quase como faz um pescador na beira do rio. Num sebo como o do Bauru, onde nem tudo está devidamente organizado e você tem a possibilidade de encontrar com um livro de literatura brasileira no meio a estante dos dedicados ao Direito ou mesmo, algum perdido na escada, um Carlito Maia junto de outros com conteúdo gramatical, ou seja, tudo é possível.

Eu gosto de me perder, de me lançar nas estantes, sujar as mãos e quando me deparo com algo como o livro da Barbara Heliodora, traçando um beabá do teatro, estar diante de um jóia rara, um diamante bruto, pronto pra ser lapidado. Quando encontro alguns assim, deles não mais me separo. 

O livrinho do amazonenes Márcio Souza descrevendo a Amazônia nos tempos de Chico Mendes é destes que, ao encontrá-lo, querer iniciar a leitura ali mesmo e só parar, pois existiam mais algumas estantes a ser desbravadas. Me encantei até por um do Jabor, com crônicas suas de cinema, tempos de antanho, muito antes dele ter endireitado (sic) e outro do mesmo tempo, cinema, com a chancela da Fernando Torres. 

Que dizer de um Dines dando uma aula sobre O Papel do Jornal, este ser hoje em decadência e pelo qual continuarei nutrindo amor eterno. Recompro o Pérola, do bauruense Muro Rasi, contando algo da casa da rua Bandeirantes e que, já li e perdei numa das tantas enchentes lá no antigo Mafuá. Livro recuperado é lindo - o do Carlito também. O dele, guardei mesmo mofado, pois gosto tanto e não tive coragem de jogar no lixo. Agora, posso fazê-lo, pois consegui outro exemplar. 

Por fim, um livrinho mais que mágico, uma literatura das ruas, escrita entre os anos 40/50, linguagem de alguém no mesmo nível de um João Antonio, um Lima Barreto, um Plinio Marcos. Falo de Antônio Fraga e o seu, Desabrigo. Se nunca ouviram falar, procurem por aí, pois o cara é fodão, mesmo nunca ter adentrado as listas dos mais mais. é com estes que me embalo e me tranco em casa numa noite como essa, fria e com eles ao meu lado, a certeza, de muita quentura, calor mais que humano. 

E mais que tudo, o Roberto é um livreiro destes que, conversando a gente se entende e ciente de onde fui buscar os livros, sabe entender o lado de quem não tem lá muita coisa nos bolsos. Ele precisa ganhar algum, eu preciso pagar algum e assim chegamos num denominador comum.

Minha perdição são os livros e neles mergulho para ir conseguindo tocar a vida a contento, tornando-a mais amena, menos pedregosa e assim, creio eu, ganho mais uns aninhos de vida.

segunda-feira, 29 de julho de 2024

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (192)


ESCREVER ME TIROU DE LUGARES SOMBRIOS
Eu escrevo, ao meu modo e jeito, cheio de muita imperfeição, quando não, erros crassos de grafia e mesmo de concordância, português mequetréfico. Escrevo quase tudo de bate pronto, estilo vapt-vupt e depois de publicado, em cada releitura, vou corrigindo. Quem leu uma vez e não mais foi ler novamente se assusta, pois na primeira postagem muitos erros. Isso natural em mim. Vivo por impulsos e eterna falta de tempo. Escrevo na correria e assim publico. Só depois, quando baixa algum tempo, releio e reescrevo, corrijo e republico. Daí, em muitos casos já é tarde demais. Fica assim. Este meu jeito, minha forma e creio, pelo jeito como produzo meus escritos, não tenho mais conserto. E nem sei se quero. Sou assim e pronto.

Mais que isso. "Escrever para mim é viver, baita oxigênio. A correção é o lugar onde eu exibo mais controle. Na escrita imediata, na primeira coisa que surge, não sei se tenho tanto controle justamente porque procuro não ser tão controlado ali para poder escrever. Tive um professor que dizia que é preciso escrever e escrever e fazer como o boxeador Mohamed Ali, que começa a contar abdominais quando dói. Você tem que continuar escrevendo, mesmo quando não tiver mais vontade de escrever. Isso me parece ter muita verdade porque você começa a escrever porque te ocorreu alguma coisa, porque você veio da rua e alguém te contou uma coisa, mas depois de um tempo isso passa. O entusiasmo com que se senta para escrever desaparece e se ficar insistindo por um tempo é verdade que aparece algo que não se esperava, talvez seja uma área de escrita mais descontrolada, que mais tarde você necessariamente precisa revisar para ter esse universo sob controle. A falta de controle é necessária, mas então você precisa de controle. Muitas vezes me acontece que leio o que escrevi com diferentes humores e algo que achei bom não funciona. É muito óbvio que ela estava com raiva ou triste, isso muda dependendo de como eu leio novamente. Para quem escreve, o que mais demonstra é o controle sobre o universo que está criando. Na conversa isso não acontece, não se pode voltar atrás para corrigir o que se disse, talvez por isso não haja controle na conversa, você não pode se editar", leio isso numa entrevista da escritora argentina Magalí Etchebarne.

Este seu escrito me fez escrever e pensar no assunto. Neste exato momento, limpo minha casa, trabalho muito aqui dentro de quatro paredes, gosto de fazer comida, sou manuseador de máquina de lavar roupas e, mesmo diante de tanta coisa por fazer dentro de um lar, não posso deixar de escrever. Há pessoas que se sentem confortáveis ​​e gostam de se considerar escritores. Eu, creio eu, nunca o serei, mas nunca deixarei de escrever. Escrever faz parte do meu dia a dia. Quando não sento, reflito sobre algo e passo para o papel, algo está perdido em mim. Daí, impossível não pensar que, a escrita me tira de outro mundo e desta forma, me coloca em outro me tirando, com toda certeza, de lugares sombrios.

outra coisa
1.) O GOLPE NO GOLPE E O GOLPEADOR PODENDO SER GOLPEADO
Esse negócio do cara ser golpista é mesmo engraçado e ele tem que entrar no jogo, pois sabe muito bem que hoje foi ele quem deu o golpe, mas amanhã quando acordar e ler as últimas notícias, pode se dar conta de terem dado um golpe para cima dos seus costados. Daí, diante de tudo o que fez, vai reclamar pra quem? Quem pratica o inolvidável, pode receber o troco na mesma moeda. Pois é, creio que, algo assim está em curso nas hostes de uma pré-candidatura oficializada, com foto oficial e tudo aqui na Terra do Sanduíche. O cara passou por cima das convenções, fez vista grossa para tudo o que estava sendo feito, aceitou as falcatruas todas e teve seu nome oficializado, porém, pelo que se comenta na Rádio Peão, pelo visto, tudo não foi lá muito bem sacramentado, faltou pedir a benção para um num degrau de cima e nem bem passado 48h já falam em sacá-lo e no lugar colocar outro. Quem, como eu, se encontra do lado de fora, fico só a observar, rindo de orelha a orelha, das novas artimanhas sendo traçadas pelo grupo gospista - o original, o que deu o primeiro golpe -, primeiro para desmentir que o golpe no golpe não é possível e depois, para dizer estarem os golpistas fortes, rijos, resistindo a tudo e a todos. São banais em tudo e essa a diversão de quem foi golpeado, ao menos poder dar alguma risada da situação sempre desconfortável de quem chega a algum lugar usando de uma artimanha nada convencional. Hoje, aqui por Bauru não se falou em outra coisa e o mais saboroso de tudo seria um jornalista furão, desses pertinentes, chegar pro cara, o que ainda está investido de ter praticado o primeiro golpe e perguntar assim como não quer nada: "Tá tudo bem?".

2.) RECADO PARA GOLPISTAS: "QUEM ESTÁ NA CHUVA É PRA SE QUEIMAR"
Dizia o bom e velho dirigente esportivo, então presidente do Corinthians, Vicente Matheus: "Quem está na chuva é pra se queimar". Entrou, meu caro, difícil sair e já dentro, o melhor é fazê-lo com o lombo preparado, pois uma vez lá dentro, tudo é possível. Se a coisa segue o ritual da normalidade, preceitos todos seguidos à risca, acordo selado com todas as partes, seguido de votação onde quem recebe mais votos, chega lá, arestas acertadas, o barco é tocado sem problemas, sem traumas e fraturas expostas. Já quando algo foi feito na penumbra, acordos espúrios de bastidores, conchavos feitos em alcovas nada recomendáveis, a chuva costuma queimar. Pode até demorar um pouco, mas num mundo onde tudo se sabe, a coisa mal feita pode passar desapercebida hoje, mas logo adiante, alguém acaba dando com a língua nos dentes, alguém viu algo e se sentindo desconfortado, conta tudo. É sempre assim, não existe acordo perfeito quando feito fora dos padrões ditos normais. E quem se sujeita desde o princípio a participar da contenda, mas se utilizando de algo fora da regra, pode ter certeza, estará sempre ciente de que, acordos assim podem ruir a qualquer instante. Desconheço quem faz acordos assim por debaixo do pano e são ponta firme, desses que o cara pode se dizer seguro pra sempre. Impossível. Nestes casos, é sempre cobra comendo cobra, desconfiança em tudo, o cara sempre negociando, mas com a bunda encostada na parede, sempre com receio de ser devorado. Nada é assinado, nada é lavrado em cartório, tudo feito num acordo de boca, malandro com malandro - um é sempre mais agulha que o outro -, bom para ambas as partes naquele momento, mas tudo podendo mudar, pois quem ofereceu algo rentável agora, pode receber proposta melhor e passar o rasteira sem pestanejar. Daí, o dito por Vicente Matheus é sempre frase a ser lembrada, rememorada, revivida e salientada. Não existem acordos dessa natureza a persistir por muito tempo. O errado não persiste ad eternum. Pode até demorar, mas vêm à tona. E quando desponta no ar, sai de baixo, muita coisa suja vem à tona. Rimos da frase do ex-presidente corintiano, mas tem um inolvidável fundo de verdade e isso, para alguns, os que estão acostumados a golpear adversários, e pior, os próprios parceiros, as lições são sempre as que ficam, perduram para sempre.

domingo, 28 de julho de 2024

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (149)


DOMINGO NÃO É DIA PRA FICAR PAPARICANDO GOLPISTAS
Madrugando na feira, por Pedro Romualdo.
Os golpes estão dados, decretados, oficializados e estão neste momento em fase de execução. Não fico aqui me remoendo da bestialidade ocorrida, pois a vida continua. O que não podemos é esquecer, fingir que nada ocorreu e tocar a vida como se nada tivesse ocorrido. Ocorreu e isso altera a vida de muitos. Toquei minha vida até aqui repudiando estes bestiais, venais e grosseiros, gente que faz acordos na calada da noite e depois, com cara de pau, saem por aí todos pimpões. Estes não valem nada. Eles mesmos sabem disso, mas se assim agem, possuem seus motivos - que não são os meus. Cada um age incentivado por algo a mais e no meu caso, sempre o fiz movido por algo ideológico a me mover. Agora mesmo, com o passar das horas, ligo na Telesur e fico ouvindo o que me embalará o sono, a vitória de Maduro na Venezuela. Ele pode ter errado muito, não ter conseguido dar prosseguimento ao que Chávez fez, mas seu governo  é e será imensamente melhor do que qualquer ultradireita, chegando e dando um basta em todo e qualquer avanço social. Neste momento em que, até muitos dos que se dizem esquerdistas rejeitam lhe prestar apoio, eu não tenho nenhum problema em continuar olhando para a Venezuela e acreditando que, a revolução bolivariana ainda tem algo mais a apresentar para aquele país.

Como aqui, neste rincão onde nasci, cresci e vivo, minha aldeia bauruense, terra onde luta desde que me conheço por gente, olho para trás e reflito sobre o que fomos, somos, deixamos de ser e seremos se continuar adulando quem não merece e quem faz acordos espúrios, chegando depois para alardear serem dignos representantes de algo transformador. Basta destes. Poucos, muito pouco mesmo, possuem esse caráter embutido dentro do conjunto de suas ações. Como acreditar em alguém que, no passado não tão distante, deixou tanto a desejar e esteve ao lado do massacre popular. Gente que tem mêdo de agir, mêdo de produzir algo em prol dos interesses reais deste sofrido povo, tudo porque do outro lado está o todo poderoso a lhe induzir e dirigir, fazer com que atenda os seus interesses, o do grande capital, os tais dos donos do poder de uma lugar. Se deixam levar, tudo para não contrariar interesses espúrios e ainda querem receber apoio e consideração. Irão, se um dia voltar a ocupar cargos administrativos, repetir tudo o que fizeram, pois no caso que cito implicitamente aqui, continuam rodeados das mesmas pessoas, ou seja, não mudaram nada.

Sentado aqui diante da feira, quadra 5 da rua Gustavo Maciel, numa verde cadeira me oferecida pelo Pequeno's Bar, chamado também de Senadinho, ponto de encontro e desencontro de uma conversação política desvairada, junto de diletos amigos, fico a observar os que descem e sobem a feira. Minha mente viaja nos políticos que hoje vejo já fazendo política, se mostrando para a população. Escolhem a feira, pois sabem ali residir algo de muita sustentação popular. Minha mente viaja e imagino como seria o desfile de quem acaba de golpear interesses de um partido, dito ainda popular. Enfim, "com que roupa" fariam o desfile diante de quem os observa? Com que roupa está embutido desvendar com que pessoas, quem estaria disposto a emprestar seus corpos para aumentar a representatividade do macabro desfile? Levanto um copo de cerveja ao ar e riem de mim, pois não sabem o que me vêm à mente. Quando lhes conto, começamos a cruzar histórias, de antanho e prováveis futuras. Exercícios de pura imaginação. 

Tinha acabado de comprar na feira um livro, o "Carlos Lacerda / A República das Abelhas", Cia das Letras, do Rodrigo Lacerda, traçando a trajetória da família Lacerda, três ou quatro gerações de políticos cariocas, influentes, muitos deles, antes comunistas, depois golpistas e fomentadores de embates históricos destro deste imenso palco chamado Brasil. Eu paro tudo para ler algo da história e tentar entender isso. Aqui, pelo que li na orelha, em voz alta para todos os que me rodeavam, um romance, onde Carlos costura os acontecimentos da história de sua família sob a sua visão. Estamos cá envolvidos dos pés à cabeça com algo que não começou hoje e também não terminará nesta eleição. Lacerda me foi passado, pelo entendimento que tenho da História como alguém que traiu a nação. Agiu fervorosamente contra Getúlio e depois contribuiu decisivamente pra o sucesso do golpe de 64, porém, foi por estes humilhado e colocado no ostracismo. Faço uma viagem rápida pelo que ainda me lembro ter ocorrido e vejo algo a ser comparado com os que hoje apunhalam as instituições e impõem sua vontade sobre os interesses ditos normais, naturais. Imaginem os senhores, se deixassem o PT caminhar com suas próprias pernas, o PV, PCdoB, PSB, todos poderiam  fazê-losem nenhum problema, almejando algo legítimo e não se unindo, tendo como arcabouço uma ilegalidade latente, como uma espécie de fratura exposta.

O domingo não é para ficar remediando. Resta expor a maledicência. Isso será feito, não escaparão deste triste desenlace, pois mesmo estando oficializados, muita água ainda passará por debaixo dessa ponte. Meu domingo foi arrebatado para a feira, após ver foto na madrugada de Pedro Romualdo aqui circulando, comprando um livro, comendo seu pastel antes do sol nascer. É muito bom poder estar aqui, sem lenço e sem documento, sem amarrações. Depois vejo a Faneco cantando como se fosse nossa Celine Dion, ou mesmo, Piaf, debaixo do Arco do Triunfo bauruense. Isso tudo me arrebata. São pessoas que circulam livremente pelas nossas ruas, sem amarrações. Cruzo hoje, vejam os senhores, com os dois Jesus que conheço nesta cidade, o sindicalista Garcia e o da vila Dutra, ambos rindo e mostrando pra nós, os da mesa, quando se conheceram e onde estiveram ao longo deste tempo todo. Divagamos por um bom tempo e enquanto ali estivemos, até quando a feita já estava desmontada, os golpistas não desfilaram diante da platéia. Talvez sua roupagem - ou plumagem - ainda não tenha ficado devidamente pronta para o desfile. O farão em breve, tenho certeza, mas sei de antemão, a roupa não lhes cairá bem. Melhor virem mascarados, escondendo a verdadeira face, pois dos comentários ouvidos hoje, poucos são os que compreendem o ocorrido. Não vi ninguém apoiando o que fizeram, ou seja, o fracasso os aguarda. E o domingo flui. Por sorte, encerro dando um efusivo VIVA para Maduro e a Venezuela. Querem discutir este assunto? Sim, o faço, em outro momento, pois nada é assim tão simples para ser discutido em tão poucas linhas. 

MINHAS LEITURAS DOMINICAIS
1.) Durante dias extremamente frios
https://www.pagina12.com.ar/754373-una-mujer-trans-y...
Folheio o diário argentino todo dia, pelo modal virtual e dentre todas suas matérias, algumas das que leio por inteiro. Eis mais uma delas. Isso que acontece nas ruas, saber o que está por detrás de uma pessia dormindo em andrajos, sob um colchão sujo, eis o que me arrebata. Eu não gosto só de ler, sou instigado a escrever sobre estes. Leiam comigo essa triste história passada nas ruas de Buenos aires, mas acontecendo também por aqui, bem diante de nossos olhos:
A história de uma mulher trans e migrante que morreu sem teto
Passou as noites em um albergue em Constitución. Ela perdeu contato com seus companheiros e morreu de frio em frente à praça do hospital Francisco Javier Muñiz.

2.) AS HISTÓRIAS QUE ME COMOVEM - 50 ANOS FOTOGRAFANDO UM LUGAR
https://www.pagina12.com.ar/755587-un-tal-isidoro-zang-50...
Diálogos que são história
Um certo Isidoro Zang: 50 anos fotografando o cotidiano de Salta
Afiado, sorridente, crítico, simpático e polêmico, mas acima de tudo muito querido pelo cidadão comum que percorre as ruas de Salta. Esse é o cotidiano de Isidoro Zang, que aos 78 anos passou mais de 50 anos retratando vários personagens e todos os eventos sociais do mundo cultural que acontecem na cidade de Salta, aquela em que ele não nasceu, mas abraçou e onde ele se estabeleceu.
Facundo Sinatra Soukoyan

ME IMPORTA MUITO CUIDAR DO TEMPO QUE RESTA DE VIDA DE MEU CÃO CHARLES
Eu e, provalmente, meu último cão, o Charles.
Morando em apartamento, adorador de "caramelos", sei estar diante de algo único e, que, talvez, infelizmente não mais se repita. Daí, curtindo adoidado.

sábado, 27 de julho de 2024

CARTAS (231)


COMO NÃO TENHO BOLA DE CRISTAL, ERRO MUITO...
Ontem escrevinhava por aqui, neste meu cantinho, escritos de minhas ideias, algumas desvairadas, outras nem tanto. O homem começou o dia dando risadas e achei estava se livrando de algumas amarras a atormentá-lo, mas não, ele estava rindo, pois estava se entrelaçando mais e mais naquilo que o punha perdido. Parece ter gostado de fazer o que faz, das companhias agora conquistadas e dos arranjos que agora o sustentam. Isso é da vida. Tem coisas pelas quais a gente se arrependerá em muito, muitas num curto espaço de tempo, outras nem tanto. Tem quem pegue gosto por tramas e enroscos dessa natureza, move sua vida e, se perceber, a atravancam. Sabem de quem escrevo. Sim, dele mesmo, Clodoaldo Gazzetta, agora investido oficialmente como pré-candidato da tal da Federação partidária (PT, PV e PCdoB) e mais que isso, tendo como vice a moça lá do Mary Dota, Rosana Pollato, dizem, pessoa da mais alta confiança do ex-prefeito Rodrigo Agostinho. Achava que os dois não estavam se bicando (Rodrigo e Gazzetta), mas isso também pouco importa em política, pois o que é hoje, amanhã não o é mais. Assusta só a gente como eu, ainda tentando tocar a vida dentro de padrões inquebrantáveis, diria mesmo, seguidor de ideologias exóticas. Para os demais, tudo o mais é normal.

Escolheram para selar o acordo definitivo o palco, picadeiro montado pelo único jornal da cidade, nosso JC e lá, com a anuência, espécie de lugar dando seriedade para o que estava em curso. Juntaram todos os que concordavam com o tal insólito acordo. Tentaram até chamar para a foto o presidente do PT, este desacordando desde sempre com tudo o que foi feito, sendo deixado à parte, mas neste momento, com ele na foto, uma real possibilidade de demonstrar um algo mais. Ele, sacou a coisa e pulou fora. Desejou sorte, mas preferiu se manter a distância. Para não ficar feio, os organizadores do regabofe disseram ele não estar presente por estar naquele momento em outro inadiável comprimisso. Que é uma mentirinha há mais ou a menos neste momento, diante de tudo o que já foi feito? Representa pouco, mas para o ainda presidente do PT representa muito não estar ali. Os presentes na foto divulgada sabem disso e a divulgam assim mesmo, sorridentes, como mais um passo dado. Sabem todos estar a pisar em ovos, mas quando tudo tem um começo, precisa ter também meio e fim. Este o fim encontrado, agora trazendo junto o PSB, Rosana e Rodrigo. Mas, e a militância petista, aquela que, até agora bradava dizendo ter tudo ocorrido num inquestionável golpe?

Escrevo mais um bocadinho só. O estrago está consumado e agora, para desfazê-lo só mesmo uma força sobrenatural. Pelo visto, no momento, ela não existe. Mudaram tudo ao bel prazer, até a data da convenção de homologação dos nomes, transferindo-a para véspera de feriado, contraiando interesse de muitos, viagens já programadas, mas isso é café pequeno. O que vale é o acordão, agora já nas ruas e correndo de boca em boca. Podem querer grudar tudo no que fizeram, menos a cidade estar diante de um agrupamento grandioso dentro do que gostam de dizer "campo democrático". Disso passam longe, sabem disso, mas fingirão ser os salvadores da pátria. Na verdade, pela resistência que tiveram e terão, representarão sempre e sempre o atraso, um passo mais no lodaçal, espécie de areia movediça, bem usual quando se vê quem encabeça e quem dela participa. Nada é perfeito, nada sai mesmo como queremos, isso é da vida. Um dia se perde, outro também e em algumas poucas vezes, sorrimos contentes, nos outros seguimos remando, lutando e esgrimando, pois desistir não faz parte da maioria dos que lutam ideologicamente, isso nos tantos rincões mundo afora.

Se me pertguntarem o que acho, respondo de bate pronto: Ficou uma nhaca. Isso, creio eu, já foi devidamente explicado por mim, pelo menos como enxergo o que está em curso. Ontem mesmo escrevi sobre Gazzetta ser o menos culpado e cravei quem acredito ser o atravancador de qualquer tipo de avanço, onde o ideal realmente petista possa vingar. Continuarei pensando desta forma e jeito. Se o negócio é não desistir, cravo desde já, isso não ocorrerá, pois onde milito, estão neste momento a juntar os cacos e construindo algo para continuar na lida e luta. Eu não riria disso tudo - ainda mais neste momento -, pois sei que, risos amarelos fizeram parte de muita coisa errada ao longo de nossa história. Lamentaremos mais este passo em falso, mas se é o que está irremediavelmente consolidado, lutaremos até o fim para que, ao menos, esteja escancarado o que fizeram, com que interesses expostos, buscando, afinal, o que como resultado? Não quero minar nada, mas descrever a realidade dos fatos se faz necessário e disso, tenham certeza, aqui estarei, dia após dia, relatando algo mais disso tudo, ao meu modo e jeito, errando e acertando, sem bola de cristal, errando mais que acertando, mas não se desviando de uma trilha seguida desde muito tempo, ao lado de bravos guerreiros, com os quais tenho o maior orgulho de estar juntos. Eu, já me juntei ao longo da vida ao lado de muita coisa pela qual me envergonhei e se possível, caminho sem me envergonhar por onde já pisei. Hoje, novamente, a certeza de que lutando, mesmo em desvantagem e sem se utilizar de armas não convencionais, sigo meu caminho, de cabeça sempre erguida, dormindo tranquilamente em meu surrado travesseiro. Vida que segue.

CASALDÁLIGA CITADO NUMA NOVELA DA GLOBO - TEMPO QUE TINHA ORGULHO DE RELIGIOSOS
https://www.facebook.com/claudiocjpa/posts/pfbid02oXYScTyjo35m47NygTMoAtfrPoEnTeuEX8QbBffnJsbWqaF8oYybe15Z1rxmspydl
Que lindo! Me emocionei! Frase de Dom Pedro Casaldáliga em novela emociona o Brasil.
O bispo poeta do Araguaia ganhou vida nas palavras do personagem interpretado por Irandhir Santos e gerou comoção nas redes sociais.

ESSA É PRA QUEM DIZ NÃO PRECISAR DE ARTISTAS, POR ZÉLIA DUNCAN, NA TV BRASIL
"Você não precisa de artistas?/ Então me devolve os momentos bons./ Os versos roubados de nós".
Zélia Duncan declama seu poema "Vida em Branco".

COMEÇOU AS OLIMPÍADAS

sexta-feira, 26 de julho de 2024

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (208)


O PROBLEMA DO PT NUNCA FOI O GAZZETTA E SIM, QUEM O TROUXE PARA O PT
Acordamos na manhã desta sexta com uma declaração hilariante do até então pré-candidato, indicado pela Federação para representar o PT PV PCdoB, o ex-prefeito Clodoaldo Gazzetta, postando versos de uma famosa canção: "Ha-ha-ha-ha-ha/ Mas eu tô rindo à toa/ Não que a vida esteja assim tão boa/ Mas um sorriso ajuda a melhorar!!!". Mas o que seria essa cifrada mensagem do já defenestrado pré-candidato? Seria sua vingança "saramaligna", como diria, famoso personagem televisivo?

Acredito que sim. Gazzetta esteve investido como pré-candidato, a representar o partido com maior representação dentro desta Federação, o PT e isso causou frisson, mal estar, engasgo e muita revolta, pois, chega num declarado GOLPE, já esmiuçado por mim em publicações anteriores. Não as repito, pois não se faz mais necessário, diante do escancaro da situação. Ele, pelo visto, não se sentiu incomodado, até o momento, em que, algo ocorreu nas entranhas deste destrambelhado acordo e ele - que nunca foi - acabou não sendo. Os detalhes do desenlace ainda não são do domínio público, ainda meramente previstos e, pela importância do momento, assustam. Deveriam causar rubor no ex-pré candidato e não risos, porém, cada um reage como quer e acha conveniente.

Escrevo hoje algo pouco ainda visto na maioria dos comentários sobre a escolha desta pessoa para representar o que mais se faz necessário nesta cidade, uma reviravolta em sua conduta administrativa. Já provou ser claudicante. Ficou submisso durante todo seu mandato a uma assessoria que só o afundou e, pelo visto, continua a dar ouvidos a mesma pessoa. Ou seja, não mudou nada, não quer mudar e não mudará os rumos desta cidade. O PT não pode se aliar e defender uma pessoa com este perfil. Seu nome não vingou exatamente pela percepção imediata de grupo de militantes petistas de Bauru - nos quais me incluo - que o rejeitaram, porém, pouco se falou de quem é o seu maior mentor, aquela pessoa que o trouxe para bailar, num salão onde a música é outra.

O ocorrido nas hostes da Federação em Bauru é preocupante, pois tudo foi referendado no andar superior, instâncias dos degraus de cima, sendo excluído desta conversação o atual presidente do Diretório Municipal do PT. Lá estiveram a Majô, do PCdoB e este tal de Wilton, do PV, até pouquíssimo tempo inexpressivo militante petista e investido como presidente do PT, sendo ambos conduzidos por uma personagem petista, cujo grupo participou de votação, quando foi decidido Candidatura Própria, mas fez sempre o jogo gazzettista. Sim, falo do papel cumprido pela vereadora Estela Almagro. Ela é a maior responsável pela escolha, primeiro de Iara Costa, que não vingou, depois de Gazzetta e agora, não se sabe ainda de quem, mas tudo feito para inviabilizar que o PT possa ter uma candidatura própria.

É sobre isso que devemos ampliar a discussão daqui por diante. Pra que ficar se remoendo sobre os malefícios de Gazzetta a encabeçar uma nunca consolidada chapa, se ela já faz parte do passado? Na verdade, como outras no passado, incentivadas e depois defenestradas pela mesma pessoa, não vingaram. Daí, o título deste meu escrito de hoje é sobre isso, o real problema do PT Bauru nunca foi a escolha do seu Gazzetta, este apenas mais um dentro de tantas composições ocorridas num passado não tão distante. O problema é deixar bem claro quem o possibilitou e fazendo uso de que artimanhas e caminhada. Triste demais dizer isso, mas por onde você circule Brasil afora, sabem de um problema crônico bauruense e daí, todos dizem da existência de algo mais do que problemático a persistir dentro do partido em Bauru. Querem continuar o joguinho continuem, mas se faz necessário uma intensa lavagem intestinal no PT Bauru, um começar quase do zero. O que vimos recentemente dentro de uma das mais conturbadas sessões da Câmara de Vereadores, quando da votação da destituição da Mesa da Câmara é revelador e serve como régua de como age nossa vereadora.

Sabe aquilo do "já vi este filme, que saco, eu morro no fim", pois bem o que ocorre exatamente neste momento é apenas mais um capítulo. Gazzetta foi sem nunca ter sido, ele sabe disso e talvez daí tenha vindo sua vontade de se expressar através dem refrão musical. Deve ter lavado a alma com a bagunça gerada e deixada, muito também por ter aceito o triste papel. Hoje, buscam um outro nome, sendo que a Convenção, agora meramente de homologação de nomes foi adiada, pois ainda não possuem este nome, que dizem teria que vir do PV, com um quadro pífio de pessoas com consistência para encabeçar essa chapa. Na verdade, tudo fizeram, fazem e farão para inviabilizar o que poderia ser o grande momento do PT na cidade, chegando para essas eleições com uma candidatura própria, tendo Claudio Lago como o pré-candidato e desta forma, com a militância nas ruas, podendo fazer de dois a três vereadores. Já com o que virá e sendo conduzido por quem viabilizou Gazzetta, provável catástrofe à vista. Entenderam? O problema do PT nunca foi Gazzetta.

algo das lutas nas ruas de Bauru
NA LUTA PELA CONQUISTA DE TERRA, LUZ E DIGNIDADE MST FAZ PROTESTO QUANDO DA SAÍDA CAMINHÕES DA CPFL - SERÁ QUE SÓ ASSIM SUÉLLEN E CPF SE SENSIBILIZAM?
Desde 6h da manhã os assentados do MST estão movilizados e reivindicando o atendimento do que foi acordado proposto em Jornada de Luta e Reivindicações e até agora, não cumprido. Tudo ocorre defronte portão principal de saída dos caminhões da CPFL, no Distrito Industrial de Bauru. A reivindicação principal é para cobrar ligação de energia elétrica no assentamento Aliança.

De imediato falta chegar até Diretoria local da CPFL a prometida Carta de Anuência, possibilitando início dos estudos para viabilização da luz no assentamento. Sem isso, nada feito. Agora, a primeira providência está nas mãos da prefeita. Se tudo for feito dentro do prometido, luz para todos. Pressão se faz necessário, pois se tiveram tempo ea prefeita não assinou, agora precisa fazê-lo e com a devida urgência. O MST cobra o que foi prometido e lhe é de direito. 

E eu, junto do presidente do PT Bauru, Claudio Lago, faço parte de um PT de luta, resistência e sempre ao lado das justas reivindicações populares.



quinta-feira, 25 de julho de 2024

UM LUGAR POR AÍ (184)

QUEM É O "QUASE" BAURUENSE TRABALHANDO NAS OLÍMPIADAS DE PARIS
Eric Schmitt é um francês, morando em Bauru há algumas décadas e conhecido de todos os que circulam pelos meios culturais desta cidade. Pois bem, como já e sabido, ele se encantou pelo Brasil, quando vislumbrou algo diferente de tudo o mais, tempos do primeiro Governo Lula, aqui aportou, criou e foi morarajunto da Malu no Parque das Fadas. De lá circulava pela cidade inteira, participando ativamente de toda sua vida, inclusive política. Chegou e aqui se instalou de uma forma participativa. Impossível não percebê-lo e dele se aproximar. Baita figura humana, trouxe junto de si uma bagagem imensa, dividida com todos. Havia me confessado que, após o desGoverno do seu Jair, estava mais do que decepcionado com o Brasil - pudera -, o sonho estava se desfazendo, mas insistia e com a volta de Lula ao poder, nova luz no final do túnel. Agora, neste momento, até para se oxigenar e se recarregar, fez sua inscrição para atuar como voluntário nas Olimpíadas de Paris. Aprovado, estás por lá já há algum tempo e neste momento é o representante bauruense por lá. Seus relatos, resumidos aqui, são por demais interessantes e dão uma amostra das mais instigantes do que é essa bela experiência de vida, participando como um dos agentes recepcionaistas dos atletas para os jogos. Aqui compartilho parte desses relatos, sacados de seu blog pessoal numa espécie de DIÁRIO, destes que nós, aqui do outro lado, ficamos a imaginar o maravilhamento que é estar vivenciando isto tudo do lado de dentro, fazendo parte. Ou seja, Eric, além de nos representar, nos faz viajar ao seu lado em mais essa aventura dentro de sua agitada vida:

"16 de julho - É o dia de ir buscar meu credenciamento e meu uniforme para minha missão voluntária nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Eu havia me candidatado meses atrás e fui selecionado junto com 45000 outros entre mais de 350000 candidatos. Depois de um breve café da manhã com um croissant e duas fatias de baguete fresca (que comprei na padaria) com geléia de laranja amarga e 15 minutos de caminhada até a estação de trem de Aulnay, levo uma hora de RER (Rede Express Regional) e bonde para chegar à Porte de Versailles. Embora eu tivesse reservado uma faixa horaria, encontrei uma fila enorme composta por todos os tipos de pessoas que também vieram para obter seu credenciamento. De fato, existe apenas um centro para todos aqueles que trabalharão durante os Jogos, voluntários, prestadores de serviços, funcionários... (...) Leva uma hora e meia para finalmente conseguir meus dois "passes" e meus dois bilhetes de transporte para que eu possa me mover livremente durante as Olimpíadas e Jogos Paralímpicos. Munido do meu credenciamento, caminho até o local onde os uniformes são entregues, a poucos quarteirões de distância. Lá, não há mais fila... (...) Feito. Estou oficialmente admitido nesta grande equipe que trabalhará voluntariamente para o maior evento do planeta. Tudo o que tenho a fazer agora é esperar até depois de amanhã para o meu primeiro turno. Como começo às 5 da manhã e o transporte público não funciona tão cedo, um táxi vai me buscar na casa do meu irmão, onde ficarei hospedado durante esta aventura.

18 de julho - Como não tive notícias do táxi que deveria me buscar, ou a que horas deveria chegar, acordo às 3h45 para estar pronto por volta das 4h15. Depois de um banho rápido, coloco meu uniforme completo e tomo um café da manhã sucinto enquanto observo pela janela se um veículo para na frente da casa. Ele chega às 4h20 da manhã e me diz que tem que pegar outra pessoa "não muito longe" porque a empresa não conseguiu encontrar outro motorista para ela. Na verdade, o desvio é interminável e quando chegamos ao endereço e não há ninguém lá, o motorista a chama. Como ela também não tinha notícias, ela acabou pegando o carro dela e já está no aeroporto. Como resultado, estou atrasado para o meu primeiro dia como voluntário. Uma pena! Quando chegamos, um presente de boas-vindas nos espera: um relógio para completar nosso uniforme. Também recebemos "vales-refeição" para nossa pausa. Em seguida, vou tomar um chá e me sirvo dos lanchinhos disponíveis (compota, bolachas). Estou designado para um grupo em que há alguns novatos e os coordenadores nos dão uma visita guiada do Terminal 2D, que vai estar nosso campo de jogo para hoje, já que o primeiro avião não está programado antes das 7 da manhã: recepção, pontos de partida para os vários transportes. Eles descrevem nosso papel e as ferramentas que usaremos, um "push to talk" com um fone de ouvido que nos permite estar em comunicação com toda a equipe, cadernos de informações e a lista de chegadas programadas para o dia. Ainda não tenho o meu crachá que me permite entrar em todas as áreas do Aeroporto, e o escritório só abre às 8h30, por isso fico no escritório enquanto os outros se dirigem para a zona de recolha de bagagens, onde também se encontra o escritório de acreditação. (...) E pouco antes do final do meu horário, achamos Alison, uma jornalista americana de Nova York que todos estavam procurando. Como o próximo turno chegou, acompanho esta simpática gestora de um podcast "Keep the Flame Alive" até a recepção e depois até a zona onde a deixo sob a responsabilidade de um membro da equipa de transporte que lhe encontrará um carro que a levará ao seu hotel. É hora de devolver meu "rádio" e crachá vermelho ao "campo de base" antes de pegar o trem para casa. Eu lancho e sacio minha sede antes de tirar uma soneca merecida.

19 Julho - O dia começa muito melhor que o anterior. (...) Como o departamento do protocolo (aquele de que farei parte nos Jogos Paraolímpicos) só começa às 6h30 e que tem 4 personalidades para ir receber quando saírão do avião, meu crachá vermelho me permite de ser um dos que assumirão essa tarefa. Por outro lado, não conhecendo ainda este terminal, Maelys acompanha-me para descobrir as suas especificidades, as portas escondidas, os circuitos de controle, os locais dos vários pontos de passagem. Antes da chegada do avião, tenho tempo para aprender como os coordenadores prepararam a missão deles desde o 13 de maio (treinamento de uma semana, descoberta do aeroporto por um mês e treinamento dos voluntários presentes desde então). Acompanhamos um diplomata senegalês ao acesso reservado no controle de imigração. Em vez de continuar até o final do percurso, Maelys me posta logo na saída desse controle para direcionar os pré-credenciados para as salas de retirada de bagagem e informá-los de que não há escritório de credenciamento por causa de um problema de computador que mais tarde saberemos ser de alcance mundial. (...) Felizmente, enquanto uma delegação dos Estados Unidos de quase 80 pessoas, incluindo as ginastas femininas, é anunciada e que será escoltada por todos os tipos de policiais, estou encarregado da delegação de Porto Rico com seus representantes de Arc e fleches e de Tênis, e levarei eles até a saída da alfândega e os deixar nos cuidados de alguém esperando-os. Em vez de voltar ao meu lugar anterior, fico na sala de bagagem, onde dou algumas explicações e orientações para várias chegados isolados, muitas vezes dos Estados Unidos. E para não correr o risco de perder o pouco de trabalho interessante que sobra antes do final do meu dia, desisto da minha pausa. Isso me permite de receber com eficiência os medicos da delegação mexicana e suas sete grandes malas e acompanhá-los até a recepção, onde encontrarão transporte para o Vilarejo Olímpico. 

20 de julho - (...) Enquanto esperamos por uma tenista alemão, conseguimos interceptar chegadas não programadas em nossas listas e orientá-las da melhor maneira possível: um membro da equipe francesa de canoagem, um campeão olímpico italiano de tiro em 1996 e a simpática equipe peruana de remo. A alemã passa sem nos ver, mas William consegue identificá-la pouco antes dela sair e ajuda-a a resolver seu problema da bagagem que foi deixado na partida do seu voo. A primeira grande delegação (25 indianos do time de hóquei e suas 75 bagagens grandes) chega então, vinda de Amsterdã. Também aqui está presente a escolta de segurança, com alfândega, a polícia com reforços de Espanha e a logística do Aeroporto de Paris. Durante a longa espera por sua bagagem, William consegue pegar um “pins” e, como estou ao lado, também pegou um. Enquanto os outros continuam a segui-los até o ônibus e caminhões deles, fico para procurar e encontrar um dinamarquês e dois romenos que precisam ser direcionados ao escritório de credenciamento localizado no lado oposto da esteira de entrega de bagagem. Após a passagem de uma parte da equipe de remo tcheca (ou eslovaca), assumo a escolta do treinador da equipe de remo dos EUA com quem converso por um longo tempo até que seu veículo chegue e que eu possa acompanhá-lo até ele. Para me agradecer pelas boas-vindas, ele espontaneamente me oferece um “pins” quando entra no táxi, o terceiro da minha coleção. Em seguida, converso um pouco com um membro francês da Federação Internacional de Arco e Fleches que William recebeu enquanto eu acompanhava o americano. Pouco antes do meu turno terminar, guio dois portugueses que vão assegurar a transmissão das competições de hóquei, tentando em vão começar a falar português ao fim de dois dias alternando francês e inglês... Finalmente, ao devolver meu rádio, ajudo uma atleta italiana a ativar seu telefone. Passagem para a base onde converso um pouco com membros da equipe de protocolo enquanto tomo um pequeno lanche antes de pegar o trem ainda sob o sol bem quente e chego bastante cansado em casa para tirar uma soneca.

21 de julho - (...) Ainda nos faltam as informações e ferramentas necessárias para sermos realmente eficazes e os coordenadores abandonam o papel deles para cuidar de todas as delegações que são um pouco mais interessantes de gerenciar, em vez de delegá-las e fazer o melhor uso de nós. O dia prometia ser muito movimentado (...) Recebemos um membro do COI, a equipe indiana de natação, parte das delegações mexicana e libanesa, médicos dos EUA, jornalistas da Radio Canada e, finalmente, o atual campeão mundial nos 100 metros e seu treinador, que foram rapidamente atendidos por um anfitrião dos EUA. Além disso, podemos ver que há uma profusão de personalidades ou delegações que já são esperadas por seus próprios compatriotas ou por uma equipe do Aéroport de Paris que os guia diretamente para fora do aeroporto sem passar por nossos pontos de informação ou credenciamento, o que nos impede de recebê-los adequadamente na complexa organização das Olimpíadas. Termino meu dia com meu colega que conheci no táxi desta manhã, que fica do lado de fora do escritório de imigração, e conseguimos enviar algumas pessoas para a sala de credenciamento antes que a outra turma chegue. (...) A viagem de volta é menos dolorosa do que nos outros dias sob tempo nublado e mais frio mas a soneca esta mesmo assim bem-vinda depois de um almoço reduzido.

23 de julho - Durante meu segundo dia de folga, aproveito um almoço com um amigo em Paris para ir ao espaço olímpico em frente à Prefeitura, onde são organizadas muitas atividades para conscientizar o público sobre os esportes paralímpicos com demonstrações de artes marciais por pessoas com deficiência de todos os tipos, colocando crianças em situações de descoberta de esportes em cadeira de rodas, ou sentado, mostrando a importância do esporte para crianças ou idosos ou para qualquer tipo de deficiência. Eu até faço uma avaliação simplificada para saber onde estou na forma física da minha faixa etária e descubro sem muita surpresa que meu ponto fraco é em termos de flexibilidade, enquanto o resto é excelente. Antes de pegar o RER novamente, tento em vão encontrar uma passagem para o Sena para ter uma ideia das instalações para a cerimônia de abertura, mas a única ponte acessível é a do Hôtel de Ville mas, mesmo assim, totalmente ladeada por barreiras. Por outro lado, as avenidas paralelas tornaram-se temporariamente pedestres e posso caminhar nelas livremente.

24 de julho - É a primeira vez que começo às 7 da manhã. Para falar a verdade, que vou pegar o RER às 6h30 para chegar às quinze para as 7h. (...) Começamos com a chegada de dois atiradores e um treinador sueco, aos quais se juntou um pouco mais tarde um atirador francês. Enquanto esperamos os funcionários da alfândega para o controle de armas, recebemos um treinador de ciclismo do Chile, muito feliz por ser esperado, um jornalista espanhol de pequena altura e dois lutadores de Taekwondo do Burkina Faso que são levados para os táxis. Os atiradores têm que colocar suas armas em um caminhão, suas bagagens em outro e eu tenho que acompanhá-los até nossa base, onde uma sala foi montada para os atletas que esperam por seu transporte, neste caso um ônibus que os levará a Châteauroux às 13h. No caminho de volta, a delegação eslovena com uma nadadora, judocas femininas, duas ciclistas e treinadores chegou, aguardada por um auxiliar da embaixada. (...) Na sequência, depois de achar um treinador da equipe de tênis colombiana que levo para o táxi dele, acompanho outros 3 jornalistas espanhóis e um treinador de Luxemburgo até os ônibus deles, todos muito amigáveis. Um brasileiro, que perdeu sua bagagem ontem, volta para tentar recuperá-la e eu puxo conversa em português, mas Issam cuida dele enquanto recebo dois jornalistas dinamarqueses muito sorridentes. (...) Por fim, acompanho os dinamarqueses aos ônibus dedicados ao transporte para as instalações olímpicas. Deixo o rádio que tinha esquecido de devolver a Issam na recepção do Terminal F, belisco um pouco na base e volto tranquilamente de trem.

25 de julho - Ah, eu não contei para vocês... Ontem, no final do dia, pedi para adicionar mais dois dias de trabalho, o primeiro hoje. (...) Ao me posicionar na sala de bagagem, funciono como um elétron livre e tenho a chance de cuidar de algumas pessoas da Tailândia, de uma jornalista da Associated Press e suas bagagens enormes cuja eu acelerei a entrega, uma amigável jogadora sul-africana de Rugby a 7 e 3 membros da equipe Honduras Wrestling, todos os quais deixo aos cuidados dos responsáveis do transporte para encontrar uma maneira de chegarem ao seu destino. (...) Três aviões de Istambul, Dublin e Frankfurt finalmente chegaram quase juntos, carregados com muitas delegações, algumas ainda não guiadas, entre as quais vi as do Uzbequistão, Cazaquistão, Armênia, Porto Rico, Curdistão e Azerbaijão que meus colegas da sala de bagagem estavam cuidando. De minha parte, ajudo o ajudante do Ministro do Esporte do Tajiquistão a ir ao escritório de credenciamento, uma delegação do Irã que não tem as suas, a equipe de levantamento de peso do Bahrein com suas muitas malas e a assistente alemão do presidente da Federação Internacional de Pentatlo Moderno. (...) Antes de ir para casa, quando devolvo meu crachá vermelho, peço para substituir todos os meus horários das 7h pelos das 5h, onde você tem mais chances, mas nenhuma certeza de fazer parte da equipe desde o início do dia com uma função definida, um meio de comunicação e as listas de previsões de chegada, o que é praticamente impossível para quem chega duas horas depois. Veremos o resultado deste pedido. Próximo episódio no 29 de julho".

Essas são, portanto, as ricas participações de um quase brasileiro e muito bauruense, o querido Eric Schmitt, este intrépido e sempre ativo francês, felizmente radicado aqui na Terra do Sanduíche e a nos propiciar - suas fotos são sempre sensacionais - um algo mais. Ele, como se vê, não espera as coisas, vai atrás e delas participa, ao seu modo e jeito. Vibro muito com seus relatos e assim concluo algo prometido a ele lá atrás, quando de nosso último encontro, o de querer muito escrever e descrever essa sua mais nova vivência de vida.