domingo, 28 de julho de 2024

O PRIMEIRO A RIR DAS ÚLTIMAS (149)


DOMINGO NÃO É DIA PRA FICAR PAPARICANDO GOLPISTAS
Madrugando na feira, por Pedro Romualdo.
Os golpes estão dados, decretados, oficializados e estão neste momento em fase de execução. Não fico aqui me remoendo da bestialidade ocorrida, pois a vida continua. O que não podemos é esquecer, fingir que nada ocorreu e tocar a vida como se nada tivesse ocorrido. Ocorreu e isso altera a vida de muitos. Toquei minha vida até aqui repudiando estes bestiais, venais e grosseiros, gente que faz acordos na calada da noite e depois, com cara de pau, saem por aí todos pimpões. Estes não valem nada. Eles mesmos sabem disso, mas se assim agem, possuem seus motivos - que não são os meus. Cada um age incentivado por algo a mais e no meu caso, sempre o fiz movido por algo ideológico a me mover. Agora mesmo, com o passar das horas, ligo na Telesur e fico ouvindo o que me embalará o sono, a vitória de Maduro na Venezuela. Ele pode ter errado muito, não ter conseguido dar prosseguimento ao que Chávez fez, mas seu governo  é e será imensamente melhor do que qualquer ultradireita, chegando e dando um basta em todo e qualquer avanço social. Neste momento em que, até muitos dos que se dizem esquerdistas rejeitam lhe prestar apoio, eu não tenho nenhum problema em continuar olhando para a Venezuela e acreditando que, a revolução bolivariana ainda tem algo mais a apresentar para aquele país.

Como aqui, neste rincão onde nasci, cresci e vivo, minha aldeia bauruense, terra onde luta desde que me conheço por gente, olho para trás e reflito sobre o que fomos, somos, deixamos de ser e seremos se continuar adulando quem não merece e quem faz acordos espúrios, chegando depois para alardear serem dignos representantes de algo transformador. Basta destes. Poucos, muito pouco mesmo, possuem esse caráter embutido dentro do conjunto de suas ações. Como acreditar em alguém que, no passado não tão distante, deixou tanto a desejar e esteve ao lado do massacre popular. Gente que tem mêdo de agir, mêdo de produzir algo em prol dos interesses reais deste sofrido povo, tudo porque do outro lado está o todo poderoso a lhe induzir e dirigir, fazer com que atenda os seus interesses, o do grande capital, os tais dos donos do poder de uma lugar. Se deixam levar, tudo para não contrariar interesses espúrios e ainda querem receber apoio e consideração. Irão, se um dia voltar a ocupar cargos administrativos, repetir tudo o que fizeram, pois no caso que cito implicitamente aqui, continuam rodeados das mesmas pessoas, ou seja, não mudaram nada.

Sentado aqui diante da feira, quadra 5 da rua Gustavo Maciel, numa verde cadeira me oferecida pelo Pequeno's Bar, chamado também de Senadinho, ponto de encontro e desencontro de uma conversação política desvairada, junto de diletos amigos, fico a observar os que descem e sobem a feira. Minha mente viaja nos políticos que hoje vejo já fazendo política, se mostrando para a população. Escolhem a feira, pois sabem ali residir algo de muita sustentação popular. Minha mente viaja e imagino como seria o desfile de quem acaba de golpear interesses de um partido, dito ainda popular. Enfim, "com que roupa" fariam o desfile diante de quem os observa? Com que roupa está embutido desvendar com que pessoas, quem estaria disposto a emprestar seus corpos para aumentar a representatividade do macabro desfile? Levanto um copo de cerveja ao ar e riem de mim, pois não sabem o que me vêm à mente. Quando lhes conto, começamos a cruzar histórias, de antanho e prováveis futuras. Exercícios de pura imaginação. 

Tinha acabado de comprar na feira um livro, o "Carlos Lacerda / A República das Abelhas", Cia das Letras, do Rodrigo Lacerda, traçando a trajetória da família Lacerda, três ou quatro gerações de políticos cariocas, influentes, muitos deles, antes comunistas, depois golpistas e fomentadores de embates históricos destro deste imenso palco chamado Brasil. Eu paro tudo para ler algo da história e tentar entender isso. Aqui, pelo que li na orelha, em voz alta para todos os que me rodeavam, um romance, onde Carlos costura os acontecimentos da história de sua família sob a sua visão. Estamos cá envolvidos dos pés à cabeça com algo que não começou hoje e também não terminará nesta eleição. Lacerda me foi passado, pelo entendimento que tenho da História como alguém que traiu a nação. Agiu fervorosamente contra Getúlio e depois contribuiu decisivamente pra o sucesso do golpe de 64, porém, foi por estes humilhado e colocado no ostracismo. Faço uma viagem rápida pelo que ainda me lembro ter ocorrido e vejo algo a ser comparado com os que hoje apunhalam as instituições e impõem sua vontade sobre os interesses ditos normais, naturais. Imaginem os senhores, se deixassem o PT caminhar com suas próprias pernas, o PV, PCdoB, PSB, todos poderiam  fazê-losem nenhum problema, almejando algo legítimo e não se unindo, tendo como arcabouço uma ilegalidade latente, como uma espécie de fratura exposta.

O domingo não é para ficar remediando. Resta expor a maledicência. Isso será feito, não escaparão deste triste desenlace, pois mesmo estando oficializados, muita água ainda passará por debaixo dessa ponte. Meu domingo foi arrebatado para a feira, após ver foto na madrugada de Pedro Romualdo aqui circulando, comprando um livro, comendo seu pastel antes do sol nascer. É muito bom poder estar aqui, sem lenço e sem documento, sem amarrações. Depois vejo a Faneco cantando como se fosse nossa Celine Dion, ou mesmo, Piaf, debaixo do Arco do Triunfo bauruense. Isso tudo me arrebata. São pessoas que circulam livremente pelas nossas ruas, sem amarrações. Cruzo hoje, vejam os senhores, com os dois Jesus que conheço nesta cidade, o sindicalista Garcia e o da vila Dutra, ambos rindo e mostrando pra nós, os da mesa, quando se conheceram e onde estiveram ao longo deste tempo todo. Divagamos por um bom tempo e enquanto ali estivemos, até quando a feita já estava desmontada, os golpistas não desfilaram diante da platéia. Talvez sua roupagem - ou plumagem - ainda não tenha ficado devidamente pronta para o desfile. O farão em breve, tenho certeza, mas sei de antemão, a roupa não lhes cairá bem. Melhor virem mascarados, escondendo a verdadeira face, pois dos comentários ouvidos hoje, poucos são os que compreendem o ocorrido. Não vi ninguém apoiando o que fizeram, ou seja, o fracasso os aguarda. E o domingo flui. Por sorte, encerro dando um efusivo VIVA para Maduro e a Venezuela. Querem discutir este assunto? Sim, o faço, em outro momento, pois nada é assim tão simples para ser discutido em tão poucas linhas. 

MINHAS LEITURAS DOMINICAIS
1.) Durante dias extremamente frios
https://www.pagina12.com.ar/754373-una-mujer-trans-y...
Folheio o diário argentino todo dia, pelo modal virtual e dentre todas suas matérias, algumas das que leio por inteiro. Eis mais uma delas. Isso que acontece nas ruas, saber o que está por detrás de uma pessia dormindo em andrajos, sob um colchão sujo, eis o que me arrebata. Eu não gosto só de ler, sou instigado a escrever sobre estes. Leiam comigo essa triste história passada nas ruas de Buenos aires, mas acontecendo também por aqui, bem diante de nossos olhos:
A história de uma mulher trans e migrante que morreu sem teto
Passou as noites em um albergue em Constitución. Ela perdeu contato com seus companheiros e morreu de frio em frente à praça do hospital Francisco Javier Muñiz.

2.) AS HISTÓRIAS QUE ME COMOVEM - 50 ANOS FOTOGRAFANDO UM LUGAR
https://www.pagina12.com.ar/755587-un-tal-isidoro-zang-50...
Diálogos que são história
Um certo Isidoro Zang: 50 anos fotografando o cotidiano de Salta
Afiado, sorridente, crítico, simpático e polêmico, mas acima de tudo muito querido pelo cidadão comum que percorre as ruas de Salta. Esse é o cotidiano de Isidoro Zang, que aos 78 anos passou mais de 50 anos retratando vários personagens e todos os eventos sociais do mundo cultural que acontecem na cidade de Salta, aquela em que ele não nasceu, mas abraçou e onde ele se estabeleceu.
Facundo Sinatra Soukoyan

ME IMPORTA MUITO CUIDAR DO TEMPO QUE RESTA DE VIDA DE MEU CÃO CHARLES
Eu e, provalmente, meu último cão, o Charles.
Morando em apartamento, adorador de "caramelos", sei estar diante de algo único e, que, talvez, infelizmente não mais se repita. Daí, curtindo adoidado.

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