sábado, 6 de julho de 2024

RETRATOS DE BAURU (290)

HISTÓRIAS DE GENTE DESTA TERRA, COLHIDAS PELA AÍ

01. EM BAURU, DE UM JEITO OU DE OUTRO TEREMOS "LAGO" COMO PRÉ-CANDIDATO PREFEITO

Essa dupla barbarizou décadas atrás as lutas sindicais na cidade de Bauru, quando atuavam juntos da dianteira de luta do aguerrido Sindicato Bancários Bauru.

Conhecidos como os "Irmãos Lago", ambos do Banco do Brasil, estiveram juntos quando defenestraram João do Crime e os seus do sindicato. Fizeram e continuam fazendo história, sem nunca terem arredado um pé da lida e luta sindical. 

Depois do sindicato, cada um seguindo caminhos diferentes e hoje, no frigir dos ovos, voltando a se encontrar. 

Claudio Lago disputando ser ainda pré-candidato a prefeito Bauru pelo PT e, do outro lado, Paulo Lago pelo PCO. Ou ambos ou um deles, irmãos de sangue, teremos um Lago na disputa eleitoral deste ano em Bauru. Melhor, é claro, os dois nessa disputa. Muito boas as histórias todas por detrás destes dois, aqui registrados numa noite, quando um deles, Claudio, fez aniversário. Seus amigos o rodearam para festar e eu cliquei o registro, nele contido história e uma trajetória de luta, dos que resistem bravamente, sempre no campo da luta popular.  

02. A SENHORA LIVROS, HOJE CERCADA DELES

Rose Maria Barrenha foi servidora pública municipal, psicóloga, porém, por muitos anos atuou dentro das bibliotecas públicais do município de Bauru. Teve uma atuação de entrelaçamento com a população no entorno de todas as bibliotecas ramais de Bauru, hoje não mais existente, até porque a maioria delas foi misteriosamente fechadas.
Inquieta até não mais poder, não se segura nas calças e vendo algo parado no campo do município, foi à luta e desde então, gerou uma intensa movimentação de livros diante de sua residência e de outra criação de sua lavra, a Casa da Frida. Livros chegam a todo intstante, de todos os lugares, como estes, seis caixas deixadas ontem na porta de seu vizinho, sem identificação e tudo chegando até ele, mediante a divulgação do que vem fazendo.

Ela é o que se pode dizer de uma espalhadora de livros. Começou fazendo isso em comunidades variadas, desde os assentamentos rurais, como núcleos residenciais, onde existia alguma possibilidade de criação de espaço, para troca e distribuição de livros. Foi a cada novo passo abrindo um leque e percebendo também que, não era viável somente ter uma espaço com livros, pois desta forma como depósito, tudo era desperdiçado. Ela apresenta um algo mais, ou seja, quer dialogar com as comunidades, ver como o livro pode de fato ser utilizado, compreendido e desta forma lido, repassado de mão em mão.


Isso toma muito tempo de sua vida e, mais que isso, faz sua vida girar e continuar tendo sentido. Estar ao lado dela, cercada de livros por todos os lados é compreender algo singular na vida deste país hoje. Quando muitos tomam conhecimento de que alguém está a cuidar de livros, eles começam a pipocar, brotar do nada e se multiplicam como maná. Chegam de todas as formas e jeitos. Alguns querem se desfazer deles, pois o vendo latrgados pela aí, vendo que algo mais pode ser feito com eles, fazem com que cheguem até seu endereço. E ela via recebendo lotes, convocando amigos para ajudá-la na seleção e como serão distribuídos. Hoje, até para o Rio Grande do Sul ela já enviou lote de livros, pois quando tomou conhecimento de que muitos foram levados pela água, fez com que caixas desses fosem enviados junto de alimentos e água.


Essa é Rose Barrenha hoje, uma batalhadora, perseverante no que faz, fazendo algo sem tréguas e sem esmorecer. Ela, junto de Neli Viotto, tempos atrás, revolucionou oficinas dentro das bibliotecas ramais e quando isso foi definhando por lá, ambas deram um jeito de continuar sendo, fazendo e acontecendo. Hoje, quando chego pela manhã em sua casa no Geisel e me deparo com caixas e caixas ali recém chegadas, vejo o quanto tudo o que faz tem um sentido mais amplo do que imaginava.

03. GILBERTO DAS PIPAS, MUITA HISTÓRIA NESTE REENCONTRO

Minhas recordações dele são todas do altos da avenida Nações Unidas, mais precisamente do parque Vitória Régia e num dos seus cantos, ele e seu varal com pipas de todos os tamanhos, cores e qualificações. Não existia domingo - a não ser os com chuva -, onde ele ali não comparecesse, inundando o lugar com o maravilhamento de algo subindo aos céus e nos fazendo correr como criança pelo gramado. Tantas e tantas vezes parei por ali e ficava admirando sua destresa nessa arte de fazer um objeto de bambu e papel subir aos céus.


Mestre neste ofício, Gilberto tem muita história para contar, mas é um tanto arredio, contido, porém quando dele me aproximei dias atrás, a conversa rendeu muito mais do que poderia imaginar. Esse mundo aeólico dos ventos e seus meandros, ele tem todo contido dentro de sua cabeça. Sabe tudo, pesquisou e, desta forma, consegue construir peças que sobem mesmo sem vento. Contou como se fosse um segredo que, os bambus m elhores destas plagas estão localizados num determinado lugar e com eles, tudo fica mais fácil. O corte do papel, a envergadura do bambu, a cola utilizada, antes uma goma, dos tempos de criança e hoje, cola mesmo, tudo isso assim revelado numa conversa de botequim, o local onde o reencontrei e papeamos até chegar o momento de irmos novamente cada um pro seu lado.


Pessoas como Gilberto possuem um dom, a sapiência de ter se especializado numa determinada arte e dela fazer, não só o seu ganha pão, mas fazer o mundo girar em torno dela, por ela, para ela. A pipa o levou para diferentes lugares, alguns pouco dantes navegados e assim, ele foi reunindo conhecimento, histórias e viveu boa parte de sua vida. Tive o prazer de lhe contar das vezes que o via e sempre com certo encantamento, uma magia por detrás do encanto produzido por suas hábeis mãos. Ele, muito simples, me ouvia atentamente e se mostrou interessado em contar mais, desde que conheceu a proposta do que vinha a ser o Lado B - A Importância dos Desimportantes. Ficou com meu telefone, marcou em seu celular e disse, me ligaria. Eu aguardo, pois tenho certeza, se a prosa sair gravada, vai ser um registro e tanto.


Eu o confundi com outro profissional do vento, um que tinha uma loja de pipas lá nos altos da avenida Nações Norte. Esse não erra ele, enfim, o que sei dele é de vê-lo no parque e sempre com as mãos cheias de pipas, nada mais. Agora, passados alguns dias de quando estivemos juntos, ele ficou com meu telefone e o seu retorno não chega, ou seja, talvez continue arredio em gravar, ficar um tempo diante de mim, contando algo de si, relatando trechos de sua vida e vivência. Eu insistirei, pois sei, esse - e todos os que já fiz na vida - são por demais importantes e deixarão registrados trechos de vidas vividas intensamente. É nestes e com estes que quero continuar gravando algo pela aí. Isso me move e suas histórias muito me contagiam. O Lado B continuará vivo e sem roteiro, dia certo para sair e ganhar o mundo, mas não morrerá enquanto eu estiver solto e os encontrando, reencontrando pelos descaminhos desta vida. Quando dá certo o enlace, a aceitação da conversa gravada, ela ocorrerá e aqui sairá publicada. Com Gilberto das Pipas tudo ainda na fase embrionária.

04. COMO É BOM REENCONTRAR COM GENTE QUERIDA PELAS RUAS - Noite de quinta, rua Saint Martin, numa de suas quadras, meio do caminho entre a Rodrigues e a Duque, de um lado a última noite do Festival de Inverno, este ano ocorrendo na casa da Banda e Orquestra Municipal e do outro um famoso estúdio musical, onde um destes, na porta indeciso entre entrar num ou noutro lugar. Trata-se de Nél Marques, ex-Espaço Gentileza, querendo estar ao mesmo tempo em ambos lugares, enfim, ensaiar ou presenciar amigos no exercício da profissão?

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