segunda-feira, 15 de julho de 2024

MEMÓRIA ORAL (308)


em Buenos Aires
NADA DOS KIRCHNERs, PERONISMO, CHE OU QUEM LUTA POR UMA ARGENTINA LIVRE E SOBERANA NA FEIRA DE SANTELMO
Os ares não estão nada bons para os que lutam pelas liberdades democráticas aqui na Argentina. Isso é claramente percebido nas ruas de Buenos Aires. Na famosa feira dominical de artesanato e antiguidades de Santelmo, reunindo turistas do mundo inteiro, não se vê mais nada que lembre Cristina ou Nestor Kirchner, Peron e o peronismo, Che Guevara ou algo dentro de uma linha luta em prol dos interesses populares. Maradona resiste, mas não como antes e até o papa Bergoglio anda em baixa.

A diversidade cultural, ressaltada pela política, foi sempre algo bem acentuado neste local, porém desde a chegada de Javier Milei ao governo argentino, algo mudou consideravelmente. O demoninado "libertário", não menospreza os diferentes, simplesmente os elimina. Não existe nada oficial, como um decreto, excluindo itens com essa temática onde são vendidos fileteados, imãs, posters, camisetas e afins, porém elas desapareceram das bancas. Nada mais existe neste sentido e os artesãos, mesmo sempre vendendo muito bem produtos com estes símbolos, abdicaram de fazê-lo, e mais que isso, se calaram.

Percorri a feira em toda sua extensão, desde praça onde está situada a Casa Rosada até mais de 20 quadras e tudo neste sentido sumiu misteriosamente, item fora de catálogo."Simples", me explica um artesão, me pedindo sigilo e anonimato. "O recado está dado e ninguém ousa contrariá-lo. Quem hoje está no poder é capaz de tudo. Veja o que aconteceu com simples manifestantes, que mês passado estiveram nas ruas bradando contra aprovação da Lei de Médios. Dezenas deles foram arbitrariamente detidos e dois ainda continuam encarcerados, mesmo diante de tamanha arbitrariedade e sem justificativa jurídica consistente. O artesão é um elo fraco e para evitar ter sua licença de funcionamento ser cassada, saca esses produtos e se cala. Está muito difícil sobreviver hoje neste país e longe daqui estaríamos decretando nossa falência, além de ficar marcado por quem age violentamente contra qualquer tipo de oposição".

O silêncio de todos, algo como "melhor se manter calado" é o que se ouve. Tudo foi sentido, segundo um deles logo nos primeiros meses do governo. "Milei é autoritário é prega abertamente contra o peronismo e tudo o que lhe é simpático. Ele não aceitaria tudo ser vendido numa feira onde a concessão é tudo decidido por vontade própria der quem está no poder. Existe grupos de ultradireita agindo abertamente nas ruas e todos muito violentos. Com esse pessoal não tem diálogo e nem acordo que não seja fazer o que eles querem. Nos tempos do peronismo se podia vender de tudo e sem problermas, falando bem ou mal deles, mas agora tudo mudou e Milei não aceita ser contrariado. Nem ele, nem seus seguidores, esses mais perigosos", conclui.

Consigo comprar alguns adevivos com imão, resquícios do passado, ainda vendido por alguns, mas tudo debaixo do pano, nada abertamente. Perguntei pelos imãs alusivos ao peronismo em vários lugares e dentre todos somente um puxou conversa e me vendo realmente não alguém querendo lhe dedurar, acabou buscando alguns numa caixa e pediu discrição. Escolhi três por mil pesos. De tudo, algo bem latente, a Argentina vive tempos difíceis não só pelos altos preços ou pela quantidade de gente sem condições mais de manter uma casa, passando a morar nas ruas, mas o perigo de uma nova ditadura já estar com seus tentáculos mais do que em pleno funcionamento, já bem atuante, primeiro eliminando a propaganda dos contrários e depois, quem sabe, se tudo continuar com a ascendência dos fascistas e ultradireitistas, perigo maior à vista.

E depois de tudo, percorri todas as bancas e livrarias da avenida Corrientes, acima da Nove de Julho/Obelisco e perguntei dos livros de Victor Hugo Morales e Gustavo Campana, ambos da rádio 750AM, opositores declarados ao regime despótico de JAvier Milei e seus livros não são encontrados em lugar nenhum. De tudo, algo bem nítido, não está sendo fácil ser opositor neste momento na Argentina, mas como me disse um artesão lá na feira ontem: "Nada é eterno e na Argentina, tem regimes que não conseguiram ter vida longa, exatamente por se colocarem distantes dos clamores populares. Teve presidente que já teve que fugir de helicóptero quando de suia destituição. Milei não vai ter vida longa, pois é muito anormal".

em Bauru
GOLPE FOI OFICIALIZADO E ASSIM SEGUE O JOGO
Em Bauru mais um passo foi dado na efetivação e oficialização do GOLPE, punhalada que o PT levou pelas costas, tudo para um grupo conseguir levar adiante o nome de Clodoaldo Gazzetta como pré-candidato da Federação, envolvendo PT, PV e PCdoB. Nada acontece por acaso. Num jogo onde as peças foram se movimentando com apoio e concordância de instâncias superiores do PT, grupo local decreta que o PT deverá ter pífia campanha da cidade, contrariando decisão local por candidatura própria. Os motivos são os de sempre, poder, fundo eleitoral e o pior de tudo, fazer uma campanha só de fachada, reeleger somente um vereador, ter menos votos que no pleito passado e sem militâncias nas ruas, favorecer em tudo para que Suéllen Rosim ganhe logo no 1º Turno - isso se a Justiça não tiver alguma atitude contra ela antes do pleito.

As fotos não mentem, conluio explícito. Falavam que Gazzetta não suportaria e sua renúncia seria eminente. Não o foi, pelo fato de ter sido novamente convencido, reforçado o conluio. Hoje, posa para fotos nos corredores da Câmara - não sei com que cara -, sorrisos amarelos, sem mais ninguém que eles próprios. Estarão assim a campanha inteira, mas se é isso que querem, terão e assim, decretam, mais uma vez este PT, que sendo conduzido por um grupo que o leva constantemente para trás, tudo para atender os interesses pessoais de uma só pessoa, nada de novo e tudo de velhacaria sendo exposto, como fratura mais do que exposta.

Você percebe nitidamente quando um golpe está em curso quando não existe militância, ou seja, volume de pessoas nas fotos. São sempre os mesmos, só eles e nada mais ninguém. Tudo é feito por eles, o grupinho que bolou a trama. Não tem como envolver mais ninguém, pois conscientemente a militância pulou fora. E nas fotos, muita ilegitimidade e festival de sorrisos amarelos. Vejo um PV que tem na presidência uma pessoa recém filiada ao partido, um PCdoB que nada apresenta de novo há anos e uma ala do PT disposta a fazer campanha para reeleger somente uma pessoa. E agora, nas fotos representante da REDE, que tomara não esteja, neste momento, também golpeando outro candidato, o do PSOL já em pré-campanha na cidade. Juntam-se ao grupo somente personagens, se apresentando como condutores, nada mais.

Para quem filtra o que está em curso, além da evidente decepção e descrédito para todos, o fim de um sonho, o de ter na disputa alguém com um discurso verdadeiramente petista, com proposta séria, Plano de Governo para transformar essa cidade. Já, do que vemos, qual proposta sairia desse inusitado encontro de três, quatro pessoas no máximo? Dá para imaginar. Peçamos para o sr Gazzetta apresentar o seu plano, primeiro de campanha e depois de Governo. Será hilário, não fosse trágico. Das fotos, algo a acrescentar: todos estão perdendo e muito credibilidade junto ao eleitorado e população de Bauru. Como golpistas, serão devidamente desmascarados. Essa uma missão de todos os envolvidos, de fato e de direito, em algo novo, uma mudança de rumo, atitudes, postura e compromisso com a transformação social.

Nada mais a acrescentar.

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