1.) COMO VIR PRA BUENOS AIRES E NÃO VOLTAR NA CASA DAS MADRES DA PRAÇA DE MAIO? E COMO ENTRELAÇO A LUTA DELAS E DOS QUE RESISTEM EM BAURU CONTRA BANDO DE GOLPISTASEstou numa "habitacion" há menos de 500 metros da Casa de las Madres, a cara da resistência argentina pra qualquer tipo de avanço ditatorial e autoritário, inclusive genocída como neste momento com Javier Milei. A sede delas é na famosa praça do Congresso, onde no mês de junho ocorreram as manifestações contra a Lei de Médios, provocdando a injusta e irregular prisão de quem estava na rua para protestar. Dois ainda se encontram presos e mantidos no cárcere por uma lei não existente, pois em toda existente não existe como prever o que ocorre neste momento no país. E a Casa das Madres, até bem pouco tempo dirigida por Hebe de Bonafini, que tive o prazer de cdonhecer pessoalmente quando aqui estive em 2007 e a vi num comício junto de Hugo Chávez, está situada e encravada bem no palco dos acontecimentos.
Elas se virão como podem e a sede continua sempre aberta, irradiando luz própria e abrigando quem é de luta e resistência. Por lá exposições permanentes mostram a luta desde seu início e as várias etapas, culminando no dia de hoje, com uma difícil situação. Por lá um pequeno restaurante popular, o espaço para reuniões e tambpem festejos, além de cursos variados. Uma pequena livraria e muitas lembranças com a marca do lenço amarrado. Volto sempre e ajudo como posso. Sempre levo algo, desde livros, bottons, bandanas e bandeiras, tudo pela causa. Estar junto delas e ouvir as histórias do que por ali atuam é pra se recarregar e depois voltar pra lida e luta.
Em Bauru, a esquerda vive hoje um aflitiuvo momento onde foi apunhalada por um duro golpe, de um grupo minoritáreio, mancomunado com a alta direção do PT, quando escolhem alguém bem distante da luta anti neoliberalismo, essa mais do que necessária no momento e isso, como aqui é algo bem latente neste momento vivenciado pela América Latina. Creio eu, se faz necessário denunciar quem trai os interesses populares, quem se alia com parte contrária, faz acordos espúrios e quer se passar como agente de luta, quando na verdade é instrumento dos donos do poder exatamente para conter os avanços populares. Lacaios cumprem este papel, sempre sorrindo e gente como as madres existem, estão aí exatamente para impedir este avanço. Desta forma, fundo a luta bauruense com a delas aqui contra, neste momento, a besta fera chamada Milei, onde unidos a chance sempre renovada de vergar os vendidos.
Venho aqui neste local, a Casa das Madres para me recarregar e voltar cheio de gás para as lutas que, pelo visto, estarão se iniciando e exisgirão muito esforço. Que as Madres me dêem a força necessária que preciso para continuar esgrimando contra a perversidade e seus agentes, denunciando sem esmorecer os que estão pela aí para atravancar o avanço popular. Viva las Madres!
2.) PASSEAR POR "LA BOCA" NÃO É SOMENTE BATER PERNAS NAS SUAS RUAS COMERCIAISSim, é claro, praticamente impossível quando, para um turista, chegar em La Boca, o tradicional bairro operário e portuário de Buenos Aires e não se deparar com duas evidências, suas ruas princiupais de comércio, o Caminito e depois, algumas quadras adiante o estádio La Bombonera, do time de futebol Boca Junior. Sempre que aqui volto, circulo por ambos os lugares, tiro fotos e curto o envolvimento proporcionado pelo clima portenho. Nada a contestar, enfim estamos aqui também para isso.
Porém, para quem vem atrás de um algo mais, isso é pouco, insuficiente. As ruas no entorno disso tudo são, para mim, muito mais envolventes e também calientes. Perambular faz parte do negócio. Nada como não almoçar no fervo, nos lugares tradicionais e sim, circular, observar e depois escolher um mais no entorno, com um algo mais, que denomino de um imã, o atrativo extra. Descobrimos um assim, ano após ano, depois das obrigações legais no Congresso e Encontro Acadêmico na UP - Universidade de Palermo.
Nada como olhar para as vivendas, não para suas fachadas, mas para o interior, quintais e moradias dos populares, os que ali residem desde sempre. O bairro, como sabido, tem em suas construções algo muito peculiar, o zinco, não só como sua cobertura, mas também paredes. Para o desatento turista, isso pode estar ali somente como algo para preencher-lhe os olhos, a demonstrar algo do passado, primórdios do lugar. Não, pois nas vivendas mais simples, bastando olhar para os cantos, as "quebradas do mundaréu" do bairro e constatar, pouca coisa mudou para os mais simples.
Conversei longamente com uma estudante de Medicina em Las Platas, curso público, gratuito, ela angolana e um ano no país. Assim como o bauruense Adham Marim, estuda em La Plata e mora numa residência estudantil. No caso dela, chegou aqui após permanecer quase um ano em São Paulo, onde não se adaptou. Conseguiu a vaga e hoje, estuda pela manhã e à tarde e noite trabalha numa loja de recuerdos de viagem. Isso de segunda a segunda, sem descanso. "Minha vida é a universidade e o trabalho. Descnaso mesmo nos dias que não tenho aula e passo um período a mais em casa. Meu lazer, quando se dá e conversar com as pessoas, como faço contigo. Para os que me dão atenção, me abro pouco mais e refletimos sobre o momento aqui vivido. Tomara consiga terminar o curso. Ainda me faltam 5 anos pela frente", me diz, a jovem de 21 anos.
Ao invés de permanecer no território de compras turístico, isso é o que me preenche, como a história contada pelo moço da recepção no restaurante. Nos recebe na calçada, leva para dentro do local e depois, se abre em algo muito roloroso. "Poderia ganhar pouco mais trabalhando nas casas lá onde circulam mais turistas, mas prefiro essa, pois aqui consegui um contrato de trabalho fixo, uma casa familiar e me respeitam mais. Lá, ganho por comissão, certamente tiraria mais, porém, sou tratado como um objeto a ser manuseado. Ninguém suporta sem sofrimento interno viver uma situação diária de humilhação. Ganho menos, mas com certeza, vivo mais", me conta.
Isso me toca, como a história, essa na muvuca de algumas pessoas vestidas como voluntários de uma Brigada de Incêndio, porém, com um papel nas mãos, pedem descaradamente uma contribuição. O que seria essa tal brigada, se não a forma como encontraram para diante de tantos turistas, uma possibilidade de arrecadar algo mais para sua subsistência. Creio eu, a Brigada seja meramente a fachada encontrada para a sobrevivência, o ganha pão. E quem sou eu para reprimí-los. Longe disso, abro minha carteira, contribuo e converso com a simpática senhora, com uma fisionomia sofrida, expressão de quem está ali na lida e luta.
Junto histórias como essas no meio da muvuca. Num barracão localizado no meio entre os dois pontos turísticos, onde antes foi um Mercado Municipal, hoje pequenas lojinhas, atendendo quase exclusivamente os locais, quase nenhum turista. Me encanta a senhora, dona do seu espaço e junto da neta. Íamos ao bairro de Once - a 25 de Março ou o Saara daqui -, porém me seduz, relembrando quando permaneceu com sua portinha fechada, durante muitos meses ano passado e tudo por causa da estrutura do local, lacrada por causa de problemas elétricos e encanamento. Uma reforma foi feita, atendeu as exigências e todos voltaram a ganhar para a sobrevivência. Diante das bancas com cuecas, um produto que queria comprar, enquanto conversávamos, gastei o que tinha e agora, tenho novas e coloridas vestimentas íntimas.
Ou seja, em casa parada uma observação retida, algo merecedor de registro e, se a memória ajudar, escrevinhação. Nos Ubers, o meio de transporte utilizado por nós, em cada viagem, algo novo. Num deles, um argentino/cubano, pai cubano e mãe argentina, morando aqui logo depois de ter concluído maioriadade. "Temos um presidente louco. Vivemos um péssimo momento e não sei até quando iremos aguentar a situação imposta a nós, os pobres deste país. Reclamávamos do peronismo, apostaram na mudança e ela veio e tudo piorou muito mais. Isso não é novidade dentro da história deste país, mas não se pode esperar muuito tempo para botar fim neste ciclo, pois não nos sobrará nada. De Cuba, também não estou satisfeito e digo, como conhecedor da situação de meu país. O regime, antes de pleno atendimento ao povo, hoje claudica e vive-se lá uma falta de produtos básicos, como medicamentos", diz.
Tenho muito mais para ir descrevendo do relacionamento estabelecido nas andanças de rua nesta querida cidade, Buenos Aires. Estes alguns deles e mais não conto, pois as ruas me chamam e para elas volto, nefim, me restam somente mais três dias pela frente, depois voltar para casa.
Moradores de La Boca resistiram a Macri e hoje a Milei, apoiando Román Riquelme, presidente do Boca Junior |
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