segunda-feira, 29 de julho de 2024

PALANQUE - USE SEU MEGAFONE (192)


ESCREVER ME TIROU DE LUGARES SOMBRIOS
Eu escrevo, ao meu modo e jeito, cheio de muita imperfeição, quando não, erros crassos de grafia e mesmo de concordância, português mequetréfico. Escrevo quase tudo de bate pronto, estilo vapt-vupt e depois de publicado, em cada releitura, vou corrigindo. Quem leu uma vez e não mais foi ler novamente se assusta, pois na primeira postagem muitos erros. Isso natural em mim. Vivo por impulsos e eterna falta de tempo. Escrevo na correria e assim publico. Só depois, quando baixa algum tempo, releio e reescrevo, corrijo e republico. Daí, em muitos casos já é tarde demais. Fica assim. Este meu jeito, minha forma e creio, pelo jeito como produzo meus escritos, não tenho mais conserto. E nem sei se quero. Sou assim e pronto.

Mais que isso. "Escrever para mim é viver, baita oxigênio. A correção é o lugar onde eu exibo mais controle. Na escrita imediata, na primeira coisa que surge, não sei se tenho tanto controle justamente porque procuro não ser tão controlado ali para poder escrever. Tive um professor que dizia que é preciso escrever e escrever e fazer como o boxeador Mohamed Ali, que começa a contar abdominais quando dói. Você tem que continuar escrevendo, mesmo quando não tiver mais vontade de escrever. Isso me parece ter muita verdade porque você começa a escrever porque te ocorreu alguma coisa, porque você veio da rua e alguém te contou uma coisa, mas depois de um tempo isso passa. O entusiasmo com que se senta para escrever desaparece e se ficar insistindo por um tempo é verdade que aparece algo que não se esperava, talvez seja uma área de escrita mais descontrolada, que mais tarde você necessariamente precisa revisar para ter esse universo sob controle. A falta de controle é necessária, mas então você precisa de controle. Muitas vezes me acontece que leio o que escrevi com diferentes humores e algo que achei bom não funciona. É muito óbvio que ela estava com raiva ou triste, isso muda dependendo de como eu leio novamente. Para quem escreve, o que mais demonstra é o controle sobre o universo que está criando. Na conversa isso não acontece, não se pode voltar atrás para corrigir o que se disse, talvez por isso não haja controle na conversa, você não pode se editar", leio isso numa entrevista da escritora argentina Magalí Etchebarne.

Este seu escrito me fez escrever e pensar no assunto. Neste exato momento, limpo minha casa, trabalho muito aqui dentro de quatro paredes, gosto de fazer comida, sou manuseador de máquina de lavar roupas e, mesmo diante de tanta coisa por fazer dentro de um lar, não posso deixar de escrever. Há pessoas que se sentem confortáveis ​​e gostam de se considerar escritores. Eu, creio eu, nunca o serei, mas nunca deixarei de escrever. Escrever faz parte do meu dia a dia. Quando não sento, reflito sobre algo e passo para o papel, algo está perdido em mim. Daí, impossível não pensar que, a escrita me tira de outro mundo e desta forma, me coloca em outro me tirando, com toda certeza, de lugares sombrios.

outra coisa
1.) O GOLPE NO GOLPE E O GOLPEADOR PODENDO SER GOLPEADO
Esse negócio do cara ser golpista é mesmo engraçado e ele tem que entrar no jogo, pois sabe muito bem que hoje foi ele quem deu o golpe, mas amanhã quando acordar e ler as últimas notícias, pode se dar conta de terem dado um golpe para cima dos seus costados. Daí, diante de tudo o que fez, vai reclamar pra quem? Quem pratica o inolvidável, pode receber o troco na mesma moeda. Pois é, creio que, algo assim está em curso nas hostes de uma pré-candidatura oficializada, com foto oficial e tudo aqui na Terra do Sanduíche. O cara passou por cima das convenções, fez vista grossa para tudo o que estava sendo feito, aceitou as falcatruas todas e teve seu nome oficializado, porém, pelo que se comenta na Rádio Peão, pelo visto, tudo não foi lá muito bem sacramentado, faltou pedir a benção para um num degrau de cima e nem bem passado 48h já falam em sacá-lo e no lugar colocar outro. Quem, como eu, se encontra do lado de fora, fico só a observar, rindo de orelha a orelha, das novas artimanhas sendo traçadas pelo grupo gospista - o original, o que deu o primeiro golpe -, primeiro para desmentir que o golpe no golpe não é possível e depois, para dizer estarem os golpistas fortes, rijos, resistindo a tudo e a todos. São banais em tudo e essa a diversão de quem foi golpeado, ao menos poder dar alguma risada da situação sempre desconfortável de quem chega a algum lugar usando de uma artimanha nada convencional. Hoje, aqui por Bauru não se falou em outra coisa e o mais saboroso de tudo seria um jornalista furão, desses pertinentes, chegar pro cara, o que ainda está investido de ter praticado o primeiro golpe e perguntar assim como não quer nada: "Tá tudo bem?".

2.) RECADO PARA GOLPISTAS: "QUEM ESTÁ NA CHUVA É PRA SE QUEIMAR"
Dizia o bom e velho dirigente esportivo, então presidente do Corinthians, Vicente Matheus: "Quem está na chuva é pra se queimar". Entrou, meu caro, difícil sair e já dentro, o melhor é fazê-lo com o lombo preparado, pois uma vez lá dentro, tudo é possível. Se a coisa segue o ritual da normalidade, preceitos todos seguidos à risca, acordo selado com todas as partes, seguido de votação onde quem recebe mais votos, chega lá, arestas acertadas, o barco é tocado sem problemas, sem traumas e fraturas expostas. Já quando algo foi feito na penumbra, acordos espúrios de bastidores, conchavos feitos em alcovas nada recomendáveis, a chuva costuma queimar. Pode até demorar um pouco, mas num mundo onde tudo se sabe, a coisa mal feita pode passar desapercebida hoje, mas logo adiante, alguém acaba dando com a língua nos dentes, alguém viu algo e se sentindo desconfortado, conta tudo. É sempre assim, não existe acordo perfeito quando feito fora dos padrões ditos normais. E quem se sujeita desde o princípio a participar da contenda, mas se utilizando de algo fora da regra, pode ter certeza, estará sempre ciente de que, acordos assim podem ruir a qualquer instante. Desconheço quem faz acordos assim por debaixo do pano e são ponta firme, desses que o cara pode se dizer seguro pra sempre. Impossível. Nestes casos, é sempre cobra comendo cobra, desconfiança em tudo, o cara sempre negociando, mas com a bunda encostada na parede, sempre com receio de ser devorado. Nada é assinado, nada é lavrado em cartório, tudo feito num acordo de boca, malandro com malandro - um é sempre mais agulha que o outro -, bom para ambas as partes naquele momento, mas tudo podendo mudar, pois quem ofereceu algo rentável agora, pode receber proposta melhor e passar o rasteira sem pestanejar. Daí, o dito por Vicente Matheus é sempre frase a ser lembrada, rememorada, revivida e salientada. Não existem acordos dessa natureza a persistir por muito tempo. O errado não persiste ad eternum. Pode até demorar, mas vêm à tona. E quando desponta no ar, sai de baixo, muita coisa suja vem à tona. Rimos da frase do ex-presidente corintiano, mas tem um inolvidável fundo de verdade e isso, para alguns, os que estão acostumados a golpear adversários, e pior, os próprios parceiros, as lições são sempre as que ficam, perduram para sempre.

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