quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

BEIRA DE ESTRADA (190)


A HISTÓRIA DO LEITE DO MST QUE DESAPARECEU DAS PRATELEIRAS DOS MERCADOS BAURUENSES
Desde que me interessei por este leite, fabricado em Santa Catarina, numa das fazendas do MST - Movimento dos Trabalhadores sem Terra, o encontrava em Bauru em dois lugares. Primeiro no Armazém do Campo, loja do MST na rua Araujo Leite, porém, a mesma fechou. Ao mesmo tempo, um únci supermercado o oferecia, o São Judas Tadeu, loja na rua Primeiro de Agosto, proximidades com o Cenitério da Saudades. Compro pelo menos uma caixa todo mês, isso já há pelo menos dois anos. Porém, de uns três meses para cá o produto sumiu da loja e não consigo uma explicação convicente para não mais ser ali comercailizado. Não existe outro estabelecimento comercial em Bauru que revenda o lite Terra Viva, daí, tento neste momento comprá-lo diretamente com o produtor, pois não queria beber outro leite.

No mês retrasado quando fui comprar o leite, já percebi uma pequena quantidade nas prateleiras, mas não dei a devida atenção. Comprei uma caixa e vim pra casa, já meio encabulado com tão pouco deste leite por lá. Mês passado fui e não mais encontrei, perguntei e ninguém soube me responder. Voltei mais duas vezes e nada. Hoje perguntei para dois funcionários e ambos me disseram não mais ter recebido e que, não mais teriam o Terra Viva. Lembro das tantas promoções, com preços chegando a R$ 3,50 a unidade. Não sei o que aconteceu e não souberam me dizer. Ligo no 0800 deles, ouvem minha história e dizem, me retornariam. Aguardo e agora, vou abrir amanhã a última caixinha remanescente, depois zero.

Conheço a cooperativa distribuidora do Terra Viva, sei a seriedade do que fazem e ainda mais, incrustrados dentro de uma região muito conservadora, Santa Catarina. Num momento quando o país passa por um perrengue desmedido de preconceito e perseguições sem sentido, creio que, este texto seja muito pertinente, até para uma verificação mais apurada do que de fato ocorre. Na verdade, não quero criar problemas e sim, sómente poder continuar tomando meu leitinho diário e na marca da qual me habituei. E desta forma, deixo aqui meu lamento e recado, pois até agora não consegui uma resposta convincente para saber dos motivos dele não mais ser vendido no São Judas Tadeu.

Pergunto para um amigo sobre nunca ter visto este leite, exatamente o do MST nos demais supermercados de Bauru e sua resposta não me convence: "Para ser vendido, quem o produz tem que ter um vendedor, representante na região e este oferecer o produto. Se isso for feito, ele será vendido". Para um leite com a chancela e marca do MST, tudo é assim tão simples? Quero ouvir melhor as partes envolvidas antes de emitir minha percepção final do que de fato ocorreu.

EU QUERO ESCREVER ALGO DO MAGRÃO, O QUERIDO MORADOR DE RUA QUE HOJE LUTA BRAVAMENTE PELA VIDA
Eu pouca coisa sei do Magrão. Sei de vê-lo pelas ruas e por saber que, arrumou tempos atrás uma casa abandonada para morar e quando o fez, passou a ser cuidado pelos vizinhos, que o conhecendo, ajudavam nos seus cuidados. Magrão conta muitas histórias sobre sua vida e a maioria nunca ninguém checou. Não acredito que ele possa estar mentindo, pois cara boa praça estava ali, sempre com um baita sorriso no rosto e com seu jeitão, aacabava sempre conquistando amizades. Só não queria saber de sair das ruas. Vive nela há muito tempo e pelo que sei, nunca se drogou, ou se o fez não engrenou. Seu negócio, como a maioria dos moradores em situação de rua é com o tal do corote, que bebe diriamente. Essa sua fuga, sempre com o corotinho nas mãos. Do pouco de grana que conseguia, voltava sempre para seu refúgio com um marmitex numa das mãos e noutra um corote.
Ele pegou tanta confiança no pessoal lá perto onde se fixou, imediações da rua Rubens Arruda, que o conhecem não só como Magrão, mas como de fato se chama, Márcio Rogerio Saraiva, data de nascimento em 14 de maio de 1978. Então, ele dizia ser filho do ex-cantor Marciano, o famoso sertanejo, que nasceu aqui em Bauru. Teve um acidente hoje na Duque de Caxias, caindo na beirada da calçada, reflexo da eplepsia, um mal que o acometia fazia tempo, bateu a cabeça no asfalto, sangrou muito e desacordado continua. Foi levado para o Hospital de Base e segundo as informações, teve morte cerebral e só mesmo um milagre. Quem me conta a maioria de suas histórias é a Micheli Souto Mattei, moradora nas imediações e uma das tantas que, acaba por cuidar dele, pegou carinho de vê-lo nessa situação e hoje, assim como todos que o conhecem está mais do que triste, pois em mais de dez horas de procedimentos tentando reanimá-lo, ele continua sem responder e não se sabe até quando irá resistir. Magrão é um dos tantos personificando o que é a vida dos que vivem nas ruas de Bauru. Muitos a gente conhece, para para uma conversa, sabe de alguns detalhes de suas vidas, algo é tentado na recuperação e no mais, um acompanhamento de perto, sem criar problemas. É dos tantos que, vivendo em nossas ruas, estão sempre pela aí, percebidos por poucos, um dos taís invisíveis, porém, com muita história por detrás de tudo, principalmente a de resistência. Quem circula muito por nossas ruas o conhece, nem que seja de vista.


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