A cena é patética. Ele é comerciante aqui em Bauru e seu sobrinho está lá nos States, morando e trabalhando, sem possuir o visto de permanência, porém como intransigente defensor de Donald Trump, se achava impermeável as bravatas do então candidato. Pois bem, Trump foi eleito e já no primeiro dia, tudo aquilo que havia propagado colocou em prática. O novoi presidente acha que o principal motivo do atravancamento dos EUA é devido a uma ação criminosa, segundo ele apregoa, dos clandestinos. De um dia para outro tem início a uma caça a estes, denunciados em seus locais de trabalhos, perseguidos em suas moradas e sendo devolvidos para seus países em vôos, onde todos passam fome, permanecem algemados e são tratados como bandidos.
O incrédulo comerciante de Bauru ainda não entendeu de fato o que está em curso. Seu sobrinho está no momento escondideo, sem comparecer ao trabalho há quase uma semana e vivendo desde então como foragido. O encontro hoje é me diz, da forma mais patética possível:
- Só uma pessoa pose salvar meu sobrinho, o Bolsonaro ou o próprio Trump. O Bolsonaro, se olhar tudo o que fizemos até agora, como me posicionei, sabe de que lado estou e quando fomos para os Estados unidos, foi para buscar um país onde nossas ideias poderiam ser colocadas em prática. Se preciso eu vou falar com o Bolsonaro, pois ele precisa interceder pelos que o defendem e, consequentemente, defendem Trump.
O homem,forte, robusto, tem até boné do Trump, enviado meses atrás pelo sobrinho, quando este ainda estava em campanha. Percebo estar num estado de comoção e não querendo o irritar mais, somente lanço um questionamento:
- E o ser acredita que consiga algo com Bolsonaro?
Ele me olha incrédulo e percebo, neste momento, uma insegurança, algo que até então não tinha:
- Ele não pode nos deixar na mão. Fiz muito por ele, o defendi em várias ocasiões, comprei briga e meu sobrinho, desde que lá chegou sempre esteve ao lado do Trump. Ele me contava tudo, dos grupos onde se reunia e mesmo ouvindo algo, isso de expulsar os clandestinos, tinha certesza, isso seria para os que pensavam contrários a ele. Trump é o cara, só ele pode fazer o que a gente pensa num governante. Isso nem parece real. Tem algo errado nisso tudo e acho que essa confusão vai ser logo resolvida.
Ele não me conhece direito. Se conhecesse, com certeza não agiria de forma amistosa comigo, porém, querendo me inteirar melhor, demonstro solidariedade e pergunto:
- E seu sobrinho? Ele está sózinho, é casado, trabalha onde por lá?
- Faz quase um ano e meio que ele foi pra lá. Cansou do Lula e o incentivamos, pois acreditava que Trump venceria. Ele levou a esposa e o filhinho. Entraram como turistas e conseguiram emprego, moravam bem, um bairro com muitos latinos e muitos pensando como ele, acreditando na América livre. Agora, ele me conta e diz estar com receio de ligar pra cá, pois tudo pode ser motivo para ser descoberto. Ele não é bandido, mas está escondido e todos mal saem de casa. Da última vez, disse que escreveria pouco pelo whatts, pois nãotinha mais certeza de esta rsendo vigiado. Isso não pode ser possível. Ele é bolsonarista e trumpista, defende o cara e não é ladrão. Quer vencer na América e ajudar Trump a mudar o país. Na verdade, eu ainda nã oconsegui entender como tudo isso foi possível de acontecer e de forma tão rápida. Quero ver se consigo um contato do Bolsonaro ou de seus filhos, pois eles precisam nos ajudar. Meu sobrinho nem pensava em voltar e imagina, se for detido, nem podendo voltar pra casa e for transportado só com a roupa do corpo. E tudo o que ele comprou por lá, o queserá feito disso? Vai deixar aos cruidados de quem? Ele nã odeve estar nem dormindo direito.
O diálogo foi mais ou menos este e por fim, ainda prolongamos um bocadinho. Como estocada final, aproveitando a deixa, coloquei um algo mais pra fazê-lo pensar:
- O sr pode não gostar do Lula e do seu Governo, mas tem que reconhecer que, todos os que estão voltando, estã osendo bem recebidos. Veja o caso dos primeiros algemados, os que estavam lá em Manaus, rpesos dentro de uma aeronave, sem comida e sem poder usar direito nem banheiro. Quando Lula soube, imediatamente obrigou os americanos a soltar todos. Vejo que os americanos estão humilhando os latinso todos, dentre os quais os brasileiros. Desejo sorte para seu sobrinho e torço paar que consiga falar com o Bolsonaro e este interceda junto ao Trump. Mas não sei não, pois seus filhos foram lá na posse e nem participaram da festa, ficaram do lado de fora e pagaram caro para uma festa paralela. E, Trump parece estar fazendo algo que não estava combinado. Vamos ver onde vai dar isso tudo.
Essa história é verídica e sei, aconteceu comigo e deve estar acontecendo com tantos outros, pois a realidade é exatamente essa. Os bolsonaristas estão ainda sem entender o que de fato está ocorrendo. Na verdade, Trump já declarou não precisar da ajuda de latino nenhum para executar o que tem em mente. Está passando um trator em tudo o que estes, os bolsonaristas, acreditavam ser possível com sua chegada ao poder. Enfim, a direitona nazista chegou ao poder, só que essa menospreza e nos trata a todos, indistintamente como inferiores e mero quintal. Tomara que, os bolsonaristas passem a pensar melhor e refletindo, entendam de fato o que está em curso. Deste senhor, tentando contato com Bolsonaro, tenho pena, pois sei, mesmo que consiga um telefone, nunca que o "mito" fará algo pelo seu sobrinho. Ele, como se sabe, abandona tudo e todos pelo caminho, pois seu interesse se dá só e tão somente para com os seus interesses. Creio que, em breve, este clandestino bauruense volte para Bauru e nas piores condições. Só não sei se encontrará algum motivo para culpabilizar Lula pelas agruras destes brasileiros nos EUA. Por enquanto, este se encontra escondidinho por lá e contando com a sorte. O que será que pensa do Trump depois de tudo?
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