Quando me deparei com o livro ali na banca, confesso, passou um filme em minha cabeça. Nilson depois deste período, voltou para dentro da universidade, prosseguiu sua carreira, na sequência ficou viúvo e veio a se aposentar. Perdemos totalmente o contato. Ficaram seus livros e textos, muitos objetos de consulta, principalmente quando me deparo - até hoje -, com questões envolvendo a questão patrimonial na cidade. Teve início o período Bolsonaro e depois a primeira administração de Suéllen Rosim e Nilson se aproxima de ambos. Com Bolsonaro, de suas ideias e com Suéllen, atuando dentro das hostes, em algumas secretarias deste Governo. Passou por algumas e só no início, uma relacionada ao tema de seu maior entendimento, a SEPLAN - Secretaria de Planejamento. Depois vieram outras, como a de Educação e, pasmem, hoje a de Meio Ambiente. Creio que, o distanciamento não se deu somente comigo, mas de seu trabalho anterior. Não creio que, ele possa ter encerrado seu ciclo investigativo, acreditando que, dentro da administrtação pública, possa dar uma contribuição mais efetiva, através de seus conhecimentos. Com Suéllen, creio eu, todos atuando ao seu lado pouco fizeram, ou mesmo que quisessem, ela não permite grandes arroubos. Ou seja, Nilson está contido, porém deve estar feliz, atuando no que gosta. Tomara tenha se encontrado consigo mesmo.
Escrevo isso, pois dias atrás, além do livro encontrado na banca da feira, conversei longamente com um ex-aluno seu, variados temas e num deles me confidencia: "O professor desde então não tem escrito mais nada sobre as questões que foram objeto de estudo uma vida inteira. Por que será?". Não tenho autoridade para discutir algo neste sentido. Tudo nessa vida é passível de mudança. Talvez, com ele, tenha ocorrido algo assim e acredite ser mais útil atuando dentro das hostes da atual alcaide municipal. Ele talvez o saiba, quase certeza, ter deixado boa contribuição acadêmica, porém interrompida e sem sequência. Penso nela e em tantas outras, iniciadas e interrompidas, por um motivo ou outro. Porém, quem gosta de escrever, pega gosto pela coisa, possui dificuldade enorme em deixar de fazê-lo e de continuar pesquisando. Bauru precisa mais e mais de muitos pesquisadores, devastando sua História e tudo o mais. Esse Nilson faz falta.
CARIOCA E OS LIVROS DOADOS PARA DILETOS AMIGOSComo sabem, bato cartão todo domingo na Feira do Rolo, mais precisamente na Banca do Carioca, o livreiro do local. Uma amizade de algumas décadas, desde que o descobri ali a revender um dos objetos que mais aprecio na vida, livros. O chamamos de Carioca, mas na verdade ele é fluminense, nascido em Vassouras, interior do estado. Uma cidade que um dia, bem lá atrás, fui com ele, ou seja, numa viagem ao Rio, íamos até perto de Juiz de Fora e o levamos. Quanta conversa boa rolou neste trajeto e depois, a satisfação dele em nos apresentar, a mim e Ana Bia, sua mãe. Carioca trabalhou vendendo bingo na equipe de Claudio Amantini, este o motivo de aqui ter se instalado. Depois, descobriu o filão de vender livros na feira e nunca mais parou. Vive disso. Compra e vende tudo na feira, um ou outro que o ajuda no Mercado Livre e Estante Virtual. Não tem afinidade nenhuma com a internet, ou seja, segue sua trilha de vida sem sobressaltos, conseguindo o suficiente para tocar a vida de uma forma a qual considera adequada. Um sujeito feliz.
Ele sabe só de me ver chegar os livros de minha preferência. Um luxo e assim com outros dileitos amigos. Dias atrás me liga e diz ter adquirido um lote e neste dois livros, já separados para o amigo Sivaldo Carmargo, que ele sabe é professor de balé, diretor da Companhia Estável de Dança de Bauru. São dois títulos da professoa Yola Guimarães, eminente bailarina da cidade. Deste dois livros, encontrou fotos do Sivaldo num deles e daí me liga, diz já os ter separados para presentear o amigo e se posso levar até ele. No domingo passo por lá, ele diz, preferiria que ele fosse até sua casa, eu junto, prepararia uns quitutes, tomaríamos uma cervejinhas, falaríamos coisas ao léu e os livros chegariam ao seu destinatário, com a devida pompa e regosijo.
Trago os livros e em sua expressão muito contentamento por estar servindo o amigo. Este é o Carioca, figura ímpar, quase inigualável dentre a imensidão borbulhando hoje pela aí. Faço questão de ser seu amigo, propagandear a seu respeito e ajudá-lo no que for possível para que, continue lá pela feira, pois desta forma, terei álibi para comparecer por lá todo domingo e assim, a vida seguurá bocadinho mais feliz, eu por ter ido lá, ele por ter me recebido, outros tantos pelos reencontros e tudo convergindo para isso que é, sem sombras de dúvidas, a belezura do congraçamento humano, algo bem diferente do que a gente vê rolando nas transações políticas, pelejas muito mais contundentes do que a travada entre deus e o diabo. Ali na feira, numa banca de livros usados, esse tal de Carioca faz a diferença. E eu, faço questão de propagandear ser seu amigo e aqui, vez ou outra, divulgar algo a respeito da continuidade desse nosso intenso relacionamento. Seríamos amantes?
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