MDB, MANDALITI, FATIAS DO BOLO E A COINCIDÊNCIA NO JC DE HOJEA leitura de um jornal diário impresso te possibilita isso que aqui relato. Na edição de ontem do Jornal da Cidade, nosso último e único jornal impresso bauruense, manchete na página 4 escancarava: "MDB ganha poder inédito com Suéllen - Legenda tem nas mãos DAE, secretarias, presidência da Câmara e duas comissões estratégicas, inclusive a de Justiça", tudo ilustrado por um foto do sorridente e, pelo visto, bastante contente Rodrigo Mandalitti, presidente dessa agremiação política na cidade. Ele, inclusive diz na matéria que, "vê no crescimento do partido resultado de credibilidade".
Passado um dia, duas repercussões na página 2 do JC. Em carta ocupando quase todo o espaço da Tribuna do Leitor, Roberto "general" Macedo demonstra o quanto quer proximidade com o MDB de Mandaliti, tecendo elogios desvairados, alguns até descabidos, em algo que pra bom entendedor, entendo como "puxação de saco". Um texto que, seria irônico, feito de encomenda para quem de direito ler e ser merecedor de uma piscadela, dessas assim, "obrigada mesmo, não merecia tanto".
Só que, na mesma página, no espaço da charge, Fernandão, o intrépido observador da cidade lá dos Altos do Bela Vista, disseca a matéria de ontem por outro viés, o do Poder Público Municipal, representado por um bolo sobre a mesa e Mandaliti, no caso o prócer do MDB abiscoitando-o quase inteiro, deixando um mero pedacinho pro resto dos pobres mortais dele desfrutar.
Quanto a estes dois, felizmente colocados lado a lado na página 2, deu para fazer uma boa conjectura do que é o mundo político e de como tudo é tratado de forma bem diferente, dependendo de como cada um está situado no contexto. Fernandão faz o seu trabalho de forma isenta e percebeu tudo de forma tão sublime, merecedor de outro rasgado elogio. Do tal "general", melhor ficar no campo do "sem palavras".
Daí, minha modesta e afunilada conclusão: Quer queiramos ou não, tudo se encaminha para que, Rodrigo Mandaliti, pelas fatias de poder sendo acumuladas, deve estar já pleiteando ser o candidato à sucessão de Suéllen Rosin. Trabalho de formiguinha e algo que, nenhum outro tem conseguido com a mesma eficiência que ele. Não julgo sua linha política nestas observações e só como tudo vem sendo construído para facilitar sua chegada como sucessor, algo que deve ocorrer e ir se acentuando com o passar do tempo. Mas me digam, ter os dois hoje juntos no JC, casualmente tratando do mesmo assunto, parece ter sido algo consolidando o que escrevo e para tanto, nem preciso de nenhuma bola de cristal.
Começa o show e algu surpreendente, Guinga quer conversar, se diz muito a vontade em todas as vezes que volta nessa unidade do SESC e entre uma música e outra, deita gostosa falação. Falou de tudo o danado, inclusive dos tempos quando, mais de vinta anos atrás, tinha depressão e insonia - essa diz continuar tendo, daí se safa em lugares como este e depois, no hotel vasculhando pelo youtube, eventos musicais e entrevistas. relembra uma que, com certeza irei pesquisar e assistir, onde o Jô Soares entrevista o Agildo Ribeiro. Dos tempos de depressão, que diz já superados, hoje avô, mais de 70 anos, relembra ter sido em Bauru que conheceu hoje um dos mais fiéis amigos. Um médico, Aguinaldo, hoje morando em Sorocaba e que, nadaquel dia, ao final do show chega perto dele e lhe pergunta: "Você está bem?". Foi a deixa para uma conversa que se estendeu ao longo da noite e se prolonga até hoje, com ele lhe enviando via Correios uma mensal receita.
Lívia se mostrou mais acanhada no começo, mas foi obrigada a entrar no jogo proposto pelo parceiro e também contou histórias, intercaladas por geniais apresentações musicais, ele na maioria ao violão, ela encantandoi a todos com sua voz. Ela conta algo ocorrido em Jaú, uns 15 anos atrás, show do Arrigo Barnabé, ela e outra, cantante do staff, de saia curta, representando uma puta no show Clara Crocodilo. O show seria na praça, choveu muito naquele dia e transferiram para o teatro, só que lá teria antes um espetáculo musical e com crianças. E tudo o que representou Clara no meio daquelas senhoras e principalmente das crianças. Sabe a peça "Abalou Bangu", pois bem Lívia e Arrigo abalaram Jaú. Estive neste show, quando fomos de Bauru, lotação em meu carro. Só não conhecíamos a Lívia.
E por falar em Bangu, Guinga relembra ter morado - ou trabalhado, isso nçao me lembro - em Bangu e o compara com Bauru, pelo calor. Relembra que lá se fitava ovo no asfalto e depois, depois de falar muito do parceiro já falecido, o Aldir Blanc, este médico psiquiatra e ele dentista. Diz que, por mais de trinta anos não consegue mensurar a quantidade de dentes já arrancados e que se tudo fosse convertido em real, estaria hoje milionário. Guinga deixou o ofício faz tempo e hoje passa agruras com algo na boca, quando pouco antes do show foi acometido de um fio dental que ia se fixando em sua boca, se transformando num chumaço e por pouco não precisa recorrer aos trabalhos profissionais de um deste. Na verdade, essas histórias iam se sucedendo e ele, pelo visto queria mais contá-las do que cantar. O show foi até estendido ou a parte musical teve que ser reduzida. O público, pelo percebido, adorou e Guinga só parou por causa do horário imposto pelo SESC.
Durante mais de uma vez, propôs que tudo poderia continuar num bar da cidade, algo que, pelo que sei foi tentado, pois a dupla pernoitou na cidade. Quando sai de lá tentavam levá-lo ao Templo Bar e devem ter conseguido. Num outro momento foi relembrando dos tantos que já foram seus parceiros ou dos que admira. Lembrou de bailes antigos e de quando tocava em churrascarias - não sei se brincou com a gente -, lá pelos lados de Jacarepaguá, quando ia ver Jonhny Alff, depois Leni Andrade e muito provocante ter dito ser da época de Alaide Costa, hoje beirando os 90 anos. Descreveu estes encontros e desencontros com tanto carinho, como se estivesse confidenciando algo para diletos amigos.
Numa das canções, essa feita para a mãe, que diz ter sido uma das melhores cantoras que já viu na vida e que só não seguiu carreira, pois seu pais não permitiu, a "Nem cais nem barco", num certo momento, "a chuva dessa tarde trouxe o Tito Madi e apenas eu ouvia...". No final, quando colhi mais um autógrafo dele, o músico bauruense Carlos Coletta, fala da música, diz ser de Pirajuí e que Tito, também de lá. Guinga se derrete e diz ter sido muito amigo do Tito, algo que, relembro com muita saudade, pois também fui. Depois de cantarem a "Canção do Lobisomem", ele fala mais do parceiro Aldir e ressalta algo como muito sublime: "Nem a cobra-coral, nem mesmo a naja/ Dão o bote da prata que viaja/ Numa bala entre a arma e o meu peito/ Acho graça em desgraça, dito e feito/ Sou meu matador". Tudo para ressaltar que Aldir era romântico, porém, também muito escatalógico, porém, ele se diz mais, isso tudo depois da Lívia cantar magistralmente o "O coco do coco", com frases deste gênero bem ressaltadas.
Enfim, teve muito mais, porém a memória não está assim tão boa. Saio do show, ainda ficamos paparicando a dupla por bom tempo, conversas ao pé do ouvido, algo nem sempre possível. Foi uma noite e tanto, dessas que, certamente serão dificílimas de ocorrer novamente. Ou seja, os presentes foram todos agraciados com uma belezura inigualável, o prazer de conhecer - e rever - Lívia, falar de pertinho com ambos e conhecer um pouco mais da intimidade de um dos letristas e violinistas mais impresncindíveis deste país. Sabe a expressão, "saio de alma lavada", pois bem foi assim que me senti e ao sair, chovia de verdade. Fui embora debaixo de um leve garoa, com tudo isso aqui narrado na cabeça, inesqucível noite, onde a frustração - de minha parte -, veio pelo fato de ter que ir pra casa e não sei se conseguiram arrastá-los para o Templo Bar. Como dormir depois de tudo isso ainda pulular dentro de sua cabeça? Ouvi os dois dentro dela a noite toda. E foi também uma maravilhosa noite.
OBS.: Impossível não reconhecer o Sesc Bauru, nesta noite, primeiro pela Cortesia, depois por tudo o que propiciou em minha vida, desde o primeiro show ali assistido, ainda menor de idade. repito com louvor, "ah, não fosse o SESC, o que seria de minha formação musical?".
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