domingo, 17 de agosto de 2008

UMA FRASE (21)
O QUE FOI DITO POR FERNANDO LUGO, O PRESIDENTE PARAGUAIO EM SUA POSSE
Dia desses escrevi sobre a Bolívia, hoje o faço sobre o Paraguai. Adoro o momento vivido por alguns irmãos latino-americanos, tentando se libertar do jugo imperialista, sendo cada vez mais independentes. A América desperta. Quando da eleição, em maio, recebi do amigo, o advogador Arthur Monteiro Jr, uma carta (também publicada no JC). Republico aqui trechos dela, pois demonstra bem uma linha de pensamento que também é a minha:

AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NO PARAGUAI
A vitória de Fernando Lugo nas eleições presidenciais paraguaias demonstra, mais uma vez, que os povos latino-americanos continuam a apostar nas mudanças. Evidente que tal fato não significa que a classe trabalhadora e a maioria do povo tornaram-se revolucionários, mas que despertaram da secular passividade e, percebendo-se agentes da história, depositam suas esperanças nas grandes transformações. Sabem que é chegada a hora de dar um basta ao servilismo terceiro-mundista e da aceitação inerte à despudorada entrega de nossas riquezas ao seio do imperialismo, com a miséria espalhando seus tentáculos cruéis pelos quatro cantos do continente. Assim, vai tomando forma na América Latina a possibilidade de uma unidade que possa levar à reconquista da dignidade de nossos povos. (...) Que os bons ventos que sopram sobre a América Latina espalhem por toda ela a faísca revolucionária que resgatará a dignidade pela qual muitos lutaram e morreram no transcorrer da nossa história, afinal, como diz a canção de Chico Buarque e Pablo Minanés “a história é um carro alegre cheio de um povo contente que atropela indiferente todo aquele que a negue”. Arthur Monteiro Junior – monteiroarthur@uol.com.br – advogado

Esse texto é de maio 2008. Nessa semana, Lugo tomou posse e fez um discurso divinal. A parte que mais gostei foi quando disse que assumiu o sacerdócio e virou bispo embalado pela Teologia da Libertação, fazendo uma deferência toda especial para o teólogo brasileiro Leonardo Boff (convidado e presente na posse), expoente desse segmento inserido (ainda) dentro da Igreja Católica. Justo ela, tida como morta e enterrada, porém ganha vida nova com Lugo no poder. Só por combater a pobreza, será também criticado ferozmente pelos de sempre, ligados às retrógradas oligarquias latinas. Leiam parte do belo discurso de Lugo: "Venho para combater o discurso opressor de tantas ditaduras que marcaram a história de nossa pátria americana. (...) Desisti de viver num país onde uns não dormem porque têm medo, e outros não dormem porque têm fome (lembrando o geógrafo brasileiro Josué de Castro - 1908/1973). (...) Pretendemos que a responsabilidade social não seja só um discurso cosmético de pequenos empreendimentos.(...) Hoje acaba um Paraguai exclusivista, um Paraguai com fama de corrupção, hoje começa um Paraguai cujas autoridades e habitantes serão implacáveis com os ladrões do povo. (...) Nunca esqueçamos Salvador Allende clamando que 'muito mais cedo que tarde, serão abertas as largas alamedas por onde caminhará o homem livre, para construir um sociedade melhor'."

Esse novos ares fazem um bem danado para todos nós, pois, mesmo que muitos não consigam entender direito, o Brasil só será forte com a América do Sul forte e unida. Caminhamos para isso.

PS.: Por favor, não confundam, o da direita, com um copo à mão, é o Arthur e não o Lugo.

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