quinta-feira, 23 de outubro de 2008

CENA BAURUENSE (10)

A ROTINA DO PICHA, PINTA. ATÉ QUANDO?
Exite uma luta meio que insana entre os pichadores e aqueles que pintam suas paredes. Desigual talvez fosse o termo mais correto. Bastou pintar e o muro estar localizado num local de boa visualização, para momentos depois estar pichado. Isso não é privilégio de Bauru. Ocorre em todos os locais. Enfeiam nossas cidades. Reclamar já não adianta mais. Existe um algo mais, que precisamos entender e compreender. Acompanho essa disputa com um certo olhar clínico. Fico na minha, mas a solução não é somente a da violência e da repressão. Aqui perto de casa, o dono de uma casa mal terminou de pintar sua parede com um lindo verde, chamativo. Amanheceu o dia havia por lá inscrições variadas, os tais hieroglifos ininteligíveis. Tenta outra solução, bem criativa: recolocou o verde, pintando por cima um desenho com pedras, dando uns retoques florais na parte superior. Já se passaram dois dias a a obra de arte resiste. Já na avenida Nações Unidas, o trecho rebaixado, embaixo da linha férrea é um dos preferidos das galeras do escrito esquisito. O local foi adotado pela Faculdade Anhangüera, mas o pintor deve ter cansado, pois mal pinta as cores da escola, no dia seguinte, está tudo borrado novamente. Haja tinta e paciência.

E o que fazer? Recorrer as autoridades ainda continua sendo a solução, mas não a única. Alguém já tentou dialogar com essa galera? Entender o que pensam, como agem e os motivos? Um professor amigo meu chegou a ouvir de um pichador, que ele precisava ser ouvido, não tinha espaço para se expressar e diante de tantas portas fechadas, a alternativa era uma revolta total contra tudo e contra todos, odiava o mundo como ele se apresentava . Não seria uma mensagem? Uma espécie de toalha acenada, demonstrando uma possibilidade de diálogo. A revolta juvenil precisa ser aflorada de alguma forma e se não existir outros meios dessa exposição, todas as brechas serão ocupadas. E enquanto essa aproximação não for tentada, quem padece são os donos das paredes. Conto nos dedos quantos dias irá durar a resistência do meu vizinho, o da parede com falsas pedras.

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