Ainda continuo pelo 4º dia da viagem, uma terça, 11/03. Nesse relato adentro a parte da tarde e pelo visto, em cada dia irei ocupar de dois a três postagens. Não sei se suportarão. É que estou pegando gosto e querendo descrever tudo, sem hipocrisia e falácias. Como havia relatado, a manhã toda havia sido ocupada com a visita a UJC. Da saída em diante fomos perambular pela “Habana Vieja”, comprovando que não estivemos lá somente com atividades sérias. Naquela tarde assumimos nosso lado turista e saímos a conferir os pontos turísticos mais conhecidos no centro da capital cubana.
Logo de cara, numa esquina, seguindo nosso mapinha conseguido na portaria do hotel, aportamos no bar La Floredita. Fotos e mais fotos. Algumas quadras abaixo, o mais famoso bar cubano, La Bodeguita del Medio. Para não fugir à regra, ambos fazemos aquelas comprinhas básicas. As tais peças de recordação, como canecas e cinzeiros, com a logo da casa. Precinhos convidativos. Visitar o local e não tomar morritos é algo que não poderíamos fazer. Tudo por quatro pesos. Os preços são baixos e percebemos a cada contato, que nossa contada grana será muito bem aproveitada.
Ainda dentro da Bodeguita sou abordado por Orlando Laguardia, 75 anos, um simpático senhor, o poeta do local, trajando um paletó forrado de botons do mundo todo. Quando descobre sermos brasileiros, instantaneamente mostra o do “l3” petista e outro da campanha presidencial do Lula. Ele nem percebe, mas fixado lá, noto outro, um “tucano”, deixo quieto, pois acredito que nem ele deve lembrar ser aquela ave o símbolo de um partido daqui. Fala muito de Lula, numa intimidade vista em quase todos os cubanos, que o consideram um grande amigo da ilha. Pede meu nome e estado civil. Digo ser “tico-tico no fubá”, divorciado. Ele desaparece. Retorna em menos de cinco minutos. Traz consigo uma folha impressa com sua foto e uma poesia batida à maquina em minha homenagem.
Eis o poema: “Enrique si eres soltero/ Multiplicas tu valor/ Porque em comida y licor/ Alargas mas tu dinero/ Si se aparece un te quiero/ No estas a nada obligado/ Enrique porque has probado/ De tu Brasil bajo un polo/ De que es mejor estar solo/ Que estar mal acompañado/ Felicidades,obrigado”. Fico lisonjeado e lhe passo um peso. Tudo no local é inebriante, com as paredes cheias de assinaturas, inscrições de gente do mundo todo. Pena termos vindo muito cedo e a parte do restaurante estar fechada. Ficamos só no bar, na parte frontal. Na saída, uns 100 metros adiante, tiro fotos ao lado de um homem de bicicleta e duas cachorrinhas num cesto. Figura conhecida no centro. Vive de fotos e dos agrados dos turistas. Dou outro peso. Um velho nos aborda vendendo o jornal Gramma. Marcos filma o lindo discurso pró-Fidel, em defesa da ilha e das liberdades democráticas. Compramos o jornal.
Turistas por todos os lados (cadê brasileiros?). Em cada esquina uma novidade. Um grupo de teatro de rua, todos fantasiados e muito coloridos, promovem um carnaval defronte uma praça. A comissão de frente vem em cima de pernas de pau, espalhando música caribenha para todos ouvirem. Uma curiosidade: param tudo para um grupo de escolares atravessar à rua e tão logo passam, a festa continua. Um chapéu é passado ao final e todos contribuem, sem constrangimento. Não queria entender nada naquele momento. Estava feliz e isso me bastava. Caricaturistas de rua nos abordam e ambos somos desenhados. Pago mais do que Marcos e ele ri de mim. Mais uma bela lembrança. A risada seguinte foi quando tentei fotografar um cubano alto, negro, imensa barba, daquelas pontiagudas, com três charutos no bolso de um uniforme militar. Tiro fotos. Ele percebe, pede licença ao casal com o qual conversava e me diz ser um peso cada. Mostro a ele estar deletando as fotos. Nesse caso, preferi agir assim. Não farei nada por imposição. Sei que ele representa um personagem e vive disso. E preferi não pagar. Só isso. Nada mais que um personagem folclórico do centro de Havana.
A área central possui um amplo aparato montado para recepcionar o turista. Uns muito interessantes, outros nem tanto. De tudo, a comprovação in loco, estampada diante de nossos olhos, a de que vigora uma ampla liberdade para os habitantes, muito diferente do que lia no Brasil. Se assim não fosse, nada daquilo presenciado nas ruas seria possível. E as contradições, ao invés de me chatear, me deixavam muito alegre, pois via Cuba aberta para o mundo, mesmo que insistam em propagar o contrário. Na nossa frente a praça da Catedral, com visitas feitas em dois momentos (antes do almoço e no final da tarde), pois ali ocorre um encontro que muito nos marcou. O grupo musical “Los Mambises” toca na rua, sentado num dos cantos. Sózinhos eles valem um texto só para eles. É o que farei da próxima vez.
16 comentários:
Puxa, quanta informalidade, quanta gente na rua com cestinha na mão fazendo qualquer coisa por um "pesito". Cade os estudados e empregados que vcs tanto se vangloriam de falar? Será que vc não foi pro Haiti?
Desculpe mas preciso mostrar suas incoerencias para que perceba o quanto vc fantasia, desperte, salve sua alma.
Celso
caro Celso
É lindo essas incoerências, pois nunca fecho questão com nada. Vivemos delas e as religiosas, daqueles que cegamente não enchergam um palo diante dos seus narizes é muito pior, pois pregam algo e praticam outra. Eu não, estou em busca de um mundo melhor, mais justo, mais igualitário, sem desigualdades ou com a redução delas. Certamente esse mundo não é o patrocinado por Wall Street, do capital volátil e predatório, que vigorou por aqui e que, felizmente está-se comprovando, ser mais injusto do que qualquer outro. A informalidade é fruto da abertura existente, tão clamada e que irá ocorrer cada vez mais, pois na abertura para o capital, surgem esses e tantos outros. Já pensaste nisso? Postar isso num texto serve para amplas reflexões. Eu faço as minhas e vocês as tuas.
Henrique, direto do Mafuá
Esse Celso é um desses que falam sem argumentos, por isso só escreve merda sectária de conservador. Não vi no diário ninguém mendigando, vi artistas de rua que são uma das mais belas manifestações culturais que o mundo pode ter.
RC
Meu caro, não fique eternamente em fantasias juvenis, a vida não é assim, precisamos do capital, trabalhar, constituir familia, Cuba é uma pobre ilusão para os que buscam uma vida parasitária, sem valor levando ao afastamento de Deus e principios éticos. Já está na hora de deixar Cuba enterrada nas suas fantasias de épocas passadas. Desperte, encare a vida, nunca é tarde.
Celso
Não adianta Celso, esses caras são casos perdidos, por mais que você fale, este blog continuará defendendo os dinossauros em Cuba, quer uma boa definição para o ideal socialista?
Ser socialista é militar em algum partido de esquerda, arrumar um emprego numa prefeitura, não fazer porra nenhuma e assim ganhar a vida. Ser socialista é acreditar que o Estado deve pagar as suas contas particulares. É viver de favores de algum político socialista que ajudou a eleger.
Vendo esta realidade você percebe o motivo de alguns continuarem com as fantasias juvenis.
CORONEL
Concordo Coronel. E mais, a revolução foi transformar o país na maior tropa de pessoas que se jogam ao oceano em busca de qualquer coisa melhor que aquela. Foi a revolução da natação e travessia em balsa.
Como é que pode alguém ainda defender esse ditador? Ainda falar em comunismo? O cidadão defende que Cuba é legal porque todo mundo é igual. Que lixo! Tratar pessoas diferentes da mesma forma é injusto, insano e estúpido. Somos diferentes, buscamos resultados e lutamos por eles de formas diferentes.
Quem pouco estuda, trabalha ou se dedica deveria ter pouco. Quem muito faz, deve ter muito mais. Igualdade é o escambau!
O problema aqui é a defesa maldita dessas ideologias, bolsas-esmolas (caça-voto) que ganha o nome de distribuição. O problema aqui é o cara estar puto porque sempre acreditou e defendeu o Rasputin Genoíno Dirceu, e se fudeu - tá com vergonha.
Querem igualdade. Distribuam mensalão entre vocês.
Celso
Só rindo mesmo de vocês senhores Celso e Coronel(seria um coronel dos anos de chumbo?)vocês acham que quem trabalha mais deve ganhar mais? Então respondam, quem ganha mais o patrão ou o operário que trabalha duro e ainda faz hora extra para aumentar os lucros do patrão, quem trabalha mais, o latifundiario ou os camponeses que se matam de trabalhar no sol todos os dias para manter os altos ganhos da exploração do barão?
Procurem escrever suas baboseiras direitosas no blog da Veja e outras midias reacionárias.
Da-lhe Cuba e a revolução fazendo tremer os conservadores de plantão.
Gil
CORONEL E CELSO
A carapuça não me serve. Estou no serviço público, o primeiro em toda minha vida, trabalhando e muito, todos os dias, numa atividade intensa e prazerosa. Dei o melhor de mim. O resultado está aí. Fiz e continuarei fazendo até o último dia. No mais, pensar diferente e agir diferente é mesmo ótimo. Experimentem. Não sabem o que estão perdendo. Avumular para quê? Amanhça morrerei e nada levarei. Usufruo aqui e luto para que todos o façam, afinal, o paraíso é aqui mesmo, assim como o inferno. Ou não?
HPA, direto do mafuá
Sr. Gil(seria o ex-ministro?), os anos de chumbo a que se refere foi uma necessidade a intervenção militar para evitar que os comunistas tomassem o poder, hoje fracassamos, pois com os comunistas governando o Brasil, está aí toda a desgraça para quem quer ver, os coronéis deviam ter agido mais forte para garantir uma nação sem esses oportunistas.
Coronel
E continuando o comentário, é claro que os individuos vão dizer o contrário para se defenderem, mas não podem tirar os fatos. Comunista é mesmo tudo isso que falei, é o perfil de folgados, é só ver sindicalistas, comunistas e simpatizantes, os dois viajantes de Cuba são o retrato, o perfil de comunistas que cito, veja o Henrique e o Marcos, o Henrique é comicionado da prefeitura, a maior preocupação é militar por algum candidato para garantir um cargo, o Marcos é filho de politico profissional, é o jovenzinho rebelde que critica as "injustiças" da sociedade mas não deixa de andar no carrinho importado que com certeza não precisou de nenhum esfoço para comprá-lo não é mesmo?
Viajar para Cuba, curtir praia ficar no bem-bom que só os turistas tem lá, falar de revolução é fácil. Fato é fato, qualquer outra coisa é pura ilusão e má fé.
Coronel
Caros CORONEL e CELSO
Por sorte nosso país não têm pessoas como vocês em cargos de comando. Seria um desastre. Mentes iguais a essa são totalmente descartáveis, obsoletas e inaproveitáveis.
Não lhes devo justificativa alguma. Não faço campanha. Se abrem esse blog com regularidade, notam que preferi me abster. É assim que busco cargos? Gostaria de conhecê-los, cara a cara, ver se os argumentos pífios que possuem podem ser discutidos corajosamente numa mesa de debates. Não gosto nem um pouco de gente que se esconde atrás de apelidos. Esse de Coronel é o pior deles (toc toc toc). Não vale a pena discutir com gente desse nível.
Permito e continuarei a fazê-lo, que postem livremente aqui, pois não tenho o que esconder. Proponho que mostrem suas carinhas e conversemos. Acho que não teriam coragem para tanto? Falta-lhes culhão.
HPA, direto do mafuá
Não se estressem meninos.
Idiotas tem em todos os lugares e aos montes, mentes fundamentalistas, gente carola, são os conservadores que não deixam a vida evoluir. Nota-se que o tal coronel não se baseia em fatos, conheço o Henrique pelas atividades culturais em Bauru, nota-se ser uma pessoa simples e com dificuldades como qualquer trabalhador e também nunca vi nesse blog ele fazendo apelo a nenhum candidato da cidade, até porque nossa cidade está péssima de candidatos, e o Marcos o coronel também errou, ele não tem carro, sempre o vejo a pé pela rua e também é uma pessoa simples, tem sua própria vida, é de luta e muito inteligente.
Visito sempre o blog, tenho acompnhado os diarios de Cuba e costumo não opinar, mas novamente resolvi escrever pois as abobrinhas estão demais.
Mas falar sobre Cuba é assim mesmo, sempre criará polemica e grandes debates, não deixem que conservadores de direita impeça você de escrever sobre Cuba, o debate seguirá com certeza.
Contem com meu apoio.
Paulo Soares
Eu não sou o vilão da história senhores, só quero justiça.
Por favor me expliquem então por que as pessoas que saem de cuba para tentar uma vida melhor, digna, não podem voltar para visitar os familiares? Será que algum de vcs viu a entrevista do musico cubano no Jo soares ontem e que pediu exilio no Brasil e está impedido de voltar ao país dele para visitar seus entes queridos?
Por favor expliquem-me.
Celso
Para quem quiser entender:
Gente sai e entra de Cuba aos borbotões todos os dias. Aqui em Bauru conheço uma família que vai e volta, trabalham aqui no Brasil e não existe problemas. A minoria que fica impedida, precisa em primeiro lugar ser analisado caso a caso. Cuba é um país pobre, você sai a hora que quiser e entra também, mas precisa ter dinheiro para fazê-lo. Como aqui. Problemas políticos existem, mas são minorias e acredito que todos possam ser explicados um a um. No mais, parem de pegar no pé da ilha, deixem ela em paz. Cuba quer sobreviver, se reproduzir e continuar trazendo felicidade para todos que lá vivem. Conheci lá em Havana muitos que sairam, vieram viver no Brasil e voltaram correndo, pois estavam inseguros, com problemas mil por aqui, como de saúde e sem saber direito como serem bem atendidos. Na primeira oportunidade voltaram e continuam suas vidas muito felizes por lá. Tenho alguns relatos que vou postar nos meus textos.
Henrique, do mafuá
HENRIQUE
Eunão te conheço, trabalho com turismo em São Paulo. Nunca fui para Cuba, mas sei pelo meu trabalho que o país encontrou um meio de facilitar a vida dor norte-americanosque querem visitar a ilha e se forem terão problemas quando voltarem. Os passaportes não são carimbados. Eles te entregam uma tarjetaquando entram no país e ao sair recolhem. Quer dizer, o americano vai para Cuba, não tem seu passaporte carimbado e não é perseguido por ter ido visitar a ilha. Isso sim é que é censura. Cuba encontrou uma saída magistral para resolver o problema e driblar a censura e "democracia" norte-americana que não permite que seus compatriotas visitem a ilha, talvez por causa do em bargo. Isso sim precisa ser explicado.
Paulo Lima
Bom sobre esses músico cubanos se se informarem saberão que eles receberam propostas de gravadoras pra gravarem seus discos e por isso não retornaram mais a Cuba!! E como visto é complicado pra se obter principalmente pra longos periodos a opçao mais simples e rápida foi pedir exilio!!
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