sexta-feira, 17 de outubro de 2008

UMA ALFINETADA (39)
(Esses meus textos saem lá no jornal de Pirajuí. Esse sai impresso na edição de amanhã)

UMA ENCRUZILHADA QUE ALGUNS SE ARRISCAM A ATRAVESSAR
Campanha política é algo meio que imprevisível. Ou seja, pode acontecer de tudo. Deveria ser algo, mais do que propício para se discutir propostas, idéias e demonstrar o preparo de cada um para o exercício do cargo almejado. Nem sempre tudo transcorre calmamente. Quem entra numa disputa não quer perder de jeito nenhum. Em todas as campanhas, vemos um terreno propício para uma espécie de vale-tudo, daqueles onde pode-se tirar uma arma escondida num bolso oculto e desferir golpes de última hora. E isso acontece regularmente. O que acontece também é o risco do tiro sair pela culatra e o alvo continuar não sendo atingido.

Na campanha para a prefeitura da maior cidade do país, a disputa é entre Marta, do PT e Kassab, do DEM, com apoio do PSDB. Marta liderou todas as pesquisas até alguns dias antes do 1º Turno. Inesperadamente perdeu na reta de chegada e por uma margem grande de votos. Ambos foram para o segundo turno e o pau como feio na campanha do segundo turno. Nenhum dos dois é santo. O fato é que Marta ultrapassou uma demarcação existente, daquelas onde não existe uma marca visível, mas que quando ocorre, todos se insuflam. Os dois já fizeram isso no passado, um deles o faz hoje e ambos, com certeza, voltarão a fazê-lo no futuro. A tal demarcação foi cutucar o outro, com insinuações sobre sua conduta sexual, pelo fato de não ter filhos e não ser casado. Um solteirão gera suspeitas e isso poderia carrear votos para o outro lado. Uma pena quando enveredam por essa tortuosa trilha. Foi mal. Talvez desespero, numa tentativa de
reverter o quadro desfavorável. Por enquanto, o tiro não acertou o alvo e Kassab tem capitalizado a seu favor o ato insano da concorrente. Para mim, mesmo com a pisada de bola, Marta continua sendo a melhor para Sampa (opinião bem pessoal, pois é mais voltada para o social, as camadas menos favorecidas da população). Só que o cutucão mal dado, pode lhe distanciar cada vez mais de reconquistar a Prefeitura paulistana. Infelicidade, pois Marta sempre teve ampla atuação junto às minorias. Vai perder votos, inclusive entre esse segmento.

Poderia muito bem fazer como Gabeira, do PV, fez no Rio. Foi à praia com diminuta sunga, repetindo um gesto famoso, o de ir para as areias com fio dental da prima, pouco depois de voltar do exílio, vinte anos atrás. Dias depois desfilou na Parada Gay carioca abraçado a travestis famosos e está alcançando o candidato do PMDB, Eduardo Paes. Vejam só, Gabeira, que já foi da esquerda, hoje milita na direita, porém nesse quesito, está sabendo cativar o eleitor e pode se tornar prefeito carioca. Mudou de lado político, mas não de postura. Questão de estilo e formas de conduzir uma campanha. Por lá, tanto um como o outro assumiram terem provado maconha no passado. Sem preconceitos, traumas e hipocrisia. E sem aparente perda de votos. Um grande avanço.
Aqui em Bauru, sentimos que o clima está esquentando e novos desdobramentos podem acontecer com o passar dos dias. Ambos se dão cutucões mútuos. Caio, do PSDB/DEM, cita a falta de experiência, a juventude e aproximidade com a atual administração como fatores negativos do Rodrigo, do PMDB/PT, que não fica atrás e cutuca o outro lado pelas passagens no Noroeste, a venda da Tilibra e nunca ter participado da vida pública. Não passaram disso, ou seja, estão contidos quanto a críticas mais pessoais. Isso não quer dizer, que um não tenha vasculhado a vida do outro. Espero que não usem nada nesse campo e aproveitem melhor o horário eleitoral, em algo onde a criatividade e o bom senso prevaleça. Como não tenho bola de cristal, não prevejo nada e comungo do pensamento que um pouco de pimenta também costuma melhorar o paladar da comida, mas com moderação, pois pode causar desastres.
PS.: charges retiradas no www.chargeonline.com.br (riso garantido e sem custos).

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