80 ANOS DE NOAM CHOMSKY
Deixei de gostar da Folha de SP já faz um tempinho. Fui assiná-la novamente a pedido de uma conhecida. Cresceu o descontentamento, pois o que leio diverge de como encaro as coisas. Porém, nesse último domingo algo me chamou a atenção, pois foi em suas páginas que tomei conhecimento dos 80 anos do linguista e teórico político americano Noam Chomsky, completados naquele dia. A Folha faz uma brincadeira sem graça com ele, por causa de sua intransigente “militância ativa na esquerda da esquerda do espectro político dos EUA”, quando afirma ser ele um “espécime tão raro quanto foi um dia o pássaro dodô” (chatinha a Folha, não?). Se me perguntarem quais os norte-americanos que mais admiro, sem sombras de dúvidas ele será um dos primeiros da lista. Escreve o que gosto de ler e com uma clareza de dar gosto. Seu pensamento e linha de ação é a mesma que procuro trilhar. Eis algumas curtas frases da entrevista dada por e-mail:
- “A eleição de um afro-americano 150 anos após a abolição da escravidão é realmente um evento histórico, diferentemente da Europa, que é mais racista que aqui. As democracias sul-americanas oferecem conquistas muito mais importantes, na Bolívia e no Brasil, por exemplo. E isso vale para o resto do Sul. Mas o racismo ocidental evita o reconhecimento, mesmo a constatação, de fatos como esses”.
- “Aqueles que escolheram se iludir sem dúvida vão ficar desapontados. Mas não se pode culpar Obama por isso. Afastada sua retórica altiva, que parece ter impressionado tanta gente, ele nunca se apresentou como outra coisa além de um democrata familiar de centro, mais ou menos nos moldes de Bill Clinton”.
- “A indústria de relações públicas, que apregoa abertamente vender os candidatos da mesma maneira que vende mercadorias, deu seu prêmio anual na categoria Melhor Marketing à venda da Marca Obama. A mídia de todas as tendências o elogia por organizar um exército que não contribui nada para as políticas do seu futuro governo, só espera instruções de como apoiar sua agenda, seja ela qual for. Esse modelo é, muito claramente, não-democrático, mas um tipo de ditadura por escolha, uma construção política na qual o público - “observadores intrusos e ignorantes” - são espectadores da ação, não participantes”.
2 comentários:
Oi Henrique!
Essa caricatura do Noam Chomsky está lembrando muito o poeta José Carlos Brandão!
Fora isso, bem lembrado o Noam... apocalíptico!
Abração
W. Leite
caro Wellington
Você sacoiu algo que não havia notado. Realmente são muito parecidos, talvez a caricatura até se pareça mais com o Brandão do que com o Chomski. Acho até que foram separados na pia batismal.
Um grande abraço, direto do mafuá
HPA
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