terça-feira, 7 de abril de 2009

RETRATOS DE BAURU (55)

HUMBERTO BIAZON, UM MÚSICO À MODA ANTIGA
Enquanto floresce como praga por tudo quanto é lugar o tal do serta-brega e do axé, continuo fugindo disso como o diabo foge da cruz, indo à busca exatamente do contrário. Humberto Biazon, um cinquentão bom de gogó propicia algo inusitado na cidade. Canta sucessos dos anos 60 e 70 nas casas noturnas (e diurnas) que ainda possuem a coragem para contratá-lo. Voz possante como uma daquelas motos 500 cilindradas, repertório bem estiloso, no último sábado, hora do almoço, restaurante do Luso, ao lado do trio Musical Álibi, cantou algo que não se encontra facilmente por aí. Atacou de Taiguara, Lúcio Alves, Tito Madi e por aí afora. Humberto não consegue viver só de música, que hoje é um hobby. Trabalha no ramo da serigrafia, vendendo suas camisetas Bauru afora. Nas horas vagas, canta e encanta, junto a Gerson e Chará. Peça rara, quase em extinção é daqueles preciosidades que precisamos cuidar com todo o carinho, preservar e colocar numa redoma, pois está cada vez mais escasso. E viva a boa e insubstituível Música Popular Brasileira! Historinha da Feijoada do Luso, Sábado, 04/04:
Fui lá com o amigo Daniel Proença, almoçar (nossa mãe, quase precisei ser carregado para casa) e ouvir Humberto. Chegamos lá e demos de cara com o Musical Álibi, com ele cantando, Gerson na guitarra e Chará na percussão. Esse trio é da pesada, algo inebriante e de encher os olhos (de lágrimas – de saudades de um monte de coisas). Somando devem ter uns 500 anos de experiência e talento. Botequim com música ao vivo, surgem alguns freqüentadores. Ficamos conhecendo o “nobre causídico” Alexandre Santos, um bauruense exilado em Marília, que nos deixou sentar-se à sua mesa (estava tudo lotado). Logo depois surge um de bermuda, com uma marmita na mão, era Carlinhos, da Engescav, de Pereira Barreto (logo esqueceu a marmita num canto qualquer) e senta no único lugar vago. Éramos quatro, que junto aos músicos, ficamos logo todos amigos. Conversa comprida, que não terminava nunca. Alexandre queria declamar e o fez diante de nós. Foi um sufoco para segurá-lo, pois queria ir fazer uso do microfone de tudo quanto é jeito e maneira. Carlinhos deu uma aula sobre como escapar de situações consideradas "tourada sem capa" (a famosa saia justa, sinuca de bico). O som acabou e nada de ninguém querer ir embora. A solução foi remarcar retorno para o próximo sábado, 11/4, mesmo “bat-canal”, quando o trio volta a se apresentar. Fica a dica. Aproveitem para curtir o clima português do botequim. Quem não gostar não precisa pagar a conta. E quem gosta, volta e acaba trazendo mais gente. É o que faremos. Eu e Daniel (ele nos leva para casa, não bebe nada o matuto) já reservamos mesa debaixo do coqueiro, com direito a balão de oxigênio e tudo o que tivermos direito.

2 comentários:

Anônimo disse...

Valeu Henrique, gostei muito do auê que vc fez do Musical Álibi, estamos muito agradecido a vc por isso, contamos com vc lá na luso neste sabado, estaremos lá fazendo aquele som pra vc. obrigado

Humberto (Musical Álibi)

Anônimo disse...

Humberto é músico da velha cepa, com um repertório que muitos daqui nem sonham em cantar.
Uma pena que não o tenha visto com maior frequência pelas casas noturnas de Bauru.
Juca