quarta-feira, 22 de abril de 2009

UM COMENTÁRIO QUALQUER (39)

BIRKIN, GAINSBOURG E O MODELO PADRÃO ATUAL
Vejo essas modelos de hoje e elas me dão pena. Num dos últimos CQCs (do qual ainda tive estômago para ver no que transformaram o Marcelo Tás), fizeram quatro perguntas elementares para uma modêlo. Ela não respondeu nenhuma, mas estava sempre pronta para mostrar a sua melancia, melão, morango, abóbora ou qualquer outra qualificação aproximada para sua genitália desnuda. São gostosas e só. Além disso, um grande vazio.

Dá uma saudade danada de algo que fui lembrar nessa semana. Comprei um CD na Feira do Rolo (original, viu!) por R$ 3 reais. Era do ator e cantor francês Eddy Mitchell. Numa das faixas ele faz um dueto divinal com nada menos que Serge Gainsbourg ("Vielle Canaille" - achem no Youtube). Além de toda a produção irreverente e intranquila desse agitado francês, ele namorou durante um bom tempo a inesquecível Jane Birkin. Serge (1928/1991) foi um artista na frente do seu tempo, lidando com temas tabus, como incesto, assassinato, suicídio e paixões avassaladoras. Feio, mas charmoso, foi amante de lindas mulheres, como Brigitte Bardot e Birkin.

Birkin se diferencia dessas modelos de hoje pela cabeça pensante, algo que as de hoje não fazem questão de manter atualizada. Arrumam a bunda a cair, erguem os mamilos, mas nada fazem para acumular cultura. Burras ao extremo. Birkin fez parte de um seleto grupo diferenciado. No campo musical estrangeiro sinto a falta de Gainsbourg, Frank Zappa, Bob Dylan, Tom Waits (esses dois últimos, vivos), Yves Montand e outros poucos. A música de hoje é fraca em relação ao que já foi produzido. Não sou só saudosista. Eu comparo, ouço as de ontem e as de hoje, como me lembro das mulheres de antão e as da passarela e dos palcos desses nossos tempos. Sofro muito.

Marcão me presenteia com um CD, o último do Zé Ramalho, só com versões de músicas de Bob Dylan ("Tá tudo mudando"). Gasto ele no som do carro, junto do Eddy Mitchell. Só me falta achar um do Serge. Na semana, divido espaço com outro, da Mart’nália, uma gracinha em tudo o que faz. Vejo as mulheres de hoje, elas me aguçam o cerebelo, mas não passa disso, pois sei que deve ser sofrível viver ao lado de quem mal podemos conversar. Bunda bonita cansa rápido. Gente para conversar é artigo em falta no mercado. Música boa eu sei onde encontrar e fujo do que não gosto. Não tenho mais idade para compartilhar a cama com quem gosta do que não suporto. Sábado fui numa festa e uma moça das mais interessantes pediu para cantar. De sua boca, só futilidades. Conversando a coisa piorou, só conhecia aquilo. Bebi (muito) e fui embora sem me despedir de ninguém. Imagina acordar do lado de alguém querendo cantar o último sucesso de Bruno & Marrone, Latino ou Sensação? Não teria assunto para dez minutos.

Um comentário:

Jana disse...

sempre me pergunto por que pessoas interessantes nao possuem um reduto com placa na porta alertando: Se nao sabe quem é Sartre, nao entre. Sou mulher, embora minha bunda nao seja caida, passo longe do modelo bunda-peito-anecefalo. Minhas amigas reclamam das mesmas coisas que voce, mudando o sexo do objeto de reclamacao.
Entao por onde andam essas pessoas interessantes que nao se encontram?