SANTIAGO DE CUBA E O QUARTEL MONCADA
Cansados da viagem e da noite mal dormida, queríamos um longo banho. Não gostamos do apartamento e prontamente trocam para outro mais aconchegante. Sempre um bom atendimento. O horário de adentrar o hotel seria
14h, mas fomos instalados sem nenhum problema às 7h00 no
apartamento 211, sem nenhum adicional. Gostamos do hotel, muito parecido com alguns de nosso interior, simples e aconchegante. Algo um tanto estranho foi o chuveiro, um modelo antigo, onde a água não jorra sobre nossas cabeças e sim numa peça de mão que não está fixa. Foi uma luta, num espaço
apertado, ter que primeiro molhar o corpo, colocar o mesmo no aparador e depois ensaboar e ir repetindo isso. Cansou um pouco. E saia pouca água. Afinal, nem tudo é perfeito, nem em Cuba.
Saímos para o primeiro reconhecimento das ruas às 9h30, após uma breve olhada em "la carta" (cardápio). Decidimos comer algo na rua. A primeira iniciativa é encontrar o famoso QUARTEL DE LA MONCADA. No caminho nos deparamos com o suntuoso Hotel
Santiago e dentro dele um guichê da CUBATUR. Conhecemos Vivian, uma simpática cubana e praticamente deixamos acertado a hospedagem dos últimos dias em Havana. Voltaremos à tarde
para sacramentar o pagamento. Atravessando a avenida, algo hilário, um cubano se aproxima com a pergunta característica: "Que necessitas?". É um sujeito prestativo e nos oferece um acompanhamento em três idiomas (Inglês, espanhol e italiano). Não queríamos que nos
acompanhesse, mas informa algo precioso, o caminho para o famoso Quartel. Vou tirando muitas fotos pelo caminho.
Num tom ocre, o quartel impressiona pois ainda mantém sua parede frontal toda perfurada das balas da famosa invasão de Fidel e dos revolucionários. Logo na entrada do Museu do Quartel, uma surpresa das mais agradáveis. C
onhecemos ALBERTO SÁNCHEZ BELTRÁN, 75 anos e ele nos acompanha por um bom tempo contando as histórias do assalto ao quartel, dos combates e do período de consolidação do novo regime. Conheceu
pessoalmente Che e de sua fala extraí algumas frases marcantes: "Hoje a revolução é muito mais difícil. Aprendemos a combater desde o nascimento até a morte. Tive só filhas, todas engenheiras. A revolução abriu caminho para todas estudar e se superarem. Muitos governos tem melhores condições que as
nossas, podiam nos ajudar e não o fazem. O capitalismo não se conforma com os milhões que possuem. Querem sempre mais". 
Ficaríamos ali por muito mais tempo, mas também queríamos conhecer o museu por dentro. Foi uma visita indescritível, mais pela emoção que senti na reação do Marcos ao ficar próximo de peças que compuseram a história da revolução. Percorrer aqueles corredores, junto dos monitores e ir tomando conhecimento de cada detalhe da luta que transformou a vida de um povo, dando a guinada que humanizou o país foi comovente. Algo sentido em todo o país foi ao
sermos identificados.
Brasileiros são muito bem recebidos. E aqui não foi diferente. Muita conversa sobre o Brasil.
Na saída outra surpresa, seu Alberto estava a nossa espera. Fez questão de mostrar um livro sobre a revolução em Santiago e sua foto de arma em punho. Queria nos mostrar um monumento famoso na cidade. Não tivemos como recusar tão garboso convite. Saímos a caminhar, ouvindo suas histórias. Um longo caminho, que ele fez todo a pé, muito falante, nos mostrando locais que não teríamos oportunidade de conhecer. O seu relato fica para o próximo Diário.